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A FLOR



Olhai os lírios do campo
Vestidos de aroma e luz!…
Este apelo vem do ensino
Do Evangelho de Jesus.

O Mestre ensinou que a flor,
Sem qualquer preocupação,
É mais rica e mais formosa
Que a pompa de Salomão.

Diversos homens sem Cristo,
De mente pobre e enfermiça,
Supuseram nesse apelo
A exaltação da preguiça.

A lição, porém é outra:
A força de sua essência
Louva em tudo, antes de tudo,
O trabalho e a obediência.

Bem poucos homens reparam
Que na selva, ou no jardim,
Toda flor revela e guarda
Harmonia até o fim.

Sua doce formosura
É bem que nunca se esvai,
Enfeitando os aposentos
da Casa de Nosso Pai.

Se alguém a separa da haste,
Quando nada mais lhe resta,
completa com a sua dor,
Os júbilos de uma festa.

No lamaçal, nas estufas,
Na miséria ou na opulência,
A alegria harmoniosa
É a vida de sua essência.

A flor pequenina e frágil,
Que nasce e perfuma à-toa,
Revela que em toda a parte
A vida é formosa e boa.

*

O que é preciso é guardar,
Na aspereza mais sombria,
A fé no Pai de Bondade
Ao ritmo da alegria.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier



A CACHOEIRA



Quando passes meditando
No cimo da ribanceira,
Repara na majestade
Que esplende na cachoeira.

É bom pensar na grandeza
Que a sua potencia encerra;
Na entrosagem dos elementos
Das forças de toda a Terra.

No lugar mais solitário,
É cântico de alegria,
Derramando em derredor
A abundancia de energia.

Para dar-se em benefícios,
A sua maior ciência
Não quer admiração,
Pede esforço e inteligência.

Mesmo longe das cidades,
Depois de compreendida,
A cachoeira renova
A expressão dos bens da vida.

Retamente aproveitada,
É fonte de evolução,
Movendo milhões de braços
Nas lutas do ganha-pão.

É mãe generosa e augusta
das fábricas de trabalho,
Que distribui, no caminho,
A luz, o pão, o agasalho.

E aprendemos na lição,
Quando a vemos, face a face,
Que a água buscou um abismo
Por onde se despenhasse.

Nesse símbolo profundo,
De grandeza e dinamismo,
Vemos nós o amor de Deus
E a extensão do nosso abismo.

*

Nós somos o sorvedouro
De misérias e discórdia;
Deus é a eterna cachoeira
De luz e misericórdia.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier



O AÇUDE



Vai-se o inverno frio e longo,
Volta o tempo desejável,
O açude prossegue sempre
Na harmonia inalterável.

Espelho caricioso
Refletindo o céu de anil,
É lençol de luz e ouro,
Na tarde primaveril.

Durante o dia sem sombras,
Retrata o Sol a brilhar,
Quando a noite vem descendo
Guarda os raios de luar.

Tudo isso é um quadro lindo,
Mas não é só. A represa
É a mensagem da prudência
No apelo da Natureza.

O açude não priva as águas
De manter seus bons ofícios,
Mas sabe guardar as sobras,
Evitando os desperdícios.

No organismo inteligente
De suas disposições,
Fornece canais amigos
Em todas as direções.

E surgem forças cantando,
No pão, na luz, no agasalho.
É a vitória da alegria,
Na abundancia do trabalho.

Se a represa não guardasse
Com prudência e com carinho,
Faltaria o necessário
Nos celeiros do caminho.

Se o perdulário entendesse
O ensinamento do açude,
Jamais choraria a falta
Do sossego e da saúde.

*

Guardar o que seja justo,
Sem torturas de avareza,
É da prudência divina
No livro da Natureza.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier



A PORTEIRA



Enquanto a cerca trabalha,
Organizando a divida,
A porteira se encarrega
Da tolerância precisa.

O caminho generoso,
Defendido em cada lado,
Não pode ser confundido,
Nem deve ser perturbado.

Quem organiza, porém,
O esforço de vigilância,
Pode, às vezes, ser levado
A gestos de intolerância.

A rigidez na fronteira,
Tendendo para o egoísmo,
Encontra a porteira sábia,
Que opera contra o extremismo.

Nas praças como nos campos,
Ela ensina, com carinho,
Que a propósitos sagrados,
Não se nega o bom caminho.

A cerca defende a ordem
Dominando o que é contrário,
Mas a porteira bondosa
Atende ao que é necessário.

Há pessoa aflita e triste
Que precise providência?
Ei-la pronta a qualquer hora,
E atende com diligência.

Animais ao abandono?
Necessidades de alguém?
Expõe com simplicidade
A sua missão no bem.

E com calma superior,
Humilde e silenciosa,
Completa o serviço amigo
Da cerca criteriosa.

*

Vivem no mundo almas nobres,
Torturadas de aflição,
Porque lhes faltam porteiras
Nos campos do coração.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier



A CERCA



Contempla a cerca da estrada,
Que te serve sem jactância.
A sua atitude humilde
É um ato de vigilância.

Seja feita de cimento
Ou de estacadas singelas,
Ela esclarece que a vida
Precisa de sentinelas.

Sua lição excelente
Não cessa de proclamar:
Cada terreno a seu dono,
Cada coisa em seu lugar.

É cuidadosa, é sincera,
Dá combate à confusão,
Fornece norma aos serviços,
Faz contas de divisão.

E, desse modo trabalha,
Tecendo a paz do teu ninho.
É a cerca que te garante
Tanto o lar, como o caminho.

Repara que a tua vida
É um mundo de ocupações:
Ai de ti se desordenas
As tuas obrigações.

Através da luta enorme
Das dores e do destino,
tua alma tem de passar
Em busca do bem divino.

Certamente encontrarás
Calúnias e tentações,
Brutalidades, malicias,
Serpentes, feras, ladrões.

Recorda a lição da cerca:
A cada coisa o seu custo.
E abre a porteira amiga,
A tudo que seja justo.

*

Sem isso, não é possível
O bem de qualquer missão.
Sem clareza na tarefa,
Tudo é sombra e confusão.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier



O POÇO



Quem segue ao sol calcinante,
Com sede desesperada,
Rende graças ao Senhor,
Achando um poço na estrada.

O quadro agreste, por vezes,
Não tem abrigo nem fonte,
Raras árvores se alinham,
Perdendo-se no horizonte.

Em meio à desolação,
Entre o calor e a secura,
A cisterna dadivosa,
Guarda a bênção da água pura.

Há poços de toda idade,
Bem calçados, mal assentes,
Mais rasos e mais profundos,
Em dimensões diferentes.

No seu intimo, entretanto,
Trazem todos a água amiga,
Que socorre aos que sucumbem
De desânimo e fadiga.

Quem tem sede se aproxima
Com cuidado e gratidão,
E dispensa ao poço humilde,
Sempre a máxima atenção.

Lançando o copo ansioso,
Sem notar os sacrifícios,
Evita a poeira ou o lodo,
Que anulem os benefícios.

E sorve esse orvalho santo
Que vem da terra imperfeita,
Com o júbilo generoso
De uma oração satisfeita.

*

No mundo, o mesmo acontece:
Nas agruras do caminho,
Cada qual pode apelar
Às posses do seu vizinho.
Mas, se agita a lama em torno,
Como quem fere e escabuja,
O poço apesar de bom,
Só pode dar-lhe água suja.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier



A PONTE



Onde a estrada se biparte,
Parando sem que prossiga,
Manda o Pai que se construa
A ponte bondosa e amiga.

Consagrada ao bem dos outros,
Todo instante atenta a isso,
Dom dos céus a revelar
O espírito de serviço.

Suspensa sobre as alturas,
Onde uma queda ameaça,
Sem privilégio a ninguém,
A ponte serve a quem passa.

Sempre pronta no caminho,
No seu esforço incessante,
Todo o tempo, dia e noite,
É bondade vigilante.

Sanando dificuldades,
Dá-se ao que vai e ao que vem,
Pratica com todo o mundo
A divina lei do bem.

Por gozar-lhe toda hora,
Seu constante e terno amor,
Os homens nunca refletem
Na extensão do seu valor.

Muita vez é necessário,
Para que homem possa sentir,
Que em meio da tempestade,
A ponte venha a cair.

No instante em que cada qual
Vê que o bem próprio periga,
Já ninguém mais desconhece,
Quem era essa grande amiga.

A ponte silenciosa,
No esforço fiel e ativo,
É um apelo à lei do amor,
Sempre novo, sempre vivo.

*

Vendo-a nobre e generosa,
Servindo sem altivez,
Convém saber se já fomos
Como a ponte alguma vez.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier


O ANDAIME



Quando o esforço principia
Em toda edificação,
Não se pode prescindir
Da alheia cooperação.

Precisa-se apoio forte,
De base através da qual
Se distribua ao serviço
Concurso e material.

Vem o andaime prestimoso,
É o seguro companheiro,
Que atende às obrigações,
Noite toda, dia inteiro.

De pé vivendo o dever,
Serve a todos com bondade,
É um exemplo de serviço,
E um símbolo de humildade.

Muita vez, pisado a esmo,
Escuro, banhado em lama,
Permanece em seu lugar,
Não se irrita, não reclama.

Findo o esforço rude e longo,
Ao rebrilhar do edifício,
Pouca gente lhe recorda
O trabalho e o beneficio.

O quadro é singelo e pobre,
Mas rara é a lição assim –
O benfeitor olvidado,
Que é fiel até o fim.

Além disso, o ensinamento,
Em suas exposições,
Apresenta aos aprendizes,
Duas belas sugestões.

Diz a primeira que um dia
Deveremos esperar,
Agir sem qualquer andaime,
Na vida particular…

*

Indaga-nos a segunda,
Se já fomos para alguém,
O andaime silencioso
Que ajuda a fazer o bem.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier



O POSTE



No quadro que te rodeia,
Em pleno bem destacado,
Hás de ver no poste humilde
Um servidor devotado.

Encontra-se em toda parte,
Com a decisão de quem zela,
Na cidade mais formosa,
Na lavoura mais singela.

Conhece o rumo acertado
Das fábricas, das usinas,
Coopera nos resultados
Do esforço das oficinas.

Ao calor do sol a pino,
Como à frescura do orvalho,
Sempre firme no seu posto,
Exemplifica o trabalho.

Atende aos bens do serviço,
Noite toda, dia inteiro,
Ampara a luz da avenida,
Como escura um chuchuzeiro.

Se há lugarejo às escuras,
Em justa necessidade,
O poste vence as distancias,
Em busca da claridade.

Operários sem recursos,
Para o pão de cada dia?
Vai direto às quedas dágua,
À procura da energia.

Auxilia nos transportes,
Coopera nas ligações,
Segura avisos na estrada,
Fornecendo informações.

Não cobra, por seus trabalhos,
Nem ordenados, nem multa,
Na sua doce humildade
É um benfeitor que se oculta.

*

O poste compele o homem,
Sem vaidade, sem cobiça,
A fugir, em qualquer parte
Dos venenos da preguiça.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier



A LAVADURA



Pelo bem da roupa limpa
Não se esqueça a criatura
Dos serviços que custou
O esforço da lavadura.

Raramente se recorda,
Na tarefa rotineira,
O trabalho, o sacrifício
Do campo da lavadeira.

Porque, em verdade, a tarefa,
Inclui disciplina e dores,
Não se lava roupa suja,
Usando perfume e flores.

Por limpar-se no caminho
Necessário à experiência,
Não foge à imersão completa
Nas águas da Providência.

Não dispensa o gosto amargo
Do concurso do sabão,
Alijando-se a bagagem
De sujidade ou carvão.

Passado o atrito da esfrega,
Que impõe cansaço e aspereza,
Transporta-se ao coradouro,
Apurando-se a limpeza.

Depois, é a volta bendita,
à água cariciosa,
Que atende à saúde humana,
Com bênçãos de mãe bondosa.

Qualquer recurso ao lavar,
Com sabão ou corrosivo,
Requisita paciência,
Vigilância e esforço ativo.

O serviço dessa ordem
Faz lembrar ao pensamento
A lavadura precisa
Às roupas do sentimento.

*

Vivamos tranqüilamente,
Sem olvidar, entretanto,
Que nossa alma necessita
Lavar-se em suor e pranto.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier