RESPONSABILIDADE DA SINTONIA
Um papel de grande responsabilidade, pelos bons frutos produzidos pelo intercâmbio mediúnico, está reservado à sintonia estabelecida pelo médium, junto ao espírito comunicante, para o estabelecimento positivo de uma interpretação fidedigna, das ideias, do vocabulário, dos sentimentos e das emoções que envolve os espíritos nestes momentos.
Dotados de pontos de vistas, de conceitos arraigados, de emoções e sensações tão mais intensas que as do próprio médium, posto que não mais possuem o invólucro carnal, que serve de anteparo vibratório durante a reencarnação, o espírito comunicante, ciente da necessidade de utilizar-se de um médium, porém nem sempre consciente disso, quando percebe no decorrer do diálogo, distorções que alteram suas ideias vigentes, pode recusar-se a continuar usando o médium, por falta de confiança no mesmo, interrompendo uma assistência e amparo promovidas pelos Dirigentes e mentores Espirituais daquela tarefa, rompendo uma sintonia que muitas vezes demorou largo tempo para concretizar-se, frustrando as expectativas do estabelecimento de profícuo tratamento que seria efetivado.
Tão ingentes esforços levado a efeito pelos espíritos benfeitores, que utilizaram-se no mundo espiritual, de abordagem respeitosa junto ao espírito calceta, com generosa técnica persuasiva de convencimento, sem violentar a liberdade de discordância e recusa que o mesmo possui, deixando-o entregue, no caso de recusa, aos naturais mecanismos das Divinas Leis, não podem ser desconsiderados pelos médiuns invigilantes, com excesso de melindres, personalistas e pretensiosos, crendo-se infalíveis quando atuam mediunicamente e, profundamente levianos quando emitem diagnósticos e opiniões de cunho pessoal, sem a menor consideração pela dor e sofrimento ali expostos.
Há um aviltado número de médiuns dentro das fileiras do Espiritismo, com grande compreensão a sintonizar com o mal, com as trevas, com as sombras da escuridão, como se elas tivessem existência própria ou capacidade de obstar a luz, inconsciente que as paisagens exteriores apenas refletem o mundo intimo, que viceja espontaneamente no médium que assim se conduz, resultado de longo estágio nas regiões enfermiças do mundo espiritual, onde sintonias equivocadas foram estabelecidas, com graves comprometimentos com o mal, e que, apesar do esquecimento temporário, obtido por meio da reencarnação, guardam traços de maldades e imperfeições nas atitudes, que não conseguem disfarçar, mesmo que estejam recebendo o lenitivo da caridade, extraído das páginas do Evangelho Redentor, tão peculiar ao profitente da Doutrina dos Espíritos.
Daí acreditarmos que há uma substancial diferença qualitativa entre o que seja efetivamente afinidade daquilo que nos parece realmente o que vem a ser uma verdadeira sintonia.
As afinidades resultam de largos períodos de conhecimento e vivências comuns, cujas raízes foram fortalecendo-se, à medida, em que os pontos comuns foram crescendo e estabelecendo ligações de cumplicidade prazerosa, que tanto pode ser nobilitante, generosa, produtiva e edificante, para a concretização de propósitos superiores, como também pode ser o contrário de tudo isso, maldosa, de natureza inferior, com propósitos maléficos e deprimentes, causadores de prejuízos tanto material quanto moral. Porém, o que importa aqui salientar é que, as afinidades acompanham-no em qualquer ambiente.
Diferentemente, a sintonia nos parece um processo de busca, que o espírito encarnado ou desencarnado procura estabelecer, tendo em vista as metas que a si mesmo propõe como essencial para a sua existência.
Da mesma forma que as afinidades, tanto pode ser para o bem, o belo e o nobre, como também para o mal, o feio ou o de natureza inferior.
O que diferencia uma da outra, é que as afinidades o indivíduo (no caso o médium), traz gravadas perispiritualmente, das suas experiências transatas, enquanto as sintonias, começam a ser estabelecidas, a partir do contato que o indivíduo estabelece com aquele conhecimento, circunstancia, evento ou fato que esteja acontecendo, o que nos leva a acreditar que na afinidade existe uma anterioridade como característica principal, enquanto na sintonia, o que se observa é uma procura para o estabelecimento de uma ligação.
Por isso, que a maior responsabilidade da sintonia pertence ao indivíduo e, no caso das comunicações mediúnicas pertence ao médium, que quando consciente do seu papel, utiliza-se da prece sincera e fervorosa, conforme recomenda a Doutrina Espírita, para alcançar tal desiderato, entendendo, que os espíritos que fazem parte da reunião mediúnica, normalmente, realizam muito bem as tarefas de suas responsabilidades, quanto aos médiuns sempre pira uma interrogação.
José Maria de Medeiros Souza, pelo Espírito Espírita, Jean – Marie Lachelier.