A NUVEM



Céu sereno luminoso,
Entretanto, avulta em cima
Um ponto sombrio e triste –
É a nuvem que se aproxima.

Quem mirar o firmamento,
Descansando a luz do olhar,
De súbito, experimenta
Doloroso mal-estar.

Dilata-se o ponto negro,
Em todo o céu que se altera,
O calor é intolerável
Na pressão da atmosfera.

A planta parece aflita,
Mergulhada em solo ardente.
O vento para. O caminho
Sufoca penosamente.

Vem a nuvem dividida
Em vastíssimos pedaços,
Atritam-se os elementos
Em confusão nos espaços.

Em breve, porém a chuva,
Em gotas cariciosas,
Mata a sede das raízes,
Lava as pétalas das rosas.

As folhas ganham verdura,
A estrada se modifica,
É a seiva do céu que cai,
Profusa, bondosa e rica.

Aí, reconhecem todos
Que a nuvem, como ninguém,
Sabia trazer consigo,
A paz, a alegria, o bem.

Assim, a nuvem da vida
Do infortúnio e da desgraça,
Vem sombria e dolorosa,
Chove lágrimas e passa.

*

Um homem, depois das dores,
É mais lúcido e melhor.
Toda sombra de amargura
Traz consigo um bem maior.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier