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O BANHO



Dos preceitos da higiene,
Fonte clara do vigor,
Destaca-se, em qualquer tempo,
O banho confortador.

Depois da viagem longa,
Findo o esforço, cada dia,
Renovam-se, ao banho calmo,
A paz, a força, a alegria.

A própria vida aconselha,
Por vibrar, forte e louçã,
O contacto da água pura,
Ao começar da manhã.

No trato vulgar do mundo,
À frente da humanidade,
O corpo mais nobre e belo
Não se esquiva à sujidade.

Mais além há fumo e lama;
Mais aquém, há lixo e poeira;
Todo o corpo participa
Do suor e da canseira.

As células esgotadas,
Em ânsias de dor e morte,
Requerem alguma coisa
Que as ajude e reconforte.

Eis que surge o banho amigo,
Com recursos sempre iguais,
A água cariciosa
Tem carinhos maternais.

Depois dele o alívio santo,
A bênção ditosa e pura,
A paz regeneradora
Ao corpo da criatura.

Assim também, nossas almas,
Em serviços contra o mal,
Nunca podem prescindir
Do banho espiritual.

*

Luta a luta, dia a dia,
Levemos o coração
Às águas do Pensamento
Para o banho na Oração.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier



A VIDRAÇA



Quem saiba ver nos caminhos
A luz, a beleza, a graça,
Não foge à contemplação
Do símbolo da vidraça.

Existe em tamanhos vários
Mostrando serviços e arte,
Satisfazendo ao conforto
Quase sempre, em toda parte.

Prestativa, atenciosa,
O homem não lhe traduz
A função maravilhosa
De abrir novo campo à luz.

Espelho caricioso
De muita delicadeza,
Seu esforço no trabalho
Tem enorme sutileza.

E que em todos os lugares,
Frente ao mesmo sol de amor,
Dá caminho à claridade,
Mas, conforme a própria cor.

Se vermelha, o apartamento
Guarda-lhe em tudo o matiz,
Parecendo cada coisa
Engrinaldada a rubis.

Se verde, a casa parece
De verdura peregrina;
Se azulada, é a cor do céu
Que se dilata e domina.

Na expressão do colorido,
Tem seu símbolo de escol,
Pois se o vidro é multicor,
Todo o sol é o mesmo sol.

Quem não percebe aí dentro,
Sem grandes indagações,
O Divino Amor de Deus
E as várias religiões?!. . .

*

Deus é sempre o mesmo Pai
Que ilumina, cria e sente:
Mas o homem o recebe
De acordo com a própria mente.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier



A CAÇAROLA



Dos serviços da cozinha
Onde há sempre grande escola,
Lembremos o ensinamento
Da obscura caçarola.

Ao receber substância
Indispensável à mesa,
Requisita vigilância
No que concerne à limpeza.

Utilizada em serviço,
Embora pobre e singela,
Pede todos os desvelos
Das mãos que se servem dela.

Por limpá-la, muitas vezes
É justa a grande atenção;
Largos banhos d’água pura,
Doses fortes de sabão.

Se não bastam tais processos,
Um esforço mais ativo:
Recursos d’água fervente
Misturada a corrosivo.

De outra forma é descuidar
Da pureza do alimento,
Entregar o pão do corpo
Ao lixo e ao relaxamento.

A erva mais saborosa,
O leite nevado puro,
Na panela descuidada
São coisas para o monturo.

Caçarola maltratada,
Sem o concurso do asseio,
Faz o pão envenenado,
Escuro, amargoso e feio.

Vendo o quadro, não te esqueças
Que os nobres ensinamentos
São substâncias que nutrem
A fonte dos pensamentos.

*

Receber lições divinas
Sem limpar o coração,
É transformar dons de vida
Em sombras de confusão.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier



A TEMPESTADE



Quando o ar sufocante,
Quando a sombra tudo invade,
Eis que chegam de repente
Os carros da tempestade.

Trovões, coriscos, estalos,
Granizos, treva. Aspereza;
São convulsões dolorosas
Das forças da Natureza.

Velhas copas opulentas,
Antigas frondes em festa,
Tombam gritando assustadas
Na escuridão da floresta.

Os furações implacáveis
Matam flores, levam ninhos;
A corrente do aguaceiro
Muda a face dos caminhos.

Mas no dia que sucede
Ás sombras da convulsão,
A terra é limpa e tranqüila.
Na paz da vegetação.

O céu é claro-azulado,
O dia é de linda cor,
Tudo chama novamente
A nova expressão de amor.

Quem não teve em sua vida
A tempestade também?
Depois de tudo arrasado,
Floresceu, de novo, o bem.

Aflições e desencanto,
Renovação de ideais,
Desilusões dolorosas,
Desabamentos fatais.

Deus, porém, jamais esquece
De atender e renovar;
Apenas pede aos seus filhos
A energia de esperar.

*

Caso venha a tempestade,
Guarda a força calma e sã.
Deus é Pai. Ora e confia.
A vida volta amanhã.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier



O INCÊNDIO



Elevam-se labaredas. . .
O fogo ameaçador
Foi centelha, mas agora
É incêndio devorador.

Ninguém lhe conhece a origem
Obscura, nebulosa,
Ninguém sabe onde se oculta
A mão rude e criminosa.

A fogueira continua
Buscando mais alto nível,
Aumentando de extensão
Quando ganha em combustível.

Estalam antigos móveis,
Prosseguem a destruição;
Em torno anseio infinito,
Amarga desolação.

Língua rubra, formidanda ,
Varre agora a cumieira.
Toda a casa se esboroa. . .
Sob a ação dessa fogueira.

Desdobra-se o nobre esforço
De amparar e socorrer,
A bondade põe-se em campo,
Ciosa do seu dever.

Entretanto, embora o auxílio
Dos trabalhos de emergência,
A nota predominante
É o carvão da experiência.

Assim é o mal neste mundo:
A princípio, sem que doa,
Envolve a perversidade
Em forma de coisa a toa.

Depois, é o braseiro extenso,
O furor incendiário,
Que atinge distância enorme
Com a lenha do comentário.

*

Vigia-te a cada instante,
Atende, pensa, examina!
Todo incêndio começou
Na fagulha pequenina.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier



O REMÉDIO



O doente neste mundo,
Que deseje melhorar,
Jamais encontra remédio
Saboroso ao paladar.

Por ministrar reconforto,
Fazendo caminho à cura,
O melhor medicamento
Tem ressaibos de amargura.

Todo enfermo esclarecido,
De senso nobre e louvável,
Já sabe que seu remédio
Tem gosto desagradável.

Se a memória é renitente,
Mais áspera e mais revel,
A justa medicação
Amarga, sabendo a fel.

Por vezes, a beberagem
Não basta à restauração,
É preciso o bisturi
Na zona de intervenção.

Contra o campo infeccioso,
Providência compulsória,
Angústias do pensamento
Sobre a mesa operatória.

Há remédios variados:
Purgante, choque, sangria,
Compressas e pedilúvios,
Recursos de cirurgia.

Sempre o fel do sofrimento
Amigo, reparador,
Tortura que retifica
A dor que remove a dor.

Se é grande o sacrifício
No campo da cura externa,
Pondera sobre o equilíbrio
Necessário à vida eterna.

*

Nos dias de grandes dores,
Vive a fé, guarda-te em calma.
Grandes males no teu corpo
São remédios na tua alma.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier



A BONECA



Quase em todos os lugares,
Vencendo tempo e distância,
A boneca sempre atrai
A grande atenção da infância.

Em torno dela palpitam
Mil castelos pequeninos;
É a doce futilidade
Do coração dos meninos.

Nesses campos infantis
Há luta, rixa, esperança. . .
É tão frívola a boneca!
Mas faz feliz a criança.

Sabem disso os pais bondosos
E, notando a experiência,
Atendem aos pequeninos
Sem recursos à violência.

Não dilatam fantasias,
Não mentem por enganar,
Mas se valem da boneca
No intuito de ensinar.

Cada coisa, cada gesto,
Da mais ínfima expressão,
São vistos e aproveitados
Na esfera da educação.

A boneca inanimada
Constitui sempre o motivo,
De lições maravilhosas,
De trabalho evolutivo.

Há no mundo muitos homens,
Sem propósitos do mal,
Que guardam muitas bonecas
Da infância espiritual.

*

Junto deles, não condenes,
Não tenhas reprovação,
Não te faças de menino,
Jamais lhes negues a mão.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier



A ARANHA



Geralmente, em toda parte,
No ângulo mais sombrio
Dos recantos desprezados,
Vem a aranha e tece o fio.

Escura, silenciosa,
Atendendo ao próprio instinto,
Seja dia, seja noite,
Vai fazendo o labirinto.

Por manter o enorme enredo,
Insiste e nunca esmorece,
Condenar-se por si mesma
É seu único interesse.

Desdobrando movimentos
Nos impulsos insensatos,
Pratica perseguições,
Multiplica assassinatos.

Insetos despreocupados,
Na ilusão cariciosa,
Transformam-se em prisioneiros
Da pequena criminosa.

Satisfeita, a aranha escura.
Prossegue na horrenda lida,
Nos venenos que segrega
Traz a morte e suga a vida.

Mas um dia, o espanador,
Na luta material,
Vem e arranca essa infeliz
Das teias de horror do mal.

A aranha, porém, não cede,
Com teimosia e com arte,
Foge ao bem que se lhe fez,
E vai tecer noutra parte.

Quem medita na conduta
Dessa aranha renitente,
Encontra a cópia fiel
Da vida de muita gente.

*

A muitos presos do engano,
Deus envia a dor e as provas;
Mas, depois de liberdade,
Vão prender-se em redes novas.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier



A LAGARTA



A árvore é grande e bela,
Mas, na copa que se alteia,
Intromete-se a lagarta
Escura, disforme e feia.

No tronco maravilhoso,
Folhas verdes, flores mil. . .
O traço predominante
É a nota primaveril.

E basta uma só lagarta
De minúscula expressão,
Por fazer, na árvore toda,
Estrago e devastação.

De fato, o conjunto verde
É nobre, forte e preciso;
Mas, em todos os detalhes,
Há sinais de prejuízo.

A lagarta rastejante,
Mostrengo em miniatura,
Vai de uma folha a outra,
Dilacerando a verdura.

As flores, embora belas,
Perfumosas e garridas,
Aparecem deformadas,
Nas corolas carcomidas.

O passeio da lagarta,
Que demora e persevera,
Perturba toda expressão
Da filha da primavera.

Por mais que enflore e se esforce,
A árvore peregrina
Trai, aos olhos, a existência
Do verme que a contamina.

Encontramos na lição,
Desse pobre vegetal,
O homem culto e bondoso
Com o melindre pessoal.

*

Há muitas almas na Terra,
De feição nobre e segura,
Mas o melindre é a lagarta
Que as persegue e desfigura.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier



O MALHADOURO



Na época dadivosa
Da colheita cor-de-ouro,
É tempo de conduzir
Cereais ao malhadouro.

Espigas maravilhosas
Vêm às mãos do tarefeiro,
Aglomerando-se em busca
Da secagem no terreiro.

Antigamente eram flores
Mostrando verdura e viço;
Agora, a compensação
Que se reserva ao serviço.

Mas por ser o resultado,
A garantia, o futuro,
O grão rico e generoso
Precisa ser nobre e puro.

O lavrador cuidadoso
Organiza providências,
É necessário excluir
As últimas excrescências.

Inicia-se a limpeza,
Servidores a malhar,
No espaço o longo assobio
De varas cortando o ar.

São precisos golpes rudes,
Bordoadas no bom grão,
Por conferir-lhe a grandeza
De servir, além chão.

Depois disso, alcança a glória
De amparar o lavrador,
A alegria de prover
Em nome do criador.

Se ao longo de tua vida
Sentes choques mangual,
É que estás em madureza
No campo espiritual.

Não fujas ao malhadouro,
Guarda paz e vigilância:
Que a luta nos roube agora
Os restos da ignorância.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier