Ary Brasil Marques
Nos dias de hoje, dá-se grande importância ao poder da vontade. As pessoas são levadas a crer que basta querer para poder.
Tal assertiva vale até certo ponto. Em nosso entender, não basta querer, é preciso saber. Vejamos o seguinte exemplo: Um avião de passageiros, por uma circunstância qualquer, tem o piloto e o co-piloto inconscientes em razão de efeito de uma bebida poluida e um dos passageiros se vê forçado a ir para a cabine e levar a aeronave ao destino.
O passageiro não conhece nada de avião. O painel, cheio de luzes e de botões, é para ele um verdadeiro enigma. O que fazer? Caso acione um botão errado poderá por em risco a segurança de todos. Só a pessoa habilitada, conhecedora do assunto, tem possibilidade de assumir a responsabilidade de agir em ocasião assim. Por mais que queira, o que vale é o conhecimento.
Outro exemplo: Uma pessoa se vê, de repente, em país estranho. Não conhece o idioma, nem os costumes, nada. Recebe um livro com explicações detalhadas de como deve agir naquele lugar. Só que o livro está em língua desconhecida para ele. De que lhe adianta, no caso, o querer. Ele não sabe, e por essa razão, não pode.
Allan Kardec, o insigne codificador do Espiritismo, recomendou a todos nós o seguinte:- Espíritas, amai-vos; Espíritas, instruí-vos.
Isso quer dizer que é importantíssimo se cultivar o amor, e também importantíssimo se buscar o conhecimento. Conhecereis a verdade, e ela vos libertará.
A chave de nossa libertação é, pois, o conhecimento. Até para amarmos o nosso semelhante precisamos saber porque devemos fazer isso e como vamos amar. Muita gente confunde amor com egoismo possessivo e muitos pais, sob o pretexto de amar os seus filhos, os sufocam e impedem o seu crescimento, tentando preservá-los dos sofrimentos decorrentes do uso do livre-arbítrio nas experiências da vida.
Em nossa caminhada evolutiva, temos que buscar incessantemente o saber. Ler, estudar, participar de todos os processos de evolução do planeta, aprender. Os livros que permanecem fechados nas estantes são fontes de energia paradas e valem como água estagnada, sem utilidade.
A mediunidade é um dos melhores instrumentos de trabalho de que dispõem os homens. Por ela podemos manter um salutar intercâmbio entre o mundo material e o mundo espiritual, tanto para auxiliar aqueles que estão nas trevas, como também e principalmente receber instruções e conhecimentos dos Espíritos Superiores. Mas a mediunidade, para ser bem conduzida e confiável, tem que vir acompanhada de conhecimento. O médium que estuda, que conhece, que se aperfeiçoa, é muitas vezes mais confiável do que o médium ignorante.
É importante, pois, que os Centros Espíritas promovam cursos, palestras, estudos em grupo, troca de idéias e de conhecimentos. Assim, estaremos contribuindo para o desenvolvimento das pessoas, na busca incessante da verdade. E o conhecimento da verdade nos trará recursos para nossa evolução. Só esse conhecimento nos libertará das trevas da ignorância e nos permitirá os meios de crescer e evoluir.
SBC, 31/05/2007.