O esterco que espalha o bem,
Vive em luta meritória;
Se é pobre, tem seu proveito,
Seu caminho, sua história.
Quase sempre, chega aos montes
Dos redis e dos currais,
Escuros remanescentes
Da esfera dos animais.
De outras vezes, vem das zonas
De imundície e esquecimento,
Onde a vida se transforma
Em triste apodrecimento.
Em outras ocasiões,
É detrito das estradas,
Lixo estranho e nauseabundo
Das taperas desprezadas.
É a decadência das coisas,
No resumo do imprestável,
Fase rude e dolorosa
Da matéria transformável.
Em síntese, todo esterco
É derrocada ou monturo,
Que das sombras do passado
Lança forças ao futuro.
Analisando esse quadro,
Veremos que a podridão
Vai ser cor, perfume, fruto,
Doçura e renovação.
Notemos, porém, que a flor
Vibra ao alto, linda e santa,
Enquanto o adubo não passa
Do solo, dos pés da planta.
Na vida também é assim:
O erro, a miséria, o mal
Podem ser algumas vezes,
Esterco espiritual.
*
Todavia, é necessário
Que das lutas, através,
Aproveitemos o adubo,
Esmagando-o sob os pés.
Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier