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O ORVALHO



Se a chuva pode tardar,
Há sempre a bênção do orvalho,
Sustentando a Natureza
No campo do seu trabalho.

Ao termo de cada noite,
Nas auroras coloridas,
Podemos felicitá-lo
Nas ervas agradecidas.

A planta nunca descrê;
Espera, trabalha e dá.
Na luta jamais se esquece
Que o Pai não a esquecerá.

Se o ano é de chuva escassa
Para o bem das produções,
Muitas vezes basta o orvalho
Na força das estações.

Ao seu beijo a terra espera,
A folha volta ao verdor,
A flor ostenta-se em festa,
O dia é renovador.

Nas forças da Natureza,
O orvalho é como o sorriso
Que desce diariamente
Das bênçãos do paraíso.

Seu hálito carinhoso
Ameniza a atmosfera;
No verão mais sufocante
É filho da primavera.

É sempre um fraterno amigo,
Um símbolo de defesa,
Do bem entre as forças várias
Que oprimem a Natureza.

A nós outros, ele ensina,
No efeito de sua ação,
Quanto pode conseguir
A boa disposição.

*

Sorrisos, calma, bondade,
Prudência, paz, bom humor,
São em tudo o brando orvalho
Da altura do nosso amor.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier



O LUAR



Nas bênçãos de paz da noite,
Talvez a maior beleza
Seja o luar que se espalha
Na vida da Natureza.

O campo dorme em silêncio,
E o luar na estrada em flor
Distribui com toda a planta
O orvalho confortador.

Do céu alto manda brisas
Alegres e perfumadas
Beijar as folhas mais pobres,
Tristonhas e abandonadas.

Por todo o lugar desdobra
Sua luz aberta em palmas,
Afagando as esperanças
Do divino amor das almas.

Em toda parte onde exista
O anseio de um coração,
Ensina o carinho amigo
Do alfabeto da afeição.

Desde os tempos mais remotos,
O luar, pelas estradas,
Foi tido como padrinho
Das almas enamoradas.

Ao nosso ver, todavia,
Nas grandes lições do mundo,
Sua imagem representa
Simbolismo mais profundo.

Sua luz mantém na noite
A mais nobre das disputas,
Não cedendo à treva espessa
As posses absolutas.

Entre os homens deste mundo,
O mal, o crime e o ateísmo
Tudo ensombram provocando
A noite de um grande abismo.

*

Mas a esperança resiste
E acende na noite imensa.
A luz clara e generosa
Do eterno luar da crença.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier



A LÂMPADA



Em casa, a lâmpada acesa,
Singela e despercebida,
Constitui lição patente
Das mais nobres que há na vida.

Contra a noite escura e espessa,
Que se espalha e reproduz,
Envolve-se de energia,
Resplandece e traz a luz.

Seu trabalho é grande e simples,
Difundindo o sol do bem.
Não discute, não pergunta,
Dá sempre, não olha a quem.

Ilumina o gabinete
De pesquisa ou leitura,
Como aclara a agulha humilde
Da máquina de costura.

Envolve com a mesma luz
A velhice, a enfermidade
A infância, a alegria, a dor,
E os sonhos da mocidade.

Há tumultos, há prazeres?
Amarguras, agonia?
Se não sofre violência,
Eis que a lâmpada irradia.

Serena, silenciosa,
Não se aflige, não consulta,
Nada pede, além da força
Que lhe vem da usina oculta.

Revela todo detalha,
Sem contendas, sem perigo.
A sua demonstração
É o foco que traz consigo.

Não exige condições
Por servir e iluminar,
E define seu ruído
Cada coisa em seu lugar.

*

Pensemos em nossa glória
Quando formos, irmãos meus,
Como lâmpadas do Cristo
Na usina do amor de Deus.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier



A CANDEIA



A sombra desce de manso,
O silêncio volve aos ninhos,
É a noite cariciosa
Que se estende nos caminhos.

Na casa pequena e simples
Que é refúgio da pobreza,
É mais densa a escuridão
Que amortalha a Natureza.

Mas no quadro desolado
Perpassa a bênção do amor,
A candeia humilde e rude
Clareia do velador.

Na sala desguarnecida
Da morada carinhosa,
Sua luz mostra a beleza
De uma estrela generosa.

Aproveita-se-lhe o encanto
Na esfera da utilidade,
Mas quase ninguém lhe vê
O espírito de humildade.

Seu processo de ajudar
Nas sombras da noite escura,
Revela lição sublime
Ao plano da criatura.

Por servir de fonte calma
Ao clarão bondoso e amigo,
Ela queima a provisão
De tudo que tem consigo.

Consome o óleo, a torcida,
Perde o brilho, perde a graça,
Suporta o calor do fogo,
Sofre o assédio da fumaça.

E Guarda, com Deus, a glória
De haver produzido o bem,
Sem ferir qualquer pessoa,
Sem prejuízo a ninguém.

*

Quem deseje iluminar,
Proceda como a candeia:
A si mesmo se ilumine
Sem reclamar luz alheia.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier



A NOITE



Crepúsculo. E, após o dia
De esforços laboriosos,
Eis que surge a noite cheia
De apelos maravilhosos.

Deus desdobrou sobre a Terra
Seu manto misterioso,
Como pausa necessária
De pensamento e repouso.

As estrelas que se acendem,
Com ternura e rutilância,
Parecem luzes que acenam
De uma cidade à distância.

A luz ditosa convida
À paz e à meditação.
A noite é a parada amiga
De calma renovação.

Se o dia pertence à luta
Da construção terrenal,
A noite é o sagrado ensejo
Da vida espiritual.

Os homens ignorantes
Abusam do seu valor,
Dando vida a todo impulso
De natureza inferior.

Mas quem sabe ser do Cristo
Encontra nela a harmonia
Da fonte de vibrações
Do amor, da paz, da alegria.

Palpita em seu manto a bênção
Do Pai Amado que aprova.
É a ilha rica e encantada,
Repleta de força nova.

Alegra-te em cada noite,
E, tomando o bem por guia,
Entrega a Deus o inventário
Das lutas de cada dia.

*

Não te enerves no repouso,
Renova teu compromisso.
Quem não sabe descansar,
Mentiroso é o serviço.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier



A MESA



Quando o homem precisou
Amor e delicadeza,
Concedeu-lhe a Providência
A benção de paz da mesa.

Desde então, em toda parte,
Na esfera em que a luta brilha,
A mesa assinala o passo
Da tribo para a família.

Quer Deus que ela seja em tudo
Bondade, ternura, altar,
Seja em tábua, seja em ouro,
– Outro lar dentro do lar.

Decidem-se, à frente dela,
Os destinos das nações;
É mãe civilizadora
De todas as gerações.

Ajuda, em missões do ensino,
Aos professores e aos pais,
Serve ao campo das igrejas,
Das escolas e hospitais.

Revelando caridade
Que a palavra não traduz,
Oferece o pão do corpo,
Como oferta o pão da luz.

A Providência Divina,
Procurando auxiliar,
Deu-a ao campo evolutivo
Para o homem conversar.

Junto dela, o Cristo Amado,
No socorro aos nossos planos,
Deu a ceia aos companheiros
E o banquete aos publicanos.

Em torno à mesa, cultiva
Respeito, verdade, amor;
Ela é dádiva perfeita
Da esfera superior.

*

Nos serviços rotineiros,
Não olvides, meu irmão,
Que a mesa de tua casa
É o lar da conservação.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier




A VISITA



Quando Deus criou a Terra
A visita de amizade,
Permitiu-a, incentivando
A paz e a fraternidade.

Antes, contudo, o Senhor,
Que preserva nossa vida,
Deu a norma generosa
Que, em tudo, lhe é devida.

No silêncio venerando
Com que falta das Alturas,
Nosso Pai ensina isso
Visitando as criaturas.

Vem com o sol de maravilhas
Que não olvida ninguém,
Aquece as coisas e os seres,
Amando, fazendo o bem.

Vem junto à chuva bondosa
E atende à fecundação,
Traz flores, verdura e seiva
E espalha as bênçãos do pão.

A Visita Paternal
Nunca falta nem demora,
O Senhor vem ver-nos sempre,
Cada dia, cada hora.

Entretanto, não comenta
Nossas grandes cicatrizes,
Apenas procura meios
De tornar-nos mais felizes.

De mil modos auxilia
Com bondade sempre igual,
Buscando estabelecer
O olvido de todo mal.

Nos tempos de riso e flores,
Nos dias de dor e abrolhos,
Ao lado de seus amigos,
Não visites com maus olhos.

*

Maledicência é veneno
Que traz angústias de inferno;
Ganhar visita ou fazê-la,
É divino dom do Eterno.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier



A REFEIÇÃO



Das horas do lar terrestre,
Que falam ao coração,
Destacamos com justiça
A hora da refeição.

Há muita gente no mundo
Que se assenta junto à mesa
E recebe o bem divino
Sem ponderar-lhe a grandeza.

Supõem muitos, mostrando
Juízo ao sabor do vento,
Que a refeição se resume
A despesa e pagamento.

Raros pensam no trabalho
Da Eterna Sabedoria
Que espalha, por toda a terra,
Esse pão de cada dia.

A maior parte dos homens,
Estranha à luz da oferenda,
Aproveita a refeição
Por dar pasto à gula horrenda.

Muitos outros, igualmente,
Dominados de cegueira,
A transformam em campo largo
De excessos de bebedeira.

Não poucos, menosprezando
O corpo sadio e forte,
Em vez de atender a vida,
Procuram moléstia e morte.

Finalmente, em toda a parte,
Pelo método confuso,
O dom do Senhor se torna
Em pastagem para o abuso.

Ouve amigo: não te esqueças,
Nas mais ínfimas estradas,
Que o prato das refeições
É bênção das mais sagradas.

*

Não olvides que o “pão nosso”
É dom sublime e perfeito;
Se não tens a luz da fé,
Não te esquives ao respeito.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier



O PRATO



Dentre as coisas mais singelas
Do lar carinhoso e grato,
É justo reconhecer
A doce lição do prato.

Esperando calmamente
Comensais, em torno à mesa,
Exemplifica, bondoso,
A ternura e a gentileza.

Primoroso companheiro
De humilde e de atenção,
Por servir a quem tem fome
Aguarda o partir do pão.

Satisfaz a toda gente,
Sem sombras de vaidade,
Não olha conveniência,
Atende à necessidade.

Por vezes, o comensal,
A quem o vinho estimula,
Entrega-se à embriaguez,
À licença, ao crime, à gula.

Mas o prato está sereno,
Por fazer e obedecer,
Permanece em seu lugar,
Submisso ao seu dever.

Em geral, servem-se dele,
Sem qualquer preocupação;
Pouca gente lhe dedica
O amparo da gratidão.

E se o prato, certo dia,
Conhece o aniquilamento,
Não é por ele, é por nós,
No campo do esquecimento.

Neste símbolo singelo
De obediência e bondade,
Sentimos a lei que rege
O espírito da amizade.

*

Conserva teu amigo,
Guarda a luz que recebeste.
Não desrespeites na vida
O prato onde comeste.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier



O PÃO



Em casa, chega o momento
Destinado à refeição. . .
Raro aquele que recorda
A história de luz do pão.

Quase sempre, vem de longe,
Das zonas do campo em flor
Oferecer-se à criatura
Em nome do Pai de Amor.

Foi semente sepultada
Na terra ferida e escura,
Ressuscitando em seguida
Nas belezas da verdura.

Suportou lutas amargas,
Noites ásperas, sombrias,
Recebendo chuva e sol,
Tempestades, ventanias.

Adornou-se em primavera,
Risonha, sublime, eleita,
E entregou-se alegremente
Ao segador na colheita.

Padeceu processos vários,
Viveu peregrinações,
Desde a ceifa rude e longa,
Ao prato das refeições.

Conforme reconhecemos,
Esse pão, quase sem nome,
É dádiva do Criador,
Que vem mitigar a fome.

Mensageiro humilde e santo
De carinho e de bondade,
É o laço entre a Providência
E a nossa necessidade.

O amor e a abnegação
Resumem-lhe a bela história;
O espírito de serviço
É a vida de sua glória.

*

Coração que sofre amando
Na fé sublime e sem jaça,
Vai ser pão na Mesa Augusta
Dos Bens da Divina Graça.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier