O FAROLEIRO



Enquanto o leque da noite
Agrava a sombra e o perigo,
A distância, eis que se acende
O farol bondoso e amigo.

A luz define os caminhos,
Mostra o vulto dos rochedos,
Pode o barco prosseguir,
A treva não tem segredos.

Tudo é noite sobre o abismo,
Mas na torre existe alguém,
Atento em manter a luz,
Disposto a fazer o bem.

É o faroleiro. Em silêncio
Clareia a amplidão do mar,
Determina o rumo certo
E atende sem perguntar.

Navios maravilhosos,
Em prodígios de conforto,
Recebem-lhe o benefício
E seguem, de porto a porto.

Passam barcos de descanso,
Jangadas laboriosas. . .
O farol ajuda sempre
Sem perguntas ociosas.

Todos devem ao farol,
Do comando ao marinheiro,
Mas quase ninguém conhece
As dores do faroleiro.

Por servir e auxiliar,
Aceita uma condição:
A vida de insulamento
Muita vez em privação.

Se ouvirmos as grandes vozes
Da verdade soberana,
Na terra acontece o mesmo
Nos mares da luta humana.

*

Quem possa trazer mais luz
Vive em campo solitário,
Tal qual o Mestre Amoroso
Da torre em cruz do Calvário.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier