O AGULHÃO



Na esteira da confusão,
Há perigo, o carro empina.
São golpes de bois madraços
Em horas de indisciplina.

Avançam, rumo ao barranco,
Atiram-se à revelia,
São cegos à estrada enorme
E surdos à voz do guia.

O carreiro vigilante
Atende à situação:
Na canícula dourada
Vibram golpes de aguilhão.

A custa de esforço ingente,
A poder de ferroada,
A ordem volta ao serviço,
A harmonia volta à estrada.

Há revolta momentânea
Nos bois rudes, a tremer,
Mas, a bem da paz de todos,
Cada qual cumpre o dever.

E o carro prossegue firme,
Sem desvios, sem parar,
Buscando os objetivos
Que, por fim, deve alcançar.

Na Terra, também é assim:
Nas sendas de redenção,
Todo homem necessita
Estimulo à própria ação.

No lar, como no trabalho,
Desde o berço até a morte
A criatura precisa
Aguilhões de toda sorte.

Muita gente fala deles
Com desespero e com asco;
Mas, Jesus santificou-os
No caminho de Damasco.

*

Obedece a Deus e passa,
Vive sempre atento a isto:
Todo aguilhão que te fere
E’ bênção de Jesus-Cristo.

Do livro “CARTILHA DA NATUREZA” pelo Espírito Casimiro Cunha – psicografado por Francisco Cândido Xavier