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CASIMIRO CUNHA – BIOGRAFIA

Casimiro Cunha

Poeta fluminense, nascido em Vassouras – cidade serrana do Estado do Rio de Janeiro, a 14 de abril de 1.880. Procedente de lar muito pobre, filho de Casimiro Augusto da Cunha e Maria dos Santos Cunha, teve uma única irmã, Leonor.

Órfão de pai aos 7 anos, frequentou apenas o curso primário. Espírita convicto, torna-se cego de um olho aos 14 anos após acidente, vindo a perder completamente a outra visão aos 16 anos. Ainda jovem iniciou sua colaboração na imprensa vassourense. Foi um dos fundadores do Centro Espírita “Bezerra de Menezes” em Vassouras.

Aos 29 anos, em 04 de dezembro de 1.909, casou-se com Carlota Mattoso Cunha, companheira dedicada e carinhosa, que muito o auxiliou nos afazeres literários, passando para o papel as poesias ditadas pelo poeta. Tiveram dois filhos: Dalpes e Delba, nomes dados em referência à ilha de Elba e aos montes Alpes. O filho desencarnou ainda criança; a filha casou-se, residindo na capital fluminense, tendo desencarnado em junho de 1.993.

Espírito jovial, exemplo de resignação e grande força moral, apesar da cegueira e dos parcos estudos, Casimiro Cunha era um poeta nato, tendo produzido mais de 10 livros, dentre eles “Violetas”, “Efêmeros”, “Aves Implumes”, “Singelos”, “Perispiritos” (1.912), além do livro póstumo “Álbum de Delba” (1.923). No entanto, não teve maior projeção no cenáculo literário do seu tempo, mau grado a suavidade da sua musa e os inatos talentos literários.

Merece registro a profunda amizade existente entre Casimiro Cunha e Batuíra, que ajudava o amigo vassourense, divulgando suas poesias nas colunas da revista espírita “Verdade e Luz” fundada por Batuíra em 25 de maio de 1.890, na capital paulista. A convite de Casimiro, Batuíra esteve algumas vezes em Vassouras para divulgar a doutrina espírita naquela região.

É de Casimiro Cunha a poesia “Vassouras à tardinha” (publicada no livro “Fatos Vassourenses” de Jorge Pinto e no livro “Paisagens Fluminenses” de Jacy Pacheco) e o soneto “No Exílio” do livro “Sonetos Brasileiros” de Laudelino Freire.

Numa casa singela da Rua Caetano Furquin, n.º 288 em Vassouras, encontramos uma lembrança de amigos, conterrâneos e admiradores, com os seguintes dizeres: “Aqui nasceu e morreu Casimiro Cunha, mavioso poeta vassourense que muito cantou, amou e honrou sua terra natal”. 

Forte no infortúnio, que sabia aproveitar no enobrecimento de sua fé, Casimiro Cunha, voltou-se às paragens celestiais e adotou a linguagem dos anjos para se comunicar com os homens. Sua poesia é bela, terna, envolta em névoa de tristeza, uma exaltação à morte, evidenciando, contudo, a resignação do espírito que buscava sublimar todo o sofrimento que lhe ia na alma.

Lembramos aqui as palavras do amigo e companheiro de ideal, poeta e jornalista valenciano, radicado em Vassouras, Manoel Quintão, que soube definir como poucos a grandeza espiritual de Casimiro Cunha, no prefácio do livro “Singelos”, publicado em 1.904: “Livro de um cego que fechou os olhos às misérias da Terra, para melhor escrever as belezas do Céu”.

Casimiro Cunha desencarnou aos 34 anos em 7 de novembro de 1.914 deixando vasta e preciosa obra literária. Foi sepultado no Cemitério Municipal de Vassouras, imortalizado com o seguinte epitáfio: “O poeta vassourense Casimiro Cunha e seu filho Dalpes”.

Desencarnado, continuou a brindar-nos com seus versos, através da mediunidade abençoada de Chico Xavier com “Cartilha da Natureza”, “Cartas do Evangelho”, “Gotas de Luz”, “Juca Lambisca” e participação em inúmeras antologias.

Hoje, Casimiro Cunha é o inspirador da Divulgação Braille Casimiro Cunha, departamento do GEEM – Grupo Espírita Emmanuel de São Bernardo do Campo, cujo objetivo é a divulgação da Doutrina Espírita para os deficientes visuais.


Bibliografia:

– “Parnaso de Além-túmulo” – 16.ª edição – FEB pág. 194-210.
– “Batuíra, o Diabo e a Igreja” – © 2.003, Madras Editora Ltda. – pág. 85-90.
– Galeria Vassourense Rudy Mattos da Silva. Vassouras, HTI Editora, 1.999 – pág. 48.
– Academia Vassourense de Letras – pág. 64-75.
– Entrevista pessoal e carta recebida pelo Sr. Fernando Matoso Bittencourt, sobrinho de Carlota Cunha. Vassouras, 2.005.


Fonte: http://www.mensagemespirita.com.br





AFORISMOS



Desgostos, chagas e angústias,
Martírio rude e violento,
São rebolos invisíveis
De santo aprimoramento.

Ser rico e ser justiceiro
Na virtude sem disfarce,
É como viver no fogo,
Respirando sem queimar-se.

Dois apoios precisamos
Na jornada de ascensão:
A lanterna da bondade
E o trilho da retidão.

Cumpre o dever que te assiste,
Servindo, ditoso e crente.
Da consciência tranqüila
Nasce a calma permanente.

Aprende, ensina e esclarece.
Trabalha, ajuda e auxilia.
Não há maior desventura
Que a da existência vazia.

Não tornes por humildade
A vileza fraca e nula.
A humildade serve sempre,
Mas a vileza bajula.

Faze o bem ainda que o bem
Não seja bem que te agrade.
Resume-se a fé cristã
Na palavra – caridade.

Que lisonja por mais linda
Não te seduza o interesse.
O mérito é como a luz –
Por si mesmo resplandece.

Cultiva o bem, sem cessar,
Ao longo de teu caminho.
Terra boa, desprezada,
É mãe do mato escarninho.

Nas lições da vida inteira,
Sê firme, animado e forte.
Quem desiste de aprender
Começa a buscar a morte.

Do livro “GOTAS DE LUZ” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier



NO SERVIÇO

No serviço do Senhor,
Trabalho, alegria e dor,
Tudo é bom ao coração!…
Só deseja o Mestre Amigo
Que o crente guarde consigo
A luz da Compreensão.

Do livro “CARTAS DO EVANGELHO” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier



NINA DE DEUS



Nina de Deus – missionária
Da luz, da consolação,
Que a Providência te guarde
O Templo de Redenção.

Benfeitora – atende ao triste,
– O filho do desconforto –
Renova-lhe as esperanças
Do coração quase morto.

Irmã – protege o que vai
Como folha solta ao vento,
Atirado ao turbilhão
Da sombra, do desalento.

Amiga – não desampares
Os pobrezinhos sem pão,
Que choram, abancìonados
Na noite da expiação.

Protetora – estende o manto
De tua bondade imensa
Aos que se perdem no mundo
Na escuridão da descrença.

Emissária – distribui
Com os homens rudes e incréus,
As boas novas da vida
Do Eterno País dos Céus.

Companheira – fortifica
Os que cooperam no bem,
Trazendo-lhes, generosa,
As alegrias do Além.

Pastora – ensina às ovelhas
Que se desgarram no mal,
O caminho de retorno
Ao Cristo Augusto e Imortal.

Operária – tece a rede
Da paz que conforta e eleva,
Salvando as almas perdidas
Nas ondas de dor da treva.
Nina de Deus – missionária
Da luz, da consolação,
Que a Providência te guarde
O Templo da Redenção.

Do livro “CARTAS DO EVANGELHO” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier



A ESCOLA DE JESUS CONVIDA



Se desejas luz e paz,
Eis, meu amigo, que insisto,
Na tua vinda, hoje mesmo,
À Escola de Jesus Cristo.

Ruge ainda a tempestade?
Não te perturbes, não temas.
O Evangelho é o templo vivo
Que nos resolve os problemas.

Perdeste tudo em derrotas
Da ambição arrasadora?
Vem renovar teus caminhos,
Partindo da Manjedoura.

Tens aflições, amargura,
Tristezas, enfermidade?
Vem ouvir os pareceres
Do Médico de Verdade.

O sofrimento, o cansaço,
Parecem longos, sem fim?
Escuta o convite eterno,
Repetindo: – “Vinde a Mim!…”

Tens sede de compreensão
Carinhosa e compassiva?
Recorda que, há dois mil anos,
Corre a Fonte da Água Viva.

Queres a vida risonha
Num mar de alegria e flores?
Procura a simplicidade
Dos filhos dos Pescadores.

Sentes dúvidas, anseias,
Quanto à luz dos fins supremos?
Volve ao Messias, embora
No impulso de Nicodemos.

Caíste? Esquece a mentira
Com que ainda te aconselhas.
Coloca os pés noutro rumo,
Busca a Porta das Ovelhas.

Se te envolve a sombra extensa
Da lágrima tormentosa,
Lembra os bens que floresceram
Sobre a Via Dolorosa.

Se padeces a tortura
Do espírito solitário,
Console-te a glória eterna
Que resplendeu no Calvário.

A luta tem sido um fardo
Para a tua alma oprimida?
Atende a Cristo e acharás
Caminho, Verdade e Vida.

Vem à Escola do Evangelho
Da caridade e da luz,
O livro é teu coração,
O Mestre Amado é Jesus.

Apenas recomendamos
Que, antes de entrar, meu irmão,
Deixes, lá fora, as sandálias
Com que adoraste a ilusão.

Do livro “CARTAS DO EVANGELHO” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier



ORAÇÃO



Nina, Deus te abençoe,
Na estrada que te conduz
Da escola da caridade
Para os braços de Jesus.

Para a tua alma que vive
Na santa esfera do amor,
Eu peço as bênçãos divinas
Da bondade do Senhor.

Que em ti floresçam as graças
De vida e consolação,
A fim de que brilhe sempre
A luz do teu coração,

Jesus te ampare o trabalho
Entre as verdades sem véus,
Para que espalhes no mundo
A caridade dos céus.


NOTA – Esta poesia é dedicada ao Espírito de Nina Arueira, criadora espiritual da Escola Jesus Cristo e de seu departamento – “Casa da Criança”.

Do livro “CARTAS DO EVANGELHO” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier



NÃO COMENTES O MAL



Meu amigo, não comentes
Os males de teu irmão.
Também vives no caminho
Da dor e da imperfeição.

Se vires num companheiro
Mazelas e cicatrizes,
Lembra que o Mestre abraçou
Os pobres e os infelizes.

Jesus não veio atender
Aos caprichos do mais forte,
Mas consolar sobre a Terra
As desventuras da sorte.

Alguém errou? Guarda a calma
Na esfera da opinião.
Às vezes, tudo não passa
De malícia e incompreensão.

Recebe, com vigilância,
Quem acuse alguém contigo.
Quem fala do mal dos outros
Não pode ser teu amigo.

Quem segue o Divino Mestre,
Em espírito e verdade,
Conhece, mais que a dos outros,
A própria necessidade.

Bendita a boca fraterna
Que não vibra ou fala a esmo!
Cuidado! O bom julgador
Julga os outros por si mesmo!…

Do livro “CARTAS DO EVANGELHO” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier



ESFORÇA-TE



Meu irmão, nunca procures,
Com os mensageiros do Além,
Outra coisa que não seja
A luz, a verdade, o bem.

Estudos? Dificuldades?
Problemas sem solução?
É possível que os resolvas
Com a tua própria atenção.

Negócios e compromissos
Da vida material?
A consciência é o roteiro
Da vida de cada qual.

Vai aprender. Vai lutar,
Alegra-te em tua cruz.
Apoiado em força estranha
Ninguém se eleva a Jesus.

Do livro “CARTAS DO EVANGELHO” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier



PROCURANDO A VERDADE



Se buscas os bens do céu,
Leva o amor por companhia.
Sem amor, ninguém consegue
A luz da sabedoria.

Dirás: – “E a razão do mundo?”
E eu te digo, em pensamento:
– “É nula se não possui
As luzes do sentimento”.

Se procuras no invisível
Soluções ao teu estudo,
O amigo desencarnado
Não sabe, nem pode tudo.

Muita gente busca o Além,
No instante da experiência,
Com receio de escutar
As vozes da consciência.

Vens procurar a Verdade?
Ouve a minh’alma de irmão:
A verdade é Jesus Cristo.
A chave é o teu coração.

Do livro “CARTAS DO EVANGELHO” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier



AO COMPANHEIRO DE IDEAL



Meu irmão, no teu caminho
De estudos metodizados,
Não procures, tão somente,
A voz dos desencarnados.

O Evangelho é a fonte eterna
De paz e consolação.
Sem Jesus, ninguém consegue
A própria iluminação.

Aprende. Pondera. Luta.
Medita. Guarda. Esclarece.
Toda palavra de amor
Faz parte de tua prece.

O auxílio espiritual
Vale muito, mas não é
A aquisição necessária
De amor, de verdade e fé.

O campo do coração
É sempre belo e irrestrito.
Quem se esforça, quem trabalha
Alcança a luz do infinito.

Do livro “CARTAS DO EVANGELHO” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier