O CAJADO



Quem faça viagem longa,
Se é prudente e ponderado,
Jamais pode prescindir
Do concurso de um cajado.

Conduzir arma de fogo
Ultrapassa a obrigação,
Evite-se a qualquer preço
A morte e a destruição.

Entretanto, é indispensável,
Nas surpresas do caminho,
Que se guarde alguma coisa
Contra a pedra, contra o espinho.

O bordão é companheiro,
Não se aflige, não se assusta;
Permanece na defesa
Do esforço da causa justa.

Pode agir sem destruir,
Cede apoio com proveito,
Prestativo, atencioso,
Infunde calma e respeito.

Desvia o curso à serpente,
Traça rotas, vence o mato,
Em todas as latitudes,
O bordão é herói no tato.

Sonda o leito do caminho,
Pratica a verdade e o bem,
Onde há fogos e perigos,
Informa como ninguém.

Com seu auxílio é possível
Prosseguir e caminhar,
O próprio cego dos olhos
Não precisa estacionar.

Reparando-se, porém,
No ensino a que o quadro alude,
A jornada é nossa vida,
O bordão, nossa atitude.

*

Segue honesto, a passo firme,
De espírito sossegado,
Não sofras pelo dinheiro,
Mas conserva o teu cajado.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier