Arquivo da categoria: Espírita Amigo

Associada ao conjunto de posts importados do blog homônimo

CUIDANDO DA MÁQUINA

Ary Brasil Marques
O cuidado que devemos ter com o nosso corpo físico é muito importante. Ele é o instrumento de nossa atuação na vida terrena, e merece toda a nossa atenção e carinho. “Mens sans in corpore sano” deve ser o nosso lema.
Para alcançarmos esse objetivo, temos que cuidar de nossa alimentação, disciplinando a nossa vida no sentido de só usar e ingerir coisas saudáveis, evitando excessos, vícios e costumes que venham a causar danos ao nosso organismo.
A prática de exercícios físicos e o equilíbrio de nossos atos certamente nos auxiliarão na manutenção de nossa máquina em perfeita forma.
Muita gente cultua o corpo. Há, nos dias de hoje, uma grande preocupação das pessoas em ter um corpo perfeito, e as academias e locais de exercícios físicos estão sempre lotadas. Paralelamente a isso, é muito grande o número de pessoas que usam recursos os mais diversos, tais como o consumo de anabolizantes, uso de silicone, piercings, tatuagens, etc., tudo para manter a aparência e tornar o usuário desses recursos diferente das outras pessoas.
Os povos primitivos, as tribos africanas e os nossos índios usavam deformar o corpo, os lábios, e ainda hoje existem povos no planeta que alteram a fisionomia das mulheres com o uso de colares que transformam essas pessoas em verdadeiras mulheres girafas.
A nossa juventude está voltando a esses estranhos costumes, agredindo o corpo e mutilando-o com o uso de instrumentos que causam sérias consequências à saúde.
Acredito que tudo o que altera o funcionamento correto dessa máquina perfeita que Deus nos concedeu, só pode ser prejudicial.
A boa apresentação, a postura correta, a higiene e o uso de adereços e enfeites fazem parte da vida humana. O abuso, no entanto, demonstra falta de aceitação de nossa parte do veículo físico que nos foi concedido, verdadeiro presente de Deus para os seus filhos.

SBC, 05/09/2008.

CRISES

Ary Brasil Marques
Deus criou o homem de maneira tão perfeita que o corpo humano possui recursos extraordinários para sua proteção.
Quando um efeito pode ser danoso ao organismo físico, este reage através do cansaço, da dor, da febre, do rubor do rosto ou da sensação de frio ou de calor.
No momento do perigo, o corpo libera adrenalina, que permite ao ser humano usar com agilidade de todos os seus recursos de defesa.
Acreditamos que as crises que acontecem na vida são trampolins para reações positivas de nossa parte, e que nos dão forças para resistir aos impactos das ocorrências. É devido a essa ajuda divina que podemos resistir a problemas graves como as doenças, as decepções, perda de empregos ou partida para o mundo espiritual de pessoas queridas.
Um exemplo dessa força é o que nos acontece quando nos vemos diante de um perigo.
Perseguidos por um cão feroz, nosso corpo dá o alarme. Ao soar o alarme, doses maciças de adrenalina são despejadas na corrente sanguínea. A respiração acelera-se para fornecer dose extra de oxigênio. O coração bate mais rápido – cinco vezes o normal – e a pressão sanguínea sobe. Reservas de açúcar são convertidas em glicose para fornecer energia extra ao organismo. O sistema circulatório desvia para o cérebro e para os músculos o sangue de funções não essenciais para a batalha, como a digestão, que é interrompida. A visão, a audição e o raciocínio ficam aguçados. Ficamos ágeis e somos capazes de subir em grades altíssimas que em situação normal jamais conseguiríamos.
Acredito que as crises são necessárias ao desenvolvimento do homem, ao seu melhor preparo para enfrentar os obstáculos do caminho e lhe dar condições para novas descobertas. Elas tiram o homem de sua vida cômoda, fazem-no mais ativo, mais criativo, mais ágil em todos os sentidos.
A crise financeira atual obriga o homem a buscar alternativas de vida, suprimir gastos inúteis e deixar de lado seu comodismo habitual.
Aproveitemos a crise para crescer e evoluir, e dar graças a Deus pelo fato de estarmos vivos e em perfeitas condições físicas e emocionais para vencermos a batalha que a mesma nos trouxe.

SBC, 25/09/2008.

CRER E SABER

Ary Brasil Marques
O conhecimento das coisas se faz através das informações que nos são fornecidas pelos livros, pelos jornais, pelas revistas, pelo rádio, pela televisão e pela Internet.
Muita gente já ouviu falar, por exemplo, do trem bala. Algumas poucas pessoas de nosso país o conhecem de perto e há uma pequena minoria que já viajou em um deles. Enquanto uma população imensa jamais ouviu falar do trem bala, um grande número acredita em sua existência em razão do que leu a respeito ou viu na televisão, mas alguns não só acreditam como sabem que ele é real pois estiveram lá.
As populações indígenas não conhecem as grandes cidades existentes no mundo desenvolvido, com seus arranha-céus, e têm dificuldade de imaginar tais construções.
Alguns índios acreditam na existência dessas casas uma em cima da outra, mas poucos deles nem imaginam que elas possam existir.
O mesmo ocorre com o espírito encarnado na Terra. Todos já estiveram no plano espiritual e reencarnaram em nosso mundo.
Alguns acreditam na imortalidade em razão do que aprenderam nas diversas religiões, mas uma boa parte da população, por não guardarem lembranças conscientes de suas vidas anteriores, duvida disso. Outros acreditam usando o raciocínio e a lógica, mas apenas alguns sabem que são espíritos imortais e que terão tantas oportunidades quantas forem necessárias através da reencarnação no planeta e em outros mundos habitados, mercê da bondade infinita de Deus.
Essas pessoas sabem que todos nós fomos criados simples e ignorantes, destinados a atingir um dia a plenitude e a perfeição.
O mundo está cheio de pessoas semelhantes a São Tomé, que precisam ver para crer.
Bem aventurados aqueles que já sabem e que não têm necessidade de provas para acreditar.
Não acreditam, sabem que é verdade.

SBC, 23/09/2008.

BEM E MAL SOFRER

Ary Brasil Marques
O planeta Terra é um planeta de expiação e de provas. É uma escola bendita que proporciona aos espíritos que ainda estão atrasados no processo de sua evolução, experiências e ensinamentos necessários ao seu progresso.
Por essa razão, ainda há no planeta muita dor e sofrimento. Esse sofrimento é proporcional ao conhecimento e à utilização por parte dos espíritos que aqui habitam, de seu livre arbítrio.
Muita gente sente o sofrimento de maneira mais intensa que os outros, por lhes faltarem paciência e resignação, e principalmente por não terem conhecimento da imortalidade da alma e de que a sua passagem na Terra é efêmera e muito rápida.
Tudo passa, e o espírito imortal seguirá evoluindo e se aperfeiçoando no caminho de seu futuro grandioso, e um dia alcançará a plenitude e a felicidade.
Podemos atenuar os nossos sofrimentos e tirar deles o maior proveito. Alguns espíritos de escol nos mostraram com seus exemplos de vida que isso é possível.
Em nossa passagem pela escola da vida terrena, devemos lutar com todas as nossas energias para vencer as nossas deficiências e atenuar o sofrimento decorrente do mau uso de nosso livre arbítrio, mas temos que aprender a paciência e a resignação diante daquilo que não pudermos mudar no momento.
Temos a certeza de que todo o mal que nos atinge hoje, um dia passará, e de que o nosso futuro vai depender do que plantarmos no presente.
Uma maneira mais fácil de absorvermos os sofrimentos de nossa vida é orarmos, nos imaginando fora de nosso corpo físico.
Nessa condição de espíritos livres, lá do alto vamos olhar para a Terra. Vamos passar em revista toda a história da humanidade. Vamos ver os magníficos impérios que desapareceram, as civilizações que passaram. Vamos ver as guerras, as catástrofes da natureza, as cidades e os povos que já não existem. Tudo passou.
Depois imaginemos o outro lado da vida. Espíritos imortais, todos vivos, todos a caminho da perfeição. Pensemos nos espíritos puros, que já viveram um dia na Terra, hoje felizes no trabalho, ajudando os que ainda estão desterrados em planetas inferiores como o nosso.
Essa postura nos dará forças e coragem, nos transformará em espíritos vencedores, e essa consciência certamente tornará o nosso sofrimento atual em obstáculo fácil de ser transposto.
Esse sofrimento é apenas o trampolim que nos impulsionará ao progresso e a um futuro cheio de alegrias e de paz.

SBC, 15/09/2008.

ARQUIVO MORTO

Ary Brasil Marques
O ser humano tem a capacidade de reter, em sua memória, todos os fatos vivenciados por ele na sua trajetória de vida.
Os fatos mais importantes, assim como o nome e a fisionomia das pessoas queridas, ficam gravados em um compartimento especial, que pode ser acessado rapidamente e a qualquer hora. Os outros, que não têm para a pessoa importância especial, são armazenados em outra área, e muitas vezes são acessados com mais dificuldade e esforço.
É interessante que algumas pessoas têm mais facilidade em se lembrar da fisionomia de seus conhecidos, enquanto outros se lembram dos nomes. Alguns custam a se lembrar dos nomes, precisando muitas vezes fazer um exercício mental passando pelas letras do alfabeto até localizar em sua mente o nome esquecido.
As coisas de rotina e o que não interessa guardar são colocadas em um arquivo morto, tal como fazem as empresas com os papéis e documentos antigos e que não são mais necessários.
Quando renascemos na Terra, trazemos conosco um arquivo de vidas anteriores, em compartimento fechado e inacessível pela nossa memória.
Esse arquivo nos é ocultado por Deus para nos proteger na nova existência, pois geralmente somos colocados diante de inimigos do passado para aprendermos a lhes amar e isso fica mais fácil se não nos lembrarmos de episódios anteriores.
No plano espiritual há um arquivo detalhado de cada um de nós, e que é chamado de arquivo akásico. Lá fica a nossa história, as nossas conquistas, as nossas quedas e ações positivas e negativas. Esse arquivo só pode ser acessado pelo próprio espírito ou pelos mentores e entidades mais avançadas.
Para muitos, há um inconsciente coletivo que registra tudo, e tentam explicar os fenômenos de comunicação dos espíritos pela mediunidade dizendo que os fatos trazidos pelos médiuns são tirados desse inconsciente coletivo. Não cremos assim, pois achamos que ninguém pode acessar a memória anterior de seu semelhante.
Os nossos arquivos de memória às vezes são bloqueados por problemas físicos, o que acontece, por exemplo, com as pessoas acometidas pelo Mal de Alzheimer.
Durante o período de sua doença, as pessoas se assemelham a um computador com defeito: os arquivos estão lá, mas não podem ser acessados.
Acredito que nos planos espirituais mais elevados, não haja limitações, e todos terão acesso a todas as suas experiências da vida atual e das anteriores.

SBC, 03/09/2008.

A BARATA NA REUNIÃO MEDIÚNICA

Ary Brasil Marques
O rapaz chegou aflito ao Centro Espírita. Era a primeira vez que adentrava um Centro, mas sua agonia o levou a procurar ajuda…. Precisava conversar com alguém, desabafar suas aflições, ser ouvido. O dirigente, após pequeno diálogo, apresenta a receita:
_ “Você precisa desenvolver a mediunidade…” (?) e prossegue: “Sim, sentar-se à mesa, receber o mentor, trabalhar no bem…”
O rapaz não entende nada. Faz algumas perguntas que não são respondidas convenientemente e é levado naquela mesma hora a participar da reunião mediúnica daquela Casa embora até recusasse a orientação. Lembremo-nos que era a primeira vez que tomava contato com um Centro e que buscara alguém apenas para conversar…
Já na sala mediúnica acha estranho o ambiente: pessoas caladas e concentradas, luz reduzida. Ouve algumas preces e comentários e fica aguardando o que vai acontecer, já que nem sabe porque fora encaminhado para aquele local, pois nada conhecida sobre Espiritismo. A noite estava muito quente, as janelas bem abertas. Em dado momento, surge no ambiente uma barata voadora que após alguns voos rasantes sobre os presentes, pousa na gola da camisa daquele novato de Centro Espírita. Pousa e adentra pelas costas do infeliz.
Imaginem os leitores a cena de alguém sentado à mesa mediúnica com uma barata às costas dentro da camisa. Começa a contorcer-se, à maneira muito semelhante de um médium ainda indisciplinado e como instrumento de um espírito sofredor ou em dificuldades.
O dirigente da reunião não hesita:
– “Seja bem-vindo, meu irmão!” O rapaz então responde:
– “É uma barata” e recebe nova orientação:
– Não meu irmão, você não é uma barata, é apenas um espírito livre do corpo que agora precisa seguir o seu caminho, aprender coisas novas, adaptar-se à nova vida, progredir…” Aí um berro:
_ “É UMA BARAAATAA!” E sai correndo, derrubando cadeiras e livros, para nunca mais voltar àquela casa…
O leitor já percebeu com clareza: Não era uma comunicação de um espírito, o rapaz não era um médium… Um dirigente desatento, uma Casa mal orientada. Ausência do atendimento fraterno, despreparo na recepção de pessoas novas que chegam pela primeira vez. Um verdadeiro desastre.
A abordagem não tem função de crítica destrutiva. Trata-se de abrir os olhos para o que estamos fazendo e como estamos fazendo… A Doutrina é muito clara. As Casas Espíritas representam a Doutrina e precisam pautar suas atividades com seriedade e conhecimento.
Em primeiro lugar, o estudo, a orientação. Este, o estudo tem prioridade absoluta sobre tudo. Estudo que precisa abranger a infância, a mocidade, os adultos frequentadores, para termos em nossas Casas espíritas conscientes, coerentes e responsáveis….

FREDERICO FÍGNER – BIOGRAFIA

Frederico Fígner

Israelita de nascimento viveu no lar paterno os preconceitos de sua raça contra o Carpinteiro de Nazaré. Na verdade, porém, Fígner, como muitos outros judeus, não tinha religião alguma.
Foi no Brasil e quando já negociante próspero, com seu estabelecimento comercial e industrial no Rio de Janeiro e uma sucursal em São Paulo, que Fígner foi chamado a conhecer a verdade.
Nos últimos anos do século passado ou nos primeiros deste século, Fígner travou relações de amizade com Pedro Sayão, filho do saudoso doutrinador Antônio Luís Sayão, pai da célebre cantora Bidu Sayão. Pedro Sayão, durante cerca de dois anos, lhe frequentava a loja e palestrava sobre Espiritismo e Cristianismo, sem que Fígner se impressionasse muito pelo assunto; porém, numa de suas visitas ao seu estabelecimento de São Paulo, Fígner ouviu a dolorosa história de um seu empregado, cuja esposa se achava gravemente enferma e necessitada de melindrosa intervenção cirúrgica.
Ao regressar ao Rio, Fígner pediu a Pedro Sayão lhe obtivesse receita para cura da enferma de São Paulo. Veio a receita e a cura da doente, sem intervenção alguma dos médicos. Foi esse fato que inclinou Fígner a favor do Espiritismo.
Já impressionado com a cura da doente mediante uma receita mediúnica, Fígner foi procurado em sua loja por um pobre, pai de família desempregado, em penosa situação econômica. Ouviu-lhe o relato de suas aflições, deu-lhe um pouco de dinheiro e disse-lhe que voltasse oito dias mais tarde. Ao sair o necessitado, pela primeira vez na vida Fígner fez um pedido ao Carpinteiro de Nazaré: “Se é como dizem os cristãos que Tu tens poder, ajuda a esse pobre pai de família; arranja-Lhe trabalho e meios de vida!”
Oito dias mais tarde, voltava o homem com o sorriso dos felizes e lhe narrava: “Já estou trabalhando e brevemente virei restituir seu dinheiro, Sr. Fígner. Fui procurado por uma pessoa que me convidou para um emprego inteiramente inesperado”.
Fígner se entusiasmou e repetiu semelhantes pedidos, com resultados sempre positivos.
Em vez de pedir a Jesus, passou a pedir a Maria e igualmente os resultados não se faziam esperar. Encheu-se de fé que transporta montanhas e estudou com entusiasmo o Espiritismo e o Cristianismo. Passou a consagrar sua vida ao serviço dos outros.
Não se sabe ao certo quando se deu essa conversão, mas em 1903 já se encontram vestígios das atividades espíritas de Fígner na Federação Espírita Brasileira.
Por ocasião da gripe “espanhola “, em 1918, com 14 doentes em seu próprio lar e ele mesmo adoentado e febril, passava os dias inteiros na Federação, atendendo a doentes e necessitados que lá iam, em avalanches, buscar recursos para situações aflitivas.
Sua vida normal durante longos anos consistia em ir de manhã e à tarde à Federação tomar ditados de receitas de diversos médiuns, chegando a tomar 150 a 200 receitas por dia e a dar passes em numerosos doentes. Levantava-se às cinco horas da manhã e, antes de ir à loja, ia à Federação, de onde só saía quando terminava esse serviço de tomar ditados de receitas. Às quatro horas da tarde lá estava de novo para orar e dar passes em doentes.
E curava mesmo os enfermos, pois que seus “fregueses”, como ele lhes chamava na intimidade, cresciam sempre de números.
Como propagandista da Doutrina, manteve sempre uma seção no “Correio da Manhã” que era lida no País todo.
Em 1921 polemicou com o Padre Florêncio Dubois pela “Folha do Norte “, do Pará. Promoveu a publicação de muitos livros, custeando as edições.
Foi à Inglaterra visitar o célebre “Circle of Crew”, onde o médium Willy Hope obtinha as famosas fotografias de extras; visitou, então, Sir Arthur Conan Doyle e outros grandes vultos do Espiritismo inglês.
Em 1920 perdeu a filha primogênita, e sua esposa ficou inconsolável. Ouvindo ele falar da médium de materialização D. Ana Prado, de Belém do Pará, decidiu-se a partir para o Norte. No dia 1º de Abril de 1921, embarcou com toda a família.
O que sucedeu naquelas sessões acha-se relatado no livro do Dr. Nogueira de Faria, intitulado O Trabalho dos Mortos, pela senhora D. Esther Fígner, esposa de Frederico Fígner, a qual, apenas regressando das sessões e assistida por sua filha Leontina, escrevia relato minucioso de tudo que ocorrera.
Frederico Fígner nasceu na madrugada de 2 de Dezembro de 1866, na casa humilde de n.º 37 da rua Teynska, em Milevsko, perto de Tabor, Tchecoeslováquia, então Boêmia e parte do Império austro-húngaro.
Era, portanto, compatriota de outro missionário que como ele vinha cumprir sua tarefa no Brasil, durante longa existência como brasileiro, entre os melhores, Francisco Valdomiro Lorenz, nascido em Zbislav, perto de Tcháslav, e chegado ao Brasil dois anos depois de Fígner. Ambos vinham da Pátria dos grandes mártires do Cristianismo, João Huss e Jerônimo de Praga, divulgar aqui os ideais superiores que conduziram os dois heróis aos tormentos da Inquisição.
Fígner e Lorenz gravitaram para a Federação Espírita Brasileira que era muito jovem quando eles chegaram ao Brasil.
Fígner venceu galhardamente a escorregadiça e perigosa prova da riqueza, Lorenz venceu com igual bravura os tormentos da pobreza e se tornou um dos mais cultos esperantistas do mundo, com várias obras publicadas.
Filho de pais pobres, Fígner tinha que imigrar para o Novo Mundo, como faziam os jovens da Europa Central, naquele tempo. Aos treze anos sai do lar paterno e vai para a cidade de Bechim aprender um ofício.
Em 1882, aos 16 anos, deixa definitivamente a terra natal. Parte com sua maleta de emigrante par Bremershafen, de onde, a bordo do vapor “Elbe” (como passageiro de terceira classe), ruma para os Estados Unidos só levando dinheiro para a travessia.
Contava Fígner um pormenor interessante dessa viagem. Sua mãe fizera e lhe dera para a viagem uma trança de pão doce. Chegando a bordo, nota que a alimentação de terceira classe é absolutamente insuportável. Divide então o seu pão doce, de sorte a bastar para todo tempo da travessia que durou 14 dias. Foi essa a sua única alimentação durante duas semanas.
Levava como modelo de conduta a tenacidade dos pais. Era o exemplo a imitar para vencer na vida.
Uma tempestade violenta foi o único incidente da travessia, mas foi-lhe rude a luta para adquirir estabilidade econômica de sorte a manter-se e ajudar os pais e irmãos.
Estados Unidos, México, América Central e, finalmente, América do Sul, foram seus campos de luta econômica.
No Brasil, esse filho de Israel encontrou sua Canaã. Estabeleceu-se, prosperou, conheceu uma jovem de peregrinas virtudes e alma de artista, D. Esther de Freitas Reys, filha de família ilustre.
Em 1897, Frederico Fígner e D. Esther de Freitas Reys fundavam, pelo matrimônio, seu lar feliz. Recebia ele o prêmio de suas grandes lutas de trinta anos, mas não sonhava repouso, que não era ideal de seu caráter vibrante. Desse feliz enlace nasceram seis filhos: Rachel, Aluízio, Gabriel, desaparecidos do mundo antes do venerado genitor; Leonilda, Helena e Lélia, muito devotados ao seu velho pai.
O serviço de Fígner nas obras de assistência e no trabalho profissional afastava-o muito do lar, mas isso não prejudicava o cultivo de um afeto extremo entre pai e filhos.
Amavam-se com ardor e respeitavam reciprocamente as ideias e crenças particulares de cada um.
Ainda nos últimos dias de sua vida, distribuía ele principescamente donativos por instituições e pessoas pobres de sua amizade, guiando-se pelo coração e nem sempre pelo cérebro, e só respeitando a fortuna das filhas.
Trabalhou e serviu abnegadamente até que a enfermidade o prendeu ao leito, poucos dias antes da partida. Completou oitenta anos em 2 de Dezembro de 1946, e em 19 de Janeiro de 1947, às 20 horas, partiu para o mundo espiritual, deixando abertos caminhos de luz sobre a Terra que pisara por tanto tempo.
Ao funeral compareceu uma multidão de amigos e admiradores. Diante da câmara mortuária, o Presidente da Federação pronunciou palavras de despedida e o Vice-Presidente fez uma prece. Ao descer o ataúde ao jazigo, no Cemitério de São Francisco Xavier, falaram com sentimento os Drs. Miranda Ludolf, Lins de Vasconcellos e o Capitão Silva Pinto.
A Federação Espírita Brasileira, após a morte de Fígner, publicou lhe alguns dos escritos no livro intitulado – “Crônicas Espíritas “.

Grandes Espíritas do Brasil. FEB

FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER – BIOGRAFIA

Francisco Cândido Xavier

Filho do operário João Cândido Xavier e da doméstica Maria João de Deus. Nasceu a 2 de abril de 1910, na cidade de Pedro Leopoldo.
A desencarnação de dona Maria João de Deus, deu-se a 29 de setembro de 1915, quando o Chico tinha apenas 5 anos. Dos nove filhos (Maria Cândida, Luzia, Carmosina, José, Maria de Lourdes, Chico, Raimundo, Maria da Conceição e Geralda), seis foram entregues a padrinhos e amigos.
Chico sofreu muito em companhia de sua madrinha, que era obsidiada. Conta ele, que apanhava três vezes por dia, com vara de marmelo. O pai de Chico casou-se novamente; desta feita com Cidália Batista, de cujo casamento advieram mais seis filhos (André Luiz, Lucília, Neusa, Cidália, Doralice e João Cândido). (*)
Por essa ocasião, deu-se o seu retorno à companhia do pai, dos irmãos e de sua segunda mãe dona Cidália, que tratava a todos com muito carinho.
Sua escolaridade vai até o curso primário, como se dizia antigamente. Trabalhou a partir dos oito anos de idade, de 15h às 2h, numa fábrica de tecidos.
Católico até o ano de 1927, o Padre Sebastião Scarzelli era seu orientador religioso.
Com a obsessão de uma de suas irmãs, a família teve que recorrer ao casal de espíritas, Sr. José Hermínio Perácio e dona Carmem Pena Perácio, que após algumas reuniões e o esforço da família do Chico, viu-se curada. A partir daí, foi mantido o Culto do Evangelho no Lar, até que naquele ano de 1927, o Chico, respeitosamente, despediu-se do bondoso padre, que lhe desejou amparo e proteção no novo caminho. (…)
No ano de 1927, funda em Pedro Leopoldo, junto com outras pessoas, o Centro Espírita Luiz Gonzaga.
Em 08/08/44, Chico Xavier, através do advogado Dr. Miguel Timponi, em coautoria com a FEB – Federação Espírita Brasileira, inicia contestação à ação declaratória movida pela Sra. D.ª. Catharina Vergolino de Campos, viúva do famoso escritor desencarnado Humberto de Campos, sob a fundamentação de ser necessário concluir se efetivamente a obra psicografada pelo Chico, como sendo do notável escritor patrício, Humberto, após sua desencarnação. Ao final desse longo pleito, através de críticos literários, os mais consagrados, concluiu-se ser autêntica a obra em questão (ver o assunto completo no livro “A Psicografia ante os Tribunais, de autoria do advogado Dr. Miguel Timponi – Ed. FEB).
Dos quatro empregos que teve, por 32 anos trabalhou na Escola Modelo do Ministério da Agricultura, em Pedro Leopoldo e Uberaba, nesta última cidade, a partir de 1959, quando para lá se transferiu.
Chico sempre se sustentou com seu modesto salário, não onerando a ninguém.
Aposentou-se como datilógrafo subordinado ao Ministério da Agricultura. Jamais se locupletou como médium. Ganhava, dos mais simples aos mais valorizados presentes (canetas, fazendas, carros), mas, de tudo se desfazia educadamente. Dos quatrocentos e doze livros psicografados, os quais pela lei dos homens lhe pertenciam os direitos autorais, de todos se desfez doando-os a federativas espíritas e a instituições assistenciais beneficentes, num verdadeiro exemplo vivo de cidadania e amor ao próximo.
| A Polivalência de sua Obra Literária |
É bastante diversificada a obra literária do Chico, senão vejamos: o primeiro livro publicado foi “Parnaso de Além Túmulo”, escrito por 56 poetas desencarnados, compreendendo brasileiros e portugueses. Foi recebido no período de 1931 a 1932. Na época, sua idade era de apenas 21 anos. Com esta obra, Chico começa por onde a imensa maioria dos medianeiros psicógrafos principia.
Detém em sua produção Prosa e Verso, que nós, na mera condição de leitor, classificamo-la como sendo:
Reveladora: Com a publicação da obra Nosso Lar, o espírito André Luiz inicia primorosa coleção em que se ressalta, dentre tantas informações, o caráter revelador da obra, onde se tem registrado o cotidiano, o dia a dia da vida extrafísica.
Identificadora: Assim chamamos a literatura poética, como no caso do “Parnaso”. Se “estilo é maneira de exprimir os pensamentos, falando ou escrevendo” (Aurélio), no Parnaso figuram quase 6 dezenas de poetas da Língua Portuguesa, dentre os mais consagrados. Aí, a comparação entre o poeta, quando na vida física e quando retorna ao plano espiritual, torna-se inevitável.
Mensagem: Chamamos livros de mensagens, aqueles compostos por mensagens avulsas, de temas variados, de espíritos diversos. (Ex.: Mãos Unidas, Respostas da Vida, etc.).
Romanesca: Destacamos, neste gênero, os cinco romances de Emmanuel (mentor do médium): Há Dois Mil Anos (abrange o período histórico de 31 a 79 D.C), Cinquenta Anos Depois (ano 131 – D.C), Ave Cristo (abrange o período 217 a 258 D.C), Paulo e Estevão (depois da morte de Jesus até aproximadamente anos 70 D.C) e Renúncia (cobrindo a segunda metade do século XVII, iniciado em 1662 – reinado de Luiz XIV de França).
Há Dois Mil Anos foi escrito no curto espaço de 24/10/38 a 09/02/39, em intervalos das atividades profissionais do Chico.
Chamamos a atenção para a chamada Cronologia Romana reconhecida por experts como autêntica. A obra suscitou o aparecimento do livro Vocabulário Histórico-Geográfico, de Roberto Macedo, versando sobre o vocabulário existente nos cinco romances supra citados.
Histórico-Geográfico: A exemplo dos livros “A Caminho da Luz” e romances de
Emmanuel (já citados), “Brasil Coração do Mundo, Pátria do Evangelho” de Humberto de Campos.
Conto: merecem destaque Jesus no Lar, de Néio Lúcio, Almas em Desfile e A vida Escreve, de parceria com o médium Waldo Vieira, de autoria espiritual de Hilário Silva e Contos e Apólogos, Reportagens de Além Túmulo, Contos Desta e Doutra Vida, autoria espiritual de Humberto de Campos, além de outros.
Reportagem: Encontramos o trabalho de Humberto de Campos, que com vigor e talento, do plano da imortalidade envia-nos reportagens notáveis como a que realiza com o apóstolo Pedro, no livro Crônicas de Além-Túmulo, ou com Napoleão, no livro Cartas e Crônicas ou ainda quando entrevista a famosa atriz Marilyn Monroe, no livro Estante da Vida.
LITERATURA INFANTIL
Através de autores como Neio Lúcio, Casimiro Cunha e outros.
LITERATURA JOVEM
Livros de espíritos que ainda jovens retornaram ao plano espiritual, como a obra de Jair Presente, de Augusto César e outros, cuja característica principal são, as gírias praticadas pelos jovens, notadamente no período em que surgiram.
LITERATURA UNIVERSITÁRIA
De nosso conhecimento, coube à Professora Ângela Maria de Oliveira Lignani inserir a obra literária do Chico nos meandros universitários. A professora em questão logrou aprovação no Curso de Mestrado da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Teoria da Literatura. Dissertação com 200 páginas, cujo título é “Psicografia e inscrições discursivas: a escrita de Chico Xavier”.
LITERATURA HUMORÍSTICA
Lulu Parola, Cornélio Pires e outros trazem aos leitores rica obra com esta característica.
LITERATURA CIENTÍFICA
Por se compor de Ciência, Filosofia e Religião, invariavelmente, qualquer obra dita espírita mostra esta tendência, mas, especificamente podemos citar as de André Luiz como “Evolução em Dois Mundos” e “Mecanismos da Mediunidade”.
LITERATURA EVANGÉLICA
O Evangelho é tema de vasta obra psicografada pelo Chico, especialmente de Emmanuel: Caminho, Verdade e Vida, Pão Nosso, Vinha de Luz, Fonte Viva, Livro da Esperança, Palavras de Vida Eterna, Segue-me, Bênção de Paz.
| Ressonância de sua Obra |
NO CINEMA
Da mensagem publicada no livro “Somos Seis” resultou o filme Edifício Joelma.
NO TEATRO
Várias compilações de obras diversas resultaram na peça teatral “Além da Vida”, apresentada por atores e atrizes profissionais.
NA TELEVISÃO
Tanto na extinta Rede Tupi (associada) quanto na Rede Globo, adaptou-se como novela o livro “Nosso Lar”, sob o título de “A grande viagem”, com amplo sucesso.
NO RÁDIO
Apresentação do chamado rádio teatro, como o romance “Há Dois mil Anos”, teatralizado na Rádio Mundial. Programas radiofônicos veiculando páginas espíritas. Nos mais diversos ambientes, deparamos afixadas páginas psicografadas pelo Chico, porém, nem sempre de origem identificada.
NO JUDICIÁRIO
Conforme se vê no livro Lealdade, organizado pelo laborioso tarefeiro espírita, Hércio Marcos, do IDE – Instituto de Difusão Espírita – Araras/SP, relatando que, com base em mensagem psicografada pelo Chico, o MM. Juiz da causa absolveu o réu no douto judiciário do estado de Goiás.
NA MÚSICA
Já nos idos de 1970, o astro da canção brasileira, Roberto Carlos, revelava no Programa Flávio Cavalcanti, a influência das obras do Chico nas letras das músicas que compõe. São inúmeras as letras psicografadas pelo Chico que foram e são musicadas, daí resultando belas canções, tais como: Alma Gêmea e Companheiro, letras de Emmanuel. A Prece, letra de João de Deus, Diretrizes adaptado do trecho de Bezerra de Menezes, Fábio Júnior, Vanuza e Moacir Franco, sempre demonstraram grande carinho pelo Chico, inclusive, homenageando-o através de músicas de suas autorias. Inúmeros LP’s (hoje em desuso) e incontáveis CD’s enriquecem a fonografia patrícia, oriunda da obra do Chico.
NA PINTURA
Através do chamado processo ideoplástico a exuberante mediunidade do Chico tem proporcionado o surgimento de quadros maravilhosos, como o do Senador romano Publius Lentulus e o retrato de Maria (vide Anuário Espírita 1986).
ABRANGENDO IRMÃOS DE OUTRAS TERRAS
A monumental obra psicografada pelo Chico já teve livros traduzidos para o esperanto, o francês, o inglês, o espanhol, o japonês, o tcheco e o polonês.
NA ASSISTÊNCIA SOCIAL
Pelo fato de o Chico, invariavelmente, registrar em cartório a doação dos direitos autorais a que teria direito em favor de instituições beneficentes, que pela lei do homem lhe caberia sobre 412 obras, tal procedimento possibilita grande fonte de recursos a essas instituições mesmo depois de sua morte. E já são mais de 30 milhões de exemplares editados.
CHICO SELA COMPROMISSO COM O ESPÍRITO EMMANUEL
A data do início do mandato mediúnico do Chico é considerada 8 de julho de 1927, mas o reencontro com seu guia espiritual Emmanuel, deu-se nos fins de julho de 1931 (ver interessante diálogo que se estabeleceu entre os dois, conforme relata o livro “Chico Xavier Mandato de Amor”, UEM, p. 30-31).
QUEM ERA EMMANUEL
Senador romano na época do Cristo, conhecido por Publius Lentulus. De lá para cá do nosso conhecimento, surge nas figuras do escravo Nestório, do Padre Manoel de Nóbrega (fundador de São Paulo) e do Padre Damiano, reencarnado na Espanha. O relacionamento entre os dois, “se perde na poeira dos sóis”, segundo informação que o Chico nos prestava, por informação do mentor espiritual.
JESUS – KARDEC – EMMANUEL
Como é sabido, a interação Jesus-Kardec-Emmanuel é absolutamente harmônica. E desde aquele longínquo 31 de julho de 1931, Emmanuel já determinava: ” – se algum dia eu conflitar com Jesus e Kardec, me abandone Chico”. Nesse clima de absoluta interação é que para comemorar centenários respectivos, da obra que compõe o “Pentateuco Luz”, no dizer de Nenê Aluotto, temos:
– em 1959, surge o livro Religião dos Espíritos, em comemoração ao centenário do Livro dos Espíritos;
– em 1960, o livro Seara dos Médiuns, em comemoração ao centenário do Livro dos Médiuns;
– em 1961, o livro Justiça Divina, em comemoração ao centenário do livro Céu e
Inferno;
– em 1964, o livro da Esperança, em comemoração ao centenário do Evangelho
Segundo o Espiritismo.
Todos esses livros de autoria de Emmanuel. O Chico recebeu além desses, de espíritos diversos, o livro O Espírito da Verdade, ainda comemorativo ao centenário do Evangelho Segundo o Espiritismo.
CHICO FALA DE SUA PRÁTICA MEDIÚNICA
No livro Parnaso de Além Túmulo, Ed. FEB – 1972 – Comemorativa do 40.º aniversário de lançamento, pág. 33, Chico diz a respeito: “A sensação que sempre senti, ao escrevê-las (referindo-se a poesias recebidas mediunicamente), era a de que vigorosa mão impulsionava a minha. Doutras vezes, parecia-me ter em frente um volume imaterial, onde eu as lia e copiava; e, doutras, que alguém mas ditava aos ouvidos, experimentando sempre no braço, ao psicografá-las, a sensação de fluidos elétricos que o envolvessem, acontecendo o mesmo com o cérebro, que se me afigurava invadido por incalculável número de vibrações indefiníveis. Certas vezes, esse estado atingia o auge, e o interessante é que parecia-me haver ficado sem o corpo, não sentindo, por momentos, as menores impressões físicas. É o que experimento, fisicamente, quanto ao fenômeno que se produz frequentemente comigo.”
MÉDIUM COMPLETO
Poder-se-á dizer que Chico foi um médium completo, tanto do ponto de vista moral quanto da técnica mediúnica. O saudoso professor Herculano Pires o chamava de “homem-psi”. Elias Barbosa diz que dele poder-se-á dizer “do alto dos telhados”, tratar-se do maior médium psicógrafo do mundo. O culto e saudoso professor Rubens Romanelli, dizia com relação a Chico Xavier: “Trata-se de um dos maiores autodidatas que já conheci”.
CURIOSIDADES ACERCA DA PROFÍCUA PRODUÇÃO PSICOGRÁFICA DE
CHICO
De uma certa feita na bela cidade triangulina de Uberlândia, o saudoso tarefeiro espírita Zenon Vilela passou para o papel, a seguinte informação: No ano de 1952, Chico psicografou 2 livros, em 2 dias: Roteiro, de Emmanuel, com 172 páginas e Pai Nosso, de Meimei, com 104 páginas. No ano de 1963, Chico psicografou 2 livros, em 2 dias: Opinião Espírita, com 204 páginas e Sexo e Destino, com 360 páginas. No dia 31 de março de 1969 (data comemorativa do falecimento de Kardec, mera lembrança nossa), Chico psicografou 2 livros, no mesmo dia: Passos da Vida, com 156 páginas e Estante da Vida, com 184 páginas. Chico é apontado como fenômeno na aceitação do leitor. Dos dez melhores livros do século, em pesquisa realizada por órgãos da imprensa espírita, sete são da psicografia do Chico. O primeiro lugar coube ao livro Nosso Lar, na 48.ª edição, com mais de 1.200 milheiros de exemplares editados. Ao longo de seus 75 anos de mandato mediúnico tornaram-se incontáveis os títulos honoríficos a que fez jus:

– dezenas de cidadanias;

– mais de uma centena de biografias;

– instituiu-se a Comenda da Paz Chico Xavier, por decreto estadual;

– Comenda Chico Xavier instituída pela Prefeitura Municipal de Pedro Leopoldo;

– o Mineiro do Século, por promoção da Telemar e da Rede Globo Minas, etc., etc.;

– pelos auditores independentes da Receita Federal, foram eleitas as 8 mais importantes figuras mundiais: Madre Tereza de Calcutá, Chico Xavier, Mandela, Sabin, Carlitos, Santos Dumont, Gandhi e Che Guevara.

– O Maior Brasileiro da História por promoção da Revista Época – 2006.

Por dados estatísticos fornecidos por órgãos da Imprensa Nacional, em seu velório que se iniciou no domingo, 30 de junho, até terça-feira, 2 de julho do ano de 2002, em certos momentos, a fila chegou à extensão de 4 km. E diante do esquife, a média era de 40 pessoas, a cada minuto. Era comovente a serenidade e o silêncio do povo, apesar de ter que esperar horas e horas seguidas na fila, sob o forte sol uberabense, para a despedida aos despojos físicos do médium. Foi sepultado com honras militares debaixo de uma chuva de pétalas de rosas.
Eric Fronn nos ensina que “só o amor é justificativa à presença humana”. O Chico
“triplica” essa justificativa. Muitos o cognominam: “um homem chamado amor”.
* Ver a síntese genealógica do Chico, no livro “Chico Xavier, Mandato de Amor”.

UEM, p. 284).

DIVALDO PEREIRA FRANCO – BIOGRAFIA

Divaldo Pereira Franco

Divaldo é um verdadeiro apóstolo do Espiritismo. Dos seus oitenta anos, sessenta foram devotados à causa Espírita e às crianças excluídas, das periferias de sua Salvador.
Nasceu em cinco de maio de 1927, na cidade de Feira de Santana, Bahia, e desde a infância se comunica com os espíritos. Cursou a Escola Normal Rural de Feira de Santana, recebendo o diploma de professor primário, em 1943.

Trabalhou como escriturário no antigo IPASE, em Salvador, aposentando-se em 1980.




Concedendo entrevista.





É reconhecido como um dos maiores médiuns e oradores Espíritas da atualidade e o maior divulgador da Doutrina Espírita por todo o Mundo.

Seu currículo revela um exímio e devotado educador com mais de 600 filhos adotivos e mais de 200 netos, atendendo atualmente a cerca de 3.000 crianças, adolescentes e jovens de famílias de baixa renda, por dia, em regime de semi-internato e externato.
Orador com mais de 11.000 conferências, em mais de 2.000 cidades em todo o Brasil e em 62 países, concedendo mais de 1.100 entrevistas de rádio e TV, em mais de 450 emissoras. Recebeu mais de 700 homenagens, de instituições culturais, sociais, religiosas, políticas e governamentais.

Como médium, publicou 202 livros, com mais de 8 milhões de exemplares, onde se apresentam 211 Autores Espirituais, muitos deles ocupando lugar de destaque na literatura, no pensamento e na religiosidade universais. Dessas obras, houve 92 versões para 16 idiomas (alemão, albanês, catalão, espanhol, esperanto, francês, holandês, húngaro, inglês, italiano, norueguês, polonês, tcheco, turco, russo, sueco e sistema Braille). Além de 17 escritos por outros autores, sobre sua vida e sua obra. A renda proveniente da venda dessas obras, bem como os direitos autorais foram doados, em Cartório, à Mansão do Caminho e outras entidades filantrópicas.

Espírita convicto, fundou o Centro Espírita Caminho da Redenção em sete de setembro de 1947.




Acervo técnico.





Espírita convicto, fundou o Centro Espírita Caminho da Redenção, em sete de setembro de 1947.

Dois anos depois, iniciou a sua tarefa de psicografia. Diversas mensagens foram escritas por seu intermédio. Sob a orientação dos Benfeitores Espirituais guardou o que escreveu, até que um dia recebeu a recomendação para queimar tudo o que escrevera até ali, pois não passava de simples exercício. Com a continuação, vieram novas mensagens assinadas por diversos Espíritos, dentre eles: Joanna de Ângelis, que durante muito tempo apresentava-se como Um Espírito Amigo, ocultando-se no anonimato à espera do instante oportuno para se identificar. Joanna revelou-se como sua orientadora espiritual, escrevendo inúmeras mensagens, num estilo agradável repassado de profunda sabedoria e infinito amor, que conforta as pessoas necessitadas dando diretriz espiritual.

Em 1964, Divaldo, sob orientação de Joanna de Ângelis, selecionou várias mensagens de autoria da mentora e enfeixou-as no livro Messe de Amor, que se tornou o primeiro livro psicografado por Divaldo.

Atualmente, o médium é recordista e conta com 202 títulos publicados, incluindo os biográficos que retratam sua vida e obra.

MANSÃO DO CAMINHO

Divaldo Pereira Franco é emérito educador. Fundou em 1952, na cidade de Salvador, Bahia, com Nilson de Souza Pereira, a Mansão do Caminho, instituição que acolheu e educou crianças sob o regime de Lares Substitutos.

Em 20 Casas Lares, educou mais de 600 filhos, hoje emancipados, a maioria com família constituída.

Na década de 60, iniciou a construção de escolas, oficinas profissionalizantes e atendimento médico.

Hoje, a Mansão do Caminho é um admirável complexo educacional com 83.000 m2 e 50 edificações que atende a três mil crianças e jovens de famílias de baixa renda, na Rua Jaime Vieira Lima, n.°1, Pau da Lima, um dos bairros periféricos mais carentes de Salvador. O complexo atende a diversas atividades sócio educacionais como: enxovais, Pré-Natal, Creche, escolas de ensino básico de 1.º e 2.º graus, Informática, Cerâmica, Panificação, Bordado, Reciclagem de Papel, Centro Médico, Laboratório de Análises Clínicas, Atendimento Fraterno, Caravana Auta de Souza, Casa da Cordialidade e Bibliotecas. Mais de 30 mil crianças passaram, até hoje, pelos vários cursos e oficinas da Mansão do Caminho.




Alguns diplomas.





A obra é basicamente mantida com a venda dos livros mediúnicos e das fitas gravadas nas palestras, seminários, entrevista e mensagens por Divaldo.
HOMENAGENS
Divaldo Franco recebeu homenagens em diversos países e cidades da América do Norte, Central, do Sul, Europa e África:
• 20 Comendas, • 334 Placas de prata, douradas e bronze, • 54 Medalhas • 49 Troféus, • 43 Moções de Congratulações, • 187 Diplomas e Certificados e • 12 Títulos Honoríficos significativos.

Dentre todas essas maravilhosas homenagens, destacam-se:
• 1991 – Título Honoris Causa em Humanidade, pelo Colégio Internacional de Ciências Espirituais e Psíquicas, em Montreal, Canadá em 23/05/1991.
• 1997 – Decreto de Ordem do Mérito Militar, 31/03/1997, pelo Presidente da República do Brasil.
• 2001 – Medalha Chico Xavier, do Governo do Estado de Minas Gerais.
• 2002 – Título de Doutor Honoris Causa em Humanidades, pela Universidade Federal da Bahia.
• 2002 – Homenagem da Universidade Estadual de Feira de Santana.

Algumas Condecorações
• 2005 – Título de Embaixador da Paz no Mundo, junto com o amigo Nilson de Souza Pereira. O título foi recebido em Genebra, na Suíça, em 30 de dezembro de 2005, pela Ambassade Universalle Pour la Paix.

Fonte de consulta: site da Mansão do Caminho http://www.mansaodocaminho.com.br

JOÃO MARIA VIANNEY – O CURA D’ARS – BIOGRAFIA

João Maria Vianney – O Cura D’Ars

João Maria Vianney nasceu em 8 de maio de 1786 em Dardilly, aldeia a dez quilômetros ao norte de Lyon. Foi o quarto filho do casal Mateus e Maria Vianney, que tiveram 7 filhos.
Desde os quatro anos, ele gostava de frequentar a Igreja. Quando isso se tornou impossível, pelas perseguições que o Estado desencadeou, ele fazia suas orações habituais, todas as tardes, na casa dos pais.
Quando foi aberta uma escola, Vianney, adolescente a frequentou durante dois invernos, porque ele trabalhava no campo sempre que o tempo permitia. Foi então que aprendeu a ler, escrever, contar e falar francês, pois em sua casa se falava um dialeto regional.
Foi na escola que se tornou amigo do padre Fournier, e aos poucos foi crescendo nele o desejo de se tornar sacerdote. Foi necessário muita insistência, pois o pai, de forma alguma, desejava dispensar braços fortes de que a terra necessitava.
Aos 20 anos ele seguiu para Écully, na casa de seu tio Humberto. Sabia ler, mas escrevia e falava francês muito mal. Além de aprimorar a língua pátria, precisou aprender latim, pois na época os estudos para o sacerdócio eram feitos em latim, bem assim toda a celebração litúrgica.
Em 28 de maio de 1811, com 25 anos de idade, na catedral Saint-Jean tornou-se clérigo de diocese. Por ter fama de ignorante perante os superiores, foi-lhe confiada a paróquia de Ars em _Dombes, ou talvez porque lhe conhecessem a grandeza de alma. Em Ars, não havia pobres, só miseráveis.
João Maria Vianney chegou a Ars em uma sexta-feira, 13 de fevereiro de 1818. Veio em uma carroça trazendo alguns móveis e utensílios domésticos, alguns quadros piedosos e seu maior tesouro: sua biblioteca de cerca de trezentos volumes.
Conta-se que encontrou um pequeno pastor a quem pediu que lhe indicasse o caminho. A conversa foi difícil, pois o menino não falava francês e o dialeto de Ars diferia do de Écully. Mas acabaram por se compreenderem.
A tradição narra que o novo pároco teria dito ao garoto: “Tu me mostraste o caminho de Ars: eu te mostrarei o caminho do céu”. Um pequeno monumento de bronze à entrada da aldeia lembra esse encontro.
Ele mesmo preparava suas refeições. Apenas dois pratos: umas vezes, batatas, que punha para secar ao ar livre. Outras vezes, “mata-fomes”, grandes bolos de farinha de trigo escura. Um pouco de pão e água. Era o suficiente. Comia pouco. Quando lhe davam pão branco, trocava pelo escuro e distribuía o primeiro aos pobres. Dizia: “Tenho um bom físico. Depois de comer não importa o quê e de dormir duas horas, estou pronto para recomeçar”.
O que mais ele valorizava era a caridade e a gentileza. Grandes somas ele dispendia auxiliando os seus paroquianos. Dinheiro que vinha da pequena herança de seu pai, que lhe enviara seu irmão Francisco e de doações de pessoas abastadas, a quem ele sensibilizava pela palavra e dedicação.
Por volta de 1830, era muito grande o afluxo de pessoas que se dirigia a Ars. Os peregrinos não tinham outro objetivo senão ver o pároco e, acima de tudo, poder confessar-se com ele. Para conseguir, esperavam horas…às vezes, a noite inteira.
Esse pároco que dormia o mínimo para atender a todos, madrugada a dentro. Que vivia em extrema pobreza e austeridade, vendendo móveis, roupas e calçados seus para dar a outrem.
Comovia-se com a dor alheia. Quando se punha a ouvir os penitentes que o buscavam, mais de uma vez derramava lágrimas como se estivesse chorando por si próprio. Dizia: “Eu choro o que vocês não choram”.
Tanto trabalho, pouca alimentação e repouso, foram cansando o velho Cura. Ele desejava deixar a paróquia para um pouco de descanso. Mas os homens e mulheres da aldeia fizeram tal coro ao seu redor, que ele resolveu permanecer.
Ele, que em sua juventude, fora ágil, agora andava arrastando os pés. Nos dias de inverno, sentia muito frio.
Em 1859, numa quinta-feira do mês de agosto, dia 4, às duas da madrugada, ele desencarnou tranquilamente.
Dois dias antes, já bastante debilitado fora visto a chorar. Perguntaram-lhe se estava muito cansado. “Oh, não”, respondeu. “Choro pensando na grande bondade de Nosso Senhor em vir visitar-nos nos últimos momentos”.
João Maria Vianney comparece na Codificação com uma mensagem em O Evangelho Segundo o Espiritismo, em seu capítulo VIII, item 20, intitulada “Bem-aventurados os que têm fechados os olhos”, onde demonstra a humildade de que se revestia, o conceito que tinha das dores sobre a face da Terra e o profundo amor ao Senhor da Vida.

Fonte: Jornal Mundo Espírita, julho de 2000.