Meus filhos, que o Senhor nos abençoe.
Estes são dias semelhantes àqueles, quando as sombras se adensaram em tentativa frustrada de obscurecer a luz.
Jesus, a luz do mundo, espalhou claridade da esperança, não obstante a treva teimosa tentasse impedir-lhe a projeção.
Hoje não são diferentes as circunstâncias. Como outrora, há predomínio da força sobre a razão; da impiedade sobre a justiça; da anarquia sobre a ordem; da violência sobre a paz; do vandalismo sobre a harmonia; da agressividade sobre a pacificação.
Os poderosos da ilusão cavalgam o ginete da loucura e espalham o fogo voraz do ódio, olvidando-se de que as labaredas crepitantes devorarão igualmente o seu trono de quimera.
A astúcia sobrenada, colocando-se acima da inteligência e do discernimento, erguendo louros à volúpia sem dar-se conta de que o fogo-fátuo cede lugar à realidade objetiva.
As criaturas humanas, desnorteadas, armam-se umas contra as outras, embora a voz do Mestre conclame que se devem amar umas às outras.
Não seja, portanto, de surpreender que haja primazia dos valores utópicos em desrespeito às realidades demoradas e que o gozo, na forma enganosa do prazer, açule a imaginação para o desfrutar até a taça amarga do despertamento.
Aumenta a miséria social, avoluma-se a mole humana sem teto, o analfabetismo campeia nos países sem rumo e a morte prematura ronda os berços da oportunidade ceifando vidas. As enfermidades cruéis mutilam o corpo, a mente e a alma e a fome tornou-se o fantasma sempre presente diante de multidões volumosas que perecem à míngua de pão.
Mas, nos países da opulência o alcoolismo dizima legiões de vítimas ao comando do “deliriuns-tremens”, as drogas aditivas criam dependência ultriz cavalgando a juventude sem norte; os vícios profundos das gerações transatas ressurgem na velhice, desesperada pelo fim do périplo carnal e a ambição galopa engendrando as “máfias” que desgovernam Nações e criaturas e espalhando-se com os tentáculos cruéis da sua dominação por toda parte.
E uma paisagem triste e erma.
Por outro lado, a cultura sem Deus atinge expressões surpreendentes na técnica, na ciência e nas realizações das doutrinas avançadas, tornando a Terra um paradoxo.
Não obstante o aspecto calamitoso, o progresso vem trabalhando o granito das consciências, esculpindo as asas do anjo de libertação das vidas. Há muito horror! Porém, milhares de cientistas abnegados estão refugiados nos laboratórios nas pesquisas, para debelarem as enfermidades destrutivas, desenganadas, temerárias. Audaciosos nautas entregam as vidas procurando pouso nas estrelas. Mãos calejadas movem a enxada sulcando a terra para aumentar a produção de grãos. Mentes engenhosas devotam-se às facilidades para atender as criaturas humanas, diminuindo-lhes a fome. Genetas mergulham a mente na multiplicação das formas da vida, para diminuir o aspecto destruidor da condição humana diante do destino que parece não ter fim, e Jesus, governando a nau terrestre, condu-la ao porto do seu destino.
Há sol que brilha, apontando-nos rumos nestes pélagos vorazes de um oceano tumultuado, como os nautas d’outrora, ante a estrela polar, encontravam o roteiro para as suas viagens de descobrimentos audaciosos e o Evangelho chega-nos, como a carta-roteiro para nos direcionarmos no tumulto e na confusão, a fim de encontrarmos o tesouro da paz.
Não vos desespereis, entregando-vos ao pessimismo ou à amargura, à doença dos sentimentos ou à indiferença com os destinos humanos.
Reencarnastes comprometidos com o Cristo vivo, no momento áspero da grande transição, para promover-lhes o bem, sem esperardes que sejam favoráveis às circunstâncias.
Herói que encontra pronto o campo e vencida a batalha não é digno das comendas, condecorações e da plenitude que lhe são reservadas. É necessária a luta tirânica, titânica, forte que prepara os lídimos doadores do bem.
Fossem diferentes as circunstâncias e ditosa a sociedade, qual seria a finalidade do Consolador?
Diversa fosse a paisagem da geopolítica humana, adiantaria, por acaso, que a Voz da Verdade viesse conclamar as consciências a assumir o papel que lhes está destinado?
E certo que se mede o valor do combatente pela força da refrega, e é na batalha que se consagram os mártires, os estoicos, os idealistas.
A Doutrina Espírita para nós é o campo fértil da nossa reabilitação dinâmica, no qual entesouraremos as moedas de luz, para atirá-las na direção do futuro, que veremos com olhos espirituais.
Abençoados pela paz, o que desfrutaremos em novas indumentárias carnais, sem o peso confrangedor dos delitos, dos desequilíbrios, das aflições? O vosso trabalho é de ensementar a palavra aluminífera no soluçar das vítimas.
Não viestes à Terra para colher, exceto os cardos deixados pelo caminho, recolhendo as agruras que a insensatez foi colocando pela estrada.
Conscientizai-vos de que o insucesso aparente é patamar de glória futura e a dificuldade do momento é o desafio para o amanhã.
Não vos faltarão, como não vos tem faltado, o apoio do Senhor, a misericórdia da paz e os recursos indispensáveis a uma jornada assinalada pela dignidade, pelo valor, pelas alegrias possíveis que refazem do cansaço para novos empreendimentos.
Não agasalheis sombras na alma, nem a rebelião dos atormentados do caminho, para que vos não torneis um deles.
Sede a voz da brandura, o ritmo do bem, o compasso do equilíbrio.
Torne-se vos a vossa a voz da esperança no meio do desconforto moral. Num barco que soçobra, alguém em equilíbrio torna-se a salvação do grupo desesperado. E se este alguém incorpora ao clamor dos aflitos, nenhuma vida ou embarcação se salvam.
Filhos da alma, amados companheiros. Não vos trazemos teorias inaplicáveis nesta hora, somos viandantes do mesmo caminho. Viajantes da mesma experiência. Não nos são estranhas as circunstâncias terrestres, que mudaram de tempo. Atualizaram métodos, mas não atuaram intrinsecamente nas causas.
Conhecemos o vale das experiências humanas, por onde transitamos ontem no corpo, e por onde deambulamos hoje com espírito imortal.
Temos a tarefa de vos alentar neste momento difícil e permitir que o vosso trabalho de luz vos clareie interiormente. E o bem, de que sois portadores, faça-vos bem.
E certo que muitas pressões vos constrangem o coração e maceram os sentimentos.
Que esperáveis? Estamos em um pioneirismo.
O Reino de Deus ainda não se estabeleceu e Jesus permanece o grande ignorado.
A sua Doutrina renascida na Revelação Espírita continua combatida para não ficar combalida. Ela se reestrutura nas vossas fracas forças.
Perseverai, pois, distendendo o bem.
Não seja a vossa a voz que aplaude o crime. Tampouco seja a vossa, a palavra estertorada que espalha petardos de violência.
Brandura, meus filhos, onde houver agressividade; paciência onde houver desesperação; coragem onde a fé parecer bater em retirada. Jesus conta conosco e formamos um grupo homogêneo, no qual à semelhança de uma roda, mudamos de postura.
Vós estais no corpo e nós outros fora dele, e amanhã estaremos ai e vós outros estareis conduzindo-nos.
Demo-nos, pois, as mãos, formando o elo forte da fraternidade salvadora, libertadora, sem a presunção de salvar os outros, mas com a intenção de nos salvarmos a nós mesmos, para que o nosso exemplo alente os que não estão com forças de levantar-se da luta.
A resistência de uma construção está na sua pedra mais frágil, quanto a força de uma corrente no seu elo menos resistente.
Unidos, esperançados, lograremos a nossa meta, que é implantar na Terra o Reino da Luz.
Assim, prossigais, neste valor de intimorato, prossegui, com firmeza, olhando para cima sem perder o contato com o chão, até o momento em que as asas da plenitude vos além à montanha da sublimação.
Nunca vos sintais a sós porque jamais estareis.
Prometo-vos, estar ao vosso lado até o fim, como Jesus tem feito conosco até aqui.
Desejava vos dirigir estas palavras, neste momento muito grave, para que o pessimismo que grassa, a revolta que se avoluma, o desencanto que cresce, não tome conta das vossas vidas.
Sois o prolongamento da Luz. Brilhai!
Nenhuma treva pode sobrepor-se à claridade diamantina da verdade.
Permanecei, portanto, espalhando essa luz e tornando-vos portadores dela, sem reclamação, porque vós pedistes a honra, a glória de servir, para mediante o serviço, serdes felizes.
Levai aos nossos amigos, nossos irmãos de luta, o bom humor e a coragem, a esperança e a fé, na certeza inquebrantável de que somos os heróis da sepultura vazia.
E nada nos deterá.
Ânimo, meus filhos, que o bem nos torne fortes, a caridade os torne livres e a verdade nos faça feliz.
São os votos que vos formula, o servidor humílimo e paternal de sempre.
Bezerra.
Que Deus vos abençoe.
Mensagem psicofônica com transfiguração, através do Médium Divaldo Pereira Franco, pelo Espírito Dr. Bezerra de Menezes em Valinhos – Chácara Rocinha – São Paulo, em 16 de Fevereiro de 1992.