O OÁSIS



Em torno, o despovoado,
Os lençóis de areia ardente…
O viajor vive o seu drama
Doloroso e comovente.

Nenhuma vegetação,
Nem a benção de uma fonte,
O quadro é desolador,
Embora a luz do horizonte.

Cansado de sede e fome,
Sofre e sua, sonha e chora,
Desde a aurora rutilante
Às promessas de outra outrora.

Pede em vão, suplica a esmo,
No auge das aflições,
Guardando nalma ansiedades,
Angústias, recordações.

O vento levanta a areia,
Desfigurando as paisagens,
E o pobre sorri chorando
Na carícia das miragens.

Concentra-se, avança mais,
Quase morto de alegria;
Contudo, desfaz-se a tela
Dos planos da fantasia.

Arrasta-se amargamente,
Ralado de desventura,
Mas, na última esperança,
Surge um canto de verdura.

É o oásis que o Senhor,
Atento à nossa viagem,
Mandou para os caminheiros
Que persistam na coragem.

Nos trabalhos deste mundo,
Em rumo obscuro, incerto,
Muita vez encontrarás
Inclemências do deserto.

*

Deus vela. Prossegue a luta,
Sem lamento, sem gemido…
Atingirá, talvez hoje,
O oásis desconhecido.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier