O VOO



Aos que aprendem no silêncio,
Sem sombras e sem entraves,
Há sempre grandes lições
No voo comum das aves.

Todas elas têm nas asas
Um dom formoso e excelente,
Mas cada grupo utiliza-o
De maneira diferente.

Recordemos que a avestruz,
Exemplo que mais destoa,
É a maior das grandes aves,
Muito bela, mas não voa.

As galinhas igualmente,
Queridas e admiradas,
Se voam alguns segundos,
Caem trêmulas, cansadas.

Os patos, perus e gansos,
De grande conformação,
Toleram somente os vôos
Que as arrastem junto ao chão.

Os corvos pairam no alto,
Mas o abutre da preguiça
Aproveita a elevação
Para a busca de carniça.

As andorinhas, porém,
Librando no azul da esfera,
Esquecem o inverno e a lama,
Procurando a primavera.

A pomba bondosa e terna
Sobe, sobe, além dos montes,
E presta serviços nobres
Devorando os horizontes.

Entre os homens, vê-se o mesmo,
Nos caminhos da existência;
A ninguém falta na terra
As asas da inteligência.

*

Há, porém muita avestruz,
Muitos corvos e galinhas,
E em todo o lugar são raras
As pombas e as andorinhas.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier