Quem segue ao sol calcinante,
Com sede desesperada,
Rende graças ao Senhor,
Achando um poço na estrada.
O quadro agreste, por vezes,
Não tem abrigo nem fonte,
Raras árvores se alinham,
Perdendo-se no horizonte.
Em meio à desolação,
Entre o calor e a secura,
A cisterna dadivosa,
Guarda a bênção da água pura.
Há poços de toda idade,
Bem calçados, mal assentes,
Mais rasos e mais profundos,
Em dimensões diferentes.
No seu intimo, entretanto,
Trazem todos a água amiga,
Que socorre aos que sucumbem
De desânimo e fadiga.
Quem tem sede se aproxima
Com cuidado e gratidão,
E dispensa ao poço humilde,
Sempre a máxima atenção.
Lançando o copo ansioso,
Sem notar os sacrifícios,
Evita a poeira ou o lodo,
Que anulem os benefícios.
E sorve esse orvalho santo
Que vem da terra imperfeita,
Com o júbilo generoso
De uma oração satisfeita.
*
No mundo, o mesmo acontece:
Nas agruras do caminho,
Cada qual pode apelar
Às posses do seu vizinho.
Mas, se agita a lama em torno,
Como quem fere e escabuja,
O poço apesar de bom,
Só pode dar-lhe água suja.
Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier