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FRANCISCO SPINELLI – BIOGRAFIA

Francisco Spinelli

Francisco Spinelli encarnou na província de Sague (Sala Consilina), Itália, no dia 31 de dezembro de 1.893.

Afeiçoado ao estudo, conseguiu, com apenas nove anos de idade, terminar com distinção o curso primário, tornando-se aprendiz de alfaiate.

Com dezoito anos de idade, transferiu seu domicílio para o Brasil, indo residir na cidade de Vacaria, no Estado do Rio Grande do Sul, onde continuou a trabalhar na mesma profissão.

Sua iniciação no conhecimento do Espiritismo data da época de seu casamento.

Na cidade de Bom Jesus, onde passou a residir, exerceu o cargo de sub-delegado, e, posteriormente, de secretário e tesoureiro da Prefeitura Municipal. Alguns anos mais tarde, dedicou-se à advocacia, como solicitador, profissão que exerceu com raro descortino, orientando-se por uma consciência reta e sincero propósito de bem servir aos seus semelhantes.

No ano de 1.946, transferiu-se para a cidade de Porto Alegre, onde ainda mais se destacaram os relevantes serviços que vinha prestando à Doutrina Espírita. A partir de 1.947, entregou-se incondicionalmente ao desempenho de um apostolado no seio da família espírita, animado por verdadeiro desejo de uni-la num elo de fraternidade e amor.

Nos primeiros dias de novembro de 1.948 tomou parte saliente nos trabalhos do 1.º Congresso Brasileiro de Unificação Espírita, realizado em São Paulo, integrando a delegação do Estado do Rio Grande do Sul.

No desenrolar desse conclave, que se constituiu num dos esteios para o advento do Pacto Áureo de unificação dos espíritas, Spinelli, juntamente com outros companheiros, tomou todos os cuidados no sentido de se balizarem diretrizes essenciais para a materialização do movimento da unificação, procurando ouvir opiniões de servidores que portavam belas folhas de serviço à Causa, sem no entanto tergiversar na linha básica do dever, que não se pode acomodar às exigências de pessoas ou grupos, pois compreendia que Unificação é trabalho de entendimento que ninguém pode desdenhar na Seara Espírita.

Spinelli realizou incontáveis viagens com o objetivo de divulgar o Espiritismo, fazendo-o com inusitado idealismo. Eleito presidente da Federação Espírita do Rio Grande do Sul, desdobrou-se no objetivo de dar cumprimento à sua missão, propugnando pela difusão da Doutrina Espírita e realizando nobilitante trabalho em favor da evangelização da criança e preparo espiritual das novas gerações, bem como cooperando incondicionalmente na assistência social mantida pelas entidades espíritas daquele grande Estado.

Várias iniciativas em prol da maior difusão da doutrina kardequiana foram por ele planejadas e levadas a efeito no âmbito estadual, tendo sempre a preocupação de que o mérito de seus empreendimentos e os naturais encômios pelo seu árduo trabalho fossem divididos com seus valorosos companheiros de ideal.

Em 05 de outubro de 1.949, tomou para ativa nos trabalhos que culminaram com o advento do Pacto Áureo de unificação dos espíritas brasileiros, em memorável reunião levada a efeito na sede da Federação Espírita Brasileira, no Rio de Janeiro, assinando esse importante e histórico documento em nome do Estado sulino.

Em novembro de 1.950, juntamento com o Dr. Artur Lins de Vasconcellos Lopes, Professor Leopoldo Machado, Dr. João Carlos da Silva, Ary Casadio e Luiz Burgos Filho, tomou parte na Caravana da Fraternidade, percorrendo quase todos os Estados das regiões norte e nordeste do Brasil, em autêntica campanha de divulgação dos ideais unificacionistas. 

Por ocasião do conclave havido no mês de agosto de 1.955, na sede da FEB, em que tomaram parte os Presidentes de quase todas as Federações e Uniões Federativas do Brasil, sua voz se fez sentir para, com sua palavra suasória e fraterna, dirimir pontos de vista julgados de difícil solução.

A afabilidade e a doçura norteavam-lhe os passos, quer nas missões, quer nas pregações. Sincera e devotadamente pregava o Espiritismo e muitos lhe ficaram a dever a tranquilidade e a reforma de costume que desfrutam. Com as virtudes que o revestiam, nunca pensou em esmorecer nem mesmo ante os sofrimentos próprios.

Foi de falange dos que preconizam que o Espiritismo sendo Filosofia, Ciência e Religião, é obra de estudo e de observação.

Esse líder espírita era reconhecidamente humilde: seus atos, suas atitudes e decisões jamais se desviaram dos ensinamentos do Divino Mestre. Pregava o Evangelho de Jesus, tanto pela palavra, sempre calma e convincente, como pela sublime exemplificação.

Francisco Spinelli, embora nascido na Itália, radicou-se de tal forma em nosso país e tanto o amou, que se considerava filho do solo gaúcho.

Sua desencarnação ocorreu no dia 7 de outubro de 1.955, quando ele ainda exercia o cargo de Presidente da Federação Espírita do Rio Grande do Sul. Centenas de pessoas desfilaram diante de seus restos mortais, expostos no Instituto Espírita Dias da Cruz, a casa que ele tanto amou, e onde deu também o esforço de seu braço e a luz dos seus conhecimentos, no Departamento Espiritual.

Na capital gaúcha recebeu verdadeira consagração dos espíritas e da sociedade porto-alegrense, sendo o ataúde conduzido a pé, pelos braços dos amigos.

Denodado obreiro na Seara Espírita, deixou espalhado em alguns jornais e revistas, principalmente na “A Reencarnação”, órgão da Federação Espírita do Rio Grande do Sul, vários artigos doutrinários, tendo legado ao Espiritismo no Brasil trabalhos magníficos, quais “Normas e Instruções”, para uso das entidades do quadro federativo da FERGS, e “Serviço de Evangelização e Orientação Educacional das Gerações Novas (Curso Intensivo de Evangelizadores)”.

FRANCISCO RAITANI – BIOGRAFIA

Francisco Raitani

No ano de 1.997, comemorou-se o centenário de nascimento de Francisco Raitani, terceiro ocupante da cadeira número 6 da Academia Paranaense de Letras.
Nasceu na cidade de Rio Grande, Rio Grande do Sul, no dia 23 de setembro de 1.897, Filho de Felício Raitani e Vicência Comena Raitani.
Fez o curso básico em Curitiba, cidade na qual se enraizou, pois a ela chegou aos cinco anos de idade. Exerceu, primordialmente, o magistério, níveis secundário e superior.
No Instituto de Educação dedicou-se à disciplina de História Geral e do Brasil; na Faculdade de Ciências Econômicas lecionou Prática Jurídica e na Faculdade de Direito tornou-se auxiliar de ensino de Direito Civil, Comercial e do Trabalho.
Jornalista nos idos de 1.950, exerceu as funções de redator-chefe do jornal O Dia e, na Gazeta do Povo, manteve durante longo tempo uma coluna intitulada Gazeta Jurídica.
No jornal Mundo Espírita exerceu as funções de co-redator-chefe, escrevendo, ao mesmo tempo, a coluna Nossa Crônica.
Foi nomeado, em 1.924, auxiliar da Procuradoria Fiscal da Prefeitura Municipal de Curitiba. Em seguida, delegado de Polícia de Costumes. Advogado do Estado, atingiu o ápice da carreira de sub-consultor do Quadro da Consultoria Geral do Estado.
Foi um dos fundadores da Associação dos Servidores Públicos do Paraná. A Associação dos Magistrados do Paraná concedeu-lhe o primeiro título de Sócio Honorário.
Manteve constante atividade intelectual. Sua obra máxima, em dois volumes, Prática de Processo Civil, publicada pela Editora Saraiva (e que já completou o cinquentenário, desde a primeira edição) vem sendo atualizada ano a ano por seus descendentes, recebida sempre com a maior atenção pelos estudantes e profissionais do Direito.
Tornou-se figura notável nas letras jurídicas. Viveu na modéstia, como advogado e professor, jamais se deixando embair pelas ambições materiais.
Bastante conhecido pela obra realizada, recebeu, ainda em vida, muitas homenagens de reconhecimento.
Francisco Raitani, dentre as atividades exercidas, em 12 de janeiro de 1.936, foi incluído no Conselho Deliberativo da Federação Espírita do Paraná, tornando-se efetivo em abril do mesmo ano.
Participou, durante mais de 30 anos, não só do Conselho Deliberativo, como ofereceu o brilho de sua inteligência em todas as ocasiões em que foi chamado a contribuir, especialmente, nas reuniões interestaduais, onde se estudavam, através de congressos, seminários, simpósios, encontros ou eventos outros de natureza doutrinário-federativa, os interesses da Doutrina.
Representou a Federação Espírita do Paraná em diversas ocasiões, com elevados propósitos, revelando conhecimento profundo da Doutrina Espírita e das questões administrativas que envolviam o movimento espírita de unificação.
Expositor consciente, convicto e profundo conhecedor, sabia transmitir, com clareza, os princípios básicos do Espiritismo, em seu tríplice aspecto.
Médium atuante, recebia, pela psicografia, mensagens assinadas por respeitáveis espíritos.
Foi corredator do jornal “Mundo Espírita”, assinando a coluna “Nossa Crônica” por longos anos, desde que Lins de Vasconcellos transferiu sua redação do Rio de Janeiro para Curitiba, tornando-o órgão doutrinário da Federação Espírita do Paraná, em 1.953.
Autor de programa de lições do Evangelho à Luz da Doutrina Espírita, destinado às crianças, aprovado durante o Congresso Brasileiro de Unificação Espírita, realizado em São Paulo, em 11 de julho de 1.948, ocasião em que, juntamente com João Ghignone e Abibe Isfer, representou o Paraná naquele conclave.
Em 1.949, foi designado para participar do Congresso de Educadores Espíritas, realizado em São Paulo, representando o Paraná.
Em 3 de outubro de 1.949, ao lado de João Ghignone, participou do Congresso Pan-americano, no Rio de Janeiro, representando o Paraná, marcando presença na reunião que ensejou a assinatura do “Pacto-Áureo”, na sede da Federação Espírita Brasileira, no dia 5 de outubro do mesmo mês, que se constituiu no grande marco de unificação dos espíritas brasileiros e a criação do Conselho Federativo Nacional, cujo primeiro representante do Paraná foi o Dr. Lins de Vasconcellos.
Em outubro de 1.951 participou do 2.º Congresso Espírita do Rio Grande do Sul, juntamente com seus companheiros de Diretoria da FEP, João Ghignone, Abibe Isfer e Honório Melo, com destacada atuação em prol do fortalecimento e ampliação do Pacto Áureo e aprimoramento do processo federativo-doutrinário.
Em 1.957, juntamente com João Ghignone, Maria da Paz Ribeiro, Maura Barcellos, Lucy Terezinha Lurenço e Renê Rizental, participou do 1.º Congresso de Orientação de Escolas de Evangelização, em Juiz de Fora – MG, ocasião em que a delegação do Paraná visitou Francisco Cândido Xavier (em Pedro Leopoldo) e José Pedro de Freitas (Arigó), em Congonhas.
Em 1.961, nos dias 19 e 25 de janeiro, em Curitiba, integrou uma equipe de coordenação do Encontro de Federativas Estaduais do Sul, evento este que contou com representações dos Estados de Minas Gerais, Guanabara, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, bem como do Vice-Presidente da Federação Espírita Brasileira, Dr. Armando de Assis.
Fizeram parte da referida comissão mais os seguintes confrades, entre outros: João Ghignone, Abibe Isfer, Maria da Paz Ribeiro, Honório Melo, Walter do Amaral e Carlos Gambus.
Em 1.962, nos dias 20 e 21 de abril, integrou uma comissão de estudos no simpósio Centro-Sulino – que tratou de assuntos de interesse geral para o movimento espírita, versando sobre os temas: Doutrina, Unificação, Educação, Mocidade Espírita e Assistência Social, juntamente com os confrades Lauro Schleder, Honório Melo, Walter do Amaral, Lucio Kafka, Adolfo Ricks Junior, Maria da Paz Ribeiro e Otavio Ulisséia.
Em 20 de junho de 1.960, fez parte da comissão que elaborou o documento “Nova Organização Federativa – Normas e Instruções”, para uso das entidades do quadro federativo da FEP, nomeada pelo Conselho Deliberativo.
Desencarnou em 13 de maio de 1.971.
Em 16 de maio de 1.971, o Conselho Deliberativo da FEP, reunido, prestou-lhe sentida homenagem, conforme carta enviada à sua esposa, Sra. Alzira Brito Raitani, assinada pelo Presidente da Federação, João Ghignone, datada de 19 de maio do mesmo ano.
“(…) Ficamos nós, da equipe de “Mundo Espírita”, sem a presença física de um companheiro sempre querido: FRANCISCO RAITANI. Seu exemplo de firmeza, dignidade e amor à causa espírita, ficará com todos nós, como incentivo, refletindo nas páginas do valoroso jornal a que ele pertenceu. O velho Raitani, como nós o chamávamos, às vezes, era um jurista, professor de Direito, jornalista vigoroso, polemista, mas sobretudo um homem de bem, companheiro leal, um espírita de afirmações. Não fazia praça do seu saber, mas era também um professor que também ensinou pelas atitudes, além da cultura jurídica. Quem o via de perto, com aparência um tanto prussiana, alto, sisudo, tinha a impressão de um tipo fechado, de pouca conversa. No entanto era, na realidade, um homem de alma aberta e de inteligência arejada. Fizemos excursão pelo interior do Paraná… Faz alguns anos, e ele já andava doente, mas a chama do ideal nunca se apagou naquela alma forte. (…)”.
Assim se expressou seu grande companheiro e amigo Deolindo Amorim.
“(…) Esse o Raitani a quem – na hora suprema em que seu corpo material baixa à campa, e seu vigoroso e esclarecido espírito alça voo pelo infinito em fora – nós, seus irmãos e amigos da Federação Espírita do Paraná, do seu Conselho Deliberativo e da redação e oficinas de “Mundo Espírita”, tributamos esta pequenina mas expressiva homenagem. E o adeus de agora, já a ceder lugar a saudade que fica… O Raitani bem o merece.

Fonte: site: www.feparana.com.br

FRANCISCO RAIMUNDO EWERTON QUADROS – BIOGRAFIA

Francisco Raimundo Ewerton Quadros

Entre os trabalhadores da primeira hora, no Espiritismo do Brasil, o Marechal Francisco Raimundo Ewerton Quadros ocupa lugar de justificada saliência, em virtude da valiosa colaboração que prestou à ingente obra de disseminação e explanação da doutrina codificada por Allan Kardec.
Homem de grande envergadura moral, possuidor de sólida e generalizada cultura, doutor em engenharia e figura de prestígio na sociedade e no Exército nacionais, tendo sucedido ao General Franklin do Rego Cavalcanti de Albuquerque Barros na presidência do Clube Militar, exatamente no governo de Prudente de Morais, o marechal Ewerton Quadros, não obstante tudo isso, não se deixou fascinar pelas ambições da vida material.
Espírito ativo e familiarizado com estudos profundos, escreveu numerosos trabalhos de cunho filosófico, os quais constituem inequívoco atestado do seu valor intelectual. De costumes austeros, mas de visão larga, não tardou fosse atraído pelo Espiritismo, dele se tornando, desde 1.872, dos mais probos e autorizados propagandistas, pelo verbo e pela pena, ajudado pelas várias mediunidades que possuía, principalmente a da vidência, o que maior força imprimia às suas já alicerçadas convicções doutrinárias.
Ele mesmo, através das páginas de “Reformador”, contou uma série de notabilíssimos fenômenos devidos aos seus dons mediúnicos, os quais nele se manifestavam desde a idade de oito anos.
Em março de 1.873, desenvolveu-se lhe a psicografia, e, em pouco tempo, começou a produzir trabalhos admiráveis. Experimentando a sua nova faculdade mediúnica, no sentido de comprovar a não participação do seu próprio Espírito nas comunicações, obteve, certa vez, que um Espírito evocado por um seu amigo seu manifestasse, a este respondendo a perguntas mentais, sobre História.
Ao ser criada a Federação Espírita Brasileira, foi ele eleito seu primeiro presidente, cargo que ocupou até 1888, quando cedeu o posto ao Dr. Bezerra de Menezes, cujo nome havia sido sufragado para esse fim.
Francisco Raimundo Ewerton Quadros mostrou-se à altura de sua missão. Cultivou sempre com acendrado carinho as virtudes cristãs, servindo ao Espiritismo e à Federação Espírita Brasileira, com a superioridade e firmeza dos verdadeiros crentes. Foi legítimo semeador das verdades evangélicas, pregando-as pelo exemplo constante e pela palavra.
Jamais ocultou, a quem quer que fosse, as suas convicções. Serviu à fé espírita com ilimitado devotamento, deixando, ao retornar à vida espiritual, o testemunho seguro do trabalhador que bem cumpriu seus deveres, como sói acontecer com todos aqueles que se propõem seguir a consoladora doutrina do Cristo.
Ewerton Quadros nasceu na capital do Maranhão, em 17 de outubro de 1.841, e faleceu no Rio de Janeiro aos 20 de novembro de 1.919. Seu pai, Capitão honorário Francisco Raimundo Quadros, desencarnado no referido Estado do norte brasileiro, em 1.874, criou outros filhos, entre eles um futuro oficial da Armada, falecido em Montevidéu, também em 1.874.
Órfão de mãe em tenra idade, Ewerton Quadros foi criado por sua tia e madrinha, que partiu para o Além em 1.868.
Fez na terra natal, com o maior brilhantismo, o seu curso de humanidades e, em princípios de 1.860, rumou para o Rio. Aí, mal saído da Escola Militar, em 1.864, como Alfares-aluno adido ao 1.º Batalhão de Artilharia a pé, segue a reunir-se às forças invasoras da Republica Oriental, o que lhe valeu as medalhas C.O.
Daí avança para o Paraguai, de onde volta, em 1.870, como Capitão, Cavaleiro da Ordem da Rosa, da Ordem de Cristo e da Ordem de S. Bento de Aviz, e fazendo jus à medalha geral da Campanha do Paraguai com o passador de prata e o número 5(P-5), bem como à medalha Argentina, concedida pelo governo dessa República, e à medalha(oval) de Paissandu.
Desempenhou. Depois, e até 1.872, várias funções nos Comandos Militares do Pará e Amazonas, sempre louvado em ordens regimentais “pelas nobres qualidades que o distinguem como militar disciplinado e severo cumpridor de seus deveres, pelos bons serviços que prestou com dedicação, zelo, inteligência e sisudez que o caracteriza”.
Forma-se em Engenharia pela Escola Central da Corte (atual Escola Politécnica), toma grau de Bacharel em Ciências Físicas e Matemáticas em 3/7/1.874, e vai trabalhar um lustro no Rio Grande do Sul, como Ajudante da Comissão de Engenharia Militar naquele Estado sulino.
Espírita desde 1.872, conforme já falamos, logo começou a colaborar na propaganda da Doutrina Espírita, tendo sido um dos fundadores, em 7 de junho de 1.881, do Grupo Espírita Humildade e Fraternidade, no Rio. Este Grupo, desdobramento do Grupo Espírita Fraternidade, que se instalara aos 21 de março de 1.880, compunha-se de “algumas pessoas ilustradas que se consagravam ao estudo sério da Doutrina Espírita”.
Seus primeiros escritos espíritas saíram publicados na “Revista da Sociedade Acadêmica Deus, Cristo e Caridade”, periódico fundado em Janeiro de 1.881, o segundo órgão espírita surgido no Rio de Janeiro. O primeiro trabalho de Ewerton Quadros ali apareceu nos meses de agosto e setembro de 1.881.
Era um erudito estudo sobre “O Magnetismo na Criação”. Seguiu-se a este, em Fevereiro de 1.882, bela poesia de sua autoria, em dezesseis estrofes de quatro versos, intitulada – “O Redivivo”.
E em seu número de Julho de 1.882, a referida Revista estampava primorosa e edificante página poética recebida, através da mediunidade de Ewerton Quadros, aos 18 de junho de 1.880. Intitulava-se “Morrer é deixar a ilusão pela verdade”, e fora assinada com as iniciais A.A.
Participou ativamente da fundação da Federação Espírita Brasileira, e foi eleito seu primeiro presidente (1.884-1.888). Nesse tempo era ele Major do Estado Maior de Artilharia do Exército. Em 1.888, deu à FEB sede independente, pois que até então funcionava na residência de um que outro confrade. É assim que a FEB ficou instalada no sobrado do prédio número 17 da Rua Clube Ginástico Português, depois Rua Silva Jardim.
Ewerton Quadros realizou, além de outras, duas eruditas conferências no salão da Guarda Velha, na Rua Guarda Velha (atual Av. 13 de Maio), enfileirando-se entre os que abrilhantaram aquele memorável ciclo de conferências públicas, de larga repercussão, patrocinadas pela FEB.
Colaborou no “Reformador” e em outros órgãos da imprensa espírita até os derradeiros meses de sua vida terrena. Alguns meses antes de falecer, doou à FEB, da qual era presidente honorário desde 1.891, muitos exemplares do seu livro “Os Astros”, para com o produto de sua venda socorrer os pobres da Assistência aos Necessitados.
Possuía Ewerton Quadros incontestável cultura e vasta erudição, sendo amplos os seus conhecimentos de Astronomia, História Natural e História Universal.
Seus artigos em prosa eram às vezes assinados com o pseudônimo Freq.
Revelou-se igualmente como poeta, publicando de vez em quando suas produções nos periódicos espíritas.
Deixou em numerosos escritos e em várias obras o fruto de suas meditações iluminadas pelo Espiritismo. São de sua lavra: “História dos Povos da Antiguidade”, escrita sob o ponto de vista espírita, até a vinda do Messias, etc.; “Os Astros”, estudos da Criação; Conferência sobre “O Espiritismo”, seu lugar na classificação das ciências, etc.; “As Manifestações do Sentimento Religioso Através dos Tempos”; “Catecismo Espírita”, dedicado às meninas; etc.
Logo que saiu o primeiro livro acima citado, a Revista da Sociedade Acadêmica
Deus, Cristo e Caridade, de fevereiro de 1.882, deu dele ciência ao público ledor, dizendo a seguir:
“O Sr. Dr. Quadros é mais um trabalhador incansável e corajoso que se apresenta na arena da propaganda, como demonstra o importante volume que acaba de publicar, cujo assunto só por si é recomendação para os estudiosos, abona o autor, e dá testemunho da perseverança com que se dedica aos trabalhos espiríticos”.
Traduziu muitos artigos, bem como obras, do francês e do inglês, sobressaindo entre estas últimas “O Fenômeno Espírita”, de Gabriel Delanne; “Bases Cientificas do Espiritismo”, de Epes Sargent; “Região em Litígio entre este mundo e o outro”, de Robert Dale Owen.
Cristão sincero, depressa compreendeu a necessidade de vulgarizar a notável obra mediúnica coordenada e publicada em França por J. B. Roustaing – “Os Quatro Evangelhos”.
Atirou-se a árdua tarefa com entusiasmo e, em 1.883, terminou a sua tradução, que foi a primeira em língua portuguesa. “Reformador” começou a publicá-la em 15 de janeiro de 1.898, só o fazendo parcialmente.
Em 1.900, saiu, editada pela FEB, a 1.ª edição da referida obra, em três volumes, traduzida, ao que parece, pelo Sr. Henrique Vieira de Castro (cf. “Reformador”, 1.921, pg. 443). Em fins de 1.918, a Federação Espírita Brasileira cogitou em reeditar a referida obra de Roustaing, agora na tradução do Dr Guillon Ribeiro, para isso tendo encetado uma campanha.
Pois bem, Ewerton Quadros formou-se, imediatamente entre os primeiros subscritores dessa edição, que saiu em 1.920.
Tomou parte nas conferências escolares que em fins do século passado se realizavam anualmente no Liceu de São Cristóvão. Discorria, então, para os alunos, sobre assuntos ligados à Astronomia.
De 1.880 a 1.887 participou de várias e importantes atividades no Exército, inclusive num projeto de uma estrada que ligasse a Corte às Províncias do Paraná, Mato Grosso e Rio Grande do Sul, bem assim na confecção de plantas de dezenas de cidades do Rio Grande do Sul, com planos defensivos e memórias descritivas.
Em 1.889 é comissionado pelo governo central nos sertões de Goiás, daí porque não fora reeleito para a presidência da FEB. E, depois disso, andou por várias regiões brasileiras, em comissões científicas e militares, tendo trabalhado, por exemplo, junto à comissão militar (que também chefiou) encarregada da linha telegráfica entre Uberaba e Cuiabá, cujos trabalhos de observação e exploração ele publicou numa Memória. Esta Memória terminava com um vocabulário comparado, do português com as línguas indígenas: guarani, caiuá, coroado e xavante.
Ewerton Quadros prestou ao País relevantes serviços, tendo exercido cargos de elevada responsabilidade, recebendo várias medalhas de mérito científico e militar.
Não foi o sétimo presidente do Clube Militar, conforme assinala a “Revista do
Clube Militar” de abril de 1.940, pág. 22. Pesquisas por nós realizadas em extensa documentação, inclusive nas Atas das Assembleias Gerais do referido clube, patenteiam ter sido Ewerton Quadros o sexto presidente (1.895-1.896), eleito em sucessão ao Gen. Franklin do Rego Cavalcanti de Albuquerque Barros.
O jornal “O Paiz” põe por terra qualquer dúvida que ainda possa subsistir. Em seu número de 30 de abril de 1.895, ele relacionou os membros da nova diretoria do Clube Militar, eleitos no dia anterior.
Ewerton Quadros foi, também, diretor do Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro, Comandante da Escola Militar do Rio de Janeiro (1.894-95), então localizada na Praia Vermelha, e lente da Escola Politécnica.
Agraciado pelo governo do Marechal Deodoro com a Ordem de Avis, no grau de Oficial. Constituiu-se num dos mais esforçados auxiliares do Marechal Floriano Peixoto durante a revolta de 1.893-1.894, tendo sido Comandante do 5.º Distrito Militar, Comandante-em-Chefe das forças em operações no Paraná, Comandante das Fortalezas de São João e da Laje. Reformado no posto de Marechal, por Decreto de 4 de julho de 1.895.
Por volta de 1.908, dirigiu, com outros diretores, a “Liga de Propaganda das Ciências Psicofísicas”, que se ocupava dos fenômenos regidos por forças supranormais.
Além da notável cultura filosófica e científica que demonstrou possuir, era ele senhor de riqueza bem maior e mais apreciável – a do coração, a dos sentimentos cristãos.
Suportou, sereno e resignado, todos os golpes da calúnia, da intriga e do sarcasmo com que tentaram empanar-lhe o brilho da trajetória terrena.
A causa do Espiritismo no Brasil teve nele uma das mais fortes colunas. Com a sua pena culta, com a sua palavra esclarecida e autorizada, com seu exemplo de cidadão reto e honrado, foi um dos maiores propagandistas a serviço da Doutrina Espírita.

Fonte: Federação Espírita do Paraná.

FRANCISCO XAVIER – BIOGRAFIA

Francisco Xavier

O dia 7 de abril de 1.506 assinala a data do nascimento de Francisco de Jassu y Javier, no Castelo dos Javier, perto de Pamplona, na Espanha.
Aos 19 anos foi a Paris para estudar, ali permanecendo até seus 28 anos. Com Inácio de Loyola e mais cinco seguidores, fez o voto de caridade e pobreza, no dia 15 de agosto de 1.534, do qual se originou a fundação da Companhia de Jesus.
Sendo ordenado padre 3 anos mais tarde, ao contrário de Inácio de Loyola, que permaneceu na Europa, foi enviado ao Extremo Oriente.
A serviço da monarquia portuguesa fez de Goa, na Índia, o centro de difusão do seu apostolado. Sua obra rendeu frutos no Ceilão, nas ilhas do sudeste da Ásia e no Japão.
Quando viajava para iniciar uma nova etapa missionária na China, morreu nas costas do país, aos 46 anos de idade, a 3 de dezembro de 1.552, sem poder desembarcar no continente. Ficou conhecido como o Apóstolo da Índia. O valor desse jesuíta está em sua atitude pioneira de apostolado junto aos povos asiáticos. Os jesuítas detêm o mérito de terem sido nas colônias de Espanha e Portugal o único centro de cultura e um exemplo missionário nos séculos XVI e XVII.
É no capítulo “Amai os vossos inimigos” em O Evangelho segundo o Espiritismo que Francisco Xavier disserta a respeito do duelo, afirmando que “Quando a caridade regular a conduta dos homens, eles conformarão seus atos e palavras a esta máxima: ‘Não façais aos outros o que não quiserdes que vos façam’”.
Da sua desencarnação à mensagem, ditada em Bordéus, em 1.861, estabelece-se um período de 309 anos.

Fonte: site: www.espirito.org.br

FELICITÉ ROBERT DE LAMENNAIS – BIOGRAFIA

Felicité Robert de Lamennais


Nascido em uma família burguesa, em 19 de junho de 1.782, em Saint-Malo, na França, foi brilhante escritor, tornando-se uma figura influente e controversa na história da Igreja francesa.
Com seu irmão Jean, concebeu a ideia de reviver o Catolicismo Romano como uma chave para a regeneração social.
Chegaram a esboçar um programa de reforma em sua obra: Reflexões do estado da Igreja…, no ano de 1.808.
Cinco anos mais tarde, no auge do conflito entre Napoleão e o Papado, os irmãos produziram uma defesa do Ultramontanismo (Doutrina e política dos católicos franceses que buscavam inspiração na Cúria Romana, defendendo a autoridade absoluta do Papa em matéria de fé e disciplina). Este livro valeu a Lamennais um conflito com o Imperador, ocasionando sua fuga para a Inglaterra, rapidamente, no ano de 1.815.
Um ano depois, com seus 34 anos de idade, Lamennais retorna a Paris e é ordenado padre.
Escritor fluente, político e filósofo, ele se esforçava para combinar a política liberal com o Catolicismo Romano, depois da Revolução Francesa.
Por isso, já em 1.817 publicou “Ensaios sobre a indiferença em matéria de religião considerada em suas relações com a ordem política e civil”, além de uma tradução da “Imitação de Jesus Cristo”.
O Ensaio lhe valeu fama imediata. Nele, Lamennais argumentava a respeito da necessidade da religião, baseando seus apelos na autoridade da tradição e a razão geral da Humanidade, em vez do individualismo do julgamento privado.
Embora advogasse o Ultramontanismo na esfera religiosa, em suas crenças políticas era um liberal que advogava a separação do Estado da Igreja, a liberdade de consciência, educação e imprensa.
Depois da revolução de julho, em 1.830, Lamennais, junto com Henri Lacordaire (Os expoentes da Codificação XVIII) e Charles de Montalembert, além de um grupo entusiástico de escritores do Catolicismo Romano Liberal, fundou o jornal “L’Avenir”.
Neste jornal diário, defendia Lamennais os princípios democráticos, a separação da Igreja do Estado, criando embaraços para si tanto com a hierarquia eclesiástica francesa quanto com o governo do rei Luís Felipe.
O Papa Gregório XVI desautorizou as opiniões de Lamennais na Encíclica Mirarivos, em agosto de 1.831.
A partir de então, Lamennais passa a atacar o Papado e as monarquias europeias, escrevendo o famoso poema “Palavras de um crente”, condenado na Encíclica papal Singulari vos, em julho de 1.834. O resultado foi a exclusão de Lamennais da Igreja.
Incansável, ele se devotou à causa do povo, colocando sua caneta a serviço do republicanismo e do socialismo.
Escreveu trabalhos como “O Livro do Povo “(1838), “Os afazeres de Roma” e “Esboço de uma Filosofia”.
Chegou a ser condenado à prisão, mas, já em 1.848 foi eleito para a Assembleia Nacional, aposentando-se em 1.851.
Por ocasião de sua morte, em Paris, em 27 de fevereiro de 1.854, não desejando se reconciliar com a Igreja, foi sepultado em uma cova de indigente.
No Mundo Espiritual, não permaneceu ocioso, eis que em O Livro dos Espíritos, na pergunta de número 1.009, se encontra uma mensagem de sua lavra, ilustrando a resposta.
Nela, revela os traços da sua fé, concitando as criaturas a aproximar-se do bom pastor e do Pai Criador, combatendo com vigor a crença das penas eternas.
Na mensagem que assina em O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XI, item 15, ele se revela o ser compassivo, que conclama as criaturas a obedecer a voz do coração, oferecendo, se for necessário, a própria pela vida de um malfeitor.

Fonte: site: www.espiritismogi.com.br

EURÍPEDES BARSANULFO – BIOGRAFIA

Eurípedes Barsanulfo

Ficou conhecido como “O Apóstolo da Caridade”, era filho de Hermógenes Ernesto de Araújo e de Jerónima Pereira de Almeida, tendo nascido no dia 1 de Maio de 1.880, na pequena cidade de Sacramento, estado de Minas Gerais (Brasil).
Desde muito pequeno mostrou possuir um carácter bondoso e ser dono de uma inteligência brilhante, características estas que lhe permitiram trabalhar para ajudar a família desde tenra idade (5/6 anos), pois na altura passavam por grandes dificuldades financeiras.
Uns anos mais tarde e com a família a viver já com um certo desafogo econômico, decidiu ir continuar os seus estudos para fora da cidade, pois Sacramento não oferecia grandes perspectivas. Contudo, a relutância da sua mãe em vê-lo sair de casa, fê-lo ficar e, assim, tornou-se um autodidata, desenvolvendo uma série de capacidades inatas para o seu espírito, já com um grau de evolução muito elevado.
E tanto era assim que, com apenas 22 anos, fundou com um grupo de amigos o Liceu de Sacramento.
Católico convicto, foi secretário da Irmandade de S. Vicente de Paulo, para além de jornalista e vereador da Câmara da cidade. Conhecido tanto pela sua inteligência como pela sua bondade, era sempre muito carinhoso e afável com toda a gente, inclusive com os animais.
Antes de fazer dezoito anos, já tinha montado na sua casa uma pequena farmácia homeopática, a fim de ajudar a curar os pobres das redondezas e, frequentemente, também visitava as favelas próximas.
Ao estar já muito espiritualizado, ajudava na igreja da cidade e, quando lhe falavam em casamento, ria-se e respondia que já era casado com a pobreza.
Apesar de ter alguns parentes espíritas, era um católico fervoroso.
O seu primeiro contato com a Doutrina Espírita deu-se quando tinha 25 anos, através da leitura do livro de Léon Denis “Depois da Morte”, que lhe tinha sido emprestado pelo seu tio Mariano da Cunha Júnior, que tendo sido materialista, se tinha convertido ao Espiritismo. Quando lhe devolveu o livro, exclamou: “Realmente este livro é um monumento”!
O tio convidou-o, então, para assistir a uma reunião mediúnica no centro espírita que frequentava, e ele aceitou. Foi uma noite muito especial, porque nessa sua primeira reunião, Eurípedes Barsanulfo, através da mediunidade psicofônica do seu tio, ouviu o Dr. Bezerra de Menezes dar-lhe as boas-vindas e dizer-lhe que estava ali um espírito de alta hierarquia que lhe queria falar. Apresentou-se então esse espírito, comunicando-lhe que era o seu protetor, que o acompanhava desde o seu nascimento, e que já tinham sido amigos em muitos vidas. Eurípedes perguntou-lhe então como se chamava e a resposta foi que na sua última existência tinha tido o nome de Vicente de Paulo.
Insistindo, Eurípedes Barsanulfo perguntou-lhe se tinha sido São Vicente de Paulo, tendo ele respondido que sim. Seguidamente, informou-o de que tinha uma missão a cumprir: “os espíritos do Senhor – disse-lhe – realizarão diversos trabalhos contigo. A Caridade, meu filho, é a nossa bandeira. O teu trabalho principal será o de curar, e Bezerra de Menezes irá ajudar-te nessa área. Tudo está planeado e, na verdade, é Jesus quem nos dirige”.
A partir daí, abandonou o catolicismo e dedicou-se inteiramente ao Espiritismo. Pouco depois também a sua mãe, conhecida como D. Meca e, um pouco mais tarde o seu pai, “seu” Mogico, seguiram as suas pisadas…
A mediunidade desenvolveu-se lhe completamente: era médium vidente, de audiência, de psicofonia, de cura, de psicografia, e de efeitos físicos, através da qual conseguia a bi corporeidade.
Sob a tutela de espíritos muitos elevados e com a ajuda destes (entre eles Santo Agostinho), realizou curas difíceis de serem explicadas pela medicina e até chegou a fazer operações cirúrgicas.
Sob a orientação do Dr. Bezerra de Menezes ampliou a sua farmácia homeopática, anexando-lhe um laboratório.
Começa, igualmente, a pregar a Doutrina ao povo, o qual, em vez de ir à igreja católica, prefere ir ouvi-lo falar sobre o Evangelho Segundo o Espiritismo, num largo de Sacramento, aos sábados. Nesta altura principiou a ser objeto de perseguições mas, apesar disso, nunca se dirigiu a nenhum dos seus ofensores de maneira hostil, mesmo depois de ter sido obrigado a fechar o Liceu de Sacramento.
Fundou o Grupo Espírita “Esperança e Caridade”, em 1.905, e em 1 de Abril de 1.907 o primeiro colégio espírita do mundo: o Colégio “Allan Kardec”. Os alunos, para além das disciplinas habituais, estudavam também o Evangelho, bem como o resto da codificação espírita. A extraordinária metodologia pedagógica que utilizava despertou grande respeito entre todos os seus conterrâneos.
No livro “A Vida Escreve”, escrito através da psicografia de Chico Xavier, o espírito Hilário Silva dá-nos a conhecer o episódio mais sublime da sua vida: uma noite, após adormecer, Eurípedes desdobrou-se espontaneamente e sentiu-se a subir, a subir, a subir, notando uma atmosfera cada vez mais límpida e ténue. Viu-se então numa paisagem linda e, olhando à sua volta, reparou que, ao longe, havia alguém sentado que parecia meditar. Aproximou-se, viu que era Jesus, e que estava a chorar. Perguntou-Lhe então porque o fazia, e o Senhor disse-lhe que era por causa daqueles que conheciam o Evangelho, mas que não o praticavam. Desde essa noite e até ao fim da sua vida, nunca mais deixou de trabalhar com Jesus.
Temos aqui mais uma prova de que, efetivamente, Eurípedes era já um espírito de uma elevação enorme, pois estes sublimes encontros só se dão, se os espíritos já tiverem uma alta hierarquia… E no seu caso, já tinha sido até, amigo de Jesus, pois numa das suas encarnações foi o Apóstolo João Evangelista, e noutra, ocorrida durante a Idade Média, foi Francisco de Assis.
A abnegação deste espírito, pouco conhecido pela humanidade na sua encarnação como Eurípedes Barsanulfo, chegou até ao extremo de que, quando, em 1.918, se deu a epidemia que ficou conhecida como “gripe espanhola”, e sentindo-se também atacado por ela, não parou de atender os doentes na sua farmácia homeopática até ao momento em que o seu corpo desfaleceu.
A sua missão estava no fim e, tal como ele já tinha previsto, desencarnou no dia 1 de Novembro de 1.918. Espíritos das altas esferas vieram receber o amoroso amigo de Jesus, um verdadeiro Apóstolo da Caridade…

Fonte: Grupo Espírita Batuíra Portugal

ERNESTO DOS SANTOS SILVA – BIOGRAFIA

Ernesto dos Santos Silva

Aos 5 de Maio de 1.910, antes dos 50 anos de idade, desencarnava no Rio de Janeiro o Doutor Ernesto José dos Santos Silva, grande trabalhador da Seara Espírita, tendo exercido na Federação Espírita Brasileira os cargos de 2.º. Secretário e de vice-presidente ao lado do Dr. Dias da Cruz, que presidiu os destinos dessa Casa de 1.890 a 1.894.
Começara a vida como empregado no comércio, mas – conforme escreve o “Reformador” de 1.910 -, nutrindo aspirações de ordem mais elevada, no campo da inteligência, aplicou-se aos estudos e veio a formar-se em Ciências Jurídicas e Sociais, na Faculdade de Direito de São Paulo, famosa pelos grandes vultos da nacionalidade que por ali passaram.
Foi esta a primeira prova da tenacidade do seu espírito, tenacidade que devia mais tarde por em ação quando se converteu ao Espiritismo, a cuja divulgação e propaganda consagrou as suas melhores energias.
Contraindo casamento, veio a ser exemplar chefe de família. Estimado de todos, por sua modéstia e caridade, pela simplicidade e maneiras afáveis com que a todos acolhia, em pouco tempo dobrou ao redor de si o número dos seus sinceros admiradores.
Larga foi a soma de serviços por ele prestados à Doutrina, quase todos, porém, ocultos nas dobras de sua humildade. Amigo de Bezerra de Meneses, Antônio Saião, Dias da Cruz, Lima e Cirne e de outros venerandos espíritas daquela época, constantemente tomava parte na elaboração de planos ou na resolução de problemas que exigissem conhecimento e madureza de raciocínio.
É assim, por exemplo, que participou da comissão que redigiu um memorial em defesa dos direitos do Espiritismo, contra o novo Código Penal de então, memorial que foi entregue, em 22 de Dezembro de 1.890, ao presidente da República, Marechal Deodoro da Fonseca.
Juntamente com Bezerra, Augusto Elias da Silva, Monteiro de Barros, Pinheiro Guedes, Lima e Cirne, Júlio César Leal e outros, foi Ernesto dos Santos Silva um dos diretores do Centro da União Espírita de Propaganda no Brasil, agremiação que congregava presidentes e representantes de várias associações, com o objetivo de trabalhar por uma espécie de unificação doutrinária do Espiritismo no Brasil.
Muito concorrera ele, pelo seu prestígio, por sua inteligência e bom-senso, para o progresso e desenvolvimento do “Centro da União”, mas, com o correr do tempo, tais foram os desmandos, as incongruências e as absurdidades ali cometidas, que Bezerra de Meneses, em primeiro lugar, e, depois, Augusto Elias da Silva, Ernesto dos Santos Silva e outros diretores, num total de seis, se desligaram do tal “Centro”, reconhecendo que havia mentido à sua missão, conforme Bezerra demonstrou e os fatos vieram confirmar. Esses acontecimentos verificaram-se em 1.896 e 1.897.
“Crente, era dos que sabem ter a coragem da sua fé, não a alardeando fora de propósito, mas confessando-a intrepidamente, sempre que era necessário, e dela fazendo escopo principal da sua vida” – assim o afirmava o “Reformador”, ao escrever-lhe o necrológio.
Tendo alcançado na vida pública cargos de prestígio, por último o de consultor jurídico da Prefeitura do Rio de Janeiro (na época Distrito Federal), nunca se envergonhou de associar à dignidade dos seus trabalhos públicos a nobreza de suas convicções espíritas.
Em 1.905 e 1.906, respectivamente, foi dado à público notável trabalho (em dois volumes) com o total, de 1.700 páginas. Tratava-se da “Consolidação das Leis e Posturas Municipais”, escrito por ordem do Dr. Francisco Pereira Passos, então Prefeito do Distrito Federal (hoje Cidade do Rio de Janeiro).
Segundo o parecer dado, àquela época, pelo doutor Joaquim Xavier da Silveira Junior, grande jornalista e político brasileiro, a obra em foco constitui “repositório precioso e sistemático de toda a legislação e de todos os atos públicos que, desde o período colonial, representam a estrutura orgânica, a atividade funcional e o pujante e benemérito prestígio cívico da Municipalidade do Rio de Janeiro, e bem assim de todos os serviços e institutos de interesse comunal”.
Essa obra, pela profusa e copiosa massa de informações, noticiários e dados históricos da ex-capital brasileira e da municipalidade carioca, atesta o elevado grau de cultura e erudição dos seus autores, “dois ilustres cidadãos e provectos funcionários – assim o escrevia o Dr. Xavier da Silveira Junior -, cujos nomes se leem no rosto do livro: o Dr. Alexandrino Freire do Amaral, tombo vivo de todo o vasto e colossal acervo administrativo da Municipalidade e tradição de honra do respectivo funcionalismo, e o Dr. Ernesto dos Santos Silva, honrado, operoso e competentíssimo consultor técnico da Diretoria de Polícia Administrativa, Arquivo e Estatística”.
Vemos, assim, em pequena amostra, o quanto de bom o nosso biografado deu de seus esforços, quer nas lides do Espiritismo, quer na administração pública, havendo partido deste Mundo “sem ter deixado atrás de si um só ressentimento, antes levantando em torno de sua bondosa figura o afeto e as bênçãos de que por suas obras se tornou credor”.

ERNESTO BOZZANO – BIOGRAFIA

Ernesto Bozzano

Nasceu em 09/01/1.862, em Gênova, Itália e desencarnou em 1.943, na mesma localidade. Professor da Universidade de Turim, foi, antes de se converter ao Espiritismo, materialista, céptico e positivista.
Numa época em que o Positivismo empolgava muitas consciências, Bozzano demonstrava-lhe nítida inclinação. Dos postulados positivistas gravitou para uma forma intransigente de materialismo, o que o levou a proclamar mais tarde: Fui um positivista materialista a tal ponto convencido, que me parecia impossível pudessem existir pessoas cultas, dotadas normalmente de sentido comum, que pudessem crer na existência e sobrevivência da alma.
O fato de representantes da Ciência oficial levarem a sério a possibilidade da transmissão de pensamento entre pessoas que vivem em continentes diferentes, a aparição de fantasmas e a existência das chamadas casas mal-assombradas escandalizava Bozzano.
Somente após ler diversas outras obras é que Ernesto Bozzano resolveu dedicar-se com afinco e verdadeiro fervor ao estudo aprofundado dos fenômenos espíritas, fazendo-o através das obras de Allan Kardec, Léon Denis, Gabriel Delanne, William Crookes e outros.
Como medida inicial para um estudo profundo, Bozzano organizou um grupo experimental, do qual participaram muitos professores da Universidade de Gênova.
No decurso de cinco anos consecutivos, graças ao intenso trabalho desenvolvido, esse pequeno grupo propiciou vasto material à imprensa italiana e, ultrapassando as fronteiras, chegou a vários países. Havia-se obtido a realização de quase todos os fenômenos, culminando com a materialização de seis Espíritos, de forma bastante visível, e com a mais rígida comprovação.
Dentre as mais de trinta e cinco obras escritas, citamos “A Crise da Morte”, “A
Hipótese Espírita” e “As Teorias Científicas”, “Animismo ou Espiritismo”, “Comunicações Mediúnicas entre Vivos”, “Pensamento e Vontade”, “Fenômeno de Transfiguração”, “Metapsíquica Humana”, “Os Enigmas da Psicometria”, “Fenômenos de Telestesia”, etc.
O seu devotamento ao trabalho fez com que se tornasse um dos mais salientes pesquisadores dos fenômenos espíritas, impondo-se pela projeção do seu nome e pelo acendrado amor que dedicou à causa que havia esposado e que havia defendido com todas as forças de sua convicção inabalável.
Um fato novo veio contribuir para robustecer a sua crença no Espiritismo. A desencarnação de sua mãe, em julho de 1.912, serviu de ponte para demonstração da sobrevivência da alma. Bozzano realizava nessa época sessões semanais com um reduzido grupo e com a participação de famosa médium. Realizando uma sessão na data em que se marcava o primeiro ano da desencarnação de sua genitora, a médium escreveu umas palavras num pedaço de papel, as quais, depois de lidas por Bozzano o deixara assombrado. Ali estavam escritos os dois últimos versos do epitáfio que naquele mesmo dia ele havia deixado no túmulo de sua mãe.

Fonte: site: www.folhaespirita.com.br

ERMANCE DUFAUX – BIOGRAFIA

Ermance Dufaux

Ermance De La Jonchére Dufaux nasceu em 1.841, na cidade de Fontainebleau, França. Próxima a Paris, abrigava a residência oficial de Napoleão III e de outros nobres. O pai de Ermance, rico produtor de vinho e trigo, era um deles.
Tradicional, a família Dufaux residia num castelo medieval, herança de seus antepassados.
Em 1.853, a filha dos Dufaux começou a apresentar inquietante desequilíbrio nervoso e a fazer premonições. Por causa desse problema, seu pai procurou o célebre médico Cléver De Maldigny.
Pelo relato do Sr. Dufaux, o médico disse que Ermance parecia estar sofrendo de um novo distúrbio nervoso, que havia feito diversas vítimas na América e que, agora, estava chegando à Europa. As vítimas da doença entravam numa espécie de transe histérico e começavam a receber hipotéticas mensagens do Além.
O médico aconselhou o Sr. Dufaux a trazer Ermance a seu consultório, o mais rápido possível. Assim foi feito. Alguns dias depois, a mocinha comparecia à consulta.
Maldigny colocou um lápis na mão da menina e pediu que ela escrevesse o que lhe fosse impulsionado. Ermance começou a rir, gracejando, mas, de súbito, seu braço tomou vida própria e começou a escrever sozinho. Ao ver-se dominada por uma força estranha, Ermance assustou-se, largou o lápis e não quis continuar a experiência.
Maldigny examinou o papel e confirmou seu diagnóstico. Os pais de Ermance ficaram extremamente preocupados. Como a família era famosa na corte, a notícia logo se espalhou em Paris e Fontainebleau, chegando aos ouvidos do Marquês de Mirvile, famoso estudioso do Magnetismo.
O Marquês visitou o castelo dos Dufaux e pediu para examinar Ermance. Os pais aquiesceram, mas a mocinha teve que ser convencida. Por fim, Ermance colocou-se em posição de escrever e Mirvile perguntou ao invisível:
– Está presente o Espírito em que penso? Em caso positivo, queira escrever seu nome por intermédio da garota.
A mão de Ermance começou a se mover e escreveu:
– Não, mas um de seus parentes remotos.
– Pode escrever seu nome?
– Prefiro que meu nome venha diretamente à sua cabeça. Pense um instante.
– São Luís, rei de França (1), primo do primeiro nobre de minha família?
– Sim, eu mesmo.
– Vossa Majestade pode dar-me um prova de que é realmente o nosso grande rei?
– Ninguém nesta casa sabe que você e seus parentes me consideram o Anjo da
Guarda da família.
Se Maldigny via o caso de Ermance como doença, o Marquês também tinha suas explicações preconcebidas. Na sua opinião, ela apenas captava as ideias e pensamentos presentes no ambiente. Isso na melhor das hipóteses. Na pior, a jovem estava sendo intérprete do Diabo, pois, como católico, ele não acreditava que os mortos pudessem se comunicar. Uma análise conclusiva deveria ser feita pela Academia de Ciências de Paris.
O Sr. Dufaux, no entanto, não levou o caso adiante. Embora também fosse católico, ele preferiu acreditar que sua filha não era doente ou possessa, mas apenas uma intermediária entre os vivos e os mortos. A família foi se acostumando com o fato e a faculdade de Ermance passou a ser vista como uma coisa natural e positiva.
Os contatos com São Luís passaram a ser frequentes. Sob seu influxo, ela escreveu a autobiografia póstuma do rei canonizado, intitulada “A história de Luís IX, ditada por ele mesmo”.
Em 1854, esse texto foi publicado em livro, mas a Censura do Governo de Napoleão III proibiu a sua distribuição. Os censores acharam que algumas passagens podiam ser entendidas como críticas ao Imperador e à Igreja.
O posicionamento favorável dos Dufaux ao neo-espiritualismo (spiritualisme) gerou retaliações. Numa confissão, Ermance recusou-se a negar sua crença nos Espíritos, atribuindo suas mensagens a Satanás, e foi proibida de comungar.
A Imperatriz também esfriou seu relacionamento com a família. No entanto, o Imperador Napoleão III ficou curioso e pediu para conhecer a Srta. Dufaux.
Ela foi recepcionada no Palácio de Fontainebleau e recebeu uma mensagem de Napoleão Bonaparte para o sobrinho. A mensagem respondia a uma pergunta mental de Luís Napoleão e seu estilo correspondia exatamente ao de Bonaparte.
Com o tempo, os Espíritos também começaram a falar por Ermance. Em 1.855, com 14 anos, Ermance publica seu segundo livro “spiritualiste” (na época, não existiam os termos espírita, mediunidade, etc.).
O primeiro a ser distribuído e vendido: “A história de Joana D’Arc, ditada por ela mesma” (Editora Meluu, Paris).
Segundo Canuto Abreu, a família Dufaux conheceu Allan Kardec na noite do dia 18 de abril de 1.857. O Codificador teria dado uma pequena recepção em seu apartamento e os Dufaux foram levados por Madame Planemaison, grande amiga do professor lionês.
No final da reunião, Ermance recebeu uma belíssima mensagem de São Luís, que, a partir dali, tornar-se-ia uma espécie de supervisor espiritual dos trabalhos do Mestre. Segundo o ex-rei, Ermance, assim como Kardec, era uma druidesa reencarnada. Os laços entre os dois se estreitaram e ela se tornou a principal médium das reuniões domésticas do Prof. Rivail.
No final de 1.857, Kardec teve a ideia de publicar um periódico espírita e quis ouvir a opinião dos guias espirituais. Ermance foi a médium escolhida e, através dela, um Espírito deu várias e ótimas orientações ao Mestre de Lion. O órgão ganhou o nome de “Revista Espírita” e foi lançado em Janeiro do ano seguinte.
Como o apartamento de Allan Kardec ficou pequeno para o grande número de frequentadores da sua reunião, alguns dos participantes decidiram alugar um local maior.
Para isso, porém, precisavam de uma autorização legal. O Sr. Dufaux encarregou-se de obter o aval das autoridades, conseguindo em quinze dias o que, normalmente, levaria três meses. Conquistada a liberação, o Codificador e seus discípulos fundaram a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, em Abril de 1.858.
Ermance foi uma das sócias fundadoras.
Durante o ano de 1.858, Ermance recebeu mais duas autobiografias mediúnicas. Desta vez, os autores foram os reis franceses Luís XI e Carlos VIII. O Codificador elogiou o trabalho da Srta. Dufaux (2) e transcreveu trechos das “Confissões de Luís XI” na Revista Espírita (3). Nesse mesmo ano, Kardec divulgou três mensagens psicografadas pela jovem sensitiva (4). Não temos notícia sobre a possível publicação das memórias de Carlos VIII.
Canuto Abreu revelou que Rivail a utilizou como médium na revisão da 2ª edição de O Livro dos Espíritos. Em 1.859, Ermance não é mais citada como membro da SPEE nas páginas do mensário kardeciano. Isso leva-nos a crer que ela teria saído da Sociedade. Outro indício dessa suposição é que São Luís passou a se comunicar através de outros sensitivos (Sr. Rose, Sr. Collin, Sra. Costel e Srta.  Huet). Não há, igualmente, registros da continuidade do seu trabalho em outros grupos.
O que teria acontecido com Ermance? Teria casado e deixado a militância, como Ruth Japhet e as meninas Baudin? Teria se desentendido com Kardec? Teria mudado da França? Teria desanimado com o Espiritismo? São perguntas que só ela poderia responder. Seja como for, o Codificador continuou a divulgar seu trabalho.
Em 1.860, ele noticiou a reedição de “A história de Joana D’Arc ditada por ela mesma”, pela Livraria Lendoyen de Paris.
Em 1.861, enviou vários exemplares desse livro, junto com suas obras, para o editor francês Maurice Lachâtre, que se encontrava exilado em Barcelona, Espanha.
O objetivo era a divulgação do Espiritismo em solo espanhol. Esses volumes acabaram confiscados e queimados em praça pública pela Igreja Católica no famoso Auto-de-fé de Barcelona.
“A história de Luís IX ditada por ele mesmo”, foi liberada pela Censura e finalmente publicada pela revista La Verité de Paris em 1.864. No início de 1.997, a editora brasileira Edições LFU traduziu “A história de Joana D’Arc” para o português.
NOTAS:
(    (1)  Rei francês, filho de Luís VIII e Branca de Castela, nascido em 1.215, coroado em 1.226 e morto em 1.270. Luís IX teve um reinado bastante conturbado. Até 1.236 enfrentou a Revolta dos Vassalos e a Guerra dos Albigenses. Venceu duas batalhas contra os ingleses em 1.242. Em 1.249, organizou uma Cruzada, foi vencido e aprisionado. Resgatado, ficou na Palestina até 1.252, quando voltou à França. Empreendeu mais uma Cruzada e morreu de peste ao desembarcar em Tunis. Foi canonizado pela Igreja em 1.297.
(2) Página 30 do Volume 1.858, EDICEL.
(3) Páginas 73, 148 e 175, ibidem.
(4) Páginas 137, 167 e 317, ibidem.
BIBLIOGRAFIA:

– O LIVRO DOS ESPÍRITOS E SUA TRADIÇÃO HISTÓRICA E
LENDÁRIA, Silvino Canuto Abreu, Edições LFU, São Paulo, 1.992.
– OBRAS PÓSTUMAS, Allan Kardec, FEB, Rio de Janeiro, 1993.
– COLEÇÃO DA REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec, EDICEL, São Paulo.

Fonte: Site ww.espiritismogi.com.br

ERASTO – BIOGRAFIA

Erasto

Com o respeitável nome de Erasto, cujas comunicações traziam sempre o “cunho incontestável de profundeza e lógica”, como disse o próprio Codificador, encontramos duas personalidades, em momentos diferentes da História da Humanidade.
A primeira, afirmativa do próprio Codificador, é de que ele seria discípulo de Paulo de Tarso (O livro dos médiuns, cap. V, item 98). A afirmativa tem procedência. Na segunda epístola a Timóteo, escrita quando prisioneiro em Roma, relata o Apóstolo dos Gentios: “Erasto ficou em Corinto.” (IV,20). Segundo consta na epístola aos Romanos, na saudação final, este mesmo Erasto tinha cargo na cidade, pois se encontra no cap. 16, vers. 23: “Saúda-vos Erasto, tesoureiro da cidade”.
Em Atos dos Apóstolos (XIX,22) lemos que Paulo enviou à Macedônia “…dois dos que lhe assistiam, Timóteo e Erasto…”, enquanto ele próprio, Paulo, permaneceu na Ásia.
Interessante observar a proximidade dos dois discípulos de Paulo, pois em O Livro dos Médiuns, cap. XIX, encontramos longa mensagem assinada por ambos, a respeito do papel do médium nas comunicações (item 225). Juntos no século I da era cristã, juntos na tarefa da Codificação.
Ainda em O livro dos médiuns são de sua lavra os itens 98, cap. V, algumas respostas a perguntas constantes no item 99, itens 196 e 197 do cap. XVI, itens 230 do cap. XX, onde se encontra a célebre frase: “Melhor é repelir dez verdades do que admitir uma única falsidade, uma só teoria errônea”. Finalmente, na comunicação de nº XXVII, em O Evangelho segundo o espiritismo, lê-se várias mensagens assinadas por Erasto. A primeira se encontra no cap. I, item 11, a segunda no cap. XX, item 4 e se intitula: Missão dos espíritas, trazendo a assinatura de Erasto, anjo da guarda do médium, aditando oportunamente o Codificador de que o médium seria o Sr. D’Ambel.
As demais compõem os itens 9 (Caracteres do verdadeiro profeta) e 10 (Os falsos profetas da erraticidade), ambas datadas de 1.862, sendo que na última é o próprio espírito que se identifica como “discípulo de São Paulo”, o que igualmente faz no cap. I, item 11 de O evangelho segundo o espiritismo e cap. XXXI, nº XXVII de O livro dos médiuns.
A outra referência a esse espírito se encontra na Revista Espírita, ano de 1.869, da Edicel, no índice Biobibliográfico, onde é apresentado como tendo sido Thomaz Liber, dito Erasto, médico, filósofo e teólogo alemão, nascido em 1.524 e morrido em 1.583.
Foi professor de Medicina em Heidelberg e de Moral, em Basiléia.
No campo da Teologia, combateu o poder temporal da Igreja e se opôs à disciplina calvinista e à ordem presbiteriana. Sua posição lhe valeu uma excomunhão, sob suspeita de heresia, sendo reabilitado algum tempo depois.
Suas teorias tiveram muitos partidários, sobretudo na Inglaterra. Legou somas consideráveis aos estudantes pobres, sendo especialmente respeitado por seus gestos de benemerência.
De qualquer forma, o que resta incontestável, segundo Kardec, é que “…era um Espírito superior, que se revelou mediante comunicações de ordem elevadíssima…” (O Livro dos Médiuns, cap. XIX, item 225).
O que importa realmente é a tarefa desenvolvida à época de Paulo de Tarso e ao tempo de Kardec, por um espírito.
Encarnado, o seu grande trabalho pela divulgação das ideias nascentes do Cristianismo, em um ambiente quase sempre hostil. Desencarnado, ombreando com tantas outras entidades espirituais, apresentando elucidações precisas em favor da Codificação da Doutrina Espírita, respondendo a questões de vital importância para uma também doutrina nascente, a Terceira Revelação, o Consolador prometido por Jesus.

Fonte: Revista Reformador (FEB), outubro de 1993