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Associada ao conjunto de posts importados do blog homônimo

AS SEMENTES DE MOSTARDA

Relato de uma experiência no 1.º Encontro Espírita de Educação para a Morte
Ana Paula Navarro
anapaula.navarro.v@gmail.com
16/08/2007
Nosso querido Herculano Pires em seu livro “Educação para a Morte” reforça que educar-se para a morte é educar-se para a vida. Morreremos bem, se bem tivermos vivido. Este foi o eixo central do 1.º Encontro Espírita de Educação para a Morte, realizado pelo Instituto Brasileiro de Trans pessoal em parceria com a USE-Sorocaba (julho 2007 – SP).
Nesta ocasião, além das importantes mesas-redondas e comunicações espirituais, participamos de uma vivência muito especial. Cada pessoa recebeu um pequenino vaso com terra fértil e um envelope também pequeno com os dizeres: “Com carinho, para você”. Fomos sensibilizados a imaginarmo-nos nos momentos preparatórios que antecedem a reencarnação. Seguramos o vasinho e o pequeno envelope como se em nossas mãos estivessem depositados tesouros de valor incalculável. Era a nossa Vida, um presente de Deus manifestado na nova oportunidade de reencarnação.
Abrimos, então, o envelope: ali estavam as sementes de mostardas e uma pequenina pá. (“…o arado está pronto e a terra espera…” – ESE XX.4) A serena voz da focalizadora nos convidava a reconhecermos nossos talentos, aprendizados e oportunidades naquelas pequeninas sementes. Estávamos, todos nós, contemplando as palmas das mãos, com seus riscos e desenhos que revelam nosso histórico de experiências, e as sementes ali, prontas para o novo plantio… Plantamos e uma onda de amor e apoio irradiava-se, sussurrando acalento e promessa certa de nunca estarmos sós e desamparados. Cada mão aninhando seu vasinho fertilizado, cada qual vibrando imensamente para que as sementes, todas, tivessem a chance de desenvolver-se em plenitude.
Imantávamos nossa vida que iniciava com doses certas de otimismo, esperança, puras intenções de sermos fiéis aos propósitos e aprendizados escolhidos para a encarnação que despontava. Como raios de sol no alvorecer, um misto de luz e calor descortinava mais um dia, trazendo com ele certa determinação e coragem para Viver.
Mas quando nascemos somos confiados a outras pessoas para que nos cuidem nos primeiros anos de vida. Então chegou-nos a instrução: dentre todas as pessoas do Encontro, escolha uma para entregar seu vasinho, ela irá cuidar de suas sementes, confie nesta pessoa e entregue-se a seus cuidados… Nascer é um ato de confiança mútua!
Linda esta experiência, muito sensível a focalizadora ao propô-la. Troquei os vasinhos com uma moça muito especial, pela qual nutro grande afeição e respeito. Foi lindo, compromisso recíproco de cuidado e amor.
Voltei para minha cidade, com aquele tesouro na bagagem. Mas a vida é interessante, precisei viajar no dia seguinte novamente e o tal vasinho ficou numa sacola fechada por 16 dias!!! Quando me dei conta estava a 400km da sacola! Quase não dormi quando percebi o que fiz…
Ao voltar para casa, a primeira coisa foi correr para a sacola, resgatar meu compromisso de cuidar das sementes de mostarda. Enquanto ia em direção à sacola pensei: tudo bem, está fechado mesmo, vou começar agora, as sementes estão apenas guardadas e regarei e cuidarei a partir de então…
Minha surpresa!!! O vasinho, lacrado com plástico e no fundo escuro da sacola estava todo germinado! As sementes, todas, venceram a escuridão da sacola e do meu esquecimento… Cresceram superando os desafios iniciais e denunciando que a Vida, maior e mais precioso patrimônio, não espera, a Vida É.
Espantada e feliz, percebi: não se pode mais adiar o que deve SER.
As sementes de mostarda traduzem as lições da Fé – humana e divina.
“Se todos os encarnados realmente estivessem persuadidos da força que têm em si, e se quisessem colocar sua vontade a serviço dessa força, seriam capazes de realizar o que até o momento chamou-se de prodígios, e que é simplesmente um desenvolvimento de faculdades humanas”.
(ESE – XIX.12)
Somos heróis, filhos do céu e da terra, e nossa jornada evolutiva presenteia-nos com as oportunidades de plantio, germinação, crescimento, floração e frutificação, aprontando-nos para as metas elevadas de coparticipação na arquitetura divina da Vida. Somos construtores de nós mesmos e de tudo o que nos circunda.
Façamos, pois, o exercício do Cuidar – amando e respeitando a Vida em todas as suas manifestações, amando a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.
Fé e Coragem, a lavoura está pronta e os arados à disposição do fiel lavrador.

Sejamos fiéis às sementes, que elas sejam tudo aquilo que podem ser. Sejamos nós a expressão de toda nossa potencialidade atual, revelando-nos humanos e divinos, jardineiros e arquitetos de nós mesmos e do Mundo no qual desejamos VIVER.

AQUECIMENTO GLOBAL

Ary Brasil Marques
O planeta está doente. Em todos os continentes acontecem grandes problemas. Secas, Inundações, Tsunamis, Furacões, Tornados, Ondas de Calor, Desmatamentos, Vulcões que reaparecem, Tempestades, Incêndios são comuns em todas as partes do Globo.
O clima está mudando. Regiões que costumavam ter frio intenso, agora têm dias de calor. Por outro lado, tem feito frio onde antes só havia calor.
O nível do mar está aumentando, em razão do degelo de massas polares, ameaçando cidades litorâneas em todos os continentes.
Abriu-se um buraco na camada de ozônio, e os raios do sol não têm filtros para impedir que façam mal aos seres humanos.
Nossos animais estão desaparecendo, o mesmo acontecendo com a flora.
O homem tem poluído a Terra em todos os níveis. Polui o ambiente pelo uso de veículos movidos por derivados de petróleo tornando irrespirável o ar das grandes cidades, produz queimadas e desmatamentos. As indústrias jogam substâncias nocivas no ar e nos rios. O esgoto humano é carreado para os mares.
O lixo das cidades está repleto de materiais que não se dissolvem, e há muitas áreas em que a terra, envenenada, causa consequências nefastas para a humanidade.
A poluição alcança inclusive o espaço sideral, e hoje é possível até caírem em nossas cabeças, pedaços de satélites ou de artefatos jogados pelo homem no céu.
O uso de agrotóxicos na agricultura traz doenças ao homem pelo consumo de alimentos contaminados.
Fica evidenciado que a doença do nosso planeta é efeito do que o homem tem plantado ao longo do tempo. Desde que o mundo existe, o ser humano tem poluído os ares, os rios, os mares, as florestas. Tem destruído florestas, dizimando a fauna e a flora, como um grande predador.
A cura do planeta depende da conscientização e da mudança de postura de todos nós.
Vamos nos unir, em uma santa cruzada, para trazer de novo a saúde plena para a Terra, nosso querido planeta azul.

SBC, 27/07/2007.

APOSENTADORIA

Ary Brasil Marques
Os homens que trabalham almejam a aposentadoria. A maioria imagina um futuro tranquilo, com sombra e água fresca, curtindo a vida sem necessidade de trabalhar para obter o seu sustento.
Não sabem essas criaturas que a maior dádiva que o homem tem, é a bênção e a oportunidade do trabalho. O próprio corpo humano, maravilhosa máquina que Deus nos concede para a nossa jornada na Terra, tem necessidade de se movimentar sempre, e todos os órgãos que não são utilizados acabam se atrofiando.
Aposentadoria geralmente acelera o processo de desencarne, e os homens deveriam buscar sempre o trabalho. Aqueles que já conquistaram o direito de não trabalhar mais profissionalmente, devem buscar no trabalho voluntário de ajuda ao semelhante, para manter o corpo físico em atividade e com saúde, mas principalmente para crescer espiritualmente e ajudar a todos os necessitados do corpo e da alma a igualmente crescer.
O espírito não deve parar. Vamos substituir a inércia e o comodismo pela ação positiva no bem, no amor, na construção de um mundo novo, melhor, para o futuro de todos nós.

SBC, 17/02/2007.

ANALISANDO O PROGRESSO

Ary Brasil Marques
 Hoje vamos focalizar o nosso planeta e fazer uma análise de seu estágio de progresso.
Sabemos que a nossa evolução se processa em duas asas distintas, a asa do conhecimento e a asa da moral e do sentimento. Acreditamos que o planeta tem alcançado índices maravilhosos de progresso material, mas que ainda está muito atrasado em seu progresso moral.
Para ter uma ideia do progresso de nosso Brasil, por exemplo, vamos fazer uma reflexão tomando por base São Paulo, que é o estado mais desenvolvido da nação.
A cidade de São Paulo é uma das maiores metrópoles do mundo, e tem locais maravilhosos que podem ser comparados com os das mais adiantadas cidades do planeta.
Ela possui edifícios gigantescos, lindos. Tem suntuosas lojas, parques, estádios, hospitais com equipamentos de primeiro mundo, museus, cinemas, teatros, igrejas e monumentos.
Ao lado de toda essa opulência, São Paulo tem também um número enorme de favelas, de cortiços e de habitações sem o mínimo conforto. Tem muita gente que não tem água encanada ou rede de esgotos. Há locais que não possuem energia elétrica e o transporte público é precário. As condições de atendimento às pessoas mais humildes na área da saúde são muito más, e a desigualdade social é muito grande.
Com todos esses inconvenientes, São Paulo está muito à frente de todas as outras cidades do país, e podemos então avaliar a precariedade das condições de vida no nordeste e nas regiões mais pobres do Brasil.
O dia em que toda a população contar com saneamento básico, moradia, educação e saúde, bem como meios de transporte eficientes e baratos, ai então poderemos dizer que alcançamos o progresso.
Para que o planeta inteiro alcance igualmente o progresso é necessário o progresso moral, o que fará com que o homem ame e respeite o seu semelhante. Enquanto existir fome e miséria na Terra, o planeta não estará em condições de alcançar o estágio tão almejado de mundo de regeneração.
Atualmente, um pequeno número tem alto padrão de vida, conforto, tecnologia avançada, educação e saúde. A maioria da população no mundo inteiro vive em condições sub-humanas, vivendo precariamente, sem oportunidades, sem empregos, sem perspectiva de futuro.
Cabe a todos nós contribuirmos para o progresso de nosso mundo, buscando plantar o amor em nossos corações, amor esse que será a mola propulsora da implantação do futuro mundo de luz.

SBC, 24/10/2007.

AMIGO OBSESSOR

Ary Brasil Marques
Ao contrário da crença geral, um grande número de casos de obsessão funciona como um chamamento ao trabalho.
Há casos de obsessão em que o espírito obsessor não vem agredir e sim pedir socorro. Muitos espíritos sofredores não são maus, e ao se aproximarem de pessoas queridas, transferem a essas pessoas os sintomas de seu estado atual. Dores que o espírito sente passam a ser sentidas por aqueles de quem ele se aproxima.
Esse tipo de obsessão é quase sempre o início de um saudável relacionamento, havendo inclusive casos em que o obsessor se transforma em protetor daquele a quem inconscientemente vinha obsidiando.
Aquela entidade que se apresenta como obsessor, muitas vezes é um companheiro de longa data que, por razões geralmente sem muita importância, teve um desentendimento com o obsidiado e vem perturbá-lo. Isso se deve à falta de perdão de ambas as partes, mas a tão temida obsessão é uma grande oportunidade para que os desafetos se entendam, se perdoem e passem a ser amigos outra vez, após a solução do incidente entre eles.
Chamar um obsessor de amigo obsessor é uma tarefa difícil. É preciso aprender a perdoar e principalmente amar o semelhante.
A obsessão, além de ser o instrumento para a realização dos acontecimentos necessários ao cumprimento da lei de causa e efeito, é também um convite de renovação, de trabalho e de oportunidades para se praticar a lei do amor.
Aquela frase tão comum falada pelo povo de que Deus escreve certo por linhas tortas pode ser aplicada aqui. Talvez as linhas tortas sejam as oportunidades do embate, do entrevero entre as pessoas que dizem se odiar e que precisam de mudar os seus sentimentos e sublimar o amor.
Não se trata de escrever certo por linhas tortas, e sim usar de sabedoria ao colocar frente a frente criaturas que se amam mas que estão separados por pequenas coisas que lhes fizeram colocar para fora suas emoções negativas.
Aquela atitude violenta colocada em prática pelo obsessor ao tentar agredir o seu oponente, é instrumento maravilhoso de aproximação para se alcançar o perdão e a amizade do irmão agredido. Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura. De tanto aplicar o desejo de vingança e o ódio, acabará sublimando o sentimento e chegando ao amor.
Para que isso ocorra, é necessário a contenda. Podemos entender isso analisando o esporte. Dois lutadores que se julgam os melhores, só poderão comprovar isso se combaterem entre si, e o resultado apontará o campeão.
Deus deu a cada um o livre arbítrio e não proíbe nada. Mas permite, em sua sabedoria infinita, que os adversários se hostilizem, pois essa atitude fatalmente levará um dia ao entendimento entre eles.
Um dia não chamaremos o obsessor de espírito mau. Diremos apenas: Seja bem-vindo, meu amigo, meu ex-obsessor.

SBC, 04/07/2007.

AINDA O VOO DA TAM

Ary Brasil Marques
Recebi pela Internet a cópia de uma carta enviada pelo Sr. Juscelino Nóbrega da Luz, residente em Águas de Lindoia, enviada para o Diretor Administrativo da TAM em 23 de outubro de 2006. Na carta em questão, que foi protocolada e registrada em Cartório na cidade de Porto Alegre no dia 18 de abril de 2007, o missivista diz que lhe foi revelado por sonhos premonitórios, o acidente do Airbus no Aeroporto de Congonhas em julho de 2007.
Com detalhes impressionantes Juscelino descreve tudo o que veio a acontecer na data prevista. Na carta ele pede atenção à Diretoria da TAM, e inclusive prevê a morte de duas pessoas que cita nominalmente.
Há duas coisas a considerar no fato acima citado. A primeira delas é que a espiritualidade procura nos avisar de fatos extraordinários e de tragédias que deverão acontecer, e por meio de sonhos ou de outras formas de premonição, avisam os homens, tentando ajudá-los. A outra é que os dirigentes da empresa, se é que receberam a carta citada, agiram com total irresponsabilidade. É verdade que as pessoas dificilmente acreditam em avisos premonitórios, mas na dúvida deveriam acatar o alerta que lhes é dado.
Um dos mortos na tragédia do Airbus foi um pastor da Assembleia de Deus, Luiz Antônio Rodrigues da Luz. Esse pastor também havia tido um sonho premonitório com relação ao acidente que lhe vitimou.
No sonho do pastor ele se encontrava na escuridão, vendo dezenas de pessoas serem atendidas e enroladas em lençóis, e sofreu muito. Depois sentiu ser levado para o plano espiritual. Ele não queria voltar, como contou depois para sua esposa e posteriormente em um sermão.
O sermão profético do pastor Luiz Antônio pode ser visto em vídeo no You Tube.
Esses fatos servem para nos mostrar que os acontecimentos que julgamos terríveis, são apenas oportunidades que são dadas às pessoas para aprender e evoluir. As mortes que nos enchem de pesar são maneiras do espírito imortal passar para um outro plano de vida. Não existe morte. Somos imortais.
Algumas pessoas recebem avisos. Têm premonições. Seus presságios que gostariam que não se tornassem realidade. Avisam os interessados, mas dificilmente são ouvidas.
Uma coisa é certa. Nenhum de nós sabe exatamente a hora que vai ser chamado. Procuremos então aprender a amar e a viver na prática do bem e do amor ao próximo, pois assim levaremos para o outro plano de vida uma bagagem positiva.

SBC, 03/08/2007.

ACREDITAR OU NÃO

Ary Brasil Marques
Temos a tendência de acreditar em tudo que nos falam. Por essa razão, muitas vezes nos sentimos enganados, principalmente por políticos em quem acreditávamos.
Em todas as atividades humanas, vemos pessoas iludirem o semelhante, aproveitando-se da boa-fé da população. Isso acontece com frequência no comércio, e nos dias de hoje temos produtos piratas que substituem os produtos verdadeiros e são oferecidos a preços menores à população.
Na televisão as pessoas vendem as suas verdades, e é grande o número de programas das mais diferentes vertentes religiosas, esportivas, políticas e científicas. O telespectador aceita e acredita no que quiser.
A Internet então é fonte inesgotável de assuntos, com pontos de vista diferentes e muitas vezes opostos, sendo consultada diariamente por milhões de pessoas.
A par de coisas maravilhosas, a Internet traz também propagandas mentirosas, comentários inverídicos sobre produtos que muitas vezes são acusados de fazer mal aos usuários com doenças e até a morte, e, por serem divulgados mesmo sem o respaldo da prova, são aceitos como verdade e são divulgados pelos internautas a seus amigos como incontestáveis.
As mensagens dos espíritos são igualmente aceitos por alguns fanáticos como verdades absolutas. Essas pessoas se esquecem de que os espíritos desencarnados são os homens que viveram na Terra e que partiram para o plano espiritual da mesma forma e com os mesmos conhecimentos que tinham aqui.
Não é pelo fato de não terem mais o seu corpo físico que passaram a ser sábios, altamente evoluídos e preparados para nos ensinar.
Além disso, há a interferência do médium. As mensagens nos são trazidas pela mediunidade, que funcionam com a utilização dos recursos do médium, muitas vezes até com a limitação da linguagem deles.
É preciso cuidado. Antes de aceitar a mensagem que nos está sendo trazida, usemos do bom senso. A primeira coisa é fazer a análise de coerência da mensagem com os ensinamentos de Jesus e com aquilo que nos mostra a Doutrina Espírita com muita clareza. Precisamos verificar se os espíritos que nos falam são de Deus.
Examinemos também o médium. Quando a conduta do médium não se pautar pela prática do amor e dos bons costumes, as comunicações por seu intermédio devem merecer atenção redobrada antes de as aceitarmos.
Por outro lado, sabemos que há no plano espiritual, espíritos de todas as condições evolutivas. A par de mentores amoráveis, há também espíritos enganadores, ainda atrasados, que se comprazem em enganar as pessoas. É por isso que têm surgido um grande número de ideias bizarras, orientações de práticas estranhas totalmente divergentes da simplicidade dos ensinos de Jesus, e que são tidas como verdades apenas porque vieram dos espíritos.
Vamos nos lembrar sempre que o único caminho para se chegar a Deus é a prática do bem e do amor ao próximo. Não precisamos de novidades nem de novas maneiras de agir. Acreditar sim na palavra dos espíritos, mas não nos deixar enganar pelos aproveitadores do plano físico ou do plano espiritual, é dever de todos nós.
Jesus nos advertiu que os falsos profetas poderiam até fazer prodígios capazes de enganar, se fosse possível, até aos escolhidos.

SBC, 31/05/2007.

ABORTO

Ary Brasil Marques
Nos dias atuais, muita gente fala de aborto. Muita gente defende o aborto. Muita gente pratica o aborto.
Vamos analisar o que é aborto. Aborto significa interrupção, anulação.
Interrompe-se, anula-se, o ciclo natural da vida. Em outras palavras, é uma intervenção do indivíduo no Plano Divino.
O homem deixa a sua posição de criatura e se arvora em dono da vida. Ele se esquece de que, na ordem natural das coisas, somos apenas participantes, e por mercê de Deus, cocriadores.
Como espíritos imortais que somos, assumimos o compromisso diante do Senhor de nossas vidas, de cuidar com desvelo e carinho não somente de nosso corpo, como do meio ambiente em que vivemos, e, na época própria, a cuidar daqueles que nos foram confiados para a missão maravilhosa da paternidade ou da maternidade, cuja missão não fica restringida ao proporcionar o nascimento de um espírito, mas muito mais do que isso, de cuidar da plantinha tenra, regá-la com nosso amor, educá-la e prepará-la para a vida. E esse compromisso‚ também com aquele espírito que nos comprometemos a trazer à vida terrena.
Imaginemos um assunto banal de nossa vida. Suponhamos que somos candidatos à compra de um imóvel. Atendemos a todas as exigências legais para o financiamento. Respeitamos o regulamento que nos mostraram. Após tudo pronto, vamos para uma fila de candidatos. A fila é grande, mas sabemos que a nossa posição na fila, pelo número de vagas existente, nos permitirá alcançarmos o objetivo a que nos propusemos. Ao chegar a nossa vez, o funcionário que nos atende, no meio da entrevista, simplesmente diz o seguinte: “Você não será atendido. Decidi não lhe aceitar. Reclamamos, brigamos, alegamos estar dentro das normas e regulamento, dizemos que ele não tem poderes para nos barrar, mas apesar de tudo ele, julgando-se todo poderoso, passa por cima de todas as normas, de todo o direito, de seus chefes, da razão, etc., e não nos aceita.
Esse fato tão simples e banal se comparado com o nascimento de uma criança, tem gerado muitos ódios por parte daqueles que são injustiçados.
Pensemos agora na fila enorme existente no plano espiritual, de espíritos que se candidataram a voltar para o plano da matéria para prosseguirem em sua escalada evolutiva. Quanta espera. Quanta esperança. Finalmente chegou o dia.
Foram encontrados os espíritos certos para essa oportunidade. São espíritos com comprometimentos anteriores comuns. Mas tudo ficou acertado.
Comprometeram-se esses espíritos a abrir as portas de sua casa e de seu coração para a bendita oportunidade da reencarnação.
Eis que, de repente, essas pessoas recuam. Mais do que isso, matam. Assassinam o filho. Impedem-no de vir à Terra. Atrasam propositadamente sua evolução, além de criarem débitos enormes para si próprios.
André Luiz e outros espíritos amigos que nos têm trazido mensagens do plano espiritual, nos contam que todos aqueles que direta ou indiretamente participam do nefando crime do aborto, têm enormes manchas negras plasmadas em seu perispírito, além, é claro, da imensa carga vibracional de ódio que os infelizes abortados lhes enviam, pois não se conformam com a violência contra eles perpetrada por aqueles que seriam os seus pais.
Aqueles que defendem a prática do aborto só vêm a matéria. Não sabem que antes de mais nada somos espíritos. E discutem sobre a existência ou não de vida durante a gravidez, muitos achando que a mãe tem direitos sobre seu corpo e que o aborto é coisa simples, sem importância, apenas o exercício do livre arbítrio.
Há vida desde o momento da concepção. No momento que o espermatozoide atinge o óvulo, a partir daí, paralelamente ao desenvolvimento material do novo ser, um espírito, igualmente preparado no plano espiritual, passa a viver junto à mãe (naturalmente com as limitações de ação pela redução perispiritual por que passa), e nós não temos o direito de impedir o seu nascimento. Se o fizermos, estamos indo contra Deus, o senhor de nossas vidas, além de estarmos cometendo um crime hediondo de assassinato com todas as consequências cármicas que advirão para nós mesmos, pois crime algum fica impune na lei da vida. Como agravante, temos o fato de que nossa vítima não pode se defender.
Quando uma pessoa, em uma briga, mata alguém, sua culpa é grande mas ainda a vítima teve igual chance de se defender.
No caso do aborto, não há essa oportunidade de defesa. É infanticídio. É violência. É a síntese do egoísmo em mais alto grau. Perante nós mesmos, então, é um caso muito sério. A lei de causa e efeito passará a nos cobrar, ceitil por ceitil, tudo o que fizermos contra as leis da vida.
Se já teremos que prestar severas contas pelo mau uso que fazemos de nosso próprio corpo, pelas agressões que fazemos ao meio ambiente, pelo nosso desamor aos semelhantes, agora a nossa responsabilidade aumenta muito mais.
Estamos afrontando o próprio Deus. Estamos interferindo diretamente nas leis do plano divino. Nos arvoramos em deuses, e como deuses de pés de barro agimos inconsequentemente, matando, destruindo, gerando ódios, e depois de tudo isso queremos ser felizes.
E muitas vezes chamamos de marginais aqueles que por vias outras (pois lhes cortamos a oportunidade de aproximação por vias normais) se aproximam de nós, na pele de um trombadinha ou de um assaltante. O que eles querem é reivindicar o que era deles e que nós tiramos, eliminando-os de nosso caminho, enxotando-os, matando-os, castrando-os.
Para nós, o aborto é assassinato puro. Não se justifica, a não ser em casos especialíssimos e a critério médico, quando se tem que optar entre uma vida e outra. Para salvar a mãe, em casos muito raros, é possível se fazer o aborto.
Mesmo assim, ‚ importante que os interessados busquem, antes de um ato de tamanha gravidade, a orientação do Plano Maior, e provavelmente, haverá ocasiões que a ajuda dos espíritos permitirá salvar a mãe e também o filho.

SBC, 11/08/1998.

A VOLTA POR CIMA

Ary Brasil Marques
Neline, na antessala do hospital, estava se lembrando de um passado cheio de dores e de lágrimas.
Recordou a sua infância, a época que recebia de seu pai um carinho imenso, e a tranquilidade de seus anos de criança.
Em sua tela mental viu sua adolescência e suas aventuras amorosas com um primo e posteriormente com um namorado.
Lembrou com tristeza o dia que seu pai descobriu suas atividades sexuais e virou uma fera. Furioso e sem a menor pena, seu pai expulsou-a de casa, aos gritos de que ele não tinha mais filha.
Neline saiu de casa com a roupa do corpo e acabou passando dias de muita dor em um bordel, onde foi acolhida.
Recordou os anos de sofrimento e de dor, e o esforço que fez para estudar e sair daquela vida miserável.
Neline viu as lágrimas explodirem em seu rosto quando se lembrou das vezes que tentou procurar sua família e foi rejeitada.
Agora estava ali, chamada que foi pelo pai que estava morrendo com câncer e queria vê-la.
Será que conseguiria perdoar? A dúvida batia em seu cérebro, mas sentia um amor muito grande pelo pai que a abandonara. Tinha saudades dos carinhos recebidos na infância, e graças a Deus não sentia ódio nem desejo de vingança pelo mal que ele lhe fizera.
Seu coração batia forte, e sua emoção chegou ao auge quando entrou no quarto.
O pai, pálido e cadavérico, não lembrava nem de longe o homem forte e bem apessoado do passado.
Foi recebida pelo pai com uma saudação carinhosa, e ele lhe falava docemente: – Filha querida, eu espero que me perdoe. Sofri todos esses anos um terrível remorso por tudo que lhe fiz. Sempre a amei muito, e o preconceito me fez cego. Perdão, filha amada!
Neline caiu nos braços do velho pai, aos prantos. O perdão e o amor trouxeram para ambos uma alegria tão grande e tão intensa que lhes encheram o coração de paz e de gratidão a Deus.
Não importava quanto tempo ambos teriam pela frente, mas certamente estariam juntos como pai e filha, e a dor que estava por vir era muito menor que a felicidade do perdão.
Neline esperou muito tempo para dar a volta por cima. Descobriu que essa volta por cima se chama perdão.

SBC, 02/11/2007.

A VIOLÊNCIA DE TODOS NÓS

Ary Brasil Marques
Estamos vivendo uma época de grandes transformações. Aproxima-se o fim de mais um milênio. As maravilhas tecnológicas são tantas e a rapidez das informações tão instantânea que não conseguimos acompanhar a marcha do progresso. A par de tudo isso, a liberação dos costumes e a influência enorme dos meios de comunicação na vida de todos, fez explodir uma onda de corrupção, de sexo e de violência.
Vale tudo e tudo vale. A ordem é: mexa-se, libere-se, assuma, divirta-se, leve vantagem em tudo. O resultado dessa ampla liberação do ser humano está nos jornais.
Todos os dias fala-se de corrupção, de estupro, de violência, de atentados. E a impunidade campeia. Como são tantos, a maioria talvez, que se deixaram levar pelas sensações e prazeres do mundo, que se torna difícil punir os transgressores, pois consideramos transgressores aqueles que se deixam apanhar. Os outros, são cidadãos respeitáveis.
E na ânsia de mudar, passamos a ser comentaristas da vida alheia. Nas rodas de amigos, no recesso do lar, no serviço, em toda a parte, não fazemos outra coisa senão comentar, fofocar, criticar. Nos arvoramos em juízes da conduta dos outros, gritando a quatro ventos que é necessário punir os culpados.
Muitos pedem a pena de morte, outros gritam pedindo, pasmem, a mutilação daqueles que consideramos criminosos ou que chamamos de animais, como vimos estarrecido num debate de televisão que reunia senhoras para atacar a violência, defender o que é justo, só que com soluções igualmente violentas. E nessa grita, nos esquecemos dos princípios básicos de defesa, de que alguém só pode ser considerado culpado após ter sido dada a essa pessoa a oportunidade de falar, de se defender.
Estamos iguais à multidão sedenta de sangue que se acotovelava no circo romano. E como eles, gritamos pela execução, pela morte, pelo suplício de nosso semelhante, nos esquecendo que violência gera violência e de que não podemos julgar o outro pois estamos todos no mesmo barco, onde predominam as orgias, a falta de respeito, o materialismo grosseiro (É só ver um filme na TV, ou assistir uma novela, um debate, um programa humorístico, que comprovamos esse fato). E depois queremos mutilar o estuprador.
Será que aquele homem rude, inculto, que vê todos os dias filmes e exemplos de conduta em todos os meios de comunicação, que deu vazão aos seus instintos mais grosseiros, é o único responsável pelo ato que cometeu?
Mas nós queremos punir. Nos babamos de alegria quando um ministro é denunciado por corrupção. Não admitimos a hipótese dele ser inocente, isso não conta. Berramos pelo castigo, achamos que assim agindo estamos lutando pela melhoria do mundo.  Se alguém é acusado de ter arremessado uma bomba em campo de futebol, causando uma morte, não queremos saber de dar a oportunidade ao acusado de se defender, pois para nós, os juízes onipotentes, ele é culpado a priori, deve pagar, deve ser preso, e se for um estuprador que morra, que seja mutilado.
Como no circo romano, a multidão urra. E o interessante é que se lançarmos um olhar sobre a arquibancada do enorme circo que reúne os acusadores, vemos que lá estão pessoas de bem, jornalistas, professores, médicos, religiosos, inclusive espíritas. Toda essa gente quer mudar o mundo. Só que ninguém procura seguir o exemplo maior do Mestre único, que nos ensinou a nos amarmos uns aos outros.
Ninguém está pensando em eliminar as causas de todos esses males, ninguém está colaborando na educação e na orientação das pessoas, em cuidar com carinho da infância e da juventude sem levar para os que ainda estão em formação os nefandos exemplos de uma vida voltada para o materialismo puro.
Queremos condenar. Somos os juízes. Somos os carrascos. Somos os certinhos. Todos os outros são ladrões, malfeitores, corruptos, bandidos.
AQUELE QUE ESTIVER SEM PECADO, QUE ATIRE A PRIMEIRA PEDRA.

SBC, 08/04/1998.