Ary Brasil Marques
Viver em uma cidade grande como São Paulo nos dá a oportunidade de aprender muitas coisas.
Aprendemos, por exemplo, que há um número muito grande de caminhos para chegarmos a um mesmo local. Caminhos diferentes, vários meios de transporte e também muitos atalhos. Usamos no passado os velhos bondes, hoje temos o metrô, os trólebus e os automóveis.
Na escola fomos informados que a menor distância entre dois pontos é a linha reta. Na cidade grande nem sempre podemos usar esse conceito, embora hoje exista a opção dos helicópteros, que nos permite alcançar o objetivo muito mais rapidamente.
Da mesma forma, o ser humano, como espírito imortal que é, espera alcançar uma vida melhor no futuro. A maioria busca a recompensa no céu, esperando receber no dia de amanhã a paga pelos sofrimentos e pelas boas ações que fez na vida terrena.
Assim como no exemplo dado acima, há muitos caminhos para trilhar, uma gama enorme de opções que nos são apresentadas por centenas de religiões diferentes, por diversas filosofias e pelos caminhos da ciência. Ao analisarmos a quantidade enorme de caminhos, a maioria deles prometendo a salvação, nos lembramos dos regatos, dos rios caudalosos e dos pequenos riachos. Todos esses cursos d´água caminham em direção ao grande oceano, e vão se unindo pelo caminho como afluentes uns dos outros, até finalmente desembocarem no mar, atingindo o seu objetivo final.
Isso quer dizer que todos os caminhos alcançam um dia o seu objetivo, e a meta do ser humano é buscar Deus e a felicidade. Todos chegarão lá, a diferença é apenas o tempo que levam para isso, um tempo muito longo ou um tempo mais breve, havendo uma variedade infinita de maneiras de se chegar a esse objetivo.
Jesus Cristo, o Meigo Rabi da Galileia, nos disse:- “Eu sou o caminho, a verdade e a vida, e ninguém irá ao Pai senão por mim”.
Para seguir o caminho traçado por Jesus, há uma grande quantidade de igrejas, todas elas se julgando os detentores da verdade do Mestre, e o curioso é que, ao impor-se como as únicas capazes de salvar, deixam de lado a principal lição do Cristo, que nos ensina o amor incondicional a todas as criaturas.
A Doutrina Espírita também procura seguir Jesus e pretende trazer de volta aos homens a pureza original do Evangelho, sem rituais, sem dogmas, sem sacerdotes, apenas com a aplicação da lei do Amor.
Não traz a Doutrina Espírita promessas de salvação, aplica o respeito e o carinho a todos os seus irmãos de outras crenças, pois sabe que todos os caminhos levam a Deus. Não se diz dona da verdade. Não se proclama como único caminho, e nos ensina que fora do amor e da caridade não encontramos a salvação.
O Espiritismo veio comprovar a assertiva de outras religiões de que a morte não existe, de que somos imortais e todos criados para a perfeição, para a harmonia, para a beleza, objetivo esse que todos nós alcançaremos um dia.
Vamos nos irmanar, todos somos filhos diletos do Senhor da Vida. Não importa nossas diferenças ideológicas, nem a maneira com que cada um busca alcançar a felicidade. Todos chegaremos lá, a diferença está apenas no tempo de chegada. Qualquer que seja nossa opção religiosa, apenas o Amor é o caminho mais curto.
SBC, 15/05/2007.