Ary Brasil Marques
Deus, em sua misericórdia infinita, deu ao ser humano, na Terra, um importante meio de desenvolvimento e de apoio. É a família, base de toda a sociedade, e a célula-mater do progresso humano.
A família vem passando por grandes transformações, acompanhando o progresso da humanidade. As famílias de hoje são bastante diferentes das famílias de antigamente.
No passado, o autoritarismo predominava. Os pais davam aos filhos o lar, a alimentação, as vestimentas e a educação, mas não admitiam diálogo, questionamentos, opiniões dos filhos, que tinham que obedecer cegamente ao que lhes era imposto e eram severamente castigados quando não atendiam essas diretrizes.
Com a evolução tecnológica, as crianças deixaram de ser meros robôs, e passaram a questionar, a dar opiniões, a fazer valer os conhecimentos que obtinham nas escolas, e essa forma de agir, bem como a evolução dos pais que passaram, eles próprios, a ter mais conhecimentos e cultura, trouxe como consequência uma nova visão de família, baseada na permissividade.
Podemos dizer que a família do passado era baseada nos ensinamentos de Moisés, que nos dava ideia do que não se podia fazer, era a época da proibição. Os dez mandamentos são dez pecados proibidos. Não se pode fazer isso, não se pode fazer aquilo, tudo nos é proibido.
Com a vinda de Jesus, não se proibiu mais nada. Jesus nos trouxe ensinamentos positivos, tais como amar a Deus, amar ao nosso semelhante, fazer o bem, procurar o bem e o belo, uma série de ensinamentos altamente positivos. Paulo de Tarso, o apóstolo dos gentios e um dos maiores divulgadores dos ensinamentos de Jesus, dizia que tudo nos é lícito, mas temos que ver se nos convém.
A evolução da família acompanhou a mudança dos tempos, só que passou do oito ao oitenta de uma vez. Antes abusava por excesso de autoritarismo, de prepotência, de rigor excessivo. Os pais se colocavam em um pedestal e não admitiam de forma alguma que os filhos se ombreassem com eles. Usavam do castigo físico e muitas vezes do castigo moral para obrigar os seus filhos a seguirem cabisbaixos e obedientes, julgando com isso que estariam os preparando para a vida futura. Davam tudo a eles, menos diálogo, presença, carinho.
Sua postura era de acordo com o que aprendiam nas religiões, que nos apresentava um Deus austero, que punia seus filhos desobedientes com o fogo do inferno, um Deus parcial, que dava preferência a uns povos em detrimento de outros, um Deus que era semelhante ao homem pois tinha cólera, ira, e outros defeitos do ser humano.
Os pais modernos aprenderam que Deus é amor, que não há castigos, e que o homem está destinado a alcançar um dia a perfeição, mediante um processo de desenvolvimento chamado evolução, e que dá aos homens tantas oportunidades quantas forem necessárias pela reencarnação nos diversos planos de vida, pois há a pluralidade dos mundos habitados.
Aprenderam ainda que Deus não castiga e que os homens aprendem com as várias experiências da vida, e que pela lei de ação e reação vão aprendendo e melhorando na sua jornada de espírito imortal.
Acontece que passaram de uma vez da postura de proibição para a liberação total. Vale tudo. Todos são incentivados a fazer o que acham que devem. Veio com isso a libertinagem, a dissolução dos costumes.
Não é isso o que ensina Jesus. Ele nos ensina a praticar o amor, e na prática do amor temos que ter principalmente respeito, decência, equilíbrio, temos que ver que embora Deus não nos proíba nada, muitas coisas nos são inconvenientes. É necessário o respeito às leis, o respeito ao meio ambiente, o respeito ao nosso semelhante, a busca da perfeição e do que é bom para todos.
O planeta Terra tem passado por momentos difíceis, e isso é decorrente ao mau uso de nosso livre arbítrio, a devassidão, ao egoísmo, à insensibilidade dos homens em relação ao sofrimento dos seus irmãos, em suma, é fruto da dissolução da família.
Temos que fazer a família voltar a ter decência, equilíbrio, bons costumes, e para isso temos um remédio maravilhoso, perfeito, que é o Evangelho deixado por Jesus. Vamos aplica-lo em nossas vidas, vamos colocá-lo em nossos lares, vamos fazer nossa família ser um farol de luz que ajudará a humanidade a atravessar a crise presente e a aproveitar dos próprios erros para crescer e ser novamente a célula-mater de uma sociedade sadia e progressista.
SBC, 12/03/2007.