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JUIZ IMPLACÁVEL

Ary Brasil Marques
Uma das missões mais difíceis em nosso planeta é a missão dos juízes. Eles têm que julgar o semelhante, baseando-se nos fatos que lhe são apresentados, muitas vezes incompletos ou falsos.
Faltando elementos, naturalmente o julgamento se fará de maneira incompleta, muitas vezes de maneira errada e injusta.
O ser humano costuma fazer o papel de juiz. Esquecendo-se das palavras de Jesus, que nos disse as sábias palavras: “Não julgueis para não serdes julgados”.
Sem saber a história completa, vamos julgando e condenando os nossos semelhantes. Quando somos vítimas de injustiças, de traições, de menosprezos, de agressões, de comentários maldosos, a maioria das vezes agimos com um rigor excessivo, transformando-nos em juízes implacáveis e em verdadeiros algozes. Não procuramos as razões ocultas, não esperamos explicações, não damos ao outro a oportunidade de defesa, vamos logo julgando e condenando.
Quando nos sentimos ofendidos, injustiçados, prejudicados em nossos direitos, então, ficamos uma verdadeira fera. Deixamos de considerar que tudo na vida faz parte do plano divino para a nossa evolução, para o nosso aperfeiçoamento, para a colheita obrigatória daquilo que plantamos ontem, em passado recente ou remoto.
Falamos em perdão, mas na hora que temos que praticar esse perdão, agimos de forma impiedosa contra aqueles que nos ofenderam. Não nos lembramos que temos que amar a todos os seres da criação, e para amar não podemos ficar ligados a atos que nos prejudicaram segundo o nosso ponto de vista. Não teriam esses atos nos impulsionado para frente? Vamos deixar de nos considerar coitadinhos, vítimas da maldade alheia, vítimas da má sorte ou de injustiças.
Tudo o que nos aconteceu na vida é fruto da lei de ação e reação, e todos os acontecimentos que muitas vezes lamentamos foram importantes em nosso processo de crescimento.
Deixemos de ser juízes do semelhante. Apliquemos o perdão incondicional.
Pode ser que não seja mais possível um relacionamento mais íntimo com os nossos irmãos que nos ofenderam, mas temos que exercitar o perdão, o amor, a fraternidade. Caso não dê para um convívio mais íntimo, vibremos amor para eles à distância. Quando os encontrarmos, não ofereçamos resistência a atenção, à conversa fraterna, ao respeito. Quando tivermos que falar deles para alguém, falemos apenas sobre o lado positivo deles. Apaguemos de nossa memória os momentos desagradáveis e nos lembremos sempre que ninguém está de posse de todos os elementos que originaram qualquer fato, e que os elementos desconhecidos por nós podem modificar inteiramente a culpa que atribuímos ao outro.
Ser juiz de nosso semelhante é atributo exclusivo de Deus. Cada um responde pelos seus atos, e se esses atos não foram bons e prejudicaram alguém, só deve ser assunto da própria pessoa e terão como resultado a volta da lei de causa e efeito para a mesma.
A nós compete esquecer, perdoar, amar e seguir adiante.

SBC, 12/05/2007.

INFLUÊNCIA RECÍPROCA

Ary Brasil Marques
Os espíritos desencarnados têm alguma influência em nossa vida? Pela resposta obtida por Kardec a respeito do assunto, no Livro dos Espíritos, dada pelos mentores da Codificação, essa influência não só existe, como é maior do que nós supomos.
Aliás, se formos observar cuidadosamente o panorama de nosso planeta, chegaremos à conclusão que existe uma influência mútua entre os homens. Os espíritos desencarnados também integram a condição humana, com a única diferença que, no momento, não possuem o seu corpo físico.
Para entendermos bem como funciona essa influência, vamos imaginar que estamos à beira de um lago, onde atiramos pedrinhas.
As pedrinhas, ao cair na água, formam círculos concêntricos que avançam e se entrelaçam com os círculos idênticos formados pela queda de outras pedrinhas. Figuras bonitas vão se formando, com o entrelaçamento dos círculos.
Essa imagem nos dá a ideia exata de como influímos nos outros e ao mesmo tempo recebemos influência deles.
No plano de vida, somos influenciados pelos usos e costumes de cada região, recebendo influência direta dos meios de comunicação, da mídia e da globalização que vai igualando cada vez mais os habitantes de todas as partes do mundo. Somos ainda influenciados pelos exemplos que recebemos de nossos pais, professores e pelos ídolos que elegemos e cultivamos.
Como somos espíritos imortais, ao passarmos para o plano espiritual continuamos vivos, uma vez que a morte atinge apenas e tão somente a nossa roupagem física. E continuamos a utilizar o nosso pensamento, que é força e que exerce influência nos outros quando emitimos vibrações de energia e de vontade. A força do pensamento já foi demonstrada muitas vezes. Certa vez assisti na televisão a demonstração de uma pessoa que fazia andar ou parar um trenzinho elétrico desses com quem as crianças brincam, apenas com a força de seu pensamento.
Assim, os espíritos, pela ação do pensamento, fazem sugestões e influenciam os encarnados.
A recíproca é verdadeira, e há pessoas que não dão sossego aos espíritos de familiares que já estão no plano espiritual, atormentando-os a cada instante por inconformismo ou por saudade.
Da mesma forma que existe a influência que leva criaturas a praticar o mal, há espíritos que nos ajudam e nos aconselham.
Como o que regula essa troca de influências é a lei de atração, uma vez que os afins se atraem, acredito que a melhor maneira de fugir da influência de espíritos menos esclarecidos é fazer, como nos aconselham os mais velhos, a escolha de nossa companhia. Diga-me com quem andas que te direi quem és.
Para nos sintonizar com Jesus e com os bons espíritos, temos que pautar nossa vida dentro do Evangelho de amor. Amar a todos os nossos semelhantes, praticar o bem e a caridade, respeitar o meio ambiente, com certeza trará para nós a atenção, o carinho e a ajuda dos espíritos adiantados que estão a serviço de nosso Pai Celestial.

SBC, 30/08/2007.

INFLUÊNCIA MORAL DO MÉDIUM

Ary Brasil Marques
Nas comunicações mediúnicas, o médium é apenas o intermediário. Ao contrário do que muita gente pensa, o espírito comunicante não entra no corpo do médium. Ele exerce sua influência agindo sobre a mente do médium, aproveitando os recursos existentes no cérebro deste, inclusive os conhecimentos de linguagem que o mesmo tem.
Em qualquer comunicação, no entanto, torna-se difícil separar o que é do médium e o que é do espírito. A afinidade de ambos é muito importante, e fica muito difícil um médium receber comunicações de espíritos com quem não tem grande afinidade.
Por outro lado, é importante o preparo do médium e sua condição moral. Os médiuns que têm uma vida dissoluta, de moral duvidosa, têm pouca possibilidade de receber comunicações de espíritos de elevado nível.
Um dos fatores que influem bastante na comunicação é a vaidade. É por essa razão que nunca devemos elogiar muito os médiuns, pois eles são simples intermediários e quando se envaidecem do que estão recebendo, acabam por perder a mediunidade.
Poucos médiuns são humildes o bastante como o foi Francisco Cândido Xavier, que embora tenha nos trazido páginas belíssimas de elevado cunho doutrinário e de uma correção gramatical perfeita, jamais se orgulhou de seu trabalho, se colocando mesmo muito abaixo de todos.
Conheci um médium em minha mocidade que era extraordinário. Ele curou muita gente, e transportava, quando em transe, remédios, flores, livros e objetos que não estavam no local e que apareciam por encanto em suas mãos durante os trabalhos. Esse nosso irmão ficou famoso por seu trabalho na região. No entanto, faltou-lhe o preparo necessário. A vaidade fez com que ele se julgasse bom demais, e se esquecesse de que ele funcionava apenas como intermediário do plano espiritual. Em razão disso, perdeu a mediunidade. A sua vaidade era tanto que ele continuou dando comunicações. Em vez de receber comunicações dos espíritos, ele produzia suas próprias mensagens, como se fosse ainda dos espíritos.
O resultado foi o pior possível. Foi desmascarado e teve que fugir da cidade. Não sei o que lhe aconteceu posteriormente, mas acredito que muitos de nós tivemos culpa pelo ocorrido, em virtude dos elogios que todos lhe faziam. Nosso irmão não estava preparado para exercer a importante missão que lhe foi confiada pela espiritualidade.
Para entender bem o funcionamento da comunicação mediúnica, podemos fazer a comparação com o telefone. O telefone é apenas o instrumento de que nos servimos para transmitir nosso pensamento a outros à distância. Quando o telefone está com defeito, ou a linha tem umidade por exemplo, a comunicação se torna defeituosa, a voz é distorcida, e muitas vezes não conseguimos entender o que está dizendo nosso interlocutor.
No caso da mediunidade, acontece a mesma coisa. O médium não estando preparado, com boa vontade, sem estar ligado moralmente ao trabalho que vai fazer, pode ser vítima de influência de espíritos inferiores, mal intencionados, e trazer comunicações apócrifas ou incoerentes.
É necessário que o médium encare o seu trabalho mediúnico como uma missão, estudando, se preparando, sintonizando seu coração e sua mente com espíritos elevados e amigos, e ai poderá cumprir satisfatoriamente a missão que lhe foi confiada.
Um médium evangelizado, cheio de boa vontade, isento de vaidade ou de presunção, pode ser um maravilhoso instrumento para nos ajudar a todos em nossa caminhada terrena.

SBC, 11/10/2004.   

HUMILDADE REAL

Ary Brasil Marques
O conceito de humildade tem tido por parte de algumas pessoas uma visão que não corresponde à realidade.
Essas pessoas acreditam que a criatura humilde deve viver se rastejando, falando macio e tendo uma cara de anjo.
A humildade não é isso. Ela não pede para anularmos nossa dignidade e a nossa autoestima. Não precisamos fazer preces chorosas, nem fazer como muitos fazem quando se dirigem a Deus, colocando-se como a última das criaturas. Ao contrário, somos seres luminosos, filhos diletos do Senhor da Vida e caminhando firmes para a perfeição.
Não temos que viver de cabeça baixa, de olhos tristonhos, de ombros caídos, para que sejamos considerados humildes.
Humilde é a pessoa que não se coloca como centro da vida ou como dona da verdade. É aquele que respeita o semelhante e as leis divinas.
Há pessoas que têm orgulho de sua humildade! Como se o orgulho não fosse a antítese da humildade!
Acredito que devemos estar sempre alegres, com alto astral, cheios de otimismo sadio, aceitando com humildade as nossas limitações e a vontade divina. Temos que aprender a perder, assim como sabemos vencer. Precisamos lutar com todas as nossas forças para mudar aquilo que nos for permitido mudar, mas aceitarmos humildemente aquilo que não pudermos modificar.
A humildade real não tem nada a ver com o ser acabrunhado, triste, pessimista, que fala macio mas que muitas vezes não pratica a lei do amor.
Já vi muita gente negar sua condição de espírita, alegando com falsa humildade que desejaria ser espírita mas que ainda não tem condições para isso. Ficam em cima do muro, não assumem sua crença.
Vamos parar com a hipocrisia. O ser humilde o é naturalmente, e na maior parte das vezes ignora a própria humildade.
Jesus nos disse que os humildes são bem-aventurados e que eles alcançarão o reino dos céus.

SBC, 26/07/2007.

HONESTIDADE

Ary Brasil Marques
Acabei de ler na revista “Seleções” o resultado de uma pesquisa realizada pela mesma com relação à honestidade.
Eles utilizaram 960 telefones celulares e os deixaram nas ruas das mais populosas cidades de 32 países diferentes, como se os tivessem perdidos. Observaram a conduta das pessoas em cada uma dessas cidades, e anotaram as devoluções desses aparelhos.
A cidade que teve o maior índice de honestidade, tendo as pessoas de lá devolvido aos seus donos 29 aparelhos dos 30 que foram “perdidos” em suas ruas foi Liubliana, na Eslovênia.
São Paulo, a cidade brasileira que foi escolhida para o teste, teve a devolução de 21 aparelhos em 30. As cidades que devolveram menos aparelhos, 13 em 30, foram Hong Kong e Kuala Lumpur.
Esse teste nos mostra, embora de forma muito relativa e incompleta, que o Brasil não é o país mais desonesto do mundo, como muitos pensam. Nosso povo tem noção de honestidade, e a maioria de nossa população age honestamente.
Temos visto algo curioso. As pessoas mais pobres e mais humildes têm demonstrado, em várias ocasiões, que são as mais honestas. As pessoas ricas e poderosas nos causaram decepções no tocante à honestidade, por diversas vezes.
Pelo noticiário da televisão, temos acompanhado uma série de casos escabrosos proporcionados pelos políticos, principalmente por aqueles que ocupam cargos de direção nos mais diversos setores da vida nacional. São eles, que deveriam dar ao povo exemplos de honestidade, que muitas vezes se utilizam de recursos alheios para proveito próprio.
A corrupção e a falta de decoro são usadas como instrumento de enriquecimento de pessoas da noite para o dia, sem o mínimo constrangimento de passar por cima dos mais elementares princípios de honestidade.
O dia em que o ser humano se conscientizar de que não é o dono das coisas, mas apenas o seu depositário, e que terá que prestar conta um dia de todo o patrimônio que houver utilizado em proveito próprio de maneira indevida, a honestidade voltará a prevalecer em toda a face da Terra.

SBC, 09/08/2007.

FELICIDADE

Ary Brasil Marques
O segredo da felicidade na Terra se resume na palavra aceitação. Aceitação não significa uma atitude passiva, apática, indolente, que aceita tudo sem luta e sem discussão.
O conceito espírita de aceitação nos ensina a lutar com todas as nossas forças para mudar aquilo que nos é possível mudar, mas usar da sabedoria para distinguir o que não está em nosso alcance para mudar, e aí então se aceitar com altivez e resignação os fatos consumados que foram causados por fatores alheios ou não à nossa vontade mas fatos passados, que não voltam mais.
E nessa aceitação colocarmos com confiança a nossa vida, a vida de nossos entes queridos, nas mãos sábias e onipotentes de nosso Pai Celestial.
Toda pessoa que considera a sua felicidade em função dos outros, de coisas exteriores, de um bom emprego, de um casamento estável, de uma posição financeira elevada, de um cargo elevado ou da consideração de outras pessoas, está partindo de uma premissa falsa, a premissa de que a fonte de sua felicidade é uma dessas coisas.
Quem pensa assim, fica terrivelmente infeliz quando perde um bem material, quando é vítima de um roubo, quando perde um namorado ou quando vê partir para o plano espiritual um ente querido.
Na realidade, a FONTE de nossa felicidade é DEUS, fonte inesgotável que não acaba nunca e que não se secará.
Aquelas outras, fontes de natureza humana, são TODAS elas passageiras, pois NADA na Terra é definitivo, nem nosso corpo físico que um dia se tornará velho e imprestável, e morrerá.
Nós, no entanto, que somos ESPÍRITOS imortais, não morreremos. E mais ainda, como somos filhos de Deus, somos uma parcela desse mesmo Deus, somos centelhas divinas, somos luz. E se somos luz, devemos refletir essa luz para todos os que nos cercam, irradiando paz e alegria, carinho e perdão, boa vontade e simpatia.
Com isso, abriremos todas as portas e faremos com que todos nos amem. E isso nos fará SEMPRE felizes. Grandes personalidades, reconhecidas por todos por irradiarem sempre felicidade, muitas vezes não possuíam bens, não tinham a companhia de pessoas queridas por meio de casamentos, não eram poderosas, mas SENTIAM a felicidade interna.
São exemplos típicos o nosso Chico Xavier e a Irmã Dulce. Cada um deles em áreas distintas de atuação, professando religiões diferentes (o que não importa, pois a única religião considerada por Deus é o amor), e nos dão uma lição magnífica de vida e de como podemos nos sentir felizes intimamente, NÃO importando absolutamente os fatos exteriores, o que pensam os outros a nosso respeito, o termos alguém ou não, o termos bens materiais ou não.
Somos centelhas de vida. Somos luz. Iluminemos o nosso caminho. Façamos dele uma estrada luminosa de alegria, de paz, de harmonia com a vida.

19/11/2000.

ESTAMOS SENDO CHAMADOS

Ary Brasil Marques
Tenho recebido pela Internet um grande número de mensagens, textos, frases de incentivo e de orientação e outras coisas lindas.
Acredito que essas mensagens que são trocadas pelos usuários da Rede são chamadas que recebemos do Plano Maior.
Uma frase que me chamou a atenção (e a maioria delas são muito importantes), dizia que há extraordinárias oportunidades habilmente disfarçadas em problemas insolúveis.
De fato, o que julgamos muitas vezes ser um grande problema, nada mais é que a oportunidade e o chamado divino para nossa ação, para nossa maior firmeza no trato da questão que nos aflige. Somos dotados de inteligência, o grande dom que recebemos de Deus. Somos fortes e não o sabemos. Somos capazes e não colocamos em prática essa capacidade.
Ao enfrentar corajosamente o problema que nos aparece, surgem como que por encanto várias opções de soluções, e muitas vezes isso nos leva a conquistar patamares jamais imaginados.
Maravilhosos inventos e grandes negócios que posteriormente ganharam fama e destaque em todo o mundo, nasceram de um desses “problemas insolúveis.”
Deus nos chama de várias maneiras. Usa os inúmeros recursos da natureza para isso, e também a comunicação fraterna entre os homens, hoje bastante incentivada pela popularização da Internet.
O sorriso de um menor abandonado na rua ou o pedido de doação de sangue a um conhecido que se encontra hospitalizado, tudo representa oportunidades para nos tirar de nosso casulo e para agirmos no campo do bem e do amor ao próximo.
Quando recebemos e transmitimos aos outros essas mensagens, iniciamos o processo de aceitação do convite que nos está sendo mandado.
Embora eu não concorde com a proliferação de correntes muito em uso na Web, por trazerem elas muitas vezes embutido frases que ameaçam aqueles que as interromperem, sou forçado a admitir que as correntes são para as pessoas um chamado para a prece ou para a prática do amor.
Procuremos analisar as mensagens que recebemos. Pode ser que elas sejam o início de um caminho luminoso em nossas vidas.

SBC, 21/06/2007.

ESPIRITISMO E FENÔMENOS ESPÍRITAS

Ary Brasil Marques
O Espiritismo surgiu como um maravilhoso roteiro de vida para o ser humano. Ele ajuda a todos na busca de uma conduta baseada na procura constante de aperfeiçoamento e de sintonia com o amor, com o bem, com a fraternidade.
No entanto, ainda hoje, muita gente pensa no Espiritismo como algo misterioso, cheio de rituais estranhos e de fenômenos insólitos.
Na realidade, os fenômenos de comunicação entre nosso mundo e o plano espiritual sempre aconteceram, desde que o mundo é mundo.
Na Bíblia existem relatos de muitos casos de fenômenos espíritas, e, apenas para exemplificar, o acontecido com Jesus no Monte Tabor foi uma autêntica sessão espírita.
Fenômenos acontecem em todas as religiões, e os chamados milagres dos santos tão cultuados pela Igreja são certamente exemplos dessa afirmativa.
Nas religiões afro-brasileiras existem manifestações espíritas e comunicações com o Plano Espiritual.
A existência dos fenômenos mediúnicos não significa necessariamente que esses fenômenos ocorrem dentro de uma casa espírita.
Espiritismo é ciência, filosofia e religião. A base principal da Doutrina Espírita é a simplicidade. Não tem rituais. Não tem sacerdotes. Não tem nada de maravilhoso ou de sobrenatural.
Todas as religiões acreditam na imortalidade da alma e procuram preparar as criaturas para receberem, do outro lado da vida, a recompensa pelos seus atos da vida presente. Acreditam nas penas e gozos futuros, tudo dependendo do que fizemos ou deixamos de fazer em nossa existência terrena.
O Espiritismo vem comprovar que realmente somos imortais, que a morte não existe e que do outro lado da vida o espírito continua a viver, voltando ao cenário da existência por várias vezes, tantas quantas forem necessárias, pela reencarnação, para evoluir, aprender, crescer.
A Doutrina Espírita nos mostra que somos herdeiros de nós mesmos, e que pela Lei de Ação e Reação, ou de Causa e Efeito, cada um de nós colhe o que plantou, o que explica com clareza os motivos dos sofrimentos humanos, principalmente aqui no planeta Terra, um planeta ainda atrasado e habitado por espíritos ainda muito primitivos.
É uma doutrina consoladora. De esperanças. De certezas. Nos acena com uma vida futura maravilhosa, desde que, pela nossa conduta e pelo esforço que fazemos para vencer nossas imperfeições, vamos progredindo pouco a pouco. E ao melhorar interiormente, vamos melhorando a cada oportunidade que nos é dada, até alcançarmos, um dia, mundos mais adiantados e livres de misérias, guerras ou tragédias.
O Espiritismo como religião nos ajuda a encontrar o caminho certo que nos leva a perfeição. Esse caminho é Jesus.
O Espiritismo nos ajuda a encontrar Jesus. Não o Jesus sofrido que nos mostram as religiões. Mas Jesus esplendoroso, forte, consolador, redentor. Jesus como caminho, como verdade, como vida.
A consequência da vivência do Espiritismo é levar o homem a uma conduta reta, plena de amor, de respeito ao semelhante, de solidariedade, colocando-nos como construtores de nosso próprio destino, como co-criadores de um mundo melhor, que será alicerçado no esforço de todos para se alcançar, um dia, esse objetivo.
Esse desiderato pode ser alcançado por vários caminhos. São caminhos diferentes mas que têm o mesmo objetivo. Alguns enveredam pelos caminhos da ciência, e são verdadeiros sacerdotes em seus laboratórios buscando melhoras para o homem. Outros, pelas diversas religiões. Alguns ainda presos ao fanatismo e ao exclusivismo de suas ideias, julgando serem elas as únicas verdadeiras, acreditando só ser possível a salvação dentro de suas limitadas igrejas.
           
O Espiritismo é um dos caminhos que nos levam a Deus. Mas o importante é que a Doutrina Espírita não se julga a única, e até o fato de propagar que fora da caridade não há salvação demonstra que acredita que a caridade, a prática do amor ao próximo, é a única condição para o progresso do espírito, independendo estar ele filiado a essa ou a aquela corrente religiosa.
Mas o Espiritismo é luz. É esclarecimento. É ação positiva na prática do bem e do amor ao próximo.
É simples como a própria Doutrina do Mestre Jesus. A Doutrina Espírita nos pede apenas que cultivemos o amor e que busquemos esclarecimentos pelo estudo para que possamos construir na Terra um mundo melhor. E que nossa vida terrena seja produtiva, que possamos aprender e crescer cada vez mais. O futuro será aquele que nós vamos fazer. Plantemos muito amor, e certamente a Terra alcançará um progresso real, sem maldade, sem violência, sem fome, sem miséria.

SBC, 27/01/05.   

EM BUSCA DA PERFEIÇÃO

Ary Brasil Marques
Durante a nossa vida, estamos sempre buscando nos aperfeiçoar. Em todos os campos de atividade humana, costumamos eleger modelos de comportamento e tentamos imitar esses modelos.
No futebol, por exemplo, quem não gostaria de ser como o Pelé ou como Rogério Ceni? No automobilismo nos lembramos com carinho e desejo de ser como Ayrton Senna. Einstein, Sócrates, Platão, Santo Agostinho, Paulo de Tarso, Francisco Cândido Xavier, Madre Teresa de Calcutá, Chopin, Vinícius de Morais, Guga, Joanna de Ângelis, Bezerra de Menezes são apenas alguns nomes veneráveis que servem de modelo para nossa evolução.
Há governantes, principalmente na América do Sul, que se espelham em ditadores como Fidel Castro e outros, para inspirar seus governos de mão forte.
Como somos espíritos imortais e a nossa finalidade é aprender sempre e evoluir, nossa busca de perfeição deve imitar os exemplos de grandes personalidades que nos trouxeram ensinamentos em todas as épocas.
Jesus, ao nos falar sobre o assunto, coloca como modelo para nosso aperfeiçoamento o próprio Deus. É claro que jamais poderemos alcançar o grau de conhecimento e de perfeição de nosso Pai Celestial, pois Ele é todo poder, toda bondade, toda perfeição.
No Evangelho Segundo o Espiritismo há um capítulo denominado “Sede Perfeitos”, onde se relata com detalhes o que é necessário para sermos considerados “Homens de Bem”.
Assim como os luminares espíritos mencionados acima, temos que buscar o altruísmo em substituição ao egoísmo, o amor no lugar do ódio, a paciência, a resignação, o respeito para com o semelhante, a verdade substituindo a mentira, a paz, a solidariedade, a fraternidade, a caridade e as virtudes em geral. Temos a certeza de que, um dia, toda a Terra será composta de pessoas de bem.
A nova Terra, planeta de regeneração, sucederá a velha Terra de expiação e de provas. Quando será isso? Vai depender do trabalho de cada um, do esforço que fizermos para nos aperfeiçoar, buscando sempre o modelo de luz que é Jesus, a maior personalidade que pisou na face do planeta.
Antes de conseguirmos o reconhecimento como homens de bem, temos que deixar de ser homens maus e imperfeitos. Só o esforço de cada dia, buscando nossa reforma interior, poderá nos permitir alcançar esse objetivo.

SBC, 30/05/2007.   

EM BUSCA DA EMPATIA

Ary Brasil Marques
Esta semana assisti a um programa maravilhoso na TV Canção Nova, dirigido pelo padre Tiago de Melo. Demonstrando alto grau de espiritualidade, aquele grande condutor de almas ao caminho do amor fez um comentário muito oportuno sobre a maneira que vemos o nosso semelhante.
Citando um ensinamento de Rubens, ele nos disse que quando encontramos outra pessoa em nosso caminho, formamos com ela uma outra, o nós. A formação dessa nova pessoa será tão mais completa quanto for a nossa empatia com o companheiro a quem estamos nos ligando.
A empatia será adquirida quando mudarmos a nossa maneira de ver o outro. Ao ver no outro os pontos positivos que ele possui, aumentamos nossa empatia com ele e o nós decorrente dessa união será melhor.
Dessa forma, depende do esforço de cada um de nós para que tenhamos amigos em todos os nossos relacionamentos com os outros.
Um dia, quando alcançarmos um estágio mais elevado de nosso desenvolvimento, só teremos amigos e a palavra inimigo será banida de nosso dicionário.

SBC, 04/11/2007.