Ary Brasil Marques
Desde os primórdios o ser humano quer saber qual a sua natureza, o que ele é, de onde veio e para onde vai.
As religiões ensinam ao homem que ele é imortal, e acenam com um mundo melhor e mais bonito no além.
A verdade é que somos espíritos imortais. Todos fomos criados por Deus, simples e ignorantes, mas com um destino traçado, um dia chegaremos à plenitude e à perfeição. Somos centelhas divinas, filhos diletos desse Criador de amor e de bondade.
A centelha divina, depois de passar por vários estágios, no mineral, no vegetal, no animal, finalmente chega ao gênero humano.
Inicia então uma longa caminhada. Começa pelo instinto. Pouco depois do caos, na época que a humanidade chama de pré-história, o espírito utiliza em suas primeiras encarnações na Terra de corpos mais brutos, animalizados.
Faz tudo maquinalmente, por instinto. Assim ele busca o alimento para sua subsistência. É o instinto de conservação. Pelo instinto de preservação busca o acasalamento. Busca uma companheira. Procria. Todos os seus atos se assemelham aos dos animais.
Desenvolve, pouco a pouco, a inteligência, maravilhoso dom que recebeu do Criador. Defende a prole muito mais guiado pelo instinto do que pelo amor. Vigora para ele a lei do mais forte. Quem pode mais, fica com os melhores pedaços da caça e com os melhores abrigos.
Ataca o semelhante na defesa dos alimentos ou de sua companheira. Tudo pela força bruta.
O espírito avança. Progride. Faz descobertas. Desenvolve a inteligência. Depois entra em uma nova fase de sua caminhada. Entra no mundo das sensações.
Os sentidos do ser humano se desenvolvem. Conhece o prazer da posse, da gula, do sexo, do poder.
O espírito evolui materialmente. Constrói cidades e monumentos, pontes e estradas. Estuda. Avança em conhecimentos tecnológicos.
Quanto mais evolui no campo do saber, o homem se ama, se orgulha de sua força e de sua beleza. Muitas vezes isso aumenta o seu orgulho e o seu egoísmo. É necessário que o espírito progrida em duas asas, na asa do saber e na asa do coração, do sentimento.
Assim, entra o espírito na terceira fase de seu desenvolvimento. É a fase mais importante, necessária para que o mesmo possa passar de ano na escola da vida.
Ele entra na fase do sentimento.
O espírito precisa aprender a amar. Amar a Deus, fonte da vida. Amar ao semelhante. Amar a natureza. Amar a si próprio. Amar o bem e o belo.
Acostumado às conquistas de ordem material, demora a perceber que a prioridade de sua vida, de sua felicidade e da felicidade do mundo em que habita é o amor.
O período do cultivo do sentimento do amor é de todos o mais demorado e difícil. Requer esforço de transformação. Requer a reforma de tudo aquilo que não foi bem construído nos períodos anteriores de sua evolução.
Na busca do amor, o espírito tem como modelos um grande número de enviados de nosso Pai, e o modelo maior a ser seguido é Jesus.
Jesus nos trouxe o caminho. Ele nos ensinou a amar a Deus sobre todas as coisas, colocando nosso Criador como Pai amantíssimo que ama igualmente a todos os seus filhos. Nos ensinou a amar o nosso próximo como a nós mesmos, mostrando-nos que aqueles que vivem na Terra, todos sem exceção, são irmãos nossos, filhos do mesmo Deus e buscando alcançar o mesmo destino. Destino glorioso que todos nós alcançaremos um dia.
SBC, 20/06/2007.