Todos os posts de admin

ANDREW JACKSON DAVIS – BIOGRAFIA












Andrew Jackson Davis

Famoso médium norte-americano precursor do Espiritismo. Nasceu nos Estados Unidos da América do Norte, no dia 11 de Agosto de 1826, e desencarnou no dia 13 de Janeiro de 1910.

Nunca foi místico, sendo considerado um homem equilibrado, detentor de um carácter sério, honesto e caridoso, tendo por isso, atraído elevado número de pessoas para ouvir os seus ensinamentos.

Oriundo de família humilde e inculta, nasceu e conviveu num meio desprovido de recursos intelectuais, num distrito rural do Estado de Nova York, às margens do rio Hudson.

No princípio da adolescência, começou a ouvir vozes estranhas, mas gentis e agradáveis que lhe davam conselhos e, simultaneamente, a revelar faculdade mediúnica de clarividência e a diagnosticar doenças. Afirmava ele que, em estado de transe, conseguia observar dentro do corpo humano; como cada órgão tem a sua luminosidade própria, ao ver um deles escuro, localizava o problema.

Davis aprendeu a conhecer e a desenvolver as suas faculdades, através do mesmerismo, então em voga: o médico alemão Franz Anton Mesmer inventou as chamadas técnicas de “magnetização animal” ou “fluído vital” com o objetivo de encontrar cura para determinadas doenças. Entrando em transe sonambúlico, Davis manifestava extraordinárias capacidades que não possuía no seu estado normal, detentor que era de pouca instrução.

No dia 6 de Março de 1844, sentiu-se repentinamente sujeito a um fenômeno físico de transporte, sendo conduzido por uma estranha força, a uma distância de 60 Km de Poughkeepsie, local onde residia, até às montanhas de Catskill, onde conversou com dois espíritos, que ele identificou (Galeno e Swedenborg), que se apresentaram como sendo os seus mentores.

Mais tarde, desenvolveu a mediunidade da xenoglossia, passando a falar várias línguas, incluindo o hebraico. Semianalfabeto, “fraco de corpo e mentalmente pobre”, como afirma Sir Arthur Conan Doyle, discutia temas altamente eruditos com membros conceituados, incluindo da Universidade de Nova York, desde a Mitologia à Arqueologia histórica e bíblica, e aos mais diversos temas sociais e linguísticos, com tal precisão e rigor que “fariam honra a qualquer erudito daquela cidade”.

O médium escreveu em transe mediúnico o livro: “Os Princípios da Natureza”, editado em 1847, tendo este sido considerado por Sir Arthur Conan Doyle, como “um dos mais profundos e originais livros sobre Filosofia”.

Foram parcialmente editadas outras inúmeras obras sob o título “Filosofia Harmônica”, recebidas mediunicamente e atribuídas ao célebre médium e sábio sueco, Swedenborg.

Aos 21 anos, Davis já não precisava de sujeitar-se ao magnetismo hipnótico, para entrar em transe e ficaram conhecidas as pormenorizadas descrições de desencarnações, que posteriormente eram confirmadas por outros médiuns em várias partes do mundo.

Fez inúmeras previsões (o aparecimento do automóvel, máquinas de escrever, veículos aéreos…), recheadas de assombrosos pormenores, incluídas na sua obra: “Penetrália” e em 1847, declarou que iriam dar-se, em breve, manifestações de espíritos um pouco por toda a parte.

De fato, em 31 de Março de 1848, as três irmãs Fox iniciam os seus contatos com o mundo espiritual, através de pancadas, na cidade de Hydsville, nos Estados Unidos, dando início ao advento do Espiritismo. Foi o fenômeno das mesas girantes ou falantes que atraiu a atenção de Allan Kardec e outros eminentes investigadores.

Exatamente no mesmo dia (31 de março de 1848) Davis registou no seu caderno de notas o seguinte:

“Esta madrugada, um sopro quente passou pela minha face e ouvi uma voz, suave e forte, que me disse: ‘Irmão, um bom trabalho foi começado – olha! Surgiu uma demonstração viva’. Fiquei pensando o que queria dizer aquela mensagem.”

Com essa previsão, Andrew Jackson Davis ficou a ser conhecido como o” Profeta da Nova Revelação”.

Recebeu ainda uma obra de alto teor intelectual e moral: “Revelações Divinas da Natureza”, tendo descrito a vida no Mundo Espiritual como sendo semelhante à da Terra, uma vida semi-material em que o trabalho científico, literário, artístico e humanitário continua e em que os seres se agrupam consoante as suas tendências e gostos pessoais que se prolongam após a desencarnação.

Observou as várias etapas do progresso do espírito e apontou as imensas causas responsáveis pelo retardamento da marcha evolutiva do ser humano.

Numa das suas visitas em espírito a um desses planos, viu grupos de crianças que, se encontravam reunidas em belos edifícios, rodeadas de atenções e carinho, recebendo instruções, em conformidade com o seu entendimento.

Maravilhado com este sistema, tentou reproduzir a sua organização na terra e daí surgiu o 1.º Liceu Espiritista que fundou em 1863, em Dodsworth Hall, Broadway, Nova York. Outras cidades americanas aderiram à ideia, e em vários países, nomeadamente, Inglaterra e Austrália, surgiram liceus ligados ao movimento.

Andrew Jackson Davis superou o próprio Swedenborg, no que respeita ao descerrar do véu concernente ao mundo dos espíritos e se, como todos os missionários, cujo olhar difere do comum dos mortais, visionando e antecipando o futuro da humanidade, teve opositores e sofreu humilhações, tudo suportou com humildade e devotamento à causa da espiritualidade e ao auxílio do próximo, prescrevendo tratamentos com ervas para a cura das doenças que diagnosticava.

Fonte: História do Espiritismo, Arthur Conan Doyle e Jornal Espírita, Julho de 1991.

AMÉLIE GABRIELLE BOUDET – BIOGRAFIA

Amélie Gabrielle Boudet
Madame Rivail (Sra. Allan Kardec) nasceu em Thiais, cidade do menor e mais populoso Departamento francês – o Sena, aos 2 do Frimário do ano IV, segundo o Calendário Republicano então vigente na França, e que corresponde a 23 de Novembro de 1795.

Filha de Julien-Louis Boudet, proprietário e antigo tabelião, homem, portanto bem colocado na vida, e de Julie-Louise Seigneat de Lacombe, recebeu, na pia batismal o nome de Amélie-Gabrielle Boudet.

A menina Amélie, filha única, aliando desde cedo grande vivacidade e forte interesse pelos estudos, não foi um problema para os pais, que, a par de fina educação moral, lhe proporcionaram apurados dotes intelectuais.

Após cursar o colégio primário, estabeleceu-se em Paris com a família, ingressando numa Escola Normal, de onde saiu diplomada em professora de 1 a. classe.

Revela-nos o Dr. Canuto de Abreu que a senhorinha Amélie também foi professora de Letras e Belas Artes, trazendo de encarnações passadas a tendência inata, por assim dizer, para a poesia e o desenho. Culta e inteligente, chegou a dar à luz três obras, assim nomeadas: “Contos Primaveris”, 1825; “Noções de Desenho”, 1826; “O Essencial em Belas Artes”, 1828.

Vivendo em Paris, no mundo das letras e do ensino, quis o Destino que um dia a Srta. Amélie Boudet deparasse com o Professor Hippolyte Denizard Rivail.

De estatura baixa, mas bem proporcionada, de olhos pardos e serenos, gentil e graciosa, vivaz nos gestos e na palavra, denunciando inteligência admirável, Amélie Boudet, aliando ainda a todos esses predicados um sorriso terno e bondoso, logo se fez notar pelo circunspecto Prof. Rivail, em quem reconheceu, de imediato, um homem verdadeiramente superior, culto, polido e reto.

Em 6 de Fevereiro de 1832, firmava-se o contrato de casamento. Amélie Boudet, tinha nove anos mais que o Prof. Rivail, mas tal era a sua jovialidade física e espiritual, que a olhos vistos aparentava a mesma idade do marido. Jamais essa diferença constituiu entrave à felicidade de ambos.

Pouco tempo depois de concluir seus estudos com Pestalozzi, no famoso castelo suíço de Zahringen (Yverdun), o Prof. Rivail fundara em Paris um Instituto Técnico, com orientação baseada nos métodos pestalozzianos. Madame Rivail associou-se ao esposo na afanosa tarefa educacional que ele vinha desempenhando no referido Instituto havia mais de um lustro.

Grandemente louvável era essa iniciativa humana e patriótica do Prof. Rivail, pois, não obstante as leis sucessivas decretadas após a Revolução Francesa em prol do ensino, a instrução pública vivia descurada do Governo, tanto que só em 1833, pela lei Guizot, é que oficial e definitivamente ficaria estabelecido o ensino primário na França.

Em 1835, o casal sofreu doloroso revés. Aquele estabelecimento de ensino foi obrigado a cerrar suas portas e a entrar em liquidação. Possuindo, porém, esposa altamente compreensiva, resignada e corajosa, fácil lhe foi sobrepor-se a esses infaustos acontecimentos. Amparando-se mutuamente, ambos se lançaram a maiores trabalhos. Durante o dia, enquanto Rivail se encarregava da contabilidade de casas comerciais, sua esposa colaborava de alguma forma na preparação dos cursos gratuitos que haviam organizado na própria residência, e que funcionaram de 1835 a 1840.

À noite, novamente juntos, não se davam a descanso justo e merecido, mas improdutivo. O problema da instrução às crianças e aos jovens tornara-se para Prof. Rivail, como o fora para seu mestre Pestalozzi, sempre digno da maior atenção. Por isso, até mesmo as horas da noite ele as dividia para diferentes misteres relacionados com aquele problema, recebendo em todos a cooperação talentosa e espontânea de sua esposa.

Além de escrever novas obras de ensino, que, aliás, tiveram grande aceitação, o Prof. Rivail realizava traduções de obras clássicas, preparava para os cursos de Lévi-Alvarès, frequentados por toda a juventude parisiense do bairro de São Germano, e se dedicava ainda, em dias certos da semana, juntamente com sua esposa, a professorar as matérias estatuídas para os já referidos cursos gratuitos.

“Aquele que encontrar uma mulher boa, encontrará o bem e achará gozo no Senhor” – disse Salomão. Amélie Boudet era dessas mulheres boas, nobres e puras, e que, despojadas das vaidades mundanas, descobrem no matrimônio missões nobilitantes a serem desempenhadas.

Nos cursos públicos de Matemáticas e Astronomia que o Prof. Rivail bissemanalmente lecionou, de 1843 a 1848, e aos quais assistiram não só alunos, que também professores, no “Liceu Polimático” que fundou e dirigiu até 1850, não faltou em tempo algum o auxílio eficiente e constante de sua dedicada consorte.

Todas essas realizações e outras mais, a bem do povo, se originaram das palestras costumeiras entre os dois cônjuges, mas, como salientou a Condessa de Ségur, deve-se principalmente à mulher, as inspirações que os homens concretizam.

No que toca à Madame Rivail, acreditamos que em muitas ocasiões, além de conselheira, foi ela a inspiradora de vários projetos que o marido pôs em execução. Aliás, é o que nos confirma o Sr. P. J. Leymarie (que com ambos privara) ao declarar que Kardec tinha em grande consideração as opiniões de sua esposa.

Graças principalmente às obras pedagógicas do professor Rivail, adotadas pela própria Universidade de França, e que tiveram sucessivas edições, ele e senhora alcançaram uma posição financeira satisfatória.

O nome Denizard Rivail tornou-se conhecido nos meios cultos e além do mais, bastante respeitado. Estava aberto para ele o caminho da riqueza e da glória, no terreno da Pedagogia. Sobrar-lhe-ia, agora, mais tempo para dedicar-se à esposa, que na sua humildade e elevação de espírito jamais reclamara coisa alguma.

A ambos, porém, estava reservada uma missão, grandiosa pela sua importância universal, mas plena de exaustivos trabalhos e dolorosos espinhos.

O primeiro toque de chamada verificou-se em 1854, quando o Prof. Rivail foi atraído para os curiosos fenômenos das “mesas girantes”, então em voga no Mundo todo.

Outros convites do Além se seguiram, e vemos, em meados de 1855, na casa da Família Baudin, o Prof. Rivail iniciar os seus primeiros estudos sérios sobre os citados fenômenos, entrevendo, ali, a chave do problema que durante milênios viveu na obscuridade.

Acompanhando o esposo nessas investigações, era de se ver a alegria emotiva com que ela tomava conhecimento dos fatos que descerravam para a Humanidade novos horizontes de felicidade. Após observações e experiências inúmeras, o professor Rivail pôs mãos à maravilhosa obra da Codificação, e é ainda de sua cara consorte, então com 60 anos, que ele recebe todo o apoio moral nesse cometimento. Tornou-se ela verdadeira secretária do esposo, secundando-o nos novos e bem mais árduos trabalhos que agora lhe tomavam todo o tempo, estimulando-o, incentivando-o no cumprimento de sua missão.

Sem dúvida, os espíritas, muito devemos a Amélie Boudet e estamos de acordo com o que acertadamente escreveu Samuel Smiles: os supremos atos da mulher geralmente permanecem ignorados, não saem à luz da admiração do mundo, porque são feitos na vida privada, longe dos olhos do público, pelo único amor do bem.

O nome de Madame Rivail enfileira-se assim, com muita justiça, entre os de inúmeras mulheres que a História registrou como dedicadas e fiéis colaboradoras dos seus esposos, sem as quais talvez eles não levassem a termo as suas missões. Tais foram, por exemplo, as valorosas esposas de Lavoisier, de Buckland, de Flaxman, de Huber, de Sir William Hamilton, de Stuart Mill, de Faraday, de Tom Hood, de Sir Napier, de Pestalozzi, de Lutero, e de tantos outros homens de gênio. A todas essas Grandes Mulheres, além daquelas muito esquecidas pela História, a Humanidade é devedora eterna!

Lançado O Livro dos Espíritos, da lavra de Allan Kardec, pseudônimo que tomou o Prof. Rivail, este, meses depois, a 1.º de Janeiro de 1858, com o apoio tão somente de sua esposa, deu a lume o primeiro número da “Revue Spirite”, periódico que alcançou mais de um século de existência grandemente benéfica ao Espiritismo.

Havia cerca de seis meses que na residência do casal Rivail, então situada à Rua dos Mártires n.º 8, se efetuavam sessões bastante concorridas, exigindo da parte de Madame Rivail uma série de cuidados e atenções, que por vezes a deixavam extenuada. O local chegou a se tornar apertado para o elevado número de pessoas que ali compareciam, de sorte que em Abril de 1858 Allan Kardec fundava, fora do seu lar, a “Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas”.

Mais uma obra de grave responsabilidade! Tomar tais iniciativas naquela recuada época, em que o despotismo clerical ainda constituía uma força, não era tarefa para muitos. Havia necessidade de larga dose de devotamento, firmeza de vistas e verdadeiro espírito de sacrifício.

Ao casal Rivail é que coube, apesar de todos os escolhos e perigos que se lhe deparariam em a nova estrada, empreender, com a assistência e proteção do Alto, a maior revolução de ideias de que se teve notícia nos meados do século XIX.

Allan Kardec foi alvo do ódio, da injúria, da calúnia, da inveja, do ciúme e do despeito de inimigos gratuitos, que a todo custo queriam conservar a luz sob o alqueire. Intrigas, traições, insultos, ingratidões, tudo de mal cercou o ilustre reformador, mas em todos os momentos de provas e dificuldades sempre encontrou, no terno afeto de sua nobre esposa, amparo e consolação, confirmando-se essas palavras de Simalen: “A mulher é a estrela de bonança nos temporais da vida.”

Com vasta correspondência epistolar, proveniente da França e de vários outros países, não fosse a ajuda de sua esposa nesse setor, sem dúvida não sobraria tempo para Allan Kardec se dedicar ao preparo dos livros da Codificação e de sua revista.

Uma série de viagens (em 1860, 1861, 1862, 1864, etc.) realizou Kardec, percorrendo mais de vinte cidades francesas, além de várias outras da Suíça e da Bélgica, em todas semeando as ideias espíritas. Sua veneranda consorte, sempre que suas forças lhe permitiam, acompanhou-o em muitas dessas viagens, cujas despesas, cumpre informar, corriam por conta do próprio casal. Parafraseando o escritor Carlyle, poder-se-ia dizer que Madame Allan Kardec, pelo espaço de quase quarenta anos, foi a companheira amante e fiel do seu marido, e com seus atos e suas palavras sempre o ajudou em tudo quanto ele empreendeu de digno e de bom.

Aos 31 de Março de 1869, com 65 anos de idade, desencarnava, subitamente, Allan Kardec, quando ultimava os preparativos para a mudança de residência. Foi uma perda irreparável para o mundo espiritista, lançando em consternação a todos quantos o amaram.

Madame Allan Kardec, que partilhara com admirável resignação as desilusões e os infortúnios do esposo, agora, com os cabelos nevados pelos seus 74 anos de existência e a alma sublimada pelos ensinos dos Espíritos do Senhor, suportaria qualquer realidade mais dura. Ante a partida do querido companheiro para a Espiritualidade, portou-se como verdadeira espírita, cheia de fé e estoicismo, conquanto, como é natural, abalada no profundo do ser.

No cemitério de Montmartre, onde, com simplicidade, aos 2 de Abril se realizou o sepultamento dos despojos do mestre, comparecia uma multidão de mais de mil pessoas. Discursaram diversos oradores, discípulos dedicados de Kardec, e por último o Sr. E. Muller, que logo no princípio do seu elogio fúnebre ao querido extinto assim se expressou: “Falo em nome de sua viúva, da qual lhe foi companheira fiel e ditosa durante trinta e sete anos de felicidade sem nuvens nem desgostos, daquela que lhe compartiu as crenças e os trabalhos, as vicissitudes e as alegrias, e que se orgulhava da pureza dos costumes, da honestidade absoluta e do desinteresse sublime do esposo; hoje, sozinha, é ela quem nos dá a todos o exemplo de coragem, de tolerância, do perdão das injúrias e do dever escrupulosamente cumprido.”

Madame Allan Kardec recebeu da França e do estrangeiro, numerosas e efusivas manifestações de simpatia e encorajamento, o que lhe trouxe novas forças para o prosseguimento da obra do seu amado esposo.

Desejando os espiritistas franceses perpetuar num monumento o seu testemunho de profundo reconhecimento à memória do inesquecível mestre, consultaram nesse sentido a viúva, que, sensibilizada com aqueles desejos humanos mas sinceros, anuiu, encarregando desde logo uma comissão para tomar as necessárias providências. Obedecendo a um desenho do Sr. Sebille, foi então levantado no cemitério do Père-Lachaise um dólmen, constituído de três pedras de granito puro, em posição vertical, sobre as quais se colocou uma quarta pedra, tabular, ligeiramente inclinada, e pesando seis toneladas. No interior deste dólmen, sobre uma coluna também de pedra, fixou-se um busto, em bronze, de Kardec. Esta nova morada dos despojos mortais do Codificador foi inaugurada em 31 de Março de 1870, e nessa ocasião o Sr. Levent, vice-presidente da “Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas”, discursou, a pedido de Madame Allan Kardec, em nome dela e dos amigos.

Cerca de dois meses após o decesso do excelso missionário de Lyon, sua esposa, no desejo louvável de contribuir para a realização dos planos futuros que ele tivera em mente, e de cujas obras, revista e Livraria passou a ser a única proprietária legal, houve por bem, no interesse da Doutrina, conceder todos os anos certa verba para uma “Caixa Geral do Espiritismo”, cujos fundos seriam aplicados na aquisição de propriedades, a fim de que pudessem ser remediadas quaisquer eventualidades futuras.

Outras sábias decisões foram por ela tomadas no sentido de salvaguardar a propaganda do Espiritismo, sendo, por isso, bastante apreciado pelos espíritas de todo o Mundo o seu nobre desinteresse e devotamento.

Apesar de sua avançada idade, Madame Allan Kardec demonstrava um espírito de trabalho fora do comum, fazendo questão de tudo gerir pessoalmente, cuidando de assuntos diversos, que demandariam várias cabeças. Além de comparecer à reuniões, para as quais era convidada, todos os anos presidia à belíssima sessão em que se comemorava o Dia dos Mortos, e na qual, após vários oradores mostrarem o que em verdade significa a morte à luz do Espiritismo, expressivas comunicações de Espíritos Superiores eram recebidas por diversos médiuns.

Se Madame Allan Kardec – conforme se lê em Revue Spirite de 1869 – se entregasse ao seu interesse pessoal, deixando que as coisas andassem por si mesmas e sem preocupação de sua parte, ela facilmente poderia assegurar tranquilidade e repouso à sua velhice. Mas, colocando-se num ponto de vista superior, e guiada, além disso, pela certeza de que Allan Kardec com ela contava para prosseguir, no rumo já traçado, a obra moralizadora que lhe foi objeto de toda a solicitude durante os últimos anos de vida, Madame Allan Kardec não hesitou um só instante. Profundamente convencida da verdade dos ensinos espíritas, ela buscou garantir a vitalidade do Espiritismo no futuro, e, conforme ela mesma o disse, melhor não saberia aplicar o tempo que ainda lhe restava na Terra, antes de reunir-se ao esposo.

Esforçando-se por concretizar os planos expostos por Allan Kardec em “Revue Spirite” de 1868, ela conseguiu, depois de cuidadosos estudos feitos conjuntamente com alguns dos velhos discípulos de Kardec, fundar a “Sociedade Anônima do Espiritismo”. Destinada à vulgarização do Espiritismo por todos os meios permitidos pelas leis, a referida sociedade tinha, contudo, como fito principal, a continuação da “Revue Spirite”, a publicação das obras de Kardec e bem assim de todos os livros que tratassem do Espiritismo.

Graças, pois, à visão, ao empenho, ao devotamento sem limites de Madame Allan Kardec, o Espiritismo cresceu a passos de gigante, não só na França, que também no Mundo todo.

Estafantes eram os afazeres dessa admirável mulher, cuja idade já lhe exigia repouso físico e sossego de espírito. Bem cedo, entretanto, os Céus a socorreram. O Sr. P. G. Leymarie, um dos mais fervorosos discípulos de Kardec desde 1858, médium, homem honesto e trabalhador incansável, assumiu em 1871 a gerência da Revue Spirite e da Livraria, e logo depois, com a renúncia dos companheiros de administração da sociedade anônima, sozinho tomou sob os ombros os pesados encargos da direção. Daí por diante, foi ele o braço direito de Madame Allan Kardec, sempre acatando com respeito as instruções emanadas da venerável anciã, permitindo que ela terminasse seus dias em paz e confiante no progresso contínuo do Espiritismo.

Parecendo muito comercial, aos olhos de alguns espíritas puritanos, o título dado à Sociedade, Madame Allan Kardec, que também nunca simpatizara com esse título, mas que o aceitara por causa de certas conveniências, resolveu, na assembleia geral de 18 de Outubro de 1873, dar-lhe novo nome: “Sociedade para a Continuação das Obras Espíritas de Allan Kardec”, satisfazendo com isso a gregos e troianos.

Muito ainda fez essa extraordinária mulher a prol do Espiritismo e de todos quantos lhe pediam um conselho ou uma palavra de consolo, até que em 21 de Janeiro de 1883, às 5 horas da madrugada, docemente, com rara lucidez de espírito, com aquele mesmo gracioso e meigo sorriso que sempre lhe brincava nos lábios, desatou-se dos últimos laços que a prendiam à matéria. A querida velhinha tinha então 87 anos, e nessa idade, contam os que a conheceram, ainda lia sem precisar de óculos e escrevia ao mesmo tempo corretamente e com letra firme.

Aplicando-lhe as expressões de célebre escritor, pode-se dizer, sem nenhum excesso, que “sua existência inteira foi um poema cheio de coragem, perseverança, caridade e sabedoria”.

Compreensível, pois, era a consternação que atingiu a família espírita em todos os quadrantes do globo. De acordo com os seus próprios desejos, o enterro de Madame Allan Kardec foi simples e espiriticamente realizado, saindo o féretro de sua residência, na Avenida e Vila Ségur n. 39, para o Père-Lachaise, a 12 quilômetros de distância. Grande multidão, composta de pessoas humildes e de destaque, compareceu em 23 de Janeiro às exéquias junto ao dólmen de Kardec, onde os despojos da velhinha foram inumados e onde todos os anos, até à sua desencarnação, ela compareceu às solenidades de 31 de março. Na coluna que suporta o busto do Codificador foram depois gravados, à esquerda, esses dizeres em letras maiúsculas: AMÈLIE GABRIELLE BOUDET – VEUVE ALLAN KARDEC – 21 NOVEMBRE 1795 – 21 JANVIER 1883.

No ato do sepultamento falaram os Srs. P.G. Leymarie, em nome de todos os espíritas e da “Sociedade para a Continuação das Obras Espíritas de Allan Kardec”, Charles Fauvety, ilustre escritor e presidente da “Sociedade Científica de Estudos Psicológicos”, e bem assim representantes de outras Instituições e amigos, como Gabriel Delanne, Cot, Carrier, J. Camille Chaigneau, poeta e escritor, Lecoq, Georges Cochet, Louis Vignon, que dedicou delicados versos à querida extinta, o Dr. Josset e a distinta escritora, a Sra. Sofia Rosen-Dufaure, todos fazendo sobressair os reais méritos daquela digna sucessora de Kardec.

Por fim, com uma prece feita pelo Sr. Warroquier, os presentes se dispersaram em silêncio. A nota mais tocante daquelas homenagens póstumas foi dada pelo Sr. Lecoq. Leu ele, para alegria de todos, bela comunicação mediúnica de Antonio de Pádua, recebida em 22 de Janeiro, na qual esse iluminado Espírito descrevia a brilhante recepção com que elevados Amigos do Espaço, juntamente com Allan Kardec, acolheram aquele ser bem aventurado.

No improviso do Sr. P.G. Leymarie, este relembrou, em traços rápidos, algo da vida operosa da veneranda extinta, da sua nobreza d’alma, afirmando, entre outras coisas, que a publicação tanto de O Livro dos Espíritos, quanto da Revue Spirite, se deveu em grande parte à firmeza de ânimo, à insistência, à perseverança de Madame Allan Kardec.

Não deixando herdeiros diretos, pois que não teve filhos, por testamento fez ela sua legatária universal a “Sociedade para Continuação das Obras Espíritas de Allan Kardec”. Embora uma parenta sua, já bem idosa, e os filhos desta intentassem anular essas disposições testamentárias, alegando que ela não estava em perfeito juízo, nada, entretanto, conseguiram, pois as provas em contrário foram esmagadoras.

Em 26 de Janeiro de 1883, o conceituado médium parisiense Sr. E. Cordurié recebia espontaneamente uma mensagem assinada pelo Espírito de Madame Allan Kardec, logo seguida de outra, da autoria de seu esposo. Singelas na forma, belas nos conceitos, tinham ainda um sopro de imortalidade e comprovavam que a vida continua…

Fonte: Site www.espiritismogi.com.br

AMÁLIA DOMINGO SOLER – BIOGRAFIA

Amália Domingo Soler

Amália Domingo Soler nasceu na cidade de Sevilha, na região da Andaluzia, Espanha. Sua cidade natal, cujo símbolo é a “Torre da Giralda”, antigo minarete mouro transformado em campanário (com um ornamento em seu topo que gira com o vento: La Giralda), tem brilhante participação na história da Espanha e do Ocidente.

Durante a idade média foi uma das principais cidades de Al-Andaluz e um dos focos mais brilhantes da civilização árabe medieval, a fama de seu rei poeta Almotamid permanece como testemunho de uma época de esplendor. Após a reconquista, foi importante centro de transmissão da cultura muçulmana para seus novos senhores cristãos. O Alcazar de Sevilha e a própria Giralda são testemunhos vivos desta mescla que marca até nossos dias o povo da Andaluzia.

Durante os séculos em que o sol não se punha no vasto império espanhol – que cobria as Américas e se estendia pelo Pacífico – a cidade, onde Amália nasceu, era o principal porto de acesso aos territórios de além-mar. Riquezas de todos os cantos fluíam por seus armazéns e dali seguiam para financiar as incontáveis guerras que travaram seus reis. Foi justamente após o desmoronar desse império, ferido mortalmente pelas guerras napoleônicas e pela perda da maioria de suas colônias americanas, que nasceu Amália, em 10 de dezembro de 1835.

Estava no trono da Espanha uma criança, a rainha Isabel II (proclamada em 24 de outubro de 1833), com sua mãe – Maria Cristina – como regente. Este reinado tornou-se um período extremamente conturbado, marcado por ministérios de curta duração, crises religiosas (supressão da Companhia de Jesus e extinção de diversos conventos), epidemias e uma guerra civil – as guerras Carlistas (Don Carlos, cunhado de Maria Cristina não reconheceu Isabel II como rainha, contando com o apoio de parte do clero, grandes proprietários e parte do exército) – cujas sequelas ainda se fariam sentir no século seguinte.

Consequência direta de tantas dificuldades foi a penúria econômica que caracterizou a vida de grande parcela da população. Devido a miséria e a anarquia, essa também foi a época dos “bandoleros andaluzes” (aprox. 1817 a 1850), grupos de bandidos, que a partir da Serra Morena aterrorizavam os campos andaluzes.

Alguns destes bandidos se transformaram em figuras do folclore e foram imortalizados em canções populares.

É neste cenário conturbado que se passa a infância de Amália Domingo Soler. Infância que não pode ser considerada feliz. Já antes de nascer, tem sua primeira grande perda, pois seu pai parte em uma longa viagem e nunca mais retorna. Aos oito dias de idade fica cega, sendo curada aos três meses por um farmacêutico.

Problemas com a vista a seguiriam por toda a vida, sempre a ameaçando com a cegueira. 

Os anos seguintes de sua vida passam em relativa segurança, amparada pela mãe, com quem tinha grande afinidade: “Em meus olhos, que ficaram muito imperfeitos, não sei o que via, mas o certo é que se consagrou em absoluto a mim e não teve outro afã senão o de tornar-me feliz, zelando para não se descuidar, nem de leve com minha educação; basta dizer que quando completei dois anos começou ela a tarefa penosa de ensinar-me a ler, obtendo como prêmio de seu afã que aos cinco anos eu lesse corretamente, fazendo-me ler em voz alta duas horas por dia. Nossos espíritos se uniram de um modo tão admirável que só no olhar adivinhávamos os nossos pensamentos”. Amália Domingo Soler, Minha Vida.

Amália escreveu suas primeiras poesias aos dez anos de idade e aos 18 publicou seus primeiros versos. Uma de suas poesias, recorda os melhores dias de sua juventude, de seus passeios com a mãe e os amigos nos jardins do Alcazar de Sevilha:

A una Rosa
Flor de hermosura ideal,
Bella y delicada rosa,
Yo te contemplé orgullosa
En un jardín oriental.
Hubo un ser que compreendió
Que admiraba tu hermosura;
Temerário te arrancó:
En mi mano te dejó,
Y le miré con ternura.
Otra vez nos encontramos
Y en memoria de la rosa
Cariño eterno juramos;
De amistad pura y preciosa
Un santo lazo formamos.
Hoy tus hojas sin color
Las contemplo y bendigo;
Pues me dieron un amigo
Que es una ignorada flor.

Amália Domingo Soler
Memorias de una Mujer

Esta poesia, escrita em sua juventude, foi-lhe relembrada, muitos anos depois, pelo espírito do amigo citado.

Amália não chegou a casar-se e aos vinte cinco anos, com o falecimento de sua mãe, começou a fase mais difícil de sua existência. Os recursos que sua mãe dispunha, praticamente se esgotaram no tratamento de sua saúde e as relações com seus familiares – parentes do pai – não eram das melhores.

Assim, além da solidão, começaram para Amália dias de grande penúria. As soluções propostas por seus familiares lhe foram impossíveis de aceitar: entrada no convento ou casamento arranjado com um senhor de muito mais idade, em boa situação financeira.

Assim ela se dirigiu a Madrid, capital do país, na esperança de encontrar melhores condições de sobrevivência, com suas poesias e com um trabalho modesto. Suas dificuldades foram imensas, até fome passou e teve de recorrer a instituições de caridade, pois raríssimas as possibilidades de trabalho honrado para uma moça pobre e desamparada. Nesse período, no desespero da fome e da solidão, pensa até em matar-se.

Em uma noite de grande amargura, em que tinha perdido até mesmo a noção de Deus e debatia-se na dúvida do destino de sua mãe, esta lhe aparece e causa-lhe viva impressão. Impressionada pela visão de sua mãe, recorda-se da religião e busca reconforto nas igrejas.

É, porém, junto a uma igreja luterana que encontra o apoio que procura. A palavra de seus pastores e a convicção de seus fiéis lhe trazem de novo a fé e o consolo da confiança em Jesus.

O esforço de escrever versos, dos pequenos trabalhos de costura, unidos a difícil condição em que vivia, lhe pioraram significativamente a vista e somente graças ao tratamento feito por um médico homeopata, salvou-se da cegueira.

Foi também este médico que lhe fala pela primeira vez de uns “loucos”, adeptos de uma novidade chamada Espiritismo, e lhe empresta um exemplar do jornal espírita “El Critério”. O curioso é que o médico era materialista e lhe fala do Espiritismo para consolá-la de suas aflições. É lendo um artigo deste jornal – reproduzido nas suas memórias – que ela se convence da verdade do Espiritismo e busca maiores informações. Estuda o que lhe chega as mãos sobre o Espiritismo e para poder ter acesso as revistas espíritas, começa a escrever artigos para elas.

O primeiro de seus trabalhos espíritas é uma poesia para o jornal “El Critério”, que embora não tenha sido publicada, lhe valeu uma carta do editor – Visconde de Torres Solanot – com um livro espírita de sua autoria (Preliminares del Espiritismo).

É no periódico espírita “La Revelación”, da cidade de Alicante, que pela primeira vez sai publicado um texto de Amália Domingo Soler, uma poesia. Seu primeiro artigo doutrinário, “La Fe Espiritista” sai pelo “El Critério”, em seu número 9, de 1872.

Seus artigos chamaram a atenção e aos poucos se integra ao movimento espírita espanhol, participando de reuniões.

Foi em 31 de março de 1875 – aniversário da desencarnação de Allan Kardec – que no salão da Sociedad Espiritista Española, diante dos membros desta sociedade, Amália lê sua poesia “A la Memoria de Allan Kardec” e – como registra em suas memórias – passa a fazer parte das fileiras dos propagandistas da Doutrina Espírita.

Grande escritora, com textos que falam tanto ao coração como à razão, e de espírito tão extraordinário como seu talento com as letras, conquistou totalmente as simpatias dos espíritas espanhóis.

Fernandes Colavida a presenteia com a coleção das obras de Allan Kardec.

Os espíritas de Alicante a convidam a ficar junto a eles, sob sua proteção, dedicando-se exclusivamente à divulgação da Doutrina. Junto aos espíritas de Murcia permanece 4 meses recuperando-se de uma enfermidade.

Amália, firmemente acreditando que seria errado viver do Espiritismo, continua a trabalhar de dia e escrever de noite. Permanece em Madrid até que se muda para Barcelona, em 10 de agosto de 1876, convidada pelo grupo espírita “Circulo La Buena Nueva” e com a esperança de encontrar melhores condições de trabalho na capital Catalã, já então cidade empreendedora e de grande atividade econômica.

Três meses após chegar a Barcelona, novamente os problemas de visão voltaram a atormentar Amália e quase cega encontrou amparo na família de Luís Lach, presidente do Circulo. Deram-lhe abrigo e condições de dedicar-se integralmente ao Espiritismo. Nas reuniões do Circulo, Amália veio a conhecer Miguel Vives, médium extraordinário, através do qual recebeu mensagens de sua mãe.

Também entre os espíritas barcelonenses conheceu o médium sonâmbulo Eudaldo, que se tornou seu colaborador e através do qual recebeu grande número de mensagens, inclusive as que foram reunidas no livro “Memórias del Padre German”.

O Padre Germano, guia espiritual de Amalia, se apresentou pela primeira vez em 9 de maio de 1879 e a publicação de suas memórias foi feita em partes a partir de 29 de abril de 1880. 

Além de publicar artigos em periódicos espíritas, Amália também refutou ataques ao Espiritismo em jornais como a “Gaceta de Cataluña”, ficando célebre sua polêmica com o orador católico Vicente de Manterola.

Em 1878, Vicente iniciou uma série de conferências combatendo o Espiritismo, as quais Amalia assistia e respondia em artigos na “Gaceta de Cataluña”. O mesmo orador chegou a publicar, em 1879, um livro intitulado “El Satanismo, o sea la Catédra de Satanás, combatida desde la Cátedra del Espíritu Santo – Refutación de los errores de la Escuela Espiritista”. Este foi refutado em uma série de 46 artigos de Amalia, reunidos posteriormente no livro “El Espiritismo refutando los errores del Catolicismo”.

Em 22 de maio de 1879 sai o primeiro número do periódico “La Luz del Por venir”, dirigido por Amália Domingo Soler. O periódico surgiu devido a insistência de Luís Lach e do editor Juan Torrents que convenceram-na a aceitar a tarefa de criar um periódico direcionado à “mulher espiritista”.

No primeiro número saiu o artigo “La idea de Dios” que foi denunciado às autoridades e provocou a suspensão do periódico por 42 semanas (voltou a ser publicado antes devido a um decreto do rei Alfonso XII). Durante a suspensão do periódico, foi publicado um substituto “El Eco de la Verdad”, que chegou a ser denunciado por outro artigo (“Los Obreros” de Cândida Sanz) e absolvido.

Importante notar que estas denúncias – embora uma reação de setores religiosos que se sentiam ameaçados pelo Espiritismo – não são tão difíceis de se compreender, se considerarmos o clima geral da época de Alfonso XII. Este rei subiu ao trono com 17 anos em 29 de dezembro de 1874, em meio a uma crise política que levou a abdicação de sua mãe, a rainha Isabel II. A Espanha vivia um clima de extremismos, com o governo tendo que defender-se tanto contra os “Carlistas”, que retomam a guerra civil, quanto contra os republicanos que querem o fim da monarquia.

Reformas liberais necessárias a modernização do país, misturavam-se com manifestos militares, crises políticas e novas guerras na África. O Catolicismo é a religião oficial do estado e procura reagir com todas as suas forças às mudanças liberalizantes que podem comprometer-lhe essa posição.

O periódico “La Luz del Porvenir” foi publicado até 1899 e muitos dos artigos de Amália Domingos Soler publicados durante este período – incluindo “La Idea de Dios” – foram, a partir de 1972, reunidos por Salvador Sanchís Serra nos livros “La Luz del Porvenir” e “La Luz del Camino”, distribuídos gratuitamente por ele e pelo grupo espírita “La Luz del Camino” de Orihuela, Alicante.

As memórias de Amalia Domingo Soler foram escritas em 1891, sob orientação do Padre Germano. Até aquela data ela tinha escrito 1286 artigos, que foram publicados em periódicos na Espanha e no exterior: “El Critério” e “El Espiritismo”, de Madri; “La Gaceta de Cataluña”, “La Luz del Porvenir” e a “Revista de Estudos Psicológicos” de Barcelona;” La Revelación”, de Alicante; “El Espiritismo”, de Sevilha; “La Ilustración Espirita”, do México;” La Ley del Amor”, de Mérida de Yucatán; “La Revista Espiritista”, de Montevidéu; “La Constancia”, de Buenos Aires; os” Annali dello Spiritismo” na Itália;” El Buen Sentido”, de Lérida e outros dos quais não há mais registro.

Em 29 de abril de 1909, de Barcelona, Amália retornou ao plano espiritual, o que não significa que se afastou de seu labor em prol do Espiritismo.

Em 10 de julho de 1912, por intermédio da médium Maria – que colaborou com ela em vida, substituindo Eudaldo – completou suas memórias e, recentemente, nas viagens do médium Divaldo Pereira Franco à Espanha, tem transmitido mensagens de orientação e encorajamento aos espíritas espanhóis.

O Espiritismo na Espanha continuaria a progredir até as vésperas da Guerra Civil de 1936-1939, quando o conflito latente desde a regência de Maria Cristina entre uma Espanha que queria ser moderna e uma que sonhava com o passado, transformou-se em uma sangrenta guerra civil.

As proporções do conflito, se hoje não causam espanto, é porque foram eclipsadas pela II Guerra Mundial, imediatamente posterior. Ao final desta guerra civil, a Espanha mergulhou nos 40 anos da ditadura do General Franco, que tudo fez para abafar qualquer ideia que não se enquadrasse na visão de mundo de seu regime.

O Espiritismo, perseguido e jogado na clandestinidade, porém voltou a surgir imediatamente ao fim do regime franquista, em uma Espanha nova, liderada por políticos mais maduros e por um rei esclarecido e humano, Juan Carlos I.

O balanço da obra de Amália Domingo Soler é difícil de se fazer, pois os seus frutos ainda continuam surgindo. O movimento espírita espanhol do final do século XIX, obra de Amália e de outros grandes pioneiros, como Fernandes Colavida e Miguel Vives y Vives, abrigou o primeiro congresso espírita internacional em 1888, influenciou os movimentos nascentes nos vários países de língua espanhola da América Latina e – como precedente histórico – é a base para o atual renascimento do espiritismo espanhol.

Seus artigos são hoje, como foram ontem, exposições claras e diretas do Espiritismo. Fieis interpretes da Doutrina Espírita codificada por Allan Kardec. Lidos e veiculados pelos meios de comunicação modernos, entre eles a Internet.
——————————————————————————–
Bibliografia
A Serviço do Espiritismo (Divaldo Pereira Franco na Europa), Nilson de Souza
Pereira e Divaldo Pereira Franco, editora Leal, Bahia, Brasil;

Historia de España, Jose Terrero, Editorial Ramón Sopena, Barcelona, España;

Historia de Sevilha, José Maria de Mena, Plaza & Janes Editores, Barcelona,
España;

La Luz del Camino, Amália Domingo Soler, Editora Espírita Allan Kardec, Málaga;

La Luz del Porvenir, Amália Domingo Soler, Editora Espírita Allan Kardec, Málaga;

Memórias de una Mujer, Amália Domingo Soler, Editora Amelia Boudet, Barcelona, Espanha;

Memórias del Padre Germán, Amalia Domingo Soler, Editora Amelia Boudet, Barcelona, Espanha;

Minha Vida, Amalia Domingo Soler (trad. das Memórias por Isolina Bresolin Vianna e Wallace Leal V. Rodrigues), Casa Editora O Clarim, Matão, Brasil;

Fonte: Site www.espiritismogi.com.br

ALI HALFELD – BIOGRAFIA












Ali Halfeld

Ali Halfeld nasceu em 18 de março de 1900, em Água Limpa (hoje Coronel Pacheco), Município de Juiz de Fora, Minas Gerais, onde iniciou o Curso Primário com o Prof. Paulo Estelita.

Em 1907 mudou-se para a cidade de Juiz de Fora, em companhia de seus pais, senhor Pedro Halfeld e D. Hortênsia de Pinho Halfeld, ali terminando o referido curso.

No ano de 1910 sua família o levou para Caxambu, mas, dentro de poucos meses, regressou ele para Juiz de Fora, a fim de continuar os estudos, passando, então, a residir com seu padrinho, o Sr. Cláudio Fernandes. Seu Curso Ginasial foi feito até 1915 no antigo Ginásio Santa Cruz, dos saudosos professores os irmãos Alípio e Oscar Peres.

Em 1916, sendo de família de poucos recursos, não pôde continuar seus estudos. Fez, então, um curso rápido de Comércio e Datilografia, a fim de poder trabalhar, e logo após se empregou como auxiliar de escritório em uma oficina mecânica, do Sr. Francisco Kascher.

No ano de 1918 mudou de emprego, indo trabalhar na Drogaria Americana, que, na ocasião, pertencia ao Sr. Bruno Barbosa, aí permanecendo até Julho de 1921.

Em 1º de Agosto do mesmo ano associou-se com o farmacêutico Francisco Queiroz Caputo, na Farmácia S. Sebastião, localizada à Avenida dos Andradas, esquina com Barão de Cataguases, organizando a firma Caputo & Halfeld, hoje Drogafar S.A. firma na qual permaneceu até a sua desencarnação.

Em 18 de Setembro de 1924 casou-se com D. Carmem Baccara, e do matrimônio nasceram cinco filhos: Kleber, Maurício, Alvair, Ruth e Iclea. Sua esposa foi sempre uma pessoa dedicada, companheira de seus momentos difíceis. Sempre esteve a seu lado, conformando-o e estimulando-o a continuar a luta em todos os seus setores.

Ainda no campo profissional foi, durante muitos anos, Diretor do laboratório Melpoejo Ltda., juntamente ao lado de Francisco Queiroz Caputo e Maria Silveira Alvim.

Tendo abraçado o Espiritismo em decorrência de artigos espíritas que eram escritos no Correio da Manhã por estudiosos da Doutrina, Ali Halfeld foi logo despertado pelo desejo de trabalhar em benefício dos semelhantes.

Auxiliou com entusiasmo e equilíbrio todas as entidades de assistência social que lhe solicitavam ajuda. No setor espírita, devemos mencionar a Fundação João de Freitas, obra de amparo à velhice e à viuvez, que construiu, e para a qual foi eleito presidente em 2 de Fevereiro de 1934, e o Instituto Jesus, destinado ao menor abandonado, que, fundado em 19 de Março de 1944, foi inaugurado em 18 de Setembro de 1955.

Eleito presidente na própria assembleia que fundara o Instituto Jesus, Ali Halfeld permaneceu em sua direção até 26 de Março de 1960, quando, por motivo de doença, teve que afastar-se da direção da Entidade.

Grande entusiasta da imprensa espírita, Ali Halfeld colaborou com muito amor junto à Associação de Publicidade Espírita, mantenedora, durante muitos anos, da revista O Médium. Eleito vice-presidente, em 9 de Agosto de 1937, deu à mesma todo o seu esforço.

Ainda no setor do Espiritismo, entre outras atividades devemos mencionar o estudo que, durante anos a fio, fez da obra O Livro dos Espíritos, na tribuna da Casa Espírita, assim como o trabalho que escreveu: “O Problema do Menor”, cuja publicação foi feita pelo Jornal Diário Mercantil, em apresentações semanais.

Poucas vezes, é certo, teve ele contato direto com a Federação Espírita Brasileira, mas foi o bastante para se aquilatar a grandeza espiritual que ressumbrava de suas palavras serenas e humildes.

O presidente da FEB, Sr. Wantuil de Freitas, teve a feliz oportunidade de conhecê-lo pessoalmente e até mesmo de visitar em Juiz de Fora, a elogiável obra que é a Fundação João de Freitas.

Embora sempre se ocultando no silêncio e na humildade, não pôde evitar, entretanto, que seu nome, aureolado do respeito, da admiração e da gratidão de toda uma coletividade, transpusesse as fronteiras de Minas Gerais.

Espírito modesto, Ali Halfeld sempre declinou das homenagens que “Manchester mineira” lhe quis tributar. Dizia que a humildade era, a seu ver, uma das virtudes mais difíceis de ser cultivada. No entanto, quem com ele conviveu terá observado que aquela virtude, entre outras, ele a soube muito bem exemplificar.

Ali Halfeld foi também um amigo do setor artístico, tendo ocupado a presidência da Orquestra Filarmônica de Juiz de Fora.

Desencarnou em 13 de Setembro de 1967, após ter “combatido o bom combate”.

WANTUIL, Zeus. Grandes Espíritas do Brasil. FEB, 1ª edição. RJ

ALEXANDRE AKSAKOF – BIOGRAFIA














Alexandre Aksakof

Alexandre Aksakof nasceu na Rússia, no seio de nobre família, cujos membros ocuparam sempre lugar de destaque na literatura e nas ciências.

Começou seus estudos no Liceu Imperial de São Petersburgo – instituição da antiga nobreza da Rússia – e uma vez concluídos dedicou-se ao estudo da Filosofia e da Religião, tendo para isso que aprender o hebraico e o latim, visando um melhor entendimento da obra grandiosa de Swedenborg.

Após estudar com afinco cursos e ramos da Filosofia, escreveu a primeira obra em francês no ano de 1852 sobre Swedenborg: “Uma exposição metódica do sentido espiritual do Apocalipse, segundo o Apocalipse revelado”.

Em 1854, caindo em suas mãos, a obra de Andrew Davis: “Revelações da Natureza Divina”, Aksakof abriu novos horizontes às suas aspirações e tendências intelectuais, reconhecendo um mundo espiritual de cuja realidade não mais duvidava.

Para fazer um completo estudo fisiológico e psicológico do homem, matriculou-se em 1855 como estudante da Faculdade de Medicina de Moscou, onde ampliaria os seus conhecimentos de Física, Química e Matemática, ao mesmo tempo em que acompanhava, passo a passo, o desenvolvimento espírita na Europa e na América.

Para isso ele revolvia livrarias e pedia de qualquer lugar as obras que não se encontravam nas livrarias de sua terra.

A partir de 1855 ele inicia a tradução para o russo de todas as obras de Allan Kardec, Hare, Edmonds, Dale Owem, William Crookes, “Relatório da Sociedade Dialética de Londres”, e a fundação de periódicos como o “Psychische Studien”, de Lípsia, uma das melhores revistas sobre Espiritismo.

A obra de Aksakof não se restringiu apenas a escrita. Criou adeptos entre pessoas de talento reconhecido, muitos deles cientistas, que, através de experiências feitas com médiuns famosos como Dunglas Home, levou a Rússia a formar a primeira comissão de caráter puramente científico para o estudo dos fenômenos espíritas.

Para essa comissão, Aksakof mandou vir da França e da Inglaterra os médiuns que participariam das experiências.

Como resultado, por haver fugido das condições pré-estabelecidas, tal comissão chegou a conclusões errôneas sobre o Espiritismo, saindo como relatório conclusivo o livro “Dados para estabelecer um juízo sobre o Espiritismo”, onde afirmava a falsidade dos fenômenos observados.

Aksakof contestou a comissão com um outro livro intitulado: “Um momento de preocupação científica”.

A seguir, o valente russo voltou às suas baterias verbais contra o célebre “filósofo do inconsciente” Von Hartmann, publicando uma obra volumosa, a mais completa que se conhece sobre o assunto versado “Animismo e Espiritismo”, que mais o fortaleceria como eminente cientista e pesquisador nato.

Homem de brilhante posição social, ele consagrou-se durante 25 anos ao serviço do Estado, alcançando vários títulos, tais como: conselheiro secreto do Czar, conselheiro da corte, conselheiro efetivo do Estado, e outros que não são mais que um prêmio aos bons serviços prestados por ele à sua pátria.

Verdadeiro sábio, raras vezes se acham reunidas tanta inteligência, tanta erudição a um critério imparcial. Jamais se deixou arrastar pelos entusiasmos das suas convicções; nunca perdeu a serenidade em seus juízos, e, no meio da sua fé, tão ardente e sincera, não esqueceu o raciocínio frio que lhe fez compreender quais podem ser as causas dos fenômenos que observava, o que o colocou acima dessa infinidade de fanáticos que não estudando, não experimentando, e aceitam como bom tudo quanto se lhes querem fazer crer.

Polemista temível e escritor delicado, os trabalhos de Aksakof levam a convicção ao espírito, e tal sinceridade se vê em suas obras que, lendo-as, sente-se a necessidade de crer nelas. 

Alie-se a isto um caráter bondoso e uma vontade de ferro, que não se demove frente aos obstáculos, assim como a uma paixão imensa pelo ideal que o leva a percorrer a Europa para fazer experiências, e ter-se-á uma ideia superficial a respeito do investigador incansável, dotado de uma alma varonil e de um talento primoroso.

Nunca permaneceu ocioso; seus artigos abundavam nos periódicos espíritas, e não há pessoa medianamente ilustrada que não conheça alguma das suas célebres experiências com os médiuns Home, Slade, d’Esperance, ou algum de seus estudos acerca de fantasmas e formas materializadas.

Assim foi Aksakof, o maior de todos os soldados da grande Rússia, um soldado que combatia ideias, ideal com ideal, desonra com honra, preconceitos com dignidade.

Fonte: Revista ICESP, ano 4, nº 16, 4.º trimestre/2005 – Dr. Paulo Toledo Machado.

AGOSTINHO, SANTO – BIOGRAFIA










Agostinho, Santo

Agostinho nasceu a 13 de novembro de 354, em Tagaste, pequena cidade da atual Argélia. Na cidade natal transcorreram sua infância e juventude, um ambiente limitado de um povoado perdido entre montanhas.

Talhado para a oratória, ele lê e decora trechos de poetas e prosadores latinos. Aprende elementos de música, física e matemática.

Em Cartago fez seus estudos superiores e ali também entrou em contato com a alegria e esplendor das cerimônias em honras aos deuses protetores do Império.

Embora seja descrito como um jovem ponderado, dedicado aos livros, ele confessa que “amar e ser amado era uma coisa deliciosa”.

Ele passou a viver com uma mulher a quem foi fiel, tendo se tornado pai em 373, com apenas 19 anos. Seu filho, de nome Adeodato, morreria aos 17 anos.

Desejava se destacar na eloquência, confessa, por orgulho. Desejava ser o melhor. Um livro de Cícero o alerta que “a verdadeira felicidade reside na busca da sabedoria.”

Retorna à sua cidade natal e se dedica ao ensino, por treze anos, depois ensina em Cartago e Roma. Dedicou-se ao estudo das Escrituras, contudo, achou seu estilo tão simples que se desiludiu e o abandonou.

Em Milão parecia ser um homem feliz: pago pelo Estado, personagem quase oficial (ocupava a cátedra da eloquência), respeitado como professor. No entanto, ele se mostra inquieto. Busca a verdadeira alegria e não a encontra.

Afeiçoou-se ao maniqueísmo, doutrina do profeta persa Mani. Após 12 anos, insatisfeito com as respostas que a doutrina não lhe dava, recomeça a ler os Evangelhos e assistir os sermões do bispo Ambrósio, que o recebeu como um pai.

Uma canção infantil, na voz cristalina de uma criança que insiste “Toma, lê”, faz com que ele procure o livro a respeito de São Paulo e retorne em definitivo ao cristianismo.

Sua vida daquele momento em diante seria meditar, escrever livros, discursar.

Em 391, é chamado a Hipona, um grande centro comercial de cerca de 30.000 habitantes. Cinco anos depois seria sagrado bispo auxiliar de Hipona.

Grande era a luta, à época contra as chamadas heresias. Agostinho, sempre orador oficial, nos sínodos e concílios em Cartago nunca esquece que “mais valioso que a palavra é o amor fraterno… 

Os olhos dos doentes queimam, por isso são tratados com delicadeza… Os médicos são delicados até com os doentes mais intolerantes: suportam o insulto, dão o remédio, não revidam as ofensas.”

As palavras que mais aparecem em seus escritos são amor e caridade. Por vezes, desenvolvendo uma ideia interrompe seu raciocínio para deixar escapar gritos de amor a Deus: “Ó Senhor, amo-Te. Tu estremeceste meu coração com a palavra e fizeste nascer o amor por Ti. Tarde Te amei, ó Beleza tão amiga e tão nova, tarde Te amei… Tocaste-me, e ardo de desejo de alcançar a Tua paz.”

Duas vezes por semana falava na Igreja da Paz. Certa vez, discorrendo a respeito de São João se entusiasmou de tal forma que pregou durante cinco dias consecutivos, sempre aplaudido. Mas, dizia: “Vossos louvores são folhas de árvores; gostaria de ver os frutos.”

Tal era a admiração que tinham por Agostinho, que chegaram a acreditar que ele fosse capaz de produzir curas e lhe levavam doentes. “Se eu tivesse poder para curar”, dizia, “curaria a mim mesmo”.

A doença que o tomou durou poucos dias. Percebendo que se avizinhava a morte, pediu que o deixassem a sós, para orar.

Morreu na noite de 28 para 29 de agosto de 430, aos 76 anos. Não deixou testamento, mesmo porque não tinha bens.

Os pintores medievais o retratam com o livro na mão e o coração em chamas. O livro simboliza a ciência, o coração inflamado, o amor. Sabedoria e amor foram os seus dons inseparáveis.

Interessante anotar que embora seja sempre retratado com muita pompa e luxo, mesmo como bispo ele se recusava a usar o anel e a mitra.

Esse espírito foi convidado a participar da equipe do Espírito da Verdade e suas Ponderações podem ser encontradas em vários momentos da Obra Kardequiana, entre eles em O Livro dos Espíritos (prolegômenos, resposta às questões 495, 919 e 1009), O Evangelho segundo o Espiritismo (cap. III, itens 13 e 19; cap. V, item 19; cap. XII, itens 12 e 15; cap. XIV, item 9; cap. XXVII, item 23), O Livro dos Médiuns (cap. XXXI, dissertações de número 1 e XVI – Acerca do Espiritismo / Sobre as Sociedades Espíritas).

Fonte: Grandes personagens da História Universal, vol. 1 (Abril Cultural); O Livro dos Espíritos; O Evangelho segundo o Espiritismo; O Livro dos Médiuns.

ADELAIDE CÂMARA – BIOGRAFIA










Adelaide Câmara
Grandes Espíritas do Brasil
Adelaide Augusta Câmara foi uma das mais devotadas figuras femininas do Espiritismo no Brasil, bem conhecida pelo seu pseudônimo de Aura Celeste.
Encarnou na cidade de Natal, Estado do Rio Grande do Norte, em 11 de janeiro de 1874, e desencarnou na cidade do Rio de Janeiro, em 24 de outubro de 1944.
Aura Celeste veio para a antiga Capital Federal em janeiro de 1896, graças ao auxílio de alguns militantes do Protestantismo, a cuja religião pertencia, os quais lhe propiciaram a oportunidade de lecionar no Colégio Ram Williams, o que fez com muita proficiência, durante algum tempo, até que organizou em sua própria residência, um curso primário, onde muitos homens ilustres do meio político e social brasileiro aprenderam com ela as primeiras letras.
Foi nesse período de sua vida, no ano de 1898, que começou a sentir as primeiras manifestações de suas faculdades mediúnicas. Nessa época, o grande Bezerra de Menezes dirigia os destinos da Federação Espírita Brasileira, revestido daquela auréola de prestígio e de respeito que crentes e descrentes lhe davam, e o Espiritismo era o assunto de todas as conversas, não só pelos fenômenos e curas mediúnicas, como pela propaganda falada, pelos livros e pela imprensa.
Sob a sábia orientação de Bezerra de Menezes começou a sua notável carreira mediúnica como psicografa, no Centro Espírita Ismael. O grande apóstolo do Espiritismo brasileiro, pela sua conhecida clarividência, prognosticou, certa vez, que Adelaide Câmara, com as prodigiosas faculdades de que era dotada, um dia assombraria crentes e descrentes. E essa profecia de Bezerra não se fez esperar, pois em breve Adelaide Câmara, como médium auditiva, começou a trabalhar na propagação da Doutrina, fazendo conferências e receitando, com tal acerto e exatidão, que o seu nome se irradiou por todo o País.
Com a desencarnação do inolvidável mestre, doutor Bezerra de Menezes, em 1900, Adelaide Câmara aproximou-se do grande seareiro que foi Inácio Bittencourt e, nas sessões do Círculo Espírita “Caritas”, passou a emprestar o seu concurso magnífico como médium e como propagandista de primeira grandeza.
Contraindo núpcias em 1906, os afazeres do lar, e a educação dos filhos mais tarde, obrigaram-na a afastar-se da propaganda ativa nos Centros, mas, nem por isso, ficou inativa. Nas horas de lazer, entrava em confabulação com os guias espirituais, e pôde receber e produzir páginas admiráveis, que foram dadas à publicidade na obra “Do Além”, em 21 fascículos, e no livro “Orvalho do Céu”.
Foi aí que adotou o pseudônimo de AURA CELESTE, nome com que ficou conhecida no Brasil inteiro.
Em 1920, retorna à tribuna e aos trabalhos mediúnicos, com tal vigor e entusiasmo, que o seu organismo de compleição franzina ressentiu-se um pouco, mas, nem por isso, deixou ela de cumprir com os seus deveres.
O Dr. Joaquim Murtinho era o médico espiritual que, por seu intermédio, começou a trabalhar na cura dos enfermos e necessitados, diagnosticando e curando a todos quantos lhe batiam à porta, desenvolvendo lhe, espontaneamente, diversas faculdades mediúnicas nesse período.
Além das mediunidades de incorporação, audição, vidência, psicográfica, curadora, intuitiva, possuía Adelaide Câmara, ainda, a extraordinária faculdade da bi locação.
Muitas curas operou em diferentes lugares do Brasil, a eles se transportando em “desdobramento fluídico”, sendo visível o seu corpo perispirítico, como aconteceu em Juiz de Fora e Corumbá (provadamente constatado), por enfermos que, sob os seus cuidados, a viram aplicar-lhes “passes”.
Poetisa, conferencista, contista, e educadora sobretudo, deixou excelentes obras lítero-doutrinárias, em prosa e verso, assinando-os geralmente com o seu pseudônimo.
É assim que deu a público “Vozes d’Alma”, versos; “Sentimentais”, versos; “Aspectos da Alma”, contos; “Palavras Espíritas”, palestras; “Rumo à Verdade” e “Luz do Alto”. Esparsos em revistas e jornais espíritas, há muitas poesias e artigos doutrinários de sua autoria.

O grande jornalista e literato Leal de Souza, referiu-se a Adelaide Câmara como “a grande Musa moderna, a Musa espiritualista”.

Em 1924, teve as suas vistas voltadas para o campo da assistência às crianças órfãs e à velhice desamparada. Centralizou todos os seus esforços no propósito de materializar esse antigo anseio de sua alma. Pouco, entretanto, pôde fazer em quase três anos de lutas. 

Aconteceu, então, que um confrade, João Carlos de Carvalho, estava angariando donativos e meios para a fundação de uma instituição dessa natureza, e, um dia, faz-lhe entrega da lista de donativos a fim de que Adelaide Câmara arranjasse novos óbolos para tão humanitário fim. Dias depois, João Carvalho desencarna, e ela fica de posse da lista e do dinheiro arrecadado.

Passados alguns meses, o Sr. Lopes, proprietário da Casa Lopes, que andava estudando a Doutrina, mostrou-se interessado na organização de uma instituição de amparo e assistência aos órfãos e Adelaide lhe informa possuir uma lista com alguns donativos para esse fim. A ideia foi recebida com entusiasmo e logo concretizada.

Alugaram uma casa em Botafogo e aí foi instalado, no dia 13 de março de 1927, o Asilo Espírita “João Evangelista”, sendo ela a sua primeira diretora.

Compareceu a essa festiva inauguração o doutor Guillon Ribeiro, então 2.º. secretário da Federação Espírita Brasileira e representante desta naquela solenidade.

Adelaide Câmara, em breves palavras, exprimiu o júbilo de sua alma, afirmando realizado o ideal de toda a sua existência – “ser mãe de órfãos, graça do céu que não trocaria por todo o ouro e todas as grandezas do mundo”.

Dedicou, daí por diante, todo o seu tempo a essa grandiosa obra de caridade, emprestando-lhe as luzes do seu saber e de sua bondade até o dia em que serenamente entregou a alma a Deus.

Com extremosa dedicação, trabalhou Aura Celeste em várias sociedades espíritas beneficentes da cidade do Rio de Janeiro, dando a todas elas o melhor de suas energias e de sua inteligência.

No Asilo Espírita “João Evangelista”, porém, foi onde realizou sua tarefa máxima, não só como competente educadora, mas também como hábil orientadora de inumeráveis jovens que ali receberam, como ainda recebem, instrução intelectual e educação moral.

A vida e a obra de Adelaide Câmara foram uma escada de luz, uma afirmação de fé e humildade, e um perene testemunho de amor. Era a grande educadora que ensinava educando e educava ensinando, pelo exemplo.

Médium sem vaidades, sincera e de honestidade a toda prova, praticava a mediunidade como verdadeiro sacerdócio.

Dotada de sólida cultura teria, se quisesse, conquistado fama no mundo das letras. Poetisa de vastos recursos, oradora convincente e natural, senhora de estilo vigoroso e de fulgurante imaginação, tudo deu e tudo fez, com o cabedal que possuía, para o bom nome e o engrandecimento da Doutrina Espírita.

O Asilo Espírita “João Evangelista”, no Rio de Janeiro, aí está ainda, em sede própria, atestando a obra e o devotamento à causa do bem daquela nobre mulher que se chamou Adelaide Augusta Câmara.

CAIRBAR SCHUTEL – BIOGRAFIA

Cairbar de Souza Schutel foi um dos maiores vultos do Espiritismo brasileiro.
Encarnado em 22 de Setembro de 1868 na cidade do Rio de Janeiro, filho do negociante Anthero de Souza Schutel e de D. Rita Tavares Schutel, e desencarnado na cidade de Matão, Estado de São Paulo, no dia 30 de Janeiro de 1938, tornou-se incansável propagador da Doutrina Espírita, conseguindo realizar uma obra das mais admiráveis, revelando uma operosidade sem par e uma fé inquebrantável nos ideais reencarnacionistas.
Órfão de pai e de mãe antes dos dez anos! A prova maior por que teria de passar
seu espírito amoroso, extremamente sensível! Seu avô, Doutor Henrique Schutel, tomou o neto a seus cuidados, matriculando o menino no Imperial Colégio de Pedro II, onde Cairbar estudou até o segundo ano.
Não desejando continuar os estudos, abandonou a casa do avô, e se tornou independente, trabalhando como prático de farmácia, de manhã até tarde da noite.
Aos 17 anos de idade, Cairbar Schutel já era um bom prático de farmácia e, como não gostasse da vida na antiga Capital da República, ou se sentisse atraído para o interior, abandonou o Rio de Janeiro e, com o espírito povoado de idealismo e sonhos de realização, rumou para o Estado de São Paulo.
Localizou-se primeiramente na cidade de Piracicaba, onde dirigiu a Farmácia Neves, e posteriormente em Araraquara e Matão.
Naquela época a cidade de Matão era um lugarejo de roça, com mataria grossa a enfeitá-la com algumas poucas casas. Lutando para que a cidade se emancipasse do município de Araraquara, Cairbar Schutel contribuiu de modo decisivo para que Matão subisse à categoria de Município, tendo sido o primeiro Presidente de sua Câmara Municipal (1889).
Na política, Cairbar não enfrentava oposição, pois pela sua humildade conseguia conquistar os corações de todos, tendo mesmo adquirido, com seus próprios recursos, o prédio para a instalação da Câmara Municipal.
Havia em Matão um amigo seu de nome Manuel Pereira do Prado, mais conhecido por Manuel Calixto, cujo pai era o espírita da localidade.
Procurado por Cairbar, o pai de Manuel lhe asseverou que havia dois anos que não fazia mais sessões espíritas, pois ali só se comunicavam, Espíritos atrasados, que pediam missas, e os pedidos eram tantos que ele tinha que arrumar dinheiro para encomendar as missas.
Cairbar não se preocupou com a opinião do velho Calixto e fez questão de assistir a um trabalho mediúnico, no qual Calixto recebeu uma mensagem de elevado punho espiritual que muito agradou ao futuro missionário.
Tempos depois, surgiram nele diversas mediunidades, sobressaindo a da psicografia, por meio da qual o pai se manifestou, provando a sua sobrevivência.
Foi então que Cairbar resolveu aprofundar-se no conhecimento doutrinário, estudando as obras básicas de Allan Kardec e todas as outras publicadas em português.
Convertido ao Espiritismo, Cairbar Schutel fundou, no dia 15 de Julho de 1905, o Centro Espírita Amantes da Pobreza, o primeiro em toda aquela zona paulista.
Não satisfeito com isso, fundou em 15 de Agosto de 1905 o jornal O Clarim, e, no dia 15 de Fevereiro de 1925, de colaboração com o grande idealista Luís Carlos de Oliveira Borges, que lhe franqueou os meios materiais, lançava a Revista Internacional do Espiritismo. Esses órgãos circulam até hoje, representando exemplo vivo de luta e de persistência.
Sabia ser amigo dos párias da vida. Sempre feliz no seu receituário, transformou-se em autêntico Médico dos pobres e Pai da Pobreza de Matão, pois receitava e dava gratuitamente os remédios.
Sua residência tornou-se numa espécie de Casa dos Pobres, saindo dali diariamente muita gente sobraçando embrulhos de víveres, roupas e até lenha.
O sentimento de amor ao próximo teve nele um modelo digno de ser imitado.
Atos de desprendimento e de renúncia eram coisas comuns para ele.
Casou-se, em Itápolis, com D. Maria Elvira da Silva (Mariquinhas). Dessa união não houve filhos, tendo a consorte precedido o velho Schutel na vida de além túmulo.
Polemista emérito, jamais se curvou as injunções e às perseguições que naqueles tempos se moviam ao Espiritismo. Os próprios adversários do Espiritismo não tinham coragem de atacá-lo, tão grande era a sua projeção moral.
E a grandeza da sua dedicação fazia que o estimassem, cheios de respeito.
Cairbar Schutel é conhecido nos meios espíritas como o Apóstolo de Matão, e o
Espiritismo teve nele zeloso e esforçado propagador e um dos mais ardentes idealistas.
Sua memória é cultivada com carinho e admiração.
Cercado da consideração de seus familiares e de numerosos espíritas, desencarnou no dia 30 de Janeiro de 1938. O povo de Matão havia perdido materialmente o Pai da Pobreza. Todos os espíritas do Brasil e quiçá do mundo sentiram tão valiosa perda.

Fonte: Grandes Espíritas do Brasil, Zêus Wantuil.

VAMOS RECOMEÇAR

Ary Brasil Marques
É tempo de recomeçar. Tudo aquilo que fazemos está sujeito a se perder, e precisamos não nos deixar abater por isso. Quando caímos, devemos nos levantar, limpar a poeira e seguir adiante. Caso seja necessário, recomecemos.
O laboratório de Thomas Edison foi totalmente destruído pelo fogo em dezembro de 1914.
Apesar dos prejuízos ultrapassarem 2 milhões de dólares, o prédio estava segurado em apenas 238 mil dólares, porque era de concreto, e imaginava-se à prova de fogo.
Muito do trabalho de pesquisa de uma das pessoas mais inventivas que o mundo conheceu, se foi com as chamas impressionantes daquela noite de dezembro.
No auge do fogo, o filho de Edison, Charles, um rapaz de vinte e quatro anos, procurava freneticamente pelo pai em meio à fumaça e aos destroços. Finalmente o achou, calmamente observando a cena, com ar de reflexão, seu cabelo branco ao vento.
– “Meu coração doeu por ele”, contou Charles: – “Era um homem de 67 anos que via tudo o que possuía se consumir para sempre nas chamas.”
Quando me avistou, meu pai gritou: – “Charles, onde está sua mãe? Chame-a depressa e traga-a aqui, porque ela nunca mais terá a oportunidade de ver algo assim.”
Na manhã seguinte, Edison, olhando para as ruínas, refletiu: – “Há um lado bom na desgraça. Todos os nossos erros são queimados. Graças a Deus, podemos recomeçar do zero.”
Três semanas depois do incêndio, Thomas Edison inventou o fonógrafo.
O exemplo de Thomas Edison pode nos servir de alento. Afinal, todos nós recomeçamos toda uma existência ao reencarnarmos.
Aprendemos a começar de novo. Aprendemos a reiniciar. Quando nosso computador apresenta falha, desligamos o mesmo e reiniciamos.
Em nosso longo aprendizado como espíritos encarnados, temos que nos adaptar às novas ideias, aos novos conhecimentos, à evolução das coisas. Temos que acompanhar esse desenvolvimento, não podemos nos fechar em opiniões que se mantém inalteradas, temos que estudar e aprender o que é novo, o que evolui, o que se altera.
É claro que as nossas convicções básicas não serão mudadas, mas podemos muitas vezes acrescentar novos valores àqueles que já temos.
A pessoa que não muda, não aumenta seus conhecimentos, permanece estática. Não evolui. Fica parada no tempo e no espaço.
Allan Kardec, o insigne codificador de nossa doutrina, afirmou que o Espiritismo avançará à medida que novos conhecimentos forem sendo descobertos pela ciência, pois a Doutrina Espírita é dinâmica e progressista. Como o saber é infinito, a última palavra jamais será proferida.

SBC, 29/08/2007.

VAMOS DELETAR O INFORTÚNIO

Ary Brasil Marques
Todos nós, ao início de cada dia, temos duas opções para a nossa vida: ou teremos um dia feliz ou um dia infeliz.
Escolhamos a primeira opção. A felicidade de cada dia depende exclusivamente de nós.
Há pessoas que vivem no sofrimento e o infortúnio; parece que as acompanham o tempo todo. Para essas pessoas, recomendamos que deletem o infortúnio.
Tenho em meu escritório, ao lado de minha mesa, um cestinho destinado a receber todo o lixo. Assim, os papéis velhos e inúteis são jogados nesse cestinho, que é recolhido e limpo todas as tardes.
Recomendo aos colecionadores de infortúnios que coloquem ao lado do conhecido cesto de lixo, um outro, virtual e criado pela mente de cada um. Nesse cesto virtual joguem todos os seus problemas e as suas preocupações. Com a força da mente, imaginem que todo esse lixo mental vai sendo queimado e destruído pelas chamas.
Pronto! Acabaram-se os problemas e as preocupações. Respirem fundo. Façam uma oração a Deus agradecendo pelo dia feliz que está se iniciando. Agradeçam pelo fato dos problemas e das preocupações não mais existirem.
Depois desse processo, entrem com todas as forças no trabalho. Vocês verão que as coisas fruirão muito mais e que tudo começa a dar certo em suas vidas.
O computador, essa moderna ferramenta que temos nos dias de hoje, tem uma tecla muito interessante que se chama Delete. Acionamos essa tecla para apagar e eliminar os erros cometidos por nós próprios no uso do computador e também os arquivos e programas desnecessários ou prejudiciais.
Procuremos imitar o computador. Temos o poder de apagar de nossa mente os maus pensamentos, as más tendências, o medo, a tristeza, as influências negativas que recebemos de nossos semelhantes encarnados ou desencarnados, as dúvidas e tudo o mais que nos acomete diante dos problemas da vida. Usemos a nossa tecla Delete. Vamos deletar o infortúnio.
Fazendo isso, nosso dia só terá aspectos positivos e será extremamente feliz. Certamente contaremos com a ajuda de nossos amigos espirituais, e a nossa vida será melhor.

SBC, 17/10/2007.