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A PEDRA



Entre as coisas mais singelas
Dos planos da Natureza,
Destaca-se a pedra humilde,
Como símbolo de dureza.

Se alguém requisita imagem
Para a dor de nossa luta,
Em todas as circunstâncias
Lembremos da pedra bruta.

Entretanto, quase sempre,
Em nossa definição,
Há doses de fantasia
E gestos de ingratidão.

A pedra é santa operária,
Exemplo de intrepidez,
No campo material
É base de solidez.

No plano geral do mundo,
Ela humilde é que suporta
O peso da casa amiga,
Do lar que nos reconforta.

Além disso, se apresenta
A luta e a dificuldade,
Coopera na educação
Das forças da humanidade.

Nem sempre a pedra da estrada
Constitui espinho e dor,
Que obstáculo vencido
É posse demais valor.

É certo que a pedra esmaga
Se há preguiça e invigilância;
Mas, muitas vezes, é uma luz
Nas trevas da ignorância.

Olhando-a, nunca te esqueças
Que mesmo a dor da pedrada
Pode ser a grande bênção
De uma vida renovada.

*

Ouçamos a grande voz
Da cátedra de Jesus,
Que colheu as nossas pedras
E nos deu a Eterna Luz.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier






O BOTÃO



Na extrema delicadeza
Da verdura perfumosa,
Destaca-se pequenino
O tenro botão de rosa.

Não há sinal de corola,
Vê-se apenas que começa
A surgir a flor divina
Num cálice de promessa.

E às vezes, nas alegrias
De doce festividade,
Espera-se pela rosa
No caminho da ansiedade.

Deseja-se a flor robusta
Com que se adorne a beleza,
Mas não há lei que perturbe
Os passos da Natureza.

É certo que toda rosa,
Como jóia de paisagem,
Nunca pode prescindir
Do zelo da jardinagem.

Precisa tempo, entretanto,
Na sombra e na claridade,
Requerendo orvalho e sol,
Noites, chuva, tempestade.

Por crescer, pede cuidado
Nos inícios da existência,
Mas, morrerá com certeza
A golpes de violência.

Assim, também, quase sempre,
A muita crença em botão
Tentamos impor, à força,
A nossa compreensão.

Toda crença é patrimônio
Que não surge improvisado;
É a rosa da experiência,
Em terras do aprendizado.

*

Se tua alma vive em festa,
Na fé que pratica o bem,
Ajuda, coopera e passa…
Não busques torcer ninguém.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier






A MUDA



Quem penetre no jardim,
Quando em plena floração,
Não pode dissimular
Sincera admiração.

Açucenas desabrocham
Desdobrando-se em beleza,
Mostrando a maternidade
Das forças da Natureza.

Além do jardim florido,
Quem se dirija ao pomar,
Experimenta emoção
Que não pode disfarçar.

As árvores generosas,
Sob auréolas de verdura,
Servem pomos de bondade
Às mesas da criatura.

Flores ricas, frutos nobres,
Na abundância indefinível,
Demonstram a Providência
Na bondade inexaurível.

Observe-se, porém,
Como quem cumpre o dever,
Que o nosso primeiro impulso
Vem da ideia de colher.

As flores são decepadas,
Esmaga-se o fruto a esmo,
Em tudo o egoísmo extremo,
Dando conta de si mesmo.

São raros os previdentes
Que guardam consigo a muda,
Por plantá-la com desvelo
Na terra que sempre ajuda.

Em nossa vida, igualmente,
Se vamos à luz dos bons,
Refletimos tão somente
Na colheita de seus dons.

*

Não basta, porém, ganhar,
Por deixarmos de ser pobre:
Plantemos em nossa vida
A muda do exemplo nobre.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier






O BARRICACHO



Por vezes, na atividade
Das viagens, do transporte,
O animal em disparada
Promete desastre e morte.

Por mais que sustenha a rédea
E colabore o cocheiro,
Em tudo, paira a ameaça
De rumo ao despenhadeiro.

Trabalhos imprescindíveis
Sofreriam dilação,
Se o condutor não agisse
Com firmeza e precisão.

Antecipando o terror
Da descida, abismo abaixo,
O montador ou o cocheiro
Recorrem ao barbicacho.

Reage o animal teimoso,
Rebela-se e pinoteia,
Mas tudo cessa de pronto,
Na apertura da correia.

Se busca saltar de novo
Sob fúria mais violenta,
Eis que lhe vaza a boca
Espuma sanguinolenta.

De queixo posto no entrave,
Qualquer coice dado a esmo,
Se pode ofender os outros,
Dói muito mais nele mesmo.

Em pouco tempo o rebelde,
Agora sem mais descanso,
Trabalha tranqüilamente
Humilde, bondoso e manso.

Assim, também muita gente
Em falsa compreensão,
Ao invés de trabalhar,
Faz queixa e reclamação.

*

Contudo, à beira do abismo,
Antes da queda ao mais baixo,
Recebem os linguarudos
As bênçãos de um barbicacho.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier






A CANGA



Pleno campo, céu de anil,
Que o sol dourado ilumina,
A primavera traz flores
De fragrância peregrina.

Em tudo palpita o belo
Na sublime transcendência,
Das dádivas generosas
Na Divina Providência.

Os bons, porém, desconhecem
Se há mistérios da beleza
E gastam no atrito longo
As forças da Natureza.

Acende-se a luta enorme,
Chifradas, golpes violentos,
Ruído ensurdecedor,
Pelos rotos, pés sangrentos.

Há flores espatifadas
Nos caminhos da abundância,
É cegueira, dor e morte
Em males da ignorância.

Mas, um dia, o lavrador,
Notando a exigência ativa,
Vendo a zona perturbada,
Traz a canga educativa.

Os brigões acham de novo
A paz, a harmonia, o bem.
O sofrimento em conjunto
É o campo que lhes convém.

Toleram-se mutuamente
Sem rixas nem desatinos,
E aprendem a trabalhar
Sem desprezo aos dons divinos.

Muitas vezes também, no mundo,
Parentesco e obrigação,
São recursos necessários
Às luzes da educação.

*

Amigo, se estás na canga
De lutas indefinidas,
Não fujas, atende a Deus,
Cura os males de outras vidas.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier






O REGADOR



No trabalho generoso
Que se impõe ao lavrador,
Destaca-se a parte ativa
Que compete ao regador.

Modesto, pronto ao serviço,
Que se deve à horticultura,
Atende bondosamente
A toda semeadura.

Se tarda a chuva amorosa
Para a leiva ressequida,
Vem ele silencioso
E espalha as águas da vida.

É o sublime protetor
Dos germes por excelência,
E no esforço que desdobra
Não conhece preferência.

Não separa ao benefício
Os lírios da couve-flor,
Disposto à fraternidade,
Obedece ao Pai de Amor.

Também não pede à batata
Que amadureça num dia,
E exemplifica a esperança
Em paz e sabedoria.

Amigo da sementeira,
Espalha a bondade imensa,
Servindo sem aflições
E dando sem recompensa.

Esforça-se o ano inteiro,
Muitas vezes sem intervalo,
Por cuidar de flores ricas,
Que nunca virão cuidá-lo.

*

No campo de ajuda aos outros,
Atenta no regador,
Onde o Cristo te conduza
Prestando assistência e amor.

Não procures resultados,
Não vivas de inquietação,
Faze o bem, atenta a vida,
E espera da evolução.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier






OS ANIMAIS



Na casa da Natureza,
O Pai espalhou com arte
As bênçãos de luz da vida,
Que brilham em toda a parte.

Essas bênçãos generosas,
Tão ricas, tão naturais,
São notas de amor divino
Na esfera dos animais.

Não te esqueças: no caminho,
Praticando o bem que adores,
Busca ver em todos eles
Os nossos irmãos menores.

A Providência dos Céus
Jamais esquece a ninguém;
Deus que é Pai dos homens sábios,
É Pai do animal também.

A única diferença,
Em nossa situação,
É que o animal não chegou
Às vitórias da Razão.

Entretanto, observamos
Em toda a sua existência
Os princípios sacrossantos
De amor e de inteligência.

Vejamos a abelha amiga
No grande armazém do mel,
A galinha afetuosa,
O esforço do cão fiel.

O boi tão útil a todos,
É bondade e temperança;
O muar de força hercúlea
Obedece a uma criança.

Ampara-os, sempre que possas,
Nas horas de tua lida.
O animal de tua casa
Tem laços com tua vida.

*

A lei é conjunto eterno
De deveres fraternais:
Os anjos cuidam dos homens,
Os homens dos animais.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier






A USINA



Ao lado da queda d‘água,
Se existe o rumor da usina,
É justo considerar
A lição que o quadro ensina.

Da corrente que despenha,
Aumentando atividade,
Parte o fluido vigoroso
Que vibra eletricidade.

Transforma-se a cachoeira
Em gerador de energia,
Que a usina prestigiosa
Traduz com sabedoria.

A primeira exprime força
Suscetível de criar,
A segunda é o vaso amigo
Que procura aproveitar.

Uma dá, outra recebe
Com bondade e diligência;
Semelham-se a ordem calma
Ao lado da obediência.

Desse acordo delicado
Nasce o gérmen do processo,
Em que se organiza o bem
Do conforto e do progresso.

Desde então, vencida a sombra,
Há luzes pelos espaços,
Alimento à grande indústria,
Serviço a milhões de braços.

Por servir e obedecer,
Bondosa, confortadora,
Vem a usina a converter-se
Na sublime benfeitora.

O quadro revela os olhos,
Em nobres clarões sem véus,
A cachoeira incessante,
Desgraças que vêm dos céus.

*

Quando houver em cada homem
A obediência da usina,
Toda a Terra brilhará
No trono da Luz Divina.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier






A CARPINTARIA



Nem todos identificam,
No curso de todo o dia,
A lição maravilhosa
Que vem da carpintaria.

Madeira escura e selvagem,
Do seio da natureza,
Vem de longe por buscar
A forma e a delicadeza.

Ao rumor do maquinismo
Que se agrupa na oficina,
O artífice representa
A Inteligência Divina.

A serra corta vibrando,
A enxó elimina a aresta,
O torno canta a harmonia,
Tudo em júbilos de festa.

O esforço de seleção
Efetua-se a capricho;
Sujidades, excrescências,
São matérias para o lixo.

A simples madeira bruta,
Na grande transformação
Brilha agora na obra prima
De serviço e perfeição.

Todavia, para isto,
As peças e os elementos
Submeteram-se humildes
À pressão dos instrumentos.

Assim também a alma humana,
Na oficina da existência
Precisa submeter-se
Às plainas da experiência.

Recordemos, sobretudo,
Com humildade e com fé,
O Divino Carpinteiro
Que passou por Nazaré.

*

Busquemo-Lo nos caminhos,
E atende, meu caro irmão:
Se queres a Luz da Vida
Entrega-lhe o coração.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier






O BARRO E O OLEIRO



É um exemplo de bondade
O esforço nobre do oleiro,
Cuja grande atividade
Tem a base no lameiro.

Muitos sentem aversão
Por sua tarefa hostil,
Dedicada, dia e noite,
Ao barro nojento e vil.

Seu trabalho é quadro rude
Que a lama invade e não poupa,
É barro, por toda a parte
No rosto, nas mãos, na roupa.

Seu serviço é tão ingrato
Junto à massa indefinível,
Que a tarefa mais parece
Um sofrimento invencível.

Mas todo barro mais pobre,
Ao toque do seu amor,
Fornece os vasos divinos
De formosura e valor.

Quanto mais tempo e trabalho,
Mais triunfa, mais se ufana…
E vemos a lama escura
Transformada em porcelana.

Além dessas jóias raras
De sublimes expressões,
É o oleiro quem dá corpo
Ás vossas habitações.

O tijolo faz a casa,
A telha cobre a mansão,
O homem ganha o seu lar
Que é templo do coração.

Nas estradas de miséria,
Não mais éramos que lama,
E eis que o Mestre no Evangelho
Nos esclarece e nos chama.

*

O Cristo é o Divino Oleiro
Que opera com perfeição;
Somos nós o barro vil,
Guardado na sua mão.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier