O MÁRMORE



No gabinete isolado
Dos serviços de escultura,
Há muita coisa que ver
Com a vida da criatura.

O mármore chega em bloco
Dos centros da Natureza,
Em trânsito para o campo
Do espírito e da beleza.

É pedra, vai ser tesouro;
É rude, vai ser divino;
Todavia, não se sabe
Quando chega ao seu destino.

Golpe aqui, golpe acolá,
O artista começa a luta,
É o sonho maravilhoso
Amando a matéria bruta.

As arestas vão caindo…
É a carícia do martelo,
Desponta o primeiro traço
Vigoroso, firme e belo.

O cinzel fere e desbasta,
E, às vezes, pede o formão.
O artista prossegue atento
Dando vida à criação.

Golpes fundos, ferimentos…
Mas, eis quando se aproxima
O termo do esforço longo
Na aquisição da obra prima.

Depois, é a jóia formosa,
De valor alto e profundo,
Que as fortunas de milhões
Não podem fazer no mundo.

Esse mármore da Terra,
No fundo, é qualquer pessoa,
O artista, é o tempo, e o cinzel,
A luta que aperfeiçoa.

*

Quando os golpes de amargura
Te cortarem o coração,
Recorda o cinzel divino
Que dá forma e perfeição.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier