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O CAJADO



Quem faça viagem longa,
Se é prudente e ponderado,
Jamais pode prescindir
Do concurso de um cajado.

Conduzir arma de fogo
Ultrapassa a obrigação,
Evite-se a qualquer preço
A morte e a destruição.

Entretanto, é indispensável,
Nas surpresas do caminho,
Que se guarde alguma coisa
Contra a pedra, contra o espinho.

O bordão é companheiro,
Não se aflige, não se assusta;
Permanece na defesa
Do esforço da causa justa.

Pode agir sem destruir,
Cede apoio com proveito,
Prestativo, atencioso,
Infunde calma e respeito.

Desvia o curso à serpente,
Traça rotas, vence o mato,
Em todas as latitudes,
O bordão é herói no tato.

Sonda o leito do caminho,
Pratica a verdade e o bem,
Onde há fogos e perigos,
Informa como ninguém.

Com seu auxílio é possível
Prosseguir e caminhar,
O próprio cego dos olhos
Não precisa estacionar.

Reparando-se, porém,
No ensino a que o quadro alude,
A jornada é nossa vida,
O bordão, nossa atitude.

*

Segue honesto, a passo firme,
De espírito sossegado,
Não sofras pelo dinheiro,
Mas conserva o teu cajado.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier






A SEMENTE



Nos quadros vivos da roça,
A semente pequenina
E’ página aberta aos homens,
Mostrando lição divina.

E’ minúscula, e somente
À luz de grande atenção
Pode ser reconhecida
No campo de plantação.

Quanto pesa? Quase nada:
Coisa muito inferior,
Calcada aos pés, sem cuidado,
Nas lutas do lavrador.

No entanto, grãozinho humilde,
Que pouca gente repara,
Tem tarefas e caminhos,
Lições de beleza rara.

Humilde, pequena e pobre,
Abandonada ao monturo,
A semente é a garantia
Do edifício do futuro.

Coisa mínima lançada
Ao vasto lençol do chão,
Vai ser árvore, celeiro,
Remédio, alimentação.

Mas é justo ponderar,
Ao senso da criatura,
Que a espécie de produção
Responde à semeadura.

Laranjeira dá laranja,
Macieira dá maçã,
Planta rude do espinheiro
E’ mais espinho amanhã.

As sementes ignoradas,
Da roça desconhecida,
São iguais às bagatelas
Do quadro de nossa vida.

*

Uma palavra, um conselho,
Um gesto, uma vibração,
Vão crescer e produzir
Conforme nossa intenção.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier






O FIO



Nos movimentos da agulha,
Nas tarefas do tear,
O fio é muito importante
Na base de todo lar.

Pouca gente lhe observa
Os valores, vida em fora;
Na verdade, é companheiro
Nas lutas de cada hora.

Humilde, tênue, singelo,
Às vezes quase impalpável,
Para o pobre, para o rico,
É matéria indispensável.

Existe em padrões diversos,
No algodão, em seda, em lã,
E entre as dádivas do mundo
E’ sublime talismã.

E’ bênção do amor de Deus,
Que acompanha a criatura
Nos campos do mundo inteiro,
Desde o berço à sepultura.

Entretanto, é alguma coisa
Muito frágil, muito leve,
Cuja trama delicada
Nosso lápis não descreve.

Por ele, milhões de seres,
No espírito do trabalho,
Encontram caminho e vida,
Luz e paz, força e agasalho.

Olha o fio pobre e simples!
Que lição útil e bela!…
E’ tesouro do caminho,
Mas parece bagatela.

Observando-o, recordo
As glórias e fins supremos,
Do tempo que é luz divina,
Neste instante que vivemos.

*

O segundo é gota humilde,
O século é vasto rio …
Vive em Deus cada momento
Que o minuto é nosso fio.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier



O CARRO



Nos problemas de viagem
Por vencer qualquer distância,
Todo carro requisita
Esforços de vigilância.

Antes de tudo, atendendo
As lições da Natureza,
Não se pode prescindir
Dos detalhes da limpeza.

O carro é prestigioso,
Mas, no longo das estradas,
Pede amparo da prudência,
Nos serviços, nas paradas.

Aqui, reclama remendo,
Mais além um parafuso,
Todo o zelo é necessário
Preservando-se do abuso.

De quando em quando, é preciso
Exame calmo e acurado,
Cada peça solicita
Carinho, atenção, cuidado.

Ferramentas, graxa e óleo
Requisitam provisões;
Somente o bem da reserva
Remedeia inquietações.

Sem isto, qualquer jornada
Vale por louca aventura,
Que termina comumente
No desastre da loucura.

O carro mais reforçado,
À desídia do cocheiro,
Abandona o rumo certo,
Resvala ao despenhadeiro.

No mundo assim também é:
O homem, na humanidade,
E’ o viajor desmandando
As luzes da eternidade.

*

A experiência é a viagem,
O carro é teu organismo:
Quem descuide o próprio corpo
Precipita-se no abismo.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier






A FERRAMENTA



O êxito no trabalho,
Com que o homem se apresenta,
Depende da vigilância
Que se deve à ferramenta.

A enxada laboriosa,
Que coopera e não se cansa,
Pede zelo no serviço,
Para agir com segurança.

A agulha por ministrar
Benefícios e atenções,
Não dispensa tratamentos,
Desvelos e condições.

Nos trabalhos do tecido,
Em tudo que atinja o assunto,
O tear pede harmonia
Nas peças do seu conjunto.

A própria cozinha humilde,
No que diz respeito a ela,
Reclama copo asseado
E limpeza na panela.

No círculo das tarefas,
Da mais simples à maior,
Descuidada a ferramenta,
Tudo vai pelo pior.

Sem isto, qualquer serviço
Inclina-se à negação
E tende com rapidez
Às sombras da confusão.

Instrumento corrompido
Marca início de insucesso.
Sem lutas de vigilância,
Não há bênçãos de progresso.

O problema do utensílio,
E’ tão belo quão profundo…
Lembra sempre que teu corpo
Atende essa lei no mundo.

*

Viveres de corpo ao léu,
Estranho aos cuidados teus,
E’ injúria feita ao trabalho,
Menosprezo aos dons de Deus.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier






OS CAMINHOS



O caminho mais humilde,
Seja na vila ou na serra,
E’ convite carinhoso
Que o Pai traçou sobre a Terra.

Qualquer estrada do mundo
E’ sugestão de bondade,
Por trazer às criaturas
Os bens da fraternidade.

E’ a chave silenciosa
Das mais belas ligações,
Que aproxima os interesses
No elo dos corações.

A avenida na cidade,
Em luz quente, clara e viva,
E’ chamamento mais forte
Para a união coletiva.

Se o caminho é do trabalho
No labor do ganha-pão,
E’ trilho amado e bendito
De muita satisfação.

Se é traço rude e singelo,
Aberto no campo em flor,
Abre acesso à Natureza –
A eterna mestra do amor.

Há caminhos para o templo,
Para o lar, para a oficina,
Todos eles são recursos
Da Providência Divina.

A excelsa sabedoria
Jamais esqueceu ninguém,
Dispondo todas as sendas
Para a luz e para o bem.

Somente o homem da Terra,
Na ambição negra e fatal,
Abusa dos dons do Céu,
Caminhando para o mal.

*

Ditoso quem reconheça
Em toda estrada uma luz,
Quem conduz à claridade
Do Caminho, que é Jesus.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier






O MAPA



Nos serviços necessários
A qualquer expedição,
O mapa é bondoso guia,
Servindo à orientação.

E’ sempre o mentor fiel,
Evitando o erro, a fossa,
E’ a força da experiência
Que passou antes da nossa.

Por obter-lhe o concurso,
Houve lágrimas, suor,
Sofrimentos, sacrifícios,
Misérias, ruínas, dor.

Por traça-lo, muitas almas
Gemeram desconhecidas…
Certos mapas representam
Muitas mortes, muitas vidas.

O espírito estacionário,
Paralítico, inferior,
Embora lhe guarde o ensino,
Desconhece-lhe o valor.

Mas aquele que aproveita
O ensejo de cada dia,
Consulta e atende ao roteiro
Em paz e sabedoria.

Sabendo-se viajor
Nos caminhos da existência,
A carta de indicações
Dirige-lhe a experiência.

Estudando-a, com razão,
Vê-se intrépido e seguro,
Quem vigia no presente
Tem reservas no futuro.

No Mapa dos Corações,
Jamais esqueçamos disto:
O roteiro do Evangelho
Custou muito esforço ao Cristo.

*

Sigamo-lo com carinho
Em nossa oportunidade.
Estamos a percorrer
As sendas da eternidade.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier






A BÚSSOLA

Na viagem rude e longa
Em região solitária,
A todos os viajores
A bússola é necessária.

Quando a jornada é difícil,
Aquele que a tem, de perto,
Vai seguindo confortado
Na bênção do rumo certo.

Sofrem ventos formidandos
E a sombra prometa a morte,
A bússola honesta e firme
Não perde a visão do Norte.

Muita vez, em mar revolto,
Nas zonas desconhecidas,
Atende, silenciosa,
Dando fé, salvando vidas.

Tudo angústia da borrasca
E trevas de nevoeiro,
Mas a bússola responde
Aos olhos do timoneiro.

De outras vezes, no deserto,
Se palpita a inquietação,
Traduz generosamente
O conforto e a direção.

Em meio a vacilações,
Significa o resumo
De grandes consolações
A quem ame o próprio rumo.

Tanto em água revoltada,
Como em areia, em espinho,
A bússola generosa
Jamais esconde o caminho.

Nas rudes experiências
Da romagem terrenal,
Não se pode prescindir
Do rumo espiritual.

*

Se caminhas neste mundo,
Sejas moço, sejas velho,
Não esqueças, meu amigo,
A bússola do Evangelho.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier






O LIXO

Cada dia, a residência
Que a higiene ensine e ajude,
Lança fora todo o lixo
Na defesa da saúde.

Grandes cestos, grandes latas,
Guardando detrito escuro,
Enchem grandes carroçadas
Que seguem para o monturo.

Contemplando o movimento,
Lembremos que a sujidade,
Muita vez foi qualquer coisa
Em plano de utilidade.

Roupa usada, vestes rotas,
Velhas peças carunchosas,
Em outros tempos já foram
Queridas e preciosas.

Ornatos apodrecidos,
Tristes relâmpagos sem lume,
Conheceram muitas vezes
Festa e luz, vida e perfume.

Resumem, contudo, agora,
O lixo que não convém,
Escuro e pernicioso,
Contrário à saúde e ao bem.

Para ele, em todo o mundo,
A casa nobre e educada
Reserva, cada manhã,
A bênção da vassourada.

Se não tem função de esterco,
Junto à terra menos rica,
Vai ao fogo generoso,
Que renova e purifica.

Na esfera de ensinamento
Da verdade sempre igual,
O lixo personifica
A estranha expressão do mal.

*

Escuta! Se o bem de ontem
Hoje é mal e sofrimento,
Não deixes de procurar
Os cestos do esquecimento.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier






A FAXINA



De manhã, em toda casa,
Ar puro, janela aberta,
A higiene determina
O movimento de alerta.

E’ o asseio proveitoso
Que começa com presteza,
Expulsando o pó de ontem
Nos serviços da limpeza.

A vassoura range, range,
No polimento ao soalho,
Sem desprezar coisa alguma
Na expressão do seu trabalho.

Vêm escovas cuidadosas
Ao lado de espanadores
E renova-se a paisagem
Dos quadros interiores.

A água cariciosa
Que se mistura ao sabão,
Carreia o lixo, a excrescência,
Enche baldes, lava o chão.

Os livros desafogados
Mostram ordem nas fileiras,
Convidando ao pensamento
Do cinco das prateleiras.

Os móveis descansam calmos,
De novo brilho o verniz.
Toda a casa fica leve,
Mais confortada e feliz.

A limpeza efetuada
E’ novo impulso à energia,
Multiplicando as estradas
De esforço e sabedoria.

A faxina, qual se chama,
Na linguagem da caserna,
Tem seu símbolo profundo
Nos campos de vida eterna.

*

Muita gente sofre e chora,
Na dor e na inquietação,
Por nunca fazer faxina
Nas salas do coração.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier