Tem cuidado, estrada afora,
Sofrendo, sorrindo, amando…
Enquanto a galinha dorme,
A raposa está velando.
Entre as maldades da Terra,
Não te percas, meu amigo;
Se fores ver algum lobo,
Conduze algum cão contigo.
Vigia sobre ti mesmo
Se queres a própria cura,
Que os erros da Medicina
Não saem da sepultura.
Não te afastes do equilíbrio:
Sobriedade nunca é pouca.
Quando é fácil a receita,
A despesa é sempre louca.
Em teus hábitos no mundo,
Não permaneças dormindo.
A loucura inventa as modas
E a tolice vai seguindo.
Se um dia fores bigorna,
Seja a calma o teu segredo;
Mas quando fores martelo,
Rebate forte e sem medo.
Teme apenas a ti mesmo
Na esfera de teu dever.
Quem se amedronta consigo
Nada mais tem a temer.
Fala pouco e pensa muito.
Não gastes verbo ilusório.
De palavras em palavras,
Caímos no purgatório.
Procura a simplicidade,
Não gastes a própria sorte;
Por enquanto, não chegaste
À grave questão da morte.
Buscas a paz do infinito
E a claridade sem véu?
Trabalha e auxilia o mundo,
Guardando a visão do céu.