O RIBEIRO



Entre os bens da Natureza,
Tem o homem, cada dia,
No ribeiro claro e manso
Lições de sabedoria.

Ei-lo que passa sereno,
Em doce fidelidade,
Dá vida aos paióis do campo,
Conforta e limpa a cidade.

Busca as terras desprezadas
Que nunca tiveram dono,
Atende as raízes tristes,
Deixadas ao abandono.

Converte toda tarefa
Num dom gratuito e suave,
Mata a sede da serpente,
Como o faz à flor e à ave.

Cumprindo o labor de sempre,
Nunca cessa de correr,
Ensina a perseverança,
Exemplifica o dever.

Se a chuva lhe traz a enchente,
Vai além da obrigação,
Busca a terra deserdada
E lhe ensina a dar mais pão.

É tão sereno e bondoso,
Tão amigo e tão perfeito,
Que não se nega a ajudar
A mão que lhe muda o leito.

O ribeiro carinhoso
Não cessa de trabalhar,
Parece o semeador
Que saiu a semear.

E vendo que Deus é o dono
Das sementes multifárias,
Nunca volta no caminho
As contas desnecessárias.

*

Ao homem do mundo inquieto,
O ribeiro calmo ensina
Como agir e confiar
Na Providência Divina.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier