O Evangelista João, repetindo o Celeste Amigo estabelece, de forma muito simples, para conhecimento de todos, que “o amor cobre a multidão dos pecados”, incentivando-nos a iniciativa de amar. Refletindo um pouco acerca destas palavras, sobressai de imediato, a clareza do sentimento de amar, ser uma ação, que sobrepõe-se a quaisquer outras ações que tenhamos experimentado, direta ou indiretamente, em qualquer de nós outros, que não tenha deixado sinais de sua passagem, na forma de suave encantamento ou doce ternura sempre que assoma aos pensamentos.
Além do que, podemos dilatar um pouco mais acerca desta frase “sobre o amor cobrir a multidão dos pecados”, entendendo que embora sejam variados os pecados (Multidão), fica patente que o amor precisa ser exercitado em todos os níveis, por todos aqueles que encontram-se em dificuldades de relacionarem-se afetivamente, em qualquer grau, dessas relações, motivado por desgastes, acomodação, indiferença ou desentendimento.
Assim sendo, o exercício do amor, como outro qualquer exercício, precisa ser praticado constantemente, por todos que se dizem amar, porém, não demonstram de forma efetiva, que realmente amam, porquanto, quem se exercita habitualmente, no caso em tela, o amor, naturalmente demonstra esta habilidade em todas as suas atitudes, independente de tempo, circunstância e lugar, como também do grau de envolvimento, sintonia ou afinidade, porquanto, o sentimento “amor” encontra-se presente em quem o exercita, posto que é uma habilidade adquirida, cultivada muitas vezes à custa de renúncia, tolerância, zelo e amistosa convivência, onde o outro(a) é o objeto motivador ou inspirador deste sentimento.
Como se pode observar, o exercício do amor, vai sedimentando naquele que ama, a prática de algumas qualidades nobres como a tolerância, a paciência e outras mais, que resultam na conquista de virtudes, sem a necessidade das cobranças costumeiras, das exigências impertinentes, das reclamações sem fundamentos, das proibições desrespeitosas, das inconvenientes chantagens emocionais e, da crueldade das agressões, não somente as que são verbalizadas, como também as que decorrem dos olhares de reprovação, do sorriso de desdém, do silêncio sepulcral ou da fingida indiferença, que ferem profundamente os tecidos da alma.
Portanto, o exercício do amor, como se depreende do ensinamento evangélico acima exposto, e uma fonte inesgotável de bênçãos generosas, suprindo de energias balsamizantes, que atuam como poderoso elixir revigorante, preenchendo de fluídos saudáveis todas as células do corpo físico, além de harmonizar as emoções em decorrência do equilíbrio alcançado, permitindo que o indivíduo que se decide a amar, ao exercitar este amor, que não importa se para as flores, os pássaros, os animais, os amigos, os familiares, os pais, os filhos ou alguém em especial, esse amor certamente cobrirá a multidão dos pecados, que deixará de ter relevância, no seu cotidiano, porquanto ele, o amor, libertar-se-á de toda injunção aflitiva, desatará todos os nós de compromissos ou comprometimentos, e sobreviverá, em qualquer circunstância, perto ou distante, nesta ou em qualquer outra dimensão onde possa expressar-se, posto que, o exercício do amor revela que quanto mais o indivíduo ama, mais este amor se fortalece, e mais ele se eleva, sobrevive e se eterniza.
Por tudo isso, precisamos do exercício contínuo do amor, para entender Jesus quando disse: “Uma só coisa vos é necessária, que vos ameis, uns aos outros”.
Inocência da Caridade