CARTA AOS VELHOS



Vens de longe no caminho,
Exausto de combater.
Sim, meu irmão, a velhice
É a hora do entardecer.

Por vezes, é uma hora triste
De amargurosas lembranças
Do barco em que viajavas,
Entre sonhos e esperanças.

Da culminância do monte,
Examinas a paisagem,
E deploras os desvios
De quem começa a viagem.

Às vezes te calas, triste.
Ninguém te quer atender,
E choras porque conheces
Os tóxicos do prazer.

Mas nunca te desanimes.
Prossegue em tua missão,
Continua esclarecendo
O mundo de provação.

Não desesperes, porquanto,
Antigamente também
Eras chamado à verdade
E não ouviste a ninguém.

Quebraste serros e atalhos,
Sem olhar a conseqüência.
Sofreste muito e ganhaste
O ouro da experiência.

Perdoa. Quem viveu muito
Tem muita compreensão.
Compreensão é bondade
Que esclarece com perdão.

Meninos, moços e velhos,
Nas lutas da humanidade,
São três expressões ligeiras
De um dia da eternidade.

Meninice e juventude
São a alvorada louçã.
Velhice é a noite, porém,
O dia volta amanhã.
O que é preciso no mundo
De prova e de sofrimento,
É que todos sejam velhos
Nas luzes do entendimento.

Por isso, meu santo amigo,
Não te canses em saber,
Se tens muito que ensinar,
Inda tens muito a aprender.

Conserva a tua esperança.
Guarda a paz do Mestre Amado.
A crença na tua noite
É um firmamento estrelado.

Na antecâmara do Além,
Deus te abençoe, meu irmão,
Dilatando no caminho
A luz do teu coração.

Do livro “CARTAS DO EVANGELHO” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier