O PRATO



Dentre as coisas mais singelas
Do lar carinhoso e grato,
É justo reconhecer
A doce lição do prato.

Esperando calmamente
Comensais, em torno à mesa,
Exemplifica, bondoso,
A ternura e a gentileza.

Primoroso companheiro
De humilde e de atenção,
Por servir a quem tem fome
Aguarda o partir do pão.

Satisfaz a toda gente,
Sem sombras de vaidade,
Não olha conveniência,
Atende à necessidade.

Por vezes, o comensal,
A quem o vinho estimula,
Entrega-se à embriaguez,
À licença, ao crime, à gula.

Mas o prato está sereno,
Por fazer e obedecer,
Permanece em seu lugar,
Submisso ao seu dever.

Em geral, servem-se dele,
Sem qualquer preocupação;
Pouca gente lhe dedica
O amparo da gratidão.

E se o prato, certo dia,
Conhece o aniquilamento,
Não é por ele, é por nós,
No campo do esquecimento.

Neste símbolo singelo
De obediência e bondade,
Sentimos a lei que rege
O espírito da amizade.

*

Conserva teu amigo,
Guarda a luz que recebeste.
Não desrespeites na vida
O prato onde comeste.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier