Dentre todas as paisagens,
Talvez a mais bela e estranha,
É aquela que se observa
Na solidão da montanha.
Dura e estéril muitas vezes,
Deserta, triste, empedrada,
A montanha nos parece
A terra amaldiçoada.
Entre as rochas do seu corpo,
Florescem cardos somente,
Flores rudes e espinhosas
Da soledade inclemente.
Seus píncaros elevados,
Na figura da paisagem,
Chamam somente a atenção
Do espírito de coragem.
Comparada ao movimento
Do vale em relva macia,
Fornece a impressão penosa
Da aridez e da agonia.
Entretanto, em todo tempo,
É a sua força que encerra
O amparo cariciosa
Aos vales de toda a Terra.
Sem sua dureza agreste,
Repleta de solidão,
As planícies morreriam
Por falta de proteção.
É ela a mão silenciosa
Da energia que produz;
No seu cume nunca há sombras,
Seu dia inteiro é de luz.
No mundo, as almas do amor,
Mais sábias, mais elevadas,
São montanhas que parecem
estéreis e desprezadas.
*
Todavia, é o sacrifício,
De sua desolação,
Que sustenta em toda a vida
Os vales da evolução.
Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier