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MANOEL PHILOMENO DE MIRANDA – BIOGRAFIA

Manoel Philomeno de Mirando

Há 121 anos nascia, em Jangada, município do Conde, Estado da Bahia, o discípulo fiel da seara de Jesus, Manoel Philomeno de Miranda.
Conheceu o Espiritismo através do médium Saturnino Favila, em 1.914. Por essa época conheceu José Petitinga, estabelecendo relações com ele, ao mesmo tempo em que começava a frequentar as sessões da União Espírita Baiana que havia sido recentemente fundada, em 1.915.
Discípulo de José Petitinga, tinha a mesma maneira especial de tratar e doutrinar os assistentes das sessões da “União”, sempre baseadas num magistral versículo evangélico.
Desde 1.918 Miranda participava assiduamente das sessões, interessado superiormente nos assuntos doutrinários do Espiritismo e um dos mais firmes adeptos dos seus ensinos.
Fez parte da diretoria da União Espírita Baiana desde 1.921 até o dia da sua desencarnação, em 14 de julho de 1.942. Também presidia as sessões mediúnicas e trabalhos do Grupo Fraternidade. Durante esse longo período, Miranda foi um baluarte do Espiritismo. Onde estivesse, aí estaria a doutrina e sua propaganda exercida com proficiência de um douto, um abnegado.
Delicado no trato, mas heroico na luta. Publicou, sem o seu nome, as obras “Resenha do Espiritismo na Bahia” e “Excertos que justificam o Espiritismo”, além do opúsculo “Porque sou Espírita” em resposta ao Pe. Huberto Rohden.
Sofrendo do coração, subia as escadas a fim de não faltar às sessões, sorrindo e sempre animado. Queria extinguir-se no seu cumprimento. Sentia imensa alegria em dar os seus dias ao serviço do Cristo.
Sobre as suas últimas palavras, assim escreve A. M. Cardoso e Silva: “Agora sim! Não vou porque não posso mais. Estou satisfeito porque cumpri o meu dever. Fiz o que pude… o que me foi possível. Tome conta dos trabalhos, conforme já determinei”. Era antevéspera da sua desencarnação.
Querido de quantos o conheceram – porque quem o conhecia não podia deixar de amá-lo -, até o último instante demonstrou a firmeza da tranquilidade dos justos, proclamando e testemunhando a grandeza imortal da Doutrina Espírita.
Divaldo Pereira Franco nos conta como iniciou seu relacionamento com o amoroso Benfeitor, conforme relato no livro Semeador de Estrelas, da escritora e médium Suely Caldas Schubert: “No ano de 1.950 Chico Xavier psicografou para mim uma mensagem ditada pelo Espírito José Petitinga e no próximo encontro uma outra ditada pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda.
(…) “No ano de 1.970 apareceu-me o Espírito Manoel Philomeno de Miranda, dizendo que, na Terra, havia trabalhado na União Espírita Baiana, tendo exercido vários cargos, dedicando-se, especialmente à tarefa do estudo da mediunidade e da desobsessão”. “Quando chegou ao Mundo Espiritual foi estudar em mais profundidade as alienações por obsessão e as técnicas correspondentes da desobsessão”.
(…) “Convidado por Joanna de Ângelis, para trazer o seu contributo em torno da mediunidade, da obsessão e desobsessão, ele ficou quase trinta anos realizando estudos e pesquisas e elaborando trabalhos que mais tarde iria enfeixar em livros”.
“Ao me aparecer, então, pela primeira vez, disse-me que gostaria de escrever por meu intermédio. Levou-me a uma reunião, no Mundo Espiritual, onde reside, e ali, mostrou-me como eram realizadas as experiências de prolongamento da vida física através da transfusão de energia utilizando-se do perispírito”.
“Depois de uma convivência de mais de um mês, aparecendo-me diariamente, para facilitar o intercâmbio psíquico entre ele e mim, começou a escrever “Nos Bastidores da Obsessão”, que são relatos, em torno da vida espiritual, das técnicas obsessivas e de desobsessão”.
(…) “Na visita que Manoel Philomeno me permitiu fazer à Colônia em que ele se hospedava, levou-me a uma curiosa biblioteca. Mostrou-me como são arquivados os trabalhos gráficos que se fazem na Terra. Disse-me que, quando um escritor ou um médium, seja quem for, escreve algo que beneficia a Humanidade – no caso do escritor – é um profissional, mas, o que ele produz é edificante, nessa biblioteca fica inscrito, com um tipo de letra bem característico, traduzindo a nobreza do seu conteúdo. À medida que a mente, aqui, no planeta, vai elaborando, simultaneamente vai plasmando lá, nesses fichários muito sensíveis, que captam a onda mental e tudo imprimem”.
“Quando a pessoa escreve por ideal e não é remunerado, ao se abrirem esses livros, as letras adquirem relevo e são de uma forma muito agradável à vista, tendo uma peculiar luminosidade. Se a pessoa, porém, o faz por ideal e estando num momento difícil, sofrido, mas ainda assim escreve com beleza, esquecendo-se de si mesma, para ajudar a sociedade, a criatura humana, ao abrir-se o livro, as letras adquirem uma vibração musical e se transformam em verdadeiros cantos, em que a pessoa ouve, vê e capta os registros psíquicos de quando o autor estava elaborando a tese”. “O oposto também é verdadeiro”.
(…) “Eis porque vale a pena, quando estamos desalentados e sofridos, não desanimarmos e continuarmos as nossas tarefas, o que lhes dá um valor muito maior. Porque o trabalho diletante, o desportivo, o do prazer, já tem, na própria ação, a sua gratificação, enquanto o de sacrifício e de sofrimento exige a abnegação da pessoa, o esforço, a renúncia e, acima de tudo, a tenacidade, para tornar real algo que gostaria que acontecesse, embora o esteja realizando por entre dores e lágrimas”.

Fonte: “Projeto Manoel P. de Miranda – Reuniões Mediúnicas”

LUIZ OLÍMPIO GUILLON RIBEIRO – BIOGRAFIA

Luiz Olímpio Guillon Ribeiro

Luís Olímpio Guillon Ribeiro nasceu de pais pobres, no estado do Maranhão, a
17 de Janeiro de 1.875. Desde os verdes anos começou a conhecer as asperezas da existência, e tanto, que foi internado gratuitamente no Seminário de S. Luís do Maranhão, onde cursou as primeiras letras.
Aos 7 anos ficou órfão de pai. Aumentaram as dificuldades na família, com a perda irreparável do chefe, e a sua querida genitora transferiu-se para o Rio de Janeiro.
Porque minguassem os meios de subsistência, teve ela ainda que procurar colocar o filho, gratuitamente, numa escola, e assim conseguiu que ele ingressasse como aluno gratuito da antiga Escola Militar, na Praia Vermelha.
Ótimo estudante, bom discípulo, acatado pelos mestres, querido dos camaradas, parece que o seu gênio, entretanto, não era de feitio militar e desse modo, não levou mais de três anos na carreira das armas.
Pediu e obteve baixa. Aproveitou, então, os conhecimentos do curso que houvera seguido, e já com sólida base matriculou-se diretamente no 2.º ano da Escola Politécnica do Rio de Janeiro.
Para poder custear os seus estudos e prover a manutenção da sua extremosa mãe, desde cedo já se entregava a árduos labores, entre outros, trabalhava à noite como redator do Jornal do Comércio, escrevia para os mais importantes jornais da época e estudava até alta madrugada. Quase que esgotava no estudo e no trabalho as 24 horas do dia.
Formou-se em engenharia civil. Mas a necessidade premente de angariar o sustento levou-o a aceitar o cargo de 2.º oficial da Secretaria do Senado Federal, para daí transferir-se a outro mais condizente com a sua profissão. Ali, porém logo se tornou admirado e querido por quantos lidavam com ele, de sorte que o retiveram até que se aposentou no mais alto cargo da carreira.
A sua ascensão no Senado foi rápida. Talvez não fosse esse o seu maior desejo, mas o seu acendrado amor ao trabalho em qualquer dos ramos de sua profícua atividade, o seu trato amável e bom, a retidão do seu proceder, a integridade do seu caráter, a sua grande competência, a habilidade e inteligência com que se desincumbia de qualquer mister, por árduo e difícil que fosse, o escrúpulo com que estudava todas as questões, o alto critério que sempre mostrava, levaram-no a galgar rapidamente todos os postos, até que foi nomeado Diretor Geral da Secretaria do Senado, cargo em que se aposentou em 1.921, deixando em todos a quem prestou os mais relevantes serviços, sentimentos de gratidão e de saudade.
Desde cedo, dizia ele, sentira inclinação pelo Espiritismo; é que, no seu subconsciente, já estava traçado o plano da missão de que fora incumbido. Só mais tarde, porém, se aproximou de amigos espíritas, começou a ler e a meditar sobre assuntos espíritas, abraçando definitivamente a doutrina em 1.911.
Durante muito tempo, levou palavras de consolo e de fé aos detentos, na Casa de Correção, e muitos dos presidiários que de lá saíram, cumprida a pena, tornaram-se seus verdadeiros amigos.
O Dr. Guillon Ribeiro casou-se em 11 de abril de 1.910 com D. Raimunda Portela e deste consórcio teve 5 filhos.
Durante vinte e seis anos consecutivos foi Diretor da Federação Espírita Brasileira, tendo exercido quase todos os cargos.
Em 1.937, o então presidente da FEB, Dr. Guillon Ribeiro, demonstrou a necessidade inadiável da instalação de oficinas tipográficas próprias. A ideia, a princípio combatida, foi evoluindo com o tempo e firmou-se em fins de 1.938.
Finalmente, a 4 de novembro de 1.939, a pequena oficina gráfica da FEB entrava a funcionar, justamente na sala hoje ocupada pela Biblioteca.
Guillon Ribeiro foi tradutor impecável de várias obras estrangeiras, das línguas francesa, inglesa e italiana. Conhecedor profundo de vários idiomas e cultor, entre os melhores, do português escorreito e castiço, deixou inúmeros livros e artigos traduzidos.
Homem de acrisoladas virtudes, de grande saber em quaisquer ramos da cultura, profundamente evangélico, vibrante tribuno de voz firme e serena, tornou-se respeitado e querido em todo o Brasil espírita.
Foi o mais sincero dos crentes, o mais convicto dos missionários. No seu sublime apostolado, não conhecia o desânimo, a fraqueza, o desalento. As tempestades passavam pela sua fronte trazendo-lhe grandes mágoas, porém não o abatiam nunca.
Não sabia dizer não e, por isso mesmo, teve grandes sangrias nos seus recursos materiais e esgotou-se espiritualmente, porque era um trabalhador incansável do espírito, que a tudo provia, tudo previa, e tombou por assim dizer, nos trabalhos da seara.
Alma sensível a todas as dores alheias, coração que se compadecia de todos os sofredores, ele deixou um sulco profundo de saudade em toda a família espírita e de quantos dele se acercaram.
Aos 26 de outubro de 1.943, fechava os olhos ao mundo a figura veneranda do Dr. Luís Olímpio Guillon Ribeiro.

Fonte: Grandes Espíritas do Brasil, Zeus Wantuil.

LUIZ BARRETO ALVES FERREIRA – BIOGRAFIA

Luiz Barreto Alves Ferreira

Luiz Barreto Alves Ferreira foi um dos presidentes da Federação Espírita Brasileira. Nasceu em 26 de junho de 1.890, na cidade de Fortaleza (CE). Foram seus pais Pedro Alves Ferreira e Maria Alice Barreto Alves Ferreira. Órfão de pai ainda criança, passou a residir com os avós maternos, juntamente com sua mãe e o irmão Pedro Barreto Alves Ferreira.
De família católica, entrou para o Seminário do Ceará, pensando seguir a vida eclesiástica. Um ano depois, o avô resolveu transferir residência para o Rio de Janeiro, com toda a família e, por algum tempo, ficaram todos hospedados em casa do filho do avô, seu tio Alexandre Barreto, que era Coronel do Exército.
Em 1.904, Luiz resolveu ingressar na Marinha e, em 1.908, foi nomeado segundo tenente comissário e designado para servir na Flotilha de Ladário, em Mato Grosso.
Retornando ao Rio de Janeiro, foi embarcado no Caça-Torpedeiros Gustavo Sampaio, onde conheceu o capitão-tenente João Luiz de Paiva Júnior, na época tesoureiro da Federação Espírita Brasileira. Foi convidado a assistir a algumas conferências na Federação e, a título de curiosidade, desejou ler O Livro dos Espíritos, cuja leitura o entusiasmou de tal forma, que decidiu ler todas as demais obras da Codificação, tornando-se assíduo frequentador da Casa de Ismael.
Na Marinha prestou os mais relevantes serviços. Já no posto de Capitão-de-Mar-e-Guerra foi transferido para a Aeronáutica com a missão de organizar o Serviço de Fazenda da recém-criada Força Aérea Brasileira, tendo sido o primeiro Chefe da nova Unidade. Era Comandante-Geral o Brigadeiro Armando Trompowski, também originário da Marinha, e teve como Ministro da Aeronáutica o Dr. Salgado Filho, seu cordial e particular amigo.
Em 1.911 contraiu matrimônio com Cecília Rocha da Costa e do seu casamento nasceram doze filhos, criando-se nove; três desencarnaram na primeira infância.
Ingressou na Doutrina em 1.908, exercendo cargos administrativos em diversas instituições, e praticando mediunidade curadora (de passes) e receitista.
Foi Diretor do Centro Espírita de Jacarepaguá. Na Federação Espírita Brasileira, de que era sócio desde 1.914, foi 3.º Secretário em 1.916-1.917, Vice-Presidente em 1.922-1.923, e Presidente em 1.925-1.926.
Pertenceu ao Grupo Ismael desde 1.916 e, a partir de 1.936, tomou-se membro da Assembleia Deliberativa da Federação. Foi companheiro de Pedro Richard, Leopoldo Cirne, Guillon Ribeiro, Aristides Spínola, Paim Pamplona, Amaral Ornelas, Manuel Quintão, Frederico Figner e tantos outros.
Residiu por algum tempo em Recife, participando do Movimento Espírita em Pernambuco. Prestou serviço na Federação Espírita Pernambucana e em outras instituições como expositor, dedicando-se à assistência aos necessitados e aos trabalhos mediúnicos.
No Rio de Janeiro trabalhou no Orfanato Pedro Richard, ao lado de Paiva Júnior. Foi eleito seu presidente e, juntamente com a esposa, a ele dedicou grande parte de sua vida, ofertando amor às criancinhas, que tratava como filhas do coração.
Participou do Centro Espírita Estudantes da Verdade, especificamente na orientação doutrinária.
Luiz Barreto deu testemunhos de fé e coragem em vários momentos difíceis que envolveram sua família, convencido de que o Pai Misericordioso não nos abandona, desde que aceitemos tudo com resignação.
O trabalho assistencial desenvolvido por Luiz Barreto, desde que ingressou no Espiritismo, daria um compêndio à parte. O seu lar esteve sempre aberto, socorrendo a todos sem distinção, desde familiares e amigos em desespero até às mais humildes criaturas, que o procuravam para variados socorros.
Luiz Barreto Alves Ferreira desencarnou no Rio de Janeiro, no dia 25 de janeiro de 1.944, quando contava apenas 53 anos de Idade.
Era tradicional em sua casa a prece do Natal em família, às 24 horas do dia 24 de dezembro. No ano de sua desencarnação, a família, saudosa, realizou o Culto do Evangelho mais cedo, e todos se recolheram ao leito. Ele apareceu à esposa e solicitou que reunisse todos, como era costume, exatamente à meia-noite.
Quando todos estavam orando, ele se apresentou semi materializado, na comprovação de que a vida continua.
Fonte: Reformador, julho – 1990.

LEOPOLDO MACHADO – BIOGRAFIA

Leopoldo Machado

Leopoldo Machado Barbosa nasceu no dia 30 de setembro de 1.891, no Arraial de Cepa Forte, hoje conhecido como Ladeira, no Estado da Bahia.
Jornalista, escritor, polemista, professor, poeta, compositor, orador, deixou escrito o total de 27 livros, nos gêneros poesia, teatro, conto, estudos doutrinários, biografias, entre os quais somente seis não espíritas. Este fato é muito relevante, de vez que Leopoldo frequentou a escola primária por pouco tempo, educando-se pelo esforço próprio e vontade de aprender.
Sua extensa e rica bibliografia valeu-lhe a cadeira número 01 da Academia Iguaçuana de Letras. “O Espiritismo É Obra De Educação”, “Para Frente e para o Alto” e “Uma Grande Vida” (Biografia de Cairbar Schutel) são alguns dos exemplos de obras suas.
Além de criar o que atualmente se conhece como mocidades espíritas, instituiu também as escolas de evangelização Infanto-Juvenil. Foi Leopoldo Machado um grande líder espírita e um grande incentivador da participação dos jovens nas atividades espíritas, fundando ele próprio a Mocidade Espírita de Iguaçu, a segunda mais antiga do Brasil.
Casou-se no dia 31 de dezembro de 1.927 com uma professora, Marília Ferraz de Almeida, que exerceu uma grande influência em sua vida.
Em 1.929, o “Criador de Mocidades Espíritas” mudou-se para a cidade de Nova Iguaçu, no Estado do Rio de Janeiro, onde participou, com a colaboração de Marília e vários companheiros, da fundação do Centro Espírita “Fé, Esperança e Caridade”.
Como seu mais atuante presidente, edificou o Albergue Noturno “Allan Kardec” e, posteriormente, o “Lar de Jesus”, destinado a meninas órfãs e abandonadas, além da Escola de Alfabetização “João Batista”.
Em abril de 1.930, com a ajuda da irmã Leopoldina e também de sua esposa, fundou o Ginásio “Leopoldo”, hoje oferecendo cursos de 1.º e 2.º graus, formação de professores e contabilistas.
Leopoldo Machado foi um dos incansáveis batalhadores da causa espírita no Brasil. Percorreu todo o país divulgando a Doutrina, defendendo-a dos ataques dos médicos e sacerdotes católicos.
Aos companheiros espíritas alertava sempre para a necessidade de estudo das obras básicas, afirmando: – “O que deve preocupar o Movimento Espírita é a falta de base doutrinária de muitos confrades que, enleados pela grandiosidade do acervo e do encantamento de tantos e belos romances, contos, mensagens e novelas (que, no mercado livreiro de hoje é chamado de “realismo fantástico”), agradam-se e concentram-se apenas nessa natureza de livros, deixando de estudar, concomitantemente ou previamente, as obras da Codificação”.
No afã de aprender, divulgar, unificar, Leopoldo participou de vários eventos, dentre os quais o I Congresso de Mocidades Espíritas do Brasil, realizado no Rio de Janeiro, em julho de 1.948 e o Congresso de Unificação, realizado em São Paulo (SP) de 31 de outubro a 05 de novembro do mesmo ano, onde apresentou o seu “Estudo e Sugestões para o Programa de Unificação”.
Após a assinatura do “Pacto Áureo”, no dia 05 de outubro de 1.949, era necessário consolidar os ideais de unificação contidos no documento. Preciso seria que a decisão tomada pelas lideranças do Movimento Espírita de alguns Estados e da Diretoria da Federação Espírita Brasileira fosse entendida e colocada em ação em todo o País. Para tanto foi criada a “Caravana da Fraternidade”, da qual Leopoldo Machado foi membro atuante, visitando com seus companheiros cerca de 11 (onze) Estados do Nordeste e Norte do País.
No seu livro “Caravana da Fraternidade”, hoje obra esgotada, assim escreveu Leopoldo: “Acreditamos no Pacto Áureo, sim! Mas no Pacto Áureo em si mesmo, que é menos obra dos homens do que dos Espíritos. O que houver de mais importante nele, é obra dos Espíritos, ou pelos Espíritos inspirada, a exemplo do próprio Pacto”.
Leopoldo Machado voltou à pátria espiritual em 22 de agosto de 1.956, legando ao Movimento Espírita Brasileiro muita dedicação e fé, especialmente aos jovens e a todos os que militam na área de divulgação da Doutrina.

Fonte: site: www.feal.com.br

LEOPOLDO CIRNE – BIOGRAFIA

Leopoldo Cirne

Leopoldo Cirne foi, sem sombra de dúvida, um dos grandes vultos do Espiritismo no Brasil. Esta é a conclusão a que facilmente podemos chegar, após conhecermos a sua vida, e a valiosa obra literária, onde o insigne autor demonstra fielmente o seu empenho no estudo, na divulgação e na defesa dos princípios que norteiam a Codificação.
Doutrina e Pratica do Espiritismo, Anticristo, Senhor do Mundo, O Homem Colaborador de Deus, Memória Histórica do Espiritismo (que me falta na coleção e ainda não encontrei para ler) marcaram época na produção litero-espírita onde desponta, também, Cairbar Schutel, outro grande do Espiritismo. A imensa bagagem cultural e espírita de que era portador faz-nos lembrar, nos dias de hoje, Carlos Imbassahy, Herculano Pires, Deolindo Amorim, Aureliano Alves Neto, Hermínio C. Miranda, Carlos Bernardo, entre outros.
Há tanta coisa para se dizer de Leopoldo Cirne como jornalista, polemista, escritor, orador e administrador que se torna impossível, de uma só vez, dado o espaço de que dispomos.
Leopoldo Cirne nasceu na Paraíba (Nordeste do Brasil) no dia 13 de abril de 1.870. Logo demonstrou ser uma criança inteligente e com vontade de estudar. Aos onze anos de idade foi obrigado a interromper os estudos a que se vinha dedicando.
Já residindo em Recife (no vizinho Estado de Pernambuco), tendo de ir trabalhar no comércio, não lhe sobrava tempo para outra atividade pois, naquela época, os empregados ainda não estavam amparados pela moderna legislação trabalhista.
Em 1.891, transferiu-se para o Rio de Janeiro onde foi morar (Estado situado ao Sudeste do Brasil).
O Dr. Canuto de Abreu, por sua vez, narra que Leopoldo Cirne foi seduzido pela filosofia. Alfredo Pereira o levara a uma sessão de sexta-feira. Nada sabia Cirne de Espiritismo e era materialista. Discutia-se, naquela noite de 1.894, a tese: Como conciliar o livre-arbítrio com o determinismo da prova. Terminada a sessão, em vez de transmitir sua impressão primeira sobre o meio, como em geral se faz, Cirne entrou a discutir com Alfredo Pereira a tese do dia como se fosse um veterano. Grande psicólogo, Alfredo percebeu a espontânea conversão do materialista e seu grande talento. Deu-lhe um exemplar de O Livro dos Espíritos e pediu-lhe que usasse da palavra na próxima sexta-feira, em que voltaria a debater o mesmo assunto: a filosofia.
As forças latentes do seu formoso espírito despertaram para a missão, como raios do Sol de meio-dia, renascido da nuvem. Não conseguiu ler, no O Livro dos Espíritos, mais do que a Introdução, essa obra-prima de Kardec. Pôs de lado o livro, como se encerrasse um assunto sabido. Era espírita de nascença, como Bezerra de Menezes. E quando Dias da Cruz, na sessão seguinte, coloca em discussão a tese, foi com desconfiança e curiosidade geral que aquele novato de olhos azuis, queixo saliente sobre o colarinho alto, bonito e elegante, pediu a palavra, tirou do bolso uma tiras de papel e falou.
O presidente sussurrou ao ouvido de Alfredo Pereira:
– Quem é esse moço?
– Um amigo de Pernambuco, que me veio recomendado pelo Teodureto Duarte.
– Agarra-o para nós, precisamos dele.
– Já está seguro. Vai ajudar-me no Reformador.
E assim foi. Durante vinte anos o Reformador (a revista espírita brasileira mais antiga), teve nele uma pena de mestre. O melhor de sua vida. Toda mocidade foi sacrificada à propaganda oral e escrita da filosofia que o empolgara desde o primeiro instante. Ninguém o excedeu em sacrifício de tempo, de saúde, de renúncia aos prazeres mundanos em holocaustos à Doutrina.
No dia 11 de abril de 1.900 desencarna Bezerra de Menezes, então Presidente da Federação Espírita Brasileira, e L. Cirne, na qualidade de vice, assumiu a presidência da Casa de Ismael (Patrono espiritual do Brasil), cargo em que permaneceu até o ano de 1.913.
Em 1.911, Leopoldo Cirne inaugurou a nova sede da FEB, iniciada por ele. Ainda na gestão de Leopoldo, a FEB reuniu vários Centros Espiritas do Rio de Janeiro e de outros Estados, (na então Capital do Brasil), resultando desse encontro o programa unificacionista Bases de Organização Espírita, no dia 01 de outubro de 1.904, que num processo de aperfeiçoamento na prática floresceu no Pacto Áureo 05/10/1.949 e finalmente resultou na madureza do atual Conselho Federativo Nacional. Foi ainda no dia 04 daquele mês e ano que a FEB promoveu a comemoração do 1.º Centenário de Nascimento de Allan Kardec.
O seu tipo físico nos é retratado pelo brilhante confrade jornalista, escritor e tradutor, Francisco Klors Wernec (hoje na espiritualidade) em carta que nos enviou, em 28/05/1.973: Eu ainda não era espírita e me achava longe de o ser quando me encontrava na rua com um senhor alto, claro, calvo e de grandes bigodes, o qual, mais tarde, vim a saber que se tratava de Leopoldo Cirne, de saudosa memória.
As suas traduções de No Invisível e Cristianismo e Espiritismo do grande Léon Denis, veem tendo as suas reedições asseguradas pelo Departamento Editorial da FEB.
Wantuil de Freitas considera Leopoldo Cirne como um dos grandes pensadores do movimento Espírita do País, sendo mesmo cognominado – O Léon Denis Brasileiro.
A sua desencarnação ocorreu no Rio de Janeiro-RJ, no dia 31 de julho de 1.941. Já no mês seguinte, a revista Reformador, órgão oficial da Federação Espírita Brasileira, em edição que guardamos em nosso modesto arquivo, trazia em suas páginas aquele acontecimento, e das quais extraímos os seguintes dizeres:
(…) Tendo ainda, a serviço da inteligência e do coração, cujos dotes se consorciavam admiravelmente, o dom, precioso para um expositor de doutrina, de uma palavra fácil, correntia, eloquente por vezes e sempre clara e tocante, ele se afirmou, presidindo a Federação, exímio pregador e instrutor notável, a cuja penetração mental nenhum embaraço insuperável oferecia qualquer ponto da matéria que versava, por mais obscuro e intrincado que fosse. (…) Por outro lado, em Leopoldo Cirne, teve o Espiritismo um escritor de muito merecimento. De pendor ingênuo para o jornalismo, manejando a pena com invulgar destreza, sabendo exprimir em estilo correto os pensamentos e desenvolver com clareza suas ideias e com apurada lógica na argumentação, o Reformador guarda, em suas coleções, enorme série de seus excelentes artigos, mesmo notáveis muitos, assim como estudos amplos e aprofundados das mais importantes questões doutrinárias e de assuntos filosóficos em geral. (…) Por isso e porque sabemos que nada ocorre à revelia da lei divina, que tudo tem a sua razão de ser providencial, e, portanto, justa, não lhe lamentamos a partida, como o faríamos se a encarássemos do ponto de vista estritamente humano, senão que com ele nos congratulamos, por se lhe haverem aberto as portas do cárcere da carne, para lhe ser dado, conforme certamente ocorreu, comparecer diante do Mestre Divino, a dizer-lhe Aqui está, Senhor, o teu servo cumpriu o que lhe ordenaste, dispõe dele como aprouver a tua sabedoria e a tua misericórdia.
Fonte: Grupo de Estudos Avançados Espíritas (GEAE).
Bibliografia:
Grandes Espíritas do Brasil, Zeus Wantuil.

Bezerra de Menezes, Canuto Abreu.

LÉON DENIS – BIOGRAFIA

Léon Denis

Léon Denis nasceu numa aldeia chamada Foug, situada nos arredores de Tours, em França, a 1 de Janeiro de 1.846, numa família humilde. Cedo conheceu, por necessidade, os trabalhos manuais e os pesados encargos da família.
Não era seu hábito desperdiçar um minuto sequer de seu tempo, com distrações frívolas, às quais a maior parte dos homens recorre para matar as horas. Desde os seus primeiros passos neste mundo, sentiu que os amigos invisíveis o auxiliavam.
Ao invés de participar em brincadeiras próprias da juventude, procurava instruir-se o mais possível.
Lia obras sérias, conseguindo assim, com esforço próprio desenvolver a sua inteligência. Tornou-se um autodidata sério e competente. Aos 12 anos concluiu o curso primário, mas a situação modesta da sua família não lhe permitiu grandes estudos.
Desde cedo teve problemas de saúde física: com os olhos principalmente. Aos 16 anos salientou-se como um dos melhores oradores e ardente propagandista.
Aos 18 anos tornou-se representante comercial da empresa onde trabalhava, fato que o obrigava a viagens constantes, situação que se manteve até à sua reforma e manteve ainda depois por mais algum tempo.
Adorava a música e sempre que podia assistia a uma ópera ou concerto. Gostava de dedilhar, ao piano, árias conhecidas e de tirar acordes para seu próprio devaneio.
Não fumava, era quase exclusivamente vegetariano e não fazia uso de bebidas fermentadas. Encontrava na água a sua bebida ideal.
Era seu hábito olhar, com interesse, para os livros expostos nas livrarias. Um dia, ainda com 18 anos, o chamado acaso fez com que a sua atenção fosse despertada para uma obra de título inusitado. Esse livro era “O Livro dos Espíritos” de Allan Kardec.
Dispondo do dinheiro necessário, comprou-o e, recolhendo-se imediatamente ao lar, entregou-se com avidez à leitura. O próprio Denis disse: “Nele encontrei a solução clara, completa e lógica, acerca do problema universal. A minha convicção tornou-se firme. A teoria espírita dissipou a minha indiferença e as minhas dúvidas”.
O seu espírito, nessa hora, sentiu-se sacudido em face dos compromissos assumidos no Espaço, para iniciar, em breve, o trabalho de propagação das verdades Kardecianas. “Como tantos outros” – disse ele – “procurava provas, fatos precisos, de modo a apoiar a minha fé, mas esses fatos demoraram muito a chegar. A princípio insignificantes, contraditórios, mesclados de fraudes e mistificações, que não me satisfizeram, a ponto de, por vezes, pensar em não mais prosseguir as minhas investigações. Mas, sustentado, como estava, por uma teoria sólida e de princípios elevados, não desanimei. Parece que o invisível deseja experimentar-nos, medir o nosso grau de perseverança, exigir certa maturidade de espírito antes de entregar-nos aos seus segredos”.
Encontrava-se nos seus trabalhos de experimentações, quando importante acontecimento se verificou na sua vida: Allan Kardec viera passar alguns dias na pacata cidade de Tours, com seus amigos. Todos os espíritas tourenses foram convidados a recebê-lo e a saudá-lo.
As viagens eram para ele uma fonte de alegria e de aprendizado. Em França e no estrangeiro aproveitava as oportunidades que poderiam enriquecer materialmente o patrão sem desprezar tudo o que poderia contribuir para o conhecimento próprio.
Interessavam-lhe as praças, os monumentos, o povo, os hábitos, os costumes e a meditação entre os velhos caminhos das montanhas. Delicia-se com os bosques, com os rios e os lagos. Estas longas horas de meditação solitária no seio da Natureza conduziram-no a uma mais completa compreensão de Deus.
Em 1.880, pelas cidades e vilas que percorria, por força dos seus afazeres profissionais, pronunciava conferências e fundava círculos e bibliotecas populares. É incalculável o número de conferências por ele proferidas em França, no propósito de propagar a “Liga de Ensino”, fundada por Jean Macé.
Na Argélia, onde esteve várias vezes em serviço, também desenvolveu uma intensa atividade de divulgação doutrinária.
O ano de 1.882 marca, em realidade, o início do seu apostolado, durante o qual teve que enfrentar sucessivos obstáculos: o materialismo e o positivismo que olham para o Espiritismo com ironia e risadas e os crentes das demais correntes religiosas, que não hesitam em aliar-se aos ateus, para o ridicularizar e enfraquecer.
Léon Denis porém, como bom paladino, enfrenta a tempestade. Os companheiros invisíveis colocam-se ao seu lado para o encorajar e exortá-lo à luta. “Coragem, amigo” – diz-lhe o espírito de Jeanne – “estaremos sempre contigo para te sustentar e inspirar. Jamais estarás só. Meios ser-te-ão dados, em tempo, para bem cumprires a tua obra”.
A 2 de Novembro de 1.882, dia de Finados, um evento de capital importância produziu-se na sua vida: a manifestação, pela primeira vez, daquele Espírito que, durante meio século, havia de ser o seu guia, o seu melhor amigo, o seu pai espiritual – Jerónimo de Praga – que lhe disse: “Vai meu filho. Pela estrada aberta diante de ti. Caminharei atrás de ti para te sustentar”. E como Léon Denis indagasse se o seu estado de saúde o permitiria estar à altura da tarefa, recebeu esta outra afirmativa: “Coragem, a recompensa será mais bela”.
A partir de 1.884, achou conveniente fazer palestras visando à maior difusão das ideias espíritas.
Escreveu, em 1.885, o trabalho “O Porquê da Vida”, no qual explica, com nitidez e simplicidade, o que é o espiritismo.
Em 1892, recebeu um convite da duquesa de Pomar, para falar de espiritismo na sua residência, numa dessas manhãs célebres, em que se reunia quase toda a Paris. Ele ficou indeciso e temeroso. Depois de muito meditar as responsabilidades, aceitou o convite. “Le Journal” de Paris publicou, acerca da reunião na casa da duquesa, a seguinte notícia: “A reunião de ontem, para ouvir a conferência de Léon Denis sobre a Doutrina Espírita, foi uma das mais elegantes. De uma eloquência muito literária, o orador soube encantar o numeroso auditório, falando-lhe do destino da alma, que pode, diz ele, reencarnar até à sua perfeita depuração. Ele possui a alma de um Bossuet e soube criar um entusiasmo espiritualista”.
O êxito do seu livro “Depois da Morte” situara-o como escritor de primeira ordem.
Os grandes jornais e revistas ecléticas solicitavam-no e as tiragens sucessivas desse livro esgotavam-se rapidamente.
A principal obra literária de Denis foi a concernente ao Espiritismo, mas escreveu, outrossim, segundo o testemunho de Henri Sausse, várias outras, como: Tunísia, Progresso, Ilha de Sardenha, etc., certamente fruto das suas memórias de viagem.
A partir de 1.910, a visão de Léon Denis foi, dia a dia, enfraquecendo. A operação a que se submetera, dois anos antes, não lhe proporcionara nenhuma melhora, mas suportava, com calma e resignação, a marcha implacável desse mal que o castigava desde a juventude. Aceitava tudo com estoicismo e resignação. Jamais o viram queixar-se.
Todavia, bem podemos avaliar quão grande devia ser o seu sofrimento. Mantinha volumosa correspondência. Jamais se aborrecia. Amava a juventude, possuía a alegria da alma. Era inimigo da tristeza. O mal físico, para ele, devia ser bem menor do que a angústia que experimentava pelo fato de não mais poder manejar a pena. Secretárias ocasionais substituíam-no nesse ofício. No entanto, a grande dificuldade para Denis, consistia em rever e corrigir as novas edições dos seus livros e dos seus escritos. Graças, porém, ao seu espírito de ordem e à sua incomparável memória, superava todos esses contratempos, sem molestar ou importunar os amigos.
Depois da morte da sua genitora, uma empregada cuidava da sua pequena habitação. Ele só exigia uma coisa: o absoluto respeito às suas numerosas notas manuscritas, as quais ele arrumava com meticulosa precaução. E foi justamente por causa dessa sua velha mania que a duquesa de Pomar o denominara “o homem dos pequenos papéis”.
Em 1.911, após despender não pequeno esforço, no preparo da nova edição d’ “O Problema do Ser, do destino e da Dor”, ficou gravemente doente com uma pneumonia; foi o tratamento atempado do seu médico que, num curto espaço de tempo, o colocou de novo em pé.
Contudo uma grande e profunda dor lhe estava reservada: veio a Guerra de 1.914-18 e o seu espírito condoía-se ao ver partir para a frente de batalha a maioria dos seus amigos.
Léon padecia, então, de uma doença intestinal e estava parcialmente cego. Pela incorporação, os seus amigos do Espaço e, entre eles, um Espírito eminente, comunicavam-lhe, de tempos em tempos, as suas opiniões sobre essa terrível guerra, considerada nos seus dois aspectos: o visível e o oculto.
Estas comunicações levaram-no a escrever um certo número de artigos, publicados na “Revue Spirite”, na “Revue Suisse des Sciences Psychiques” e no “Echo Fid”, onde transparece, dentro da lei de causa e efeito, o seu grande amor pela terra onde nasceu.
Quando a Guerra se aproximava do fim, a “Revue Spirite” passou a publicar, em todos os seus números, artigos de Léon Denis.
Após a 1.ª Grande Guerra, aprendeu braile, o que lhe permitiu fixar no papel os elementos de capítulos ou artigos que lhe vinham ao espírito, pois, nesta época da sua vida, estava, por assim dizer, quase cego.
Em 1.915 iniciava ele uma nova série de artigos, repassados de poesia profunda e serena, sobre a voz das coisas, preconizando o retorno à Natureza. Nesta época, um forte vento soprava contra o Kardecismo. O fenomenismo metapsiquista espalhava aos quatro ventos a doutrina do filósofo puro. P. Heuzé fazia muito barulho através do “L’Opinion”, com as suas entrevistas e comentários tendenciosos. Afirmava, prematuramente, que, à medida que a Metapsíquica fosse avançando, o Espiritismo iria, a par e passo, perdendo terreno. A sua profecia, no entanto, ainda não se realizou.
Após a vigorosa resposta de Jean Meyer na “Revue Spirite”, Léon Denis por sua vez, entrou na discussão, na qualidade de presidente de honra da União Espírita
Francesa, numa carta endereçada ao “Matin”, na qual estabelecia, com admirável nitidez, a diferença entre Espiritismo e Metapsiquismo.
A partir desse momento, Léon Denis teve que exercer grande atividade jornalística para responder às críticas e ataques de altos membros da Igreja Católica, saindo-se, como era de esperar, de maneira brilhante.
Em Março de 1.927, com 81 anos de idade, terminara o manuscrito que intitulou de “O Gênio Céltico e o Mundo Invisível”. Neste mesmo mês a “Revue Spirite” publicava o seu derradeiro artigo.
Terça-feira, 12 de Abril de 1.927 pelas 13 horas, respirava Denis com grande dificuldade. A pneumonia atacava-o novamente. A vida parecia abandoná-lo, mas o seu estado de lucidez era perfeito. As suas últimas palavras, pronunciadas com extraordinária calma, apesar da muita dificuldade, foram dirigidas à sua empregada Georgette: “É preciso terminar, resumir e.. concluir”. Fazia alusão ao prefácio da nova edição biográfica de Kardec. Neste preciso momento, faltaram-lhe completamente as forças, para que pudesse articular outras palavras. Às 21 horas o seu espírito alou-se. O seu semblante parecia ainda em êxtase.
As cerimônias fúnebres realizaram-se a 16 de Abril. A seu pedido, o enterro foi modesto e sem o ofício de qualquer Igreja confessional. Está sepultado no cemitério de La Salle, em Tours.
Abaixo, alguns livros de Léon Denis:
– CRISTIANISMO E ESPIRITISMO (Editora FEB);
– DEPOIS DA MORTE (Editora FEB);
– ESPÍRITOS E MÉDIUNS (Editora CELD);
– JOANA D’ARC, MÉDIUM (Editora FEB);
– O ESPIRITISMO NA ARTE (Editora FEB);
– O PORQUÊ DA VIDA (Editora FEB);
– O PROBLEMA DO SER, DO DESTINO E DA DOR (Editora FEB);
–  SOCIALISMO E ESPIRITISMO (Editora “O Clarim”).
Texto de José Basílio, baseado no livro “Páginas de Léon Denis” de Sylvio Brito Soares.

LÁZARO LUIZ ZAMENHOF – BIOGRAFIA

Lázaro Luiz Zamenhof

Lázaro Luiz Zamenhof nasceu em 15 de dezembro de 1.859, na cidade de Bialystok, na Polônia, então anexada ao Império Russo. Era filho de Rosália e Marcos Zamenhof, criterioso professor de Geografia e línguas modernas.
Bialystok era uma cidade retalhada por diferenças políticas, religiosas e linguísticas; falavam-se ali quatro idiomas: o polonês, o iídiche, o russo e o alemão, e o menino Lázaro assistia a discussões e contendas que geralmente terminavam em lágrimas, sangue e até mesmo em mortes violentas. Essa impressão terrível não mais se apagaria de sua mente; por isso, desde criança ele acalentou o sonho de criar uma língua através da qual as pessoas de sua cidade e do mundo inteiro pudessem se entender.
Zamenhof aprende vários idiomas (além dos quatro de sua cidade, aprendeu latim, hebraico, francês, grego e italiano, entre outros) e, ainda ginasiano, em 1.878, elabora a “Lingve Universala”, aquela que viria a ser a predecessora do Esperanto.
A família de Zamenhof mudou-se para Varsóvia e, terminado o ginásio, ele foi mandado para Moscou, onde iria estudar Medicina. Durante seu afastamento, seu pai, prudente e rigoroso, preocupado com o futuro do filho, queimou os manuscritos sobre a Língua Internacional.
Ao regressar à casa paterna e dar-se conta do ocorrido, Lázaro passa a reconstruir pacientemente todo o seu projeto. Só depois de experimentos exaustivos e comprovações minuciosas com os estudos da gramática e vocabulário intensamente vividos e testados foi que considerou pronta a sua obra.
Traduziu para o Esperanto grandes obras da literatura mundial, entre elas a Bíblia (Velho Testamento) e Hamlet, de Shakespeare. Estava nessa época com 28 anos de idade.
Finalmente, em 26 de julho de 1.887, com o auxílio financeiro de seu futuro sogro, Zamenhof lança o Esperanto para o mundo, através de uma pequena gramática em russo, a “Lingvo Internacia”, de autoria do “Doktoro Esperanto” (pseudônimo que na nova língua significa “doutor que tem esperança”). O pseudônimo, com o decorrer do tempo, passou a ser usado para denominar a própria língua: Esperanto.
Sem deixar a profissão, já médico (oftalmologista) formado, Zamenhof trabalhou ardorosamente na divulgação da Língua Internacional. Só depois de concluída e editada sua obra é que casou-se com Clara Silbernik, com quem teve três filhos.
Em agosto de 1.905, Lázaro Luiz Zamenhof vê o seu ideal se concretizar no Primeiro Congresso Universal de Esperanto, em Boulogne-sur-Mer, na França, onde se reuniram centenas de pessoas de vários países, comunicando-se em uma única língua, durante os seis dias do evento. O criador da Língua da Fraternidade ainda compareceu a outros oito congressos universais, fazendo discursos em quase todos eles, viajando sempre às custas de suas próprias finanças, com dificuldades, mas nunca se aproveitando do seu prestígio.
Em 1.914, a eclosão da Primeira Guerra Mundial interrompe a expansão do Esperanto por algum tempo abalado, Zamenhof, com problemas cardíacos, vem a falecer três anos depois, em 14 de abril de 1.917, na cidade de Varsóvia.
Lázaro Luiz Zamenhof foi um homem iluminado, de moral superior, dotado de extraordinária força de vontade na divulgação de seu ideal humanístico. Foi um verdadeiro universalista, pacifista e pensador que lutou contra toda espécie de sectarismo. Sua vida foi tecida de sacrifícios, abnegação e devotamento; era um homem extremamente solidário, cultivando a tolerância e a afabilidade para com todos, nunca perdendo a oportunidade de ser caridoso.
Foi, portanto, com merecimento que a UNESCO o reconheceu como um “benfeitor da Humanidade”, um nobre espírito que legou à família humana o instrumento ideal para a comunicação entre seus membros e para o seu progresso baseados na fraternidade universal.

Fonte: Site www.lazaroluizzamenhof.com.br

JÚLIO CESAR LEAL – BIOGRAFIA

Júlio Cesar Leal

Filho de Ezequiel Leal e de D. Alexandrina Leal, nasceu na Bahia em 6 de fevereiro de 1.837, desencarnando no Rio de Janeiro, em 22 de novembro de 1.897, vítima de uma febre palustre que contraíra na cidade de Macaé, onde exercia o cargo de inspetor da Alfândega. Distinto e zeloso funcionário dessa repartição da Fazenda, servira em diversos Estados do Brasil e participara de diferentes comissões.

Jornalista, poeta, romancista, teatrólogo e polemista vigoroso, foi um dos mais antigos pioneiros do Espiritismo no País. Referindo-se ao talentoso baiano, Sacramento Blake, assim escreveu no volume V do seu “Dicionário Bibliográfico Brasileiro”: “Talento robusto, dedicação fervorosa aos trabalhos de gabinete, pena hábil e bem aparada, havia-se ocupado não só da literatura em todos os seus ramos, como também da filosofia, da religião, da política, da história pátria, da legislação e do comércio”.

Como espírita, foi, de fato, um dos primeiros no território brasileiro, e sua conversão se dera na capital baiana. Estavam, ele e mais quatro amigos, reunidos numa sala de certa Loja Maçônica de Salvador, quando a conversa em que se entretinham se desviou para o Espiritismo. As obras de Allan Kardec, em francês, começavam a aparecer naquela “leal e valorosa” cidade, já dando o que falar nos meios mais cultos. Em dado momento, o referido grupo concordou em fazer um experiência: colocariam papel e lápis dentro de uma manga de vidro que se achava sobre uma mesa, no quarto fronteiro à sala onde conversavam. Depois fechariam a porta do referido quarto e, concentrados, pediram o auxílio dos bons Espíritos, para que um deles lhes fornecesse a prova de uma vida pós-morte. Assim fizeram. Passados quinze minutos, ouviram bater na porta pelo lado de dentro: abriram-na e, estupefatos, acharam uma mensagem escrita e assinada. Esse fato bastou para conduzi-los ao estudo do Espiritismo, e eis que Júlio Cesar Leal se torna, em pouco tempo, propagandista entusiasta da Doutrina Espírita, logo surgindo nele a mediunidade de incorporação: em estado sonambúlico, transmitia, oralmente, belas e esclarecedoras mensagens de elevados Espíritos.

Em 1.869, ele lançava a público, em Penedo (Alagoas), a primeira obra em versos para a Difusão da Doutrina Espírita no Brasil. Intitulava-se: “O Espiritismo – Meditações Poéticas sobre o Mundo Invisível, acompanhadas de uma evocação”, com prefácio data de 18 de novembro de 1.869.

Júlio Cesar Leal formou-se em Direito e foi professor de humanidades, não sabemos onde e nem por quanto tempo. Bastante respeitado pela sua cultura e erudição, deixou em várias cidades brasileiras, a elas levado por suas funções de inspetor alfandegário, um nome benquisto e preciosa colaboração intelectual, pois que fora escritor de grande inspiração e orador de largos voos. A sua palavra era fácil e por vezes eloquente, utilizando sempre esses dotes melhor servir a Doutrina Espírita.

Dedicou-se ao jornalismo com alto espírito público, e é assim que redigiu o “Jornal de Penedo”, do qual foi fundador em 1.871, o “Jornal de Alagoas”, órgão político e noticioso de Maceió, o “Jornal do Comércio” e a “Gazeta de Notícias”, ambos de Porto Alegre, o “Jornal do Povo”, da Bahia, etc.

Dramaturgo ilustre, escreveu oito peças dramáticas, e como previu – segundo declara Pedro Calmon em sua “História da Literatura Baiana” – a guerra dos Canudos no seu drama “Antonio Maciel, o Conselheiro” (1.858). Tornou-se membro do Conservatório Dramático da Bahia, instalado na cidade do Salvador, em 1.857, pelo Dr. Agrário de Souza Menezes.

De passagem pelo Rio de Janeiro, em 1.881, a Sociedade Acadêmica Deus, Cristo e Caridade inscreveu-o em seu quadro social e ele pronunciou nos dias 12 e 19 de abril, na Escola Pública da Glória, duas conferências sobre o tema – ” O Materialismo e o Espiritismo”. A imprensa leiga deu notícia desenvolvida a respeito dessas conferências, aplaudindo as ideias manifestadas pelo eloquente orador.

Em 06 de julho de 1.881, fundou, na cidade do Recife, o semanário espírita – “A Cruz”, o primeiro órgão do Espiritismo em Pernambuco. Era um jornal de quatro páginas, impresso pela Tip. Universal, à Rua do Imperador, n.º 50. Infelizmente, curta foi a sua duração, diante dos intransponíveis obstáculos que se lhe depararam.

Residindo no Rio de Janeiro, Júlio Cesar Leal pertenceu à Assistência aos Necessitados da Federação Espírita Brasileira, que então funcionava à Rua da Alfândega, n.º 342, 2.º andar, ali desenvolvendo, junto a outros abnegados companheiros, amplos serviços de socorro e enfermos do corpo e da alma.

Nos primeiros sete meses de 1.895, presidiu a Federação Espírita Brasileira, num período de grave crise interna que só conseguiu ser ultrapassado quando, com a renúncia dele (J. C. Leal), o Dr. Bezerra de Menezes assumia, a 03 de agosto de 1.895, a direção da referida Casa. Bezerra procurou, desde logo, congregar as forças dispersas, frisando a necessidade de um movimento espírita organizado, com unidade de direção, e demonstrando, ainda, que a Federação preenchia todas as condições para ser o centro da união dos espíritas brasileiros.

Quanto a Júlio Cesar Leal, não terminou ele, naquela Casa, a sua missão, incansável trabalhador que era. Continuou a contribuir com o melhor de seus esforços para que a obra de propaganda prosseguisse ativa e incessante, lançando à publicidade novos livros e pronunciando conferências espíritas em várias Sociedades. Tornou-se um dos diretores efetivos do “Centro da União Espírita de Propaganda no Brasil”, reinstalado, em nova fase, em  1.894, aí trabalhando ao lado de Bezerra de Menezes, Augusto Elias da Silva, Ernesto dos Santos Silva, Pinheiro Guedes e outros espíritas de projeção.

Esse Centro, cujas reuniões a princípio se realizaram dentro da própria Casa de Ismael, e do qual Bezerra de Menezes se afastaria em 1.896, entrou em franca decadência no último trimestre de 1.897, por falir em seus princípios objetivos, levando outros diretores, inclusive os mencionados, a se desligarem dele.

Júlio Cesar Leal foi orador de conferência públicas na Federação Espírita Brasileira, colaborando, às vezes, no “Reformador”, onde começou a publicar, como fervoroso adepto da Homeopatia, um trabalho intitulado “Electro-homeopatia, suas vantagens sobre os demais sistemas de tratamento médico”. A desencarnação de Júlio Cesar Leal impediu-o de terminar esse curioso sistema, preconizado na Europa pelo Conde Mattei, de nacionalidade italiana.

Entre as obras espíritas  por ele escritas, destacam-se, além da que já foi aqui mencionada, as seguintes, algumas com várias reedições: “Compêndio de Filosofia Moral”, Maceió, 1.872; “Evangelho dos Espíritos. Religião Universal, fundada na verdadeira interpretação e explicação das doutrinas de Jesus-Cristo e seus apóstolos”, por J. C. Leal e José Ricardo Coelho Júnior, Recife, 1.881; “A Casa de Deus”, romance instrutivo, precedido de páginas científicas, Rio, 1.894; “Padre, Médico e Juiz”, Rio, 1.896; “Os Loucos”, romance.

São essas as peças de teatro que produziu, algumas levadas à cena: “Antônio Maciel, o Conselheiro”, drama em 4 atos,  Bahia, 1.858; ” O crime punido por si mesmo”, drama em 4 atos, Bahia, 1.859; “Luisa e Marçal”, drama em 2 atos, Paranaguá, 1.861;  “Os episódios de um noivado”, drama original brasileiro em 4 atos, Rio, 1.862; “A mulher entre dois fogos”, drama em 4 atos, Maceió, 1.872; “A escrava Isaura”, drama e 4 atos, Porto Alegre, 1.883; “Mateus e Garcia”, drama; “Última República Americana”, drama, Rio, 1.890.

Entre os romances, afora os já citados, temos: “Cenas de Escravidão”, Penedo, 1.872; “Amor com amor se paga”, Recife, 1.879; “Casamento e Mortalha”, Pernambuco, 1.884; “Mortalha de Alzira”, romance popular.

Das obras em geral, podemos alinhar algumas de autoria de Júlio Cesar Leal: “Notícias de Paranaguá”, na Revista Popular, tomo 13.º, 1.862; “Cartas políticas ao exmo. Sr. Senador Jacinto Paes de Mendonça”, Maceió, 1.873; “A Maçonaria e a Igreja”, conferência pública no edifício da Sociedade “Perfeita Amizade Alagoana”, Maceió, 1.873; “Livro de Poesias”, São Paulo, 1.874; “Apontamentos para a boa administração das alfândegas do Império e o uso do comércio”, compilados por …”, Pernambuco, 1.878; “Biografia do General de Divisão José de Almeida Barreto”, Rio, 1.891; etc.

O Dr. Júlio Cesar Leal pregou desassombradamente o Espiritismo até o fim de sua existência. E defendeu-o numa época em que os adeptos precisavam ter elevado espírito de desprendimento e verdadeira coragem, sendo por tudo isso digno da posição de relevo que ocupa no movimento espírita nacional.














JOSÉ MARTINS PERALVA – BIOGRAFIA

José Martins Peralva

Embora se alinhe entre as figuras mais destacadas do Movimento Espírita de Minas Gerais, o nosso biografado não é mineiro. Nasceu em Buquim, cidade do Sul de Sergipe, em 1.º de abril de 1.918, estando, portanto, com 88 anos de idade.
Foram seus pais Basílio Martins Peralva e Etelvina da Fonseca Peralva. Seu genitor, um dos pioneiros do Espiritismo em terras sergipanas, era espanhol de nascimento, tendo vindo para o Brasil aos 12 anos de idade, fixando residência em Passa Quatro, Sul de Minas.
Ainda moço, transferiu-se para o Nordeste do País, onde, como engenheiro prático e desenhista, construiu ramais de estradas de ferro ligando Bahia e Sergipe. Em Buquim, tornou-se fazendeiro e conheceu moça de rara beleza e peregrinas virtudes, conhecida como Teté (Etelvina), com quem contraiu matrimônio.
Martins Peralva iniciou-se no Espiritismo sob assistência e orientação diretas de seu pai, excepcional médium curador, vigoroso polemista e excelente doutrinador.
Acompanhando, desde os 6 anos de idade, os trabalhos desenvolvidos com extraordinária segurança, presenciou em sua própria casa notáveis curas realizadas por intermédio de seu genitor.
Teve a infância e a adolescência enriquecidas por fatos extraordinários e pelo contato com a Doutrina, o que lhe proporcionou formação espírita essencialmente baseada em Allan Kardec.
Do ponto de vista material, sua adolescência foi extremamente difícil, pois perdeu o pai com apenas 13 anos (21/05/1.931), ficando a viúva Etelvina e seus filhos Edison, Eurídice e José em situação de pobreza. Lívio Pereira da Silva, admirável companheiro de Basílio Peralva, providenciou emprego para o filho mais velho, Edison, de 15 anos, que cercou a família de todo carinho.
Apesar de ser o mais novo dos filhos, nosso biografado assumiu o comando da casa e procurou logo trabalhar para obter o pão de cada dia. O primeiro emprego foi de balconista, na padaria de Ephrem Fernandes Fontes, parente pelo lado materno; o segundo, como boy do Cartório de Heráclito Araújo Barros, também parente pelo lado materno; o terceiro, na cidade do Rosário do Catete, como apontador na construção do Grupo Escolar Senador Leandro Maciel, passando 8 meses longe da mãe e irmãos, com apenas 15 anos de idade; o quarto, como apontador na conservação de estradas de rodagens, responsável pelo trecho Aracaju-Socorro-São Cristóvão, tendo de percorrer diariamente, a pé, cerca de 80 quilômetros (ida e volta), saindo de casa às 6 horas da manhã e retornando à noite, em trabalho realmente penoso para um adolescente franzino.
Penalizada com a situação do filho, a senhora Teté vendeu a pequena casa em que moravam e pôde comprar-lhe uma bicicleta, com a qual passou a fazer o longo percurso. Toda essa luta era um estímulo para o compenetrado garoto que, com a morte do pai, tomara a si a direção do lar.
Terminadas as obras no interior, passou a trabalhar, ainda como apontador, na reconstrução do prédio do Tesouro do Estado de Sergipe, sob as ordens do Dr. Josué Batista, trabalhando depois como fiscal de construções, reformas e limpeza de casas.
Posteriormente fez concurso público para o cargo de escriturário da Prefeitura Municipal de Aracaju, tendo sido aprovado e nomeado. Depois, por merecimento, ocupou os cargos de oficial administrativo e assistente da Procuradoria da Fazenda Municipal, sob direção do bacharel Mário de Araújo Cabral.
Tendo-se revelado funcionário exemplar e capaz, granjeou a simpatia e confiança dos prefeitos, sendo escolhido para secretário particular dos prefeitos Carlos Firpo e José Garcez. Até sua aposentadoria, motivada por doença pulmonar, permaneceu servindo a todos os prefeitos seguintes como oficial de gabinete.
Em 4 de fevereiro de 1.938, com 20 anos, verificou-se o falecimento de sua mãe, sobrevindo novas dificuldades. Os irmãos dispersaram-se e Martins Peralva já com emprego certo na Prefeitura, permaneceu em Aracaju, passando a morar em república de rapazes, seus companheiros de futebol, esporte em que iria ter destaque. Apaixonado pelo futebol, ingressou no Paulistano F. C., chegando a ser convocado para a seleção de Sergipe. Todavia, por motivo de saúde, não chegou a disputar os jogos daquele ano, abandonando a prática do futebol em plena forma como center-half (médio volante). Sua paixão pelo futebol era tão grande que, aos 25 anos, tendo assumido a presidência da União Espírita Sergipana, não deixou de comparecer, aos domingos, ao Campo Adolpho Rollemberg e ao Campo do Palestra (onde hoje está o “Batistão”), para defender as cores do Paulistano. Foi também árbitro de futebol, diretor do Tribunal de Justiça Desportiva e redator esportivo do Correio de Aracaju, jornal em que também escrevia sobre Espiritismo, poesia, política e assuntos gerais.
Em agosto de 1.942, sem família em Aracaju, morando em república, casou-se com Jupira Silveira – a devotada esposa que desencarnaria em 15 de julho de 2.003 –, com quem teve três filhos: Ieda, nascida em Aracaju; Basílio e Alcione, nascidos em Belo Horizonte, os quais lhe deram 5 netos.
Basílio, atualmente, é membro do Conselho de Administração da União Espírita Mineira.
Em 1.949, indo ao Rio de Janeiro representar Sergipe na Festa Nacional do Livro Espírita promovida por valorosos companheiros, entre os quais Leopoldo Machado, Arthur Lins de Vasconcellos e Carlos Imbassahy, estendeu sua viagem, após o encontro, a Minas Gerais, objetivando conhecer e abraçar Chico Xavier, rever Virgílio Pedro de Almeida, discípulo de seu pai na área espírita, e visitar um irmão de seu pai, residente em Belo Horizonte: José Martins Peralva.
Seu primeiro contato com Chico Xavier ocorreu na noite de 13 de maio de 1.949, em reunião do Centro Espírita Luiz Gonzaga, em Pedro Leopoldo, sob grande emoção espiritual.
Desse encontro com Chico Xavier nasceu-lhe, espontaneamente, o desejo de transferir a residência para Belo Horizonte.
Voltando a Aracaju, trocou ideias com seu médico, Dr. Lourival Bonfim, que o considerava como filho, sendo orientado a mudar-se para a Capital Mineira, tida na época como cidade de clima ideal para a cura de problemas pulmonares.
Desfazendo-se da casa própria que tinha na Capital Sergipana, ele e a esposa Jupira partiram para Belo Horizonte, levando consigo a filha Ieda de 6 anos, desembarcando no aeroporto da Pampulha, em 4 de setembro de 1.949, para fixarem residência definitiva na Capital Mineira.
Seu primeiro contato com o meio espírita ocorreu na União Espírita Mineira, levado por Virgílio Pedro de Almeida, passando a trabalhar com Maria Philomena Aluotto Berutto, Camilo Chaves, Bady Elias Cury, Oscar Coelho dos Santos, Raul Pompeia, José Alves Neto, Efigênio Salles Vitor, dentre outros.
Simultaneamente, abraçou tarefas doutrinárias no Centro Espírita Célia Xavier, ao lado de Virgílio Almeida, Ederlindo Sá Roriz, Aderbal Nogueira Lima, José Pedro Xavier, Arnon Lopes Moreno e Antônio Rodrigues.
Quando chegou a Belo Horizonte em setembro de 1.949, a Mocidade Espírita “O Precursor”, contava apenas 6 meses de existência. Integrando-se ao movimento moço, foi um dos mentores da Mocidade, função que corresponde hoje à de coordenador. Foram também mentores Bady Raimundo Curi, Raul Pompeia, Virgílio Almeida e Maria Philomena Aluotto Berutto.
Em 1.964, depois de participar do Centro Espírita Célia Xavier durante 15 anos ininterruptos, fixou-se na União Espírita Mineira, exercendo os cargos de 1.º Secretário e posteriormente os de Vice-Presidente, Secretário de O Espírita Mineiro, Diretor do Departamento de Doutrina e Divulgação e Diretor-Executivo do Conselho Federativo Espírita de Minas Gerais.
Ingressou na carreira bancária em 1.º de abril de 1.950 (sua data natalícia), recebendo, como presente de aniversário do seu amigo Virgílio Pedro de Almeida, o primeiro emprego em Belo Horizonte, no Banco Financial da Produção S/A.
Como bancário por 35 anos ininterruptos, atuou como gerente dos bancos Belo Horizonte, União Comercial, Irmãos Guimarães e Progresso, aposentando-se pelo INSS em 1.985.
Martins Peralva foi membro do Conselho Geral e Secretário do Abrigo Jesus, sócio efetivo do Hospital Espírita André Luiz e 2.º Secretário do Centro Espírita Luz, Amor e Caridade.
Em Minas Gerais escreveu cinco obras evangélico-doutrinárias de reconhecido valor: Estudando a Mediunidade (25 edições), Estudando o Evangelho (8 edições), O Pensamento de Emmanuel (8 edições), Mediunidade e Evolução (8 edições), editadas pela FEB, e Mensageiros do Bem, com tiragem de dez mil exemplares, editada pela União Espírita Mineira.
Em 1963, apresentou na XVI Concentração de Mocidades Espíritas do Brasil Central e de São Paulo o trabalho intitulado “O Comportamento do Jovem em face do Problema Sexual”, que teve grande repercussão na época, quando o tema era ainda um tabu no meio espírita.
Participaram desse trabalho, com exposições e debates orais, o médico de Uberlândia Ismael Ferreira de Rezende (parte científica), o sociólogo de Goiânia Múcio Melo Álvares (parte social) e Martins Peralva (parte religiosa).
É com muito carinho e gratidão que ele se refere à esposa Jupira. Ela, ainda bem jovem, ajudou-o a enfrentar o problema de sua saúde, concordando em desfazerem-se da casa própria que possuíam em Aracaju, dedicando-se inteiramente ao seu tratamento em Belo Horizonte, onde encontraria a recuperação da saúde e a integração, do ponto de vista espiritual, num campo de trabalho maior.
Como escritor e jornalista de rara competência, pertenceu à Associação Sergipana de Imprensa e integra o corpo associativo do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais e da Associação Brasileira de Jornalistas e Escritores Espíritas.
Sempre colaborou em jornais e periódicos espíritas, escrevendo durante muitos anos artigos sobre Doutrina Espírita no principal jornal dos mineiros – o matutino O Estado de Minas.
Atualmente, por efeito de pertinaz enfermidade, vive em sua residência sob cuidados médicos e o carinho dos familiares, afastado das lides doutrinárias em que despontou como lídimo expoente do Espiritismo, com seu exemplo de autêntico servidor de Jesus, em lições vivas de devotamento à causa Espírita.

Fonte: Subsídios fornecidos por Basílio Silveira Peralva, filho do biografado. O Espírita Mineiro, n.º 293.

JOHN WILMOT ROCHESTER – BIOGRAFIA

John Wilmot Rochester

O Espírito que conhecemos sob o nome de conde de Rochester, está intimamente ligado – no que se refere à produção de suas obras – ao da médium Wera Krijanowskaia.
Pouca coisa pode-se dizer a respeito de John Wilmot, conde de Rochester, no que concerne a sua existência física.
Almirante célebre no reinado de Carlos II, da Inglaterra, foi autor de poesias satíricas, bastante apreciadas em sua época, e possuía vasta cultura.
Nasceu em 1.647 e morreu em 1.680, aos 33 anos de idade.
Missão
No estado de Espírito, Rochester recebeu a missão de trabalhar pela propagação do Espiritismo. Para poder cumprir a tarefa, escolheu e preparou desde a infância a médium Wera Ivanova Krijanowskaia, jovem filha de distinta família russa.
Não obstante haver recebido sólida instrução no Instituto Imperial de S. Petersburgo, Wera não se aprofundou em nenhum ramo de conhecimento. Sua mediunidade consistia, principalmente, na escrita mecânica. O automatismo que a caracterizava fazia sua mão traçar as palavras com rapidez vertiginosa e completa inconsciência de ideias.
As narrações que lhe eram ditadas denotam amplo conhecimento da vida e dos costumes antigos e trazem em suas minúcias tal cunho de feição local e de verdade histórica, que é difícil ao leitor não lhes reconhecer a autenticidade. Afigurasse-nos impossível que um historiador, por mais erudito que seja, possa estudar, simultaneamente e a fundo, épocas e meios tão diferentes como as civilizações assíria, egípcia, grega e romana; bem como costumes tão dessemelhantes quanto os da França de Luís XI e os da Renascença.
No período compreendido entre 1.882 e 1.920, foram escritos 51 romances, quinze dos quais têm tradução para o português: “O Chanceler de Ferro”, “O Faraó Mernephtah”, “Romance de Uma Rainha” (2 volumes), “Episódio da Vida de Tibério”, “Herculanum”, “O Sinal da Vitória”, “A Abadia dos Beneditinos”, “Naema, a Bruxa”, “A lenda do Castelo de Montinhoso”, “A Vingança do Judeu”, “A Feira dos Casamentos”, “Na Fronteira”, “O Elixir da Longa Vida, “A Noite de São Bartolomeu” e “Narrativas Ocultas”.
Obra
A temática da obra de Rochester começa no Egito faraônico, passa pela antiguidade greco-romana e pela Idade Média e chega até o século XIX. Nos seus romances, a realidade navega num caudal fantástico, em que o imaginário ultrapassa os limites da verossimilhança, tornando naturais fenômenos que a tradição oral cuidou de perpetuar como sobrenaturais.
O referencial de Rochester é pleno de conteúdo sobre costumes, leis, antigos mistérios e fatos insondáveis da História, sob um revestimento romanesco, onde os aspectos sociais e psicológicos passam pelo filtro sensível de sua grande imaginação.
A classificação do gênero, em Rochester, é dificultada por sua expansão em várias categorias: terror gótico com romance, sagas de família, aventuras e incursões pelo fantástico.
É tão grande o número de edições das obras de Rochester, espalhadas por inúmeros países, que não é possível fazer ideia de sua magnitude, principalmente ao se considerar que, segundo os pesquisadores, muitas dessas obras são desconhecidas do grande público.
Diversos cultores dos romances de Rochester efetuaram (e, quiçá, efetuam) pesquisas em bibliotecas de vários países, notadamente na Rússia, para localizar obras ainda desconhecidas. É o que se depreende dos prefácios transcritos em diversas obras.
Considerações finais
Nesta sucinta descrição da vida e obra de Rochester, tendo em vista o grande número de obras publicadas, abstivemo-nos de relacionar todas elas. O leitor interessado, todavia, encontrará a relação completa no livro Narrativas ocultas.
A Sociedade Científica de Espiritismo de Paris publicou uma mensagem mediúnica de Rochester, que figura no prefácio da obra “Episódio da Vida de Tibério”, em francês, na qual ele afirma que muitas narrativas completariam sua obra mediúnica, e que a última a aparecer seria “Memória de um Espírito Errante”, com a descrição da última encarnação dos autores do drama secular de suas obras, e que estariam encarnados na Terra neste período.
Segundo afirmativa dos membros do grupo espírita no qual Rochester se manifestava, a obra referida seria seu trabalho capital e uma espécie de enciclopédia do Espiritismo.
Narrando as existências de diversos Espíritos, que a cada vez voltam a sofrer uma nova prova terrestre, essas obras estabelecem o princípio da reencarnação progressiva, tal como foi ensinado por Allan Kardec, em contraste com o dogma do inferno eterno, desmentido formal às desesperadas palavras de Dante: Lasciate ogni speranza voi ch’entrate!
Fonte: site: www.searabendita.org.br