Enquanto vibra o calor
Do verão, em luz florida,
A capa confortadora
Permanece recolhida.
Em tudo há sol claro e quente,
Após a bênção do orvalho. . .
Oculta-se a capa amiga
Nas reservas de agasalhos.
Entretanto, chega um dia,
Que surge na imensidão,
Envolto de sombras frias
E sopros de tempestade.
Rajadas dilacerantes
Invadem a atmosfera,
Não mais a carícia doce
Das tardes de primavera.
De outras vezes, muito embora
Cesse a grande ventania,
Continua o inverno forte,
Torturando noite e dia.
Ar gelado, névoas densas
Ao longo de toda a estrada,
Se a neve não cai do céu,
A terra sofre a geada.
É quando a capa bondosa
Aparece no caminho,
Como a terna mensageira
Do consolo e do carinho.
Requestada em toda parte,
No tempo frio e brumoso,
Trabalha, conforta e ajuda,
Sem as pausas do repouso.
Assim, no inverno das dores
Que trazem desolação,
A crença é a capa celeste
Que agasalha o coração.
*
Mas no mundo há muito crente,
Que quando padece e chora,
Desatende a Providência
E atira com a capa fora.
Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier