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ELIMINANDO MARCAS

Ary Brasil Marques
Existe um pequeno livro do saudoso Wallace Leal Rodrigues, de nome “…E para o resto da vida” que nos traz muitas historietas de elevado valor moral.
Uma dessas histórias relata o caso de um menino dialogando com seu pai em relação às faltas que cometia. O pai lhe deu uma tábua, recomendando que cada vez que ele cometesse uma ação negativa seria pregado um prego na mesma.
A tábua começou a ficar cheia de pregos, e isso incomodava muito o garoto. Ele se queixou ao pai, que então lhe propôs que cada vez que ele fizesse uma boa ação, um prego seria retirado da tábua.
O menino se entusiasmou e começou a caprichar em suas ações, melhorando a cada dia. Os pregos foram sendo retirados um a um, até que um dia todos eles já tinham deixado a tábua.
O guri foi mostrar ao pai o resultado de sua boa conduta, mas notou que a tábua estava toda marcada e não voltara mais à antiga condição de lisura e aparência.
Seu pai lhe explicou que tudo o que fazemos fica marcado e mesmo que a nossa conduta faça desaparecer o mal que um dia cometemos, fica sempre a marca.
É uma história linda e que leva as pessoas a procurar fazer o bem em substituição ao mal.
E as marcas? Elas permanecem por todo o sempre?
Acredito que não. Todos nós fomos criados simples e ignorantes, mas destinados a alcançar a perfeição. Somos perfectíveis e vamos aprendendo ao longo de nossas diversas encarnações com os nossos próprios erros.
Deus é infinitamente bom e justo, e permite que eliminemos as marcas de ações negativas que imprimimos em nosso perispirito, com a oportunidade do recomeço em cada nova reencarnação. Em cada uma delas, pela ação da lei de causa e efeito, vamos limpando as marcas do passado.
Sabendo que depende de cada um de nós a eliminação de tais marcas, vamos nos esforçar para limpar o perispirito e a nossa mente de coisas negativas, substituindo-as pela ação positiva no bem e na prática do amor ao próximo.
Assim, um dia, estaremos totalmente limpos e imaculados, prontos para alcançar o reino de Deus.

SBC, 15/08/2007.

DISCIPLINA E LIBERDADE

Ary Brasil Marques
Jesus nos recomendou que buscássemos a perfeição. Nossa meta é, pois, atingir o mais perfeito grau de evolução, tanto como indivíduos, como em família e em grupo social.
Temos o dever de nos esforçar para a nossa melhora, bem como de dar aos nossos filhos a orientação e o exemplo necessários para que os mesmos possam se comportar devidamente em suas experiências de vida.
Sem dúvida são os filhos aquelas plantas tenras que, de acordo com o carinho com que as regamos e amparamos, nos darão uma colheita futura boa ou má. O que plantamos hoje, será o que colheremos amanhã.
Em se tratando de família, a nosso ver a célula mater da nossa sociedade, há duas formas mais comuns de educação dos filhos: uma, a maneira antiga, de uma disciplina férrea e respeito absolutos, onde os pais impunham sempre seus pontos de vista e o filho não podia contestar ou mesmo dialogar com seus pais, tendo que obedecer sempre e onde o temor substituía o amor. Aquele mesmo temor que os homens tinham de Deus, a época que o Criador constituía, aos olhos de todos, um Deus implacável e que impunha o castigo aos seus filhos.
Com a evolução dos costumes, e o brado de liberdade que os jovens lançaram, o sistema autoritário de disciplina férrea foi substituído por outro: vale tudo e pode-se fazer o que se quer.
E assim como o outro, trazendo consigo uma grande gama de sofrimento e de infelicidade para muitas criaturas que, abusando do seu livre arbítrio, se tornam vítimas de si mesmos, pois despreparados, sem carinho e orientação dos pais, os jovens se lançam à libertinagem, julgando estarem exercendo a liberdade.
Não sabem que liberdade é somente daqueles que não se deixam aprisionar pelos vícios. Só são livres os espíritos que já superaram todos os próprios defeitos, alçando voos mais amplos rumo a melhores dias. Os outros, escravos dos instintos ou dos vícios, são apenas prisioneiros totalmente dependentes. E a responsabilidade de tudo isso é de cada um de nós. Somos responsáveis por tudo o que fazemos, bem como pela nossa omissão que lançou nossos filhos no mundo do crime ou do erro.
A melhor maneira de cuidar de nossos filhos é participarmos de suas vidas, acompanharmos passo a passo todos os seus problemas, dialogando com eles, dando exemplos, orientando e ensinando os melhores caminhos. E como o único caminho para a felicidade é o Evangelho de Jesus, magnificamente complementado pelos conhecimentos profundos sobre o problema do ser e do destino que a Doutrina Espírita dá às pessoas, é importante que os pais encaminhem seus filhos para esse caminho, configurando omissão injustificável o abandono dos mesmos à sua própria sorte.
Não é boa norma deixar que o filho escolha o caminho a seguir, pois as crianças são ainda imaturas e sujeitas à influência de exemplos nocivos e propagandas perniciosas. Temos o dever de cuidar com carinho daqueles seres que Deus nos confiou, pois teremos de prestar contas amanhã do nosso mandato.
Todo o pai deseja o melhor para os seus filhos. E o pai que investe não somente na vida material, mas visa o futuro e a vida do ser imortal que cada um de nós é, procura dar ao filho todas as condições para a grande caminhada do espírito, e o encaminhamento aos conhecimentos que o Espiritismo proporciona dá, sem dúvida, melhores condições para isso.
O espírita enfrenta com maior tranquilidade e segurança os problemas da vida, a dor, as dificuldades, as diferenças sociais.
Saibamos, pois, dosar com disciplina e liberdade, a educação de nossos filhos, encontrando o meio termo de equilíbrio capaz de lhes dar melhores condições para uma vida melhor.
  

SBC, 16/09/1998.    

DIREITO À PROPRIEDADE

Ary Brasil Marques
Todos os bens que possuímos nos foram dados por empréstimo. Eles são nossos apenas durante o período de nossa existência terrena. Nosso próprio corpo físico é um bem finito e não durará para sempre.
Diante dessa realidade, teremos direito à propriedade? Teremos direito de acumular bens materiais e de possuirmos riquezas?
Como cada espírito está cursando uma etapa diferente na escola da vida, acredito que aqueles que estão no momento tendo necessidade do aprendizado em relação a posse de bens materiais, recebem esses bens como oportunidade. Pelo bom ou mau uso dos mesmos, o espírito aprende e cresce.
Nas perguntas 880, 881 e 882 do Livro dos Espíritos, encontramos a informação de que o primeiro de todos os direitos naturais do homem é o de viver. Para viver ele pode adquirir bens, guardar para o futuro e defender aquilo que conquistou pelo seu trabalho.
Advertem os espíritos de que a posse de bens materiais é lícita, desde que não vem satisfazer apenas ao egoísmo do homem. Ela deve ser utilizada no sentido do progresso geral e na criação de empregos, visando o benefício de todos. É condenada a aquisição de bens supérfluos que visam apenas a satisfação do orgulho e da vaidade do adquirente.
No regime comunista a propriedade passa a ser do governo. Teoricamente, todos têm os mesmos direitos e podem usufruir dos bens que pertencem à comunidade. Na prática, isso não acontece.
O mundo tem uma pequena minoria que possui bens em excesso, enquanto a maioria não tem o mínimo indispensável à sobrevivência, sendo essa a causa do desequilíbrio social e das guerras.
A igualdade tão apregoada pelo comunismo é uma utopia, e se todos os bens do planeta fossem distribuídos em partes iguais a todos, no dia seguinte essa igualdade já teria desaparecido.
Isso acontece em razão da multiplicidade de estágios diferentes pelos quais passa o espírito, em sua caminhada evolutiva.
O dever de todos, principalmente dos que têm mais, é usar da caridade e do amor para minorar o sofrimento daqueles menos favorecidos.
Em resumo, todos têm o direito às propriedades que adquirirem pelo trabalho honesto. É necessário, porém, não ser egoísta e fazer com que o dinheiro, mola propulsora do progresso, seja usado para trazer mais oportunidades de trabalho aos milhões de pessoas que nada possuem.

SBC, 09/10/2007.

DIGA NÃO AO FANATISMO

Ary Brasil Marques
Um dos maiores empecilhos à união de todos os homens de forma fraterna é sem dúvida o fanatismo.
O fanático é incapaz de ver qualidades no seu semelhante. Não aceita a alteridade. Só vê a sua verdade.
Em todas as atividades dos seres humanos existem as pessoas fanáticas. Essas pessoas, justamente por serem fanáticas, são intolerantes e muitas vezes usam de violência e partem por cima de seus oponentes como se eles fossem inimigos ferozes. Na verdade, os tais inimigos têm apenas o crime de esposarem outras ideias e maneiras diferentes de ver a vida.
No esporte temos visto verdadeiras tragédias provocadas por torcidas uniformizadas fanáticas dentro e fora dos estádios.
O fanatismo leva grupos a se organizarem para atacar e perseguir negros, nordestinos e homossexuais, o que fazem inclusive através de proselitismo na Internet.
A religião, que deveria servir de ponto de união da pessoa com Deus e com os semelhantes, serve ao contrário de instrumento de separação e de violência.
Guerras religiosas aconteceram em todos os tempos, e a maioria delas devido ao fanatismo. Desde as Cruzadas vemos as pessoas matarem em nome de Deus. Nos dias de hoje tivemos muita violência entre católicos e protestantes na Irlanda, e no Oriente Médio, árabes e judeus se hostilizam e se agridem.
O pior dos fanatismos é o fanatismo religioso. Respeitar a opinião daquele que não pensa como nós é dever de todos aqueles que têm no Evangelho de Jesus a orientação para que aprendamos a amar o semelhante.
Não importa a corrente religiosa que a pessoa pertença, nem sua ideologia política, tampouco sua raça ou condição social. Ele pode ser simpatizante de outro clube de futebol, maior rival do nosso. Pode pertencer a correntes de ideias totalmente contrárias ao nosso modo de pensar. Antes de ser nosso adversário, ele é um irmão querido que, a sua maneira, busca igualmente um mundo melhor.
Existem fanáticos em todos os campos. Mesmo na Doutrina Espírita que tem uma verdadeira luz a nos orientar o caminho, existem pessoas que se fanatizam.
Tem gente que atribui tudo a influência dos espíritos, inclusive momentos de irritação e de perda de controle, nunca reconhecendo ser o único causador daquele fato.
Vamos lutar contra o fanatismo. A melhor maneira de seguir o caminho maravilhoso que escolhemos é o equilíbrio, a calma, o bom senso. Nada de exageros. Nada de nos considerar os únicos detentores da verdade, pois sabemos que cada um recebe de nosso Pai Celestial em nossa vida, a parcela de verdade apropriada para nós no momento.

SBC, 27/06/2007.

DIGA NÃO À MALEDICÊNCIA

Ary Brasil Marques
O homem gosta de falar. Muita gente adora falar mal do semelhante. A maledicência é causa de muitos crimes e de dissolução de famílias.
O pior é que uma grande parcela do que se fala a respeito dos outros é baseada simplesmente em boatos, em fofocas, em suposições. Muitas mentiras são jogadas nos ambientes sociais e passam a ter cunho de verdade.
Nosso saudoso Wallace Leal Rodrigues, em seu livro “…E Para o Resto da Vida”, nos conta uma história muito interessante a esse respeito, que transcrevo abaixo:

AS PENAS

Quando pequenas, minha irmã e eu éramos muito sonhadoras. O sonho e a imaginação se conjugam muito bem. E, de quando em vez, inventávamos histórias sobre nossas companheiras. Essas histórias se transformavam em boatos que, em uma cidade pequena, terminavam por provocar dissabores e desagradáveis incidentes entre nossa família e a vizinhança. Na verdade, não fazíamos aquilo por mal, mas, naturalmente, enquanto dávamos rédeas soltas à nossa fantasia, os desagradáveis incidentes se multiplicavam. E, de cada vez que um desses episódios se repetia, corríamos para nossa mãe e dizíamos: – Mamãe, nós prometemos reparar o mal que fizemos.  Minha mãe, com certeza, percebia que castigos e reprimendas não corrigiriam os excessos de nossas mentes. Ela nos ouvia com atenção, assentia com a cabeça e não dizia nada. Lembro-me muito bem de certa manhã, antes do inverno chegar. Ventava muito e nós brincávamos no galpão. Entretanto mamãe, com os cabelos dançando em torno de sua bonita cabeça, estava sentada em um tamborete, ao aberto, bem no meio do quintal. Aquilo nos intrigou um pouco, porém logo nos distraímos. Nossa atenção voltou a ser despertada quando ela nos chamou: – Filhas, por favor, venham até aqui. Aí, perto de vocês há uma almofada e uma tesoura. Tragam-nas. Nós atendemos. Mas fazíamos uma indagação: o que mamãe estava pretendendo fazer? – Agora, disse mamãe quando colocamos os dois objetos junto dela, vocês vão cortar a almofada ao meio. Cada uma cortar de um lado. Obedecemos. A almofada estava cheia de penas e, logo em seguida, levadas pelo vento, elas enchiam o quintal num espetáculo tão lindo como uma tempestade de neve. Eu e minha irmã pulávamos e rodopiávamos encantadas com o espetáculo imprevisto. Todavia, mamãe tornou a nos chamar. Junto dela estava a sua cesta de costura, que nem tínhamos visto. Foi lá de dentro que ela tirou uma capa de almofada nova, bordada e vazia. – Olhem, disse ela, agora vocês vão encher de novo esta almofada. Era simplesmente incrível o que mamãe estava propondo. E nós redarguimos: – Mas, isso é impossível, as penas voaram por toda parte. – Não é que foi mesmo! Disse mamãe dando a impressão de estar admirada, enquanto olhava as penas que dançavam no vento. E fez, em seguida, um comentário que minha irmã e eu não pudemos esquecer durante toda a vida: – Essas penas parecem os boatos que certas pessoas propagam: uma vez espalhados, não há meios de fazê-los voltar ao ponto de partida. Eu, pessoalmente, quando me sinto inclinada a repetir comentários e rumores ouvidos, lembro-me sempre daquelas penas soltas no vento e que, de nenhuma forma poderíamos tornar a recolher para uma nova almofada.
              
Não olvides que a primeira escola da criança brilha no lar. Abre teu coração à influência de Cristo – o divino escultor de nossa felicidade,- a fim de que o menino encontre contigo os recursos básicos para o serviço que o espera na edificação do Reino de Deus. 
Emmanuel
(Do livro E PARA O RESTO DA VIDA…de Wallace Leal V. Rodrigues)
Vamos todos fazer uma campanha para eliminar de nosso meio a maledicência. Vamos nos propor, a partir de hoje, a manter nossa boca fechada em relação aos eventuais deslizes de nossos companheiros de jornada.
Com essa atitude, estaremos colaborando para que o nosso mundo fique melhor. Sintonizando nosso coração no bem e no amor, deixaremos de ver apenas as falhas de nossos irmãos, e nossos olhos se abrirão para as coisas boas que os mesmos fazem.

SBC, 24/09/2007.  

DIA MARAVILHOSO

Ary Brasil Marques
Está começando um novo dia. Um dia de luz, de amor, de alegrias.
Vamos elevar nosso agradecimento a Deus, nosso Pai de Amor e de Bondade.
Vamos agradecer a Ele pelo dom da vida, por tudo o que somos e por tudo o que temos.
Vamos nos lembrar agora que somos filhos diletos do Criador, somos centelhas divinas, somos luz.
Olhemos agora para o nosso planeta com muito carinho e muita gratidão. A Terra é o nosso lar, a nossa escola. É na Terra que aprendemos a caminhar firmes rumo ao nosso destino final, a perfeição.
Vamos vibrar amor por todos os habitantes do planeta. Eles todos são irmãos queridos, caminhando conosco, aprendendo conosco e nos ajudando a aprender e a crescer.
Agora vamos conquistar um novo amigo para o nosso coração. Busquemos em nossa memória alguém de quem não gostamos, alguém que nos é antipático, alguém que nos magoou ou que procura nos prejudicar. Pode ser um parente que não tem afinidade conosco, ou um chefe que nos persegue, ou ainda um colega de serviço que tenta puxar o nosso tapete.
Coloquemos essa pessoa em nossa tela mental. Vamos iluminar essa criatura. Vamos lançar sobre ela agora vibrações de intenso amor e de carinho. Vamos envolvê-la com muita paz, com o desejo de que ela sinta que é amada por nós. Peçamos a Deus que lhe dê muita saúde, muita alegria, muito sucesso, que ela seja imensamente feliz em sua trajetória terrena. Caso em alguma ocasião tenhamos ofendido essa pessoa, aproveitemos o momento para lhe pedir perdão e para lhe dizer que a amamos como irmão ou irmã querida.
A partir de agora fizemos uma linda transferência em nossa vida. Tiramos alguém da lista de pessoas de quem não gostamos, e colocamos um novo nome em nossa lista de amigos.
Agora vamos agradecer novamente a Deus. Orar a Ele com profunda gratidão, pelo fato de nos proporcionar a oportunidade maravilhosa de possuirmos em nossa vida apenas pessoas amigas. Não temos mais inimigos, graças a Deus.
Assim começamos de maneira positiva esse novo dia que nasce radioso. Certamente ele será um dia produtivo, de paz, de amor e de construção por parte de todos nós de um mundo novo. É o princípio do nascimento da nova civilização do futuro, a civilização da paz e do amor.

SBC, 18/09/2007.  

DIA DOS PAIS

Ary Brasil Marques
O dia dos pais é comemorado esta semana com muita alegria pelos filhos. Nesse dia, são dados presentes e também, as pessoas abrem o coração para falar as seus pais aquilo que não tiveram oportunidade de dizer na hora certa, principalmente quando os pais já se encontram no plano espiritual.
Para falar sobre o dia dos pais, vou colocar em minha frente na minha tela mental, a figura de meu querido e saudoso pai, Edmundo Marques.
Meu pai, eu preciso lhe dizer alto e em bom som: Eu te amo.
Essa declaração ficou muitas vezes presa dentro de meu peito, e não pude fazê-la antes de sua partida para o plano espiritual. Não dá para voltar no tempo, mas dá para lhe mandar agora todo o meu sentimento, todo o meu amor, toda a minha gratidão por tudo o que recebi de meu pai, ao longo da vida.
Pouca gente levou tão a sério e com todo o carinho o seu papel de pai. Pai é presença, é convívio, é exemplo, é camaradagem, é companheirismo. E meu pai foi tudo isso para mim e para os meus irmãos.
No dia dos pais, nos lembramos de nosso Pai Celestial. Ele ama a todos os seus filhos, incondicionalmente. Ele nos permitiu também, um dia, de sermos guindados ao extraordinário papel de pai. E no papel de pais pudemos entender melhor o nosso pai, suas dificuldades, seus problemas. E ele soube cumprir com esse papel de maneira esplendorosa.
Para dizer todo o sentimento e amor que nos possui neste instante, vou transcrever aqui uma poesia do padre Fábio de Melo, que traz em seu final a síntese do que sentimos ao homenagear nossos pais.
Deus é Pai
Quando o sol ainda não havia cessado o brilho,
Quando a tarde engolia aos poucos
As cores do dia e despejava sobre a terra
Os primeiros retalhos de sombra,
Eu vi que Deus veio assentar-se
Perto do fogão de lenha da minha casa.
Chegou sem alarde, retirou o chapéu da cabeça
E buscou um copo de água no pote de barro,
Que ficava num lugar de sombra constante.
Ele tinha feições de homem feliz, realizado
Parecia imerso na alegria que é própria
De quem cumpriu a sina do dia e que agora
Recolhe a alegria cotidiana que lhe cabe.
Eu o olhava e pensava:
Como é bom ter Deus dentro de casa!
Como é bom viver essa hora da vida
Em que eu tenho o direito de ter um Deus só pra mim,
Cair nos seus braços, bagunçar lhe os cabelos,
Puxar a caneta do seu bolso
E pedir que ele desenhasse um relógio
Bem bonito no meu braço.
Mas aquele homem não era Deus.
Aquele homem era meu pai
E foi assim que eu descobri
Que meu pai com o seu jeito finito de ser Deus
Revelava-me Deus com seu jeito infinito de ser
Homem.
(Padre Fabio de Melo, SCJ)
Fica aqui a homenagem de coração ao meu pai, ao pai de todos vocês e a Deus, o pai de todos nós.

SBC, 07/08/2007.

DEUS É AMOR

Ary Brasil Marques
A resposta obtida por Kardec à primeira pergunta do Livro dos Espíritos nos permite ter uma ideia exata de Deus, a causa primária de todas as coisas.
Muitas religiões colocam Deus como uma entidade autoritária, severa, que castiga aos seus filhos impiedosamente, colocando-os em um inferno eterno e repleto de sofrimentos.
Os fiéis dessas religiões são orientados para temer a Deus, e os que não são tementes a Ele são vistos como pessoas que não cumprem com as suas obrigações religiosas.
Os espíritas não temem a Deus, e sim o amam. A visão de Deus que o Espiritismo nos dá é a de um Pai amantíssimo, soberanamente bom e justo, perfeito em todos os seus atributos.
Para nós, Deus não castiga aos seus filhos. Ele nos criou a todos, simples e ignorantes, com um destino irrevogável, o de alcançarmos pelas nossas próprias forças, um dia, através da evolução, para o que teremos tantas oportunidades quantas forem necessárias nas múltiplas moradas de nosso Pai existentes no Universo.
Ao invés de castigo, Deus ensina aos seus filhos por meio de uma lei automática chamada Lei de Ação e de Reação. Essa lei não tem a finalidade de punir, mas ela leva o ser humano a aprender e progredir quando o mesmo sofre as consequências de seus atos.
Deus é amor. Amor incondicional. E o sentimento que devemos ter para com Ele é de amor e de respeito. Não há o que temer. Ele nos ama intensamente, e espera, sem pressa, que cada um de seus filhos encontre o caminho luminoso da paz, da alegria e da perfeição.

SBC, 11/10/2007.

DEIXEMOS DE COMENTAR O MAL

Ary Brasil Marques
O homem tem a tendência de comentar o que acontece em sua vida, dando preferência aos comentários negativos.
Mais de 80% dos noticiários da televisão enfocam crimes, desastres, violência e corrupção. As coisas boas que nos ocorrem são deixadas de lado, ou são registradas em notas breves e rápidas.
André Luiz nos ensina que o mal não merece ser comentado em tempo algum.
A razão desse ensinamento é que, ao comentarmos o mal, damos força ao mesmo. Cada vez que abordamos em nossas conversas um ato violento, a crueldade de alguém, ou um acidente espetacular, estamos valorizando aquilo que não merece ser valorizado.
Acho que deveríamos fazer o contrário. Falemos no bem, falemos no amor, falemos na beleza da vida.
Nossa televisão está cada vez mais criando informativos e noticiários que dão, o tempo integral, um valor muito grande aos acontecimentos negativos que ocorrem em todos os quadrantes do mundo.
A julgar pelas notícias que nos são dadas, nosso planeta está um caos. Eles semeiam pessimismo a todos os espectadores e utilizam locutores de expressão para enfatizar e dramatizar tudo.
Será que não há nada de bom acontecendo no mundo? Será que o esforço dos cientistas para buscar a cura das doenças e melhores condições de vida para a população não existe mais? E o trabalho voluntário de abnegados que lutam o dia todo levando consolo e apoio aos necessitados, desapareceu?
Vamos valorizar o que temos de bom. Vamos vibrar com a beleza do céu, do mar, das montanhas, dos lagos e das florestas. Vamos parar de valorizar o mal.
Sugiro uma greve de todo o povo. Desliguemos a televisão quando elas abordarem desgraças. Calemos a nossa boca, não vamos passar adiante o que for negativo.
Tenho a certeza de que os donos das emissoras vão buscar alternativas para que voltemos a sintonizar as mesmas. Não divulgando o mal, ele terá a tendência de diminuir. O que assistimos nos dias de hoje na televisão é justamente o que queremos ver. Eles nos dão o que queremos. Quando nosso desejo passar a ser apenas de coisas boas e belas, por certo eles nos darão isso.
E o bem resplandecerá. Nascerá na mente das pessoas que estão sintonizadas no bem. Será o prenúncio da nova civilização do terceiro milênio, a civilização que transformará a Terra em planeta de regeneração.

SBC, 04/10/2007.  

DAR E RECEBER

Ary Brasil Marques
As igrejas de todas as religiões estão sempre repletas de fieis, o mesmo acontecendo com os centros espíritas. A maioria dessas pessoas não tem a noção exata do que estão fazendo, buscando apenas alguma vantagem, a cura para seus males físicos ou espirituais e a felicidade. Pouca gente vai a esses templos para se doar, para servir e para ajudar o próximo.
Jesus nos disse que nem todos aqueles que dizem Senhor! Senhor! entrarão no Reino dos Céus. Na verdade, precisamos aprender que é dando que se recebe, e quem busca apenas receber em qualquer templo religioso não pode esperar o ingresso nas regiões superiores pois já foram atendidos em suas solicitações.
As religiões são apenas instrumentos que utilizamos em nossa caminhada na busca de Deus. Todas elas são caminhos diferentes, apropriadas ao grau de evolução de cada um. Assim como os rios, todos diferentes um do outro, que caminham para o oceano, as religiões se dirigem para Deus.
Há aquelas que ainda estão seguindo fielmente o que aprenderam com Moisés. O grande profeta trouxe para a humanidade o decálogo e uma série de leis importantes para a conduta humana. Ele baseou seus ensinamentos na proibição. O homem não pode matar, não pode roubar, não pode desejar a mulher do próximo nem nada que não lhe pertença, não pode cometer adultério, etc., etc.
Jesus usou de outra estratégia. Não proibiu nada. Falou aos homens de modo positivo, preconizando o amor. Em uma única frase, reuniu todos os ensinamentos de Moisés e de todos os profetas. Essa frase, o segredo da felicidade e da conquista futura da plenitude, diz apenas que para se alcançar o reino dos céus basta amar a Deus sobre todas as coisas e amar o nosso próximo como a nós mesmos.
Aquele que ama a Deus não rouba, não mata, não comete adultério, não polui o meio ambiente, não é corrupto, respeita a vida e ao seu semelhante, pois sabe que para amar a Deus tem necessidade de amar as criaturas de Deus.
Não basta frequentar uma casa religiosa. Essa frequência muitas vezes é para o bem de quem a faz. É preciso aprender a amar, a dividir os conhecimentos com os nossos irmãos, a dar de si.
É por essa razão que Jesus nos advertiu que não é suficiente para entrar no Reino dos Céus a nossa presença diária e constante em qualquer templo religioso. Para receber, temos que dar.

SBC, 11/11/2007.